quarta-feira, fevereiro 28, 2007

O “Peso” da Teoria na Formação do Psicanalista


À margem do último “Curso Pós-Graduado de Actualização da Faculdade de Medicina de Lisboa”, registei a forma icónica como a Professora Luísa Vicente abordou uma discussão que, desde Freud, não tem gerado grandes consensos. Enquanto apresentava o ilustre psicanalista italiano Antonino Ferro, falava do “peso” que o psicanalista deverá atribuir à teoria ao longo do seu percurso de formação e, mais tarde, ao Processo psicanalítico cuja condução estivesse a seu cargo. Disse que, como o viajante, também o psicanalista não deve partir, sentindo nas costas o peso da teoria (lembrei-me a propósito da expressão inglesa: “pack light”) – seria esse o requisito que garantiria os mantimentos necessários a uma viagem anunciadamente longa. Mais! Seria a mesma “leveza” que viabilizaria a possibilidade de abandonar total ou parcialmente a bagagem, para logo dar lugar a outros apetrechos.

Coincidentemente ou não, Antonino Ferro viria no termo da sua exposição a dar mais uma achega: ao psicanalista não deverá faltar aquilo que designou por capacidade poética da mente – que, na “Bioniana” serviria de sinónimo ao conceito de “rêverie”.

Ainda no que à formação do psicanalista diz respeito, Freud como sabemos, incentivava o estudo da filosofia, história da civilização, mitologia, entre outras disciplinas.

Não será esta mais uma daquelas discussões bizantinas que a psicanálise é pródiga em fomentar?

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Até onde irá o Estado?

Agora querem tirar o menino gordo à mãe. Li hoje no Sunday Times, jornal inglês cuja edição electrónica é altamente recomendável e um prazer aos domingos. O menino, de seu nome Connor, tem oito anos e é de facto gordíssimo. Já partiu 4 camas e várias bicicletas. Mas isso será razão para o tirarem à mãe e o porem numa instituição?
A verdade é que o Estado, neste caso o inglês, mas o mesmo se passa na maior parte da Europa, está a intrometer-se na vida dos cidadãos de uma forma que assume já contornos perigosos. Saímos já da ficção científica e entrámos numa realidade assustadora. O Estado cada vez se intromete mais na sociedade civil, ao mesmo tempo que a desresponsabilização dos cidadãos vai aumentando. É um sistema de feedback com efeitos perversos.
Por cá, temos o caso da vitória do Sim no recente referendo. Por que carga de água se fala agora em criar gabinetes de “aconselhamento” das mulheres? Estão com medo, mais uma vez, que as pobres e diminutas cabecinhas femininas não saibam decidir? Aqui está outro exemplo da intolerável intromissão do Estado nas nossas vidas.
O assunto é complicado e polémico. Venha a discussão. Não foi para isso que se inventaram os blogs?

sábado, fevereiro 24, 2007

VI Encontro de Psicologia Clínica, “Psicopatologia e Cinema”


VI Encontro de Psicologia Clínica, “Psicopatologia e Cinema”


Junto se envia o link de divulgação do próximo encontro de Psicologia Clínica e da Saúde que se irá realizar na Universidade Lusíada de Lisboa a 16 e 17 de Março próximo, dedicado ao tema "Psicologia e Cinema"
.http://www.lis.ulusiada.pt/eventos/encontros/psicologia_saude/default.htm
“Numa filosofia de abertura e integração da psicologia com outras áreas de conhecimento e com temáticas do dia-a-dia, decidimos dar a este Encontro o título "O cinema e a psicopatologia", convidando participantes e oradores a reflectir de forma fundamentada e criativa sobre os temas da psicopatologia e a sua representação no cinema. Pretendemos que, a partir da exibição de excertos de alguns filmes, alunos, psicólogos e outros profissionais das ciências humanas e sociais reflictam sobre determinados quadros psicopatológicos, como as perturbações do humor, da ansiedade, da família, da relação precoce, da adolescência ou mesmo as psicoses que de alguma forma, directa ou indirectamente, entram nas nossas vidas profissionais e/ou mesmo pessoais. Assim, cada sessão será iniciada com um pequeno excerto de um filme, representativo da temática da mesma, que servirá de base às comunicações e posterior debate.”

Parece-me interessante! Vou colocar na minha agenda.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Olá a todos.

Não sei se já conhecem a Associação Sorrir, é uma associação sem fins lucrativos que desenvolve várias actividades.


Estão neste momento a desenvolver três encontros especiais:



O primeiro encontro é já este fim de semana.

Visitem o blog para mais informações, é algo muito fora da nossa àrea mas parece-me muito interessante, sobretudo o segundo encontro.

Visitem e tirem as vossas conclusões.

http://oblogdasorrir.blogspot.com

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Relações de Vinculação


Divulgo um e-mail que recebi hoje, para quem esteja interessado, que a Sociedade Portuguesa de Psicoterapias Construtivistas (SPPC) vai realizar nos dias 9 e 10 Março de 2007, um seminário sobre Relação de Vinculação – Investigação e Intervenção, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa/Alameda da Universidade.
A oradora, Isabel Soares, é psicoterapeuta, professora catedrática no Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, investigadora com diversas publicações no domínio da psicopatologia desenvolvimentista e das relações de vinculação.
O horário é no dia 9: 17h30-21h (Contributos da Investigação) e dia 10 das 9h30-13h (Vinculação e Intervenção Clínica).
Os valores são: Associados até 23 de Fevereiro (já amanhã!) 35€, após a data 45€; Não associados até 23 de Fevereiro 45€, após a data 55€; Estudantes até dia 23 de Fevereiro 25€, após a data 35€ (a juntar comprovativo da propina).
A inscrição pode ser feita online via website: http://www.sppc.org.pt/.

A Apologia de Sócrates


Para quem ainda não assistiu, aqui fica uma sugestão de lazer patente na Sala Experimental do Teatro Municipal de Almada até 25 de Fevereiro: A Apologia de Sócrates. Fiquei espantado com a forma como se cruza a simplicidade do “entorno” com o rigor na interpretação de um texto filosófico difícil. Inegável, em meu entender, é também a actualidade com que alguns temas são tratados e que, a somar à dimensão filosófica, abordam a esfera jurídica e política com uma firmeza irrepreensível. Mesmo a não perder!

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Ser Português

Como sabem, o European Social Survey é um órgão que procede a inquéritos sociais junto dos cidadãos da Europa. Saíram agora os resultados do segundo inquérito. 38,9% dos portugueses dizem “não ter nenhum interesse pela política”, contra uma média europeia de 17,9%.
Há tempos falámos aqui no blog sobre o que era isto de ser português. Pelo visto, é também este desinvestimento naquilo que devia a todos nós dizer respeito. A palavra política tem a ver com a polis, a cidade grega, onde pela primeira vez os homens experimentaram a democracia. Muito diferente da nossa, é bem verdade (era directa, as mulheres, os escravos e os estrangeiros não votavam, etc). Mas implicava uma noção de bem comum que parece que desapareceu praticamente do nosso paradigma cultural.
Não precisávamos do resultado do relatório para sabermos que, em Portugal, as pessoas se estão nas tintas para a política, como se fosse uma coisa que não lhes dissesse respeito. Às vezes até se lhe referem com desprezo como “a porca” e outros mimos (como já referia o Rafael Bordalo Pinheiro) que são bem significativos da pouca importância que damos a tudo o que diga respeito à vida pública e às questões de cidadania.
De onde vem esta apatia, esta aversão? Curta experiência democrática? Séculos de governos centralizados? Forte influência do Catolicismo?
Fraca autonomia dos indivíduos perante o Estado? Fraca autonomia em geral?

domingo, fevereiro 18, 2007

Curso: A Relação Terapêutica - Narrativas e Personagens

Nos dias 23 e 24 de Fevereiro vai-se realizar na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa um curso ministrado por Antonino Ferro sobre A Relação Terapêutica - Narrativas e Personagens.


A Conferencia proferida por Antonino Ferro na sexta-feira às 21h, intitulada IMPLICAÇÔES TEÓRICAS DO PENSAMENTO DE BION foi já alvo de atenção no post da Ana Eduardo Ribeiro e é de Entrada Livre

Para além da conferência, no sábado Antonino Ferro irá comentar duas apresentações clínicas. A inscrição no Sábado implica o pagamento de 75€ (Até 15 de Fevereiro eram 65€).

Sobre Antonino Ferro, no folheto de divulgação lemos:
A originalidade do seu pensamento torna-o um dos mais destacados psicanalistas contemporâneos, encontrando-se a sua obra traduzida em várias línguas.
Elabora uma concepção singular das transformações que se dão no gabinete de análise e considera o campo analítico como o lugar onde todas as histórias são possíveis de serem narradas: histórias que têm o seu inicio quando os factos "não digeridos" do paciente se encontram com a capacidade transformadora do analista.

Considera a psicanálise a partir de um duplo vértice: como forma de literatura (relatos feitos pelo paciente ao analista) e de terapia (cura de sofrimentos psíquicos através da possibilidade de narrar e partilhar o que, até então, só podia ser expresso através do mal-estar e sintomas).

Tem investigado e desenvolvido as ideias de Wilfred Bion e a sua aplicabilidade na prática clínica.

Wilfred Bion (1897-1979) foi um pensador inovador e rigoroso nas suas reflexões sobre a prática analítica e a estrutura do psiquismo humano. Utilizou a sua vasta experiencia de análise de doentes psicóticos para notavelmente desenvolver uma teoria do pensamento e das modalidades do papel do "negativo" no funcionamento mental (normal e patológico).


Eu estarei lá. E vocês?

Antonino Ferro

No próximo dia 23 de Fevereiro, pelas 21 horas, na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa/Hospital Sta Maria, Antonino Ferro irá proferir uma conferência intitulada "Implicações Teóricas do Pensamento de Bion".
Este autor tem vindo a desenvolver um trabalho de pesquisa na continuação das ideias de Wilfred Bion (1897-1979) e na aplicação destas à prática clínica.
É possível encontrar alguns livros do autor que já se encontram traduzidos para português/brasileiro (editora Imago), entre os quais, "A Técnica da Psicanálise Infantil", "A Psicanálise como Literatura" e Terapia" e "Na Sala de Análise".
A ver...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Dia dos Namorados!


"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer".




Bonitas palavras para o dia dos Namorados do nosso poeta Camões.
Servirão elas para descrever uma declaração de amor, ou serão palavras da solidão de quem espera encontrar o amor da sua vida. Ou será apenas falta de sexo?

Não sei! Mas Freud, sem dúvida explicaria isso melhor do que eu!
O que sei, é que nestas datas em que se comemora algo, quem não tem nada para comemorar, ou neste caso com quem comemorar, se pode sentir na maior das tristezas. Afinal de contas, é suposto estar com alguém, é isso que a sociedade valoriza, e os que estão desemparelhados?

Será que no futuro existirá o dia dos solteiros?
Será que os solitários conseguem ser felizes?

Mais uma vez o modo como encaramos os acontecimentos é fundamental, afinal dizer que “ estou sem relacionamentos!” ou dizer “ estou entre relacionamentos!” revela uma atitude que pode salvar algumas pessoas da depressão.

Outra vantagem de estar só, é fazer aquilo que nos dá na real gana! Sem pensar que tem que se estar em casa a determinadas horas para fazer determinada coisa.
Isto serve de fraco consolo para aqueles que desejam uma relação de co-dependência. Afinal entrar numa casa vazia em que apenas esperam as tarefas domésticas pode ser um “murro na barriga”!

Não me vou alargar nesta argumentação de prós e contras, para isso existem programas de televisão.
Vou apenas deixar uma reflexão:
“Estaremos bem com outra pessoa, quando conseguir-mos estar bem na solidão?”

O Casamento tal como é e tal como poderia ser


Gulotta, psicólogo e advogado de direito penal e criminologia classifica os vários tipos de casamento, tarefa nada fácil pois existem tantas categorias como casais.

O autor inicia a classificação tendo em conta a história do casal, que consiste em assinalar o casamento com as letras A,H,O,S,V,X,Y e I.
O casamento A é o que se iniciou com alguma distância entre os cônjuges porque, por exemplo, foi motivado pelo interesse ou imposto pelas famílias. Pouco a pouco levou a uma aproximação entre marido e mulher pela formação de um vínculo comum, como um filho, trabalharem juntos, fazerem um desporto a dois, etc. No casamento H, a situação inicial é como a do casamento A, mas o vínculo comum não resultou numa aproximação, as suas vidas permanecem paralelas, mesmo com o nascimento dos filhos.
No casamento O marido e a mulher “correm” atrás um do outro, girando num vazio, sem nunca se encontrarem. No casamento S, o casal procura uma boa adaptação mas raramente conseguem melhorar a sua situação inicial. O casamento V é aquele que se inicia feliz mas vai sempre piorando. No casamento Y o início satisfatório dura mais tempo do que o V mas a união termina da mesma forma. Estas últimas duas categorias de casamento testemunham que o amor só é eterno enquanto dura. O casamento X corresponde ao A mas, depois de um período de acordo, cada um dos elementos do casal segue o seu caminho.
No casamento I tudo vai bem do princípio ao fim.

Um outro tipo de classificação, considera a estabilidade da relação e o facto de os cônjuges a considerarem como mais ou menos satisfatórias.
A pior das combinações é a do casamento estável-insatisfatório: estando insatisfeitos, mantêm estável esse nível de insatisfação, que o autor classifica como “prisão matrimonial”, em que podem trocar declarações de amor dissimulando uma profunda hostilidade. Na prática, não podem nem permanecer juntos, nem separarem-se. Raramente discutem e sentem-se fechados numa gaiola, utilizando-se reciprocamente para se manterem à distância. As mensagens entre eles são geralmente mal transmitidas e mal recebidas, não existindo esforço de esclarecimento recíproco. Só excepcionalmente recorrem ao psicoterapeuta uma vez que, “aos seus olhos”, os seus problemas permanecem sem gravidade.
O casamento instável-insatisfatório agrupa a maior parte dos clientes dos advogados ligados a divórcios e dos psicólogos. A história destes casais termina, regra geral, em separação e divórcio. Reconhecem o insucesso da sua relação mas não fazem nada para a mudar, acusam-se de forma contínua, desencadeando hostilidade recíproca, que serve para deslocar o conflito. Neste tipo de união, o conflito não aparece à primeira vista, por vezes encontra-se mascarado, e as expressões de agressividade subjacente manifestam-se no sarcasmo, na frigidez, na impotência, no alcoolismo… Neste casos, o elemento do casal que é objecto da hostilidade, apesar de compreender que os sintomas são manifestação de insatisfação, envia o “doente” em questão para o médico, psiquiatra ou psicólogo. O que, frequentemente, concede unidade a estes casais é o desejo infantil de resgatar num futuro próximo as frustrações do passado, que ao longo do tempo, conduz apenas a um aumento de insatisfação.
A união instável-satisfatória é a que se encontra, frequentemente, em casais unidos há mais de dez anos, e que, de acordo com o autor, é pouco conhecida visto que estes casais, pela natureza da sua relação, dificilmente recorrem a especialistas para resolver os seus problemas. A instabilidade revela-se em disputas frequentes a propósito tanto de questões insignificantes como de maior importância. A satisfação manifesta-se no facto de, para além da agressividade nas disputas, cada cônjuge não ser adversário do outro, mas sim um aliado, um companheiro de experiências, aceitando os altos e baixos do casamento. A instabilidade pode surgir da necessidade de apaziguar a incerteza afectiva, de um ou de ambos os cônjuges, ao sentimento de segurança que a relação cria para um ou para os dois.
A última classificação, a mais perfeita e, por isso, raramente atingida, é a união estável-satisfatória. Encontra-se em casamentos de longa data, e raramente em casais em que ainda partilhem a responsabilidade da educação dos seus filhos. Estes casais alcançam uma relação que exclui a mínima competitividade, as mensagens são claras, congruentes e compreendidas conduzindo a uma colaboração recíproca. Quando discordam, aceitam a diferença como um dado humano inevitável, do qual se pode extrair um ensinamento, e não como uma prova de hostilidade, o que lhes permite tomarem decisões comuns, reservando parte de autonomia pessoal. Discutem e mostram-se agressivos mas nunca ultrapassam o limiar da vulnerabilidade do outro. Nesta união a sua relação é vivida como puramente voluntária: estão juntos porque assim o desejam.

Penso que estas classificações, como quase todas, nos limitam e nos levam a grandes discussões, mas também promovem ensinamentos e reflexões pois a possibilidade de não estarmos de acordo é elevada. Deixo aqui o desafio aos leitores que poderão descobrir em que categoria se encontram os vossos casamentos de acordo com o autor, a reflectirem e a darem a vossa opinião sobre esta classificação.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Referendo

Finalmente os resultados do referendo que tanto exaltou a opinião publica.
Sem prejuizo da importância de se debater este assunto, digo finalmente porque me pareceu excessiva a campanha, sobretudo a campanha do Não, de tão intrusiva e violenta. A mim pareceu-me em certos momentos que se perdeu a noção do bom senso, e a capacidade de argumentação.
Por outro lado, finalmente, porque esta questão parece começar a resolver-se. Talvez daqui a 10 anos tenhamos um sistema de saúde capaz de acolher estas alterações, mas se em 1998 já se tivessem começado a introduzir estas alterações, hoje alguma coisa já teria mudado.

Agora, quanto aos resultados, o que mais me espantou foi a abstenção!!!
O que explica que mais de 50 % dos eleitores não tenha manifestado a sua opinião num assunto como este??
Ontem pensei que, campanhas tão morais (no sentido em que se apoiaram fortemente nos valores do bem e do mal), culpabilizantes e intrusivas, tenham levado as pessoas a optar pela abstenção(se calhar é uma teoria tendenciosa).
Maior parte das explicações assentam nas condições climatéricas, mas eu prefiro continuar a pensar que não pode ter sido esse o motivo pelo qual metade dos portugueses não foi votar.

domingo, fevereiro 04, 2007

Mulheres que valem mais mortas do que vivas

Tenho andado com problemas na net e dificuldades de aceder ao nosso blog. Mas hoje fiquei contente por ver que, a propósito do microcrédito, se levantaram questões muito importante para nós, como indivíduos, como seja a da identidade nacional (ver os comentários que lá estão, muito interessantes).
Mas para já queria falar de uma outra coisa, que por acaso também se liga à identidade (até pensava que já tinha postado este texto, mas pelo visto não. Vejam como anda o meu computador (ou será a minha cabeça?). É o seguinte:
Li há dias no jornal Times que tinha sido descoberto pela polícia chinesa um gang que assassinava raparigas com o objectivo de vender os seus corpos para “casamentos no além”. Parece que existe na China uma superstição de que se um homem morre solteiro será infeliz na outra vida. Para acautelar essa fatalidade, os pais compram cadáveres de mulheres para enterrar juntamente com os filhos. Preço de cadáver morto para o efeito e em bom estado: £1,050, o que dá mais ou menos 1500 euros.
Sabendo nós que há mais homens que mulheres na China, como resultado da usual preferência dos pais por filhos do sexo masculino, aqui está uma forma de a mulher numa sociedade patriarcal como a China aumentar o seu “valor”.
O Dr. Freud fartou-se de escrever sobre a necessidade que a humanidade tem de alimentar superstições e ilusões, como consolo perante a morte e outros males. Continua tudo na mesma, no século XXI, e neste caso no país que se prepara para ser a maior potência económica dentro de vinte anos!