quinta-feira, junho 12, 2014

II Congresso Luso-Brasileiro sobre o Pensamento de Donald W. Winnicott


Divulgamos hoje no nosso blog o II Congresso Luso-Brasileiro sobre o Pensamento de Donald W. Winnicott, subordinado ao tema “A Retomada do Amadurecimento”, organizado pela AP – Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica, em colaboração com a Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana e a International Winnicott Association, e que irá decorrer nos próximos dias 20 e 21 de Junho, no ISPA.


Estarão presentes especialistas internacionais, tais como Elsa Oliveira Dias, Zeljko Loparic, Roseana Garcia e Cláudia Dias Rosa, representantes da Sociedade Brasileira  de Psicanálise Winnicottiana, e Laura Dethiville, representante da International Winnicott Association, bem como com especialistas portugueses, tais como António Coimbra de Matos, Carlos Amaral Dias, João Gomes Pedro, entre outros.


O Congresso contará com conferências, apresentação e discussão de casos clínicos, bem como mesas redondas, em que se perspectivam "diálogos com Winnicott" e dirige-se a profissionais das áreas da psicanálise e psicoterapias, da saúde (preferencialmente cuidados de saúde primários, psiquiatria, pedopsiquiatria, pediatria), protecção à infância, prevenção da delinquência, educação e desenvolvimento comunitário, entre outras.  









No dia 22 de Junho, no ISPA, irão ainda decorrer as Jornadas Clínicas da AP (apenas para associados).

Para mais informações sobre o Congresso e as Jornadas Clínicas:


- Website da AP: www.apppp.pt 


Votos de um bom congresso!

- A Psicronos -

segunda-feira, junho 02, 2014

É difícil fazer novas amizades?

(Este post tem de ir sem imagens porque não estou a conseguir descarregá-las)

Ouço muitas vezes a queixa de que a partir de uma determinada idade é difícil fazer novas amizades. Que quando se andava no liceu era fácil, mas que agora...

Vou ser directa: não, não era fácil no liceu nem é agora, se não se tem realmente vontade, disponibilidade e algumas outras capacidades que se podem desenvolver e de que falarei a seguir.

A primeira questão é a da vontade. Quero realmente fazer um(a) novo(a) amigo(a)? Com tudo o que isso implica de disponibilidade para, não só ouvir o outro, mas também expor-se ao falar de si? E, antes disso, de ir à procura de amigos?

Os amigos, como tudo o resto na vida, excepto a chuva, granizo e neve, não caem do céu aos trambolhões. Mas há pessoas que pensam que sim, como também pensam que um "bom" emprego vai aparecer de repente, sem fazerem nada por isso.

Queremos mesmo fazer uma nova amiga? (Vou adoptar aqui o feminino por comododidade, nas é evidente que também se aplica a fazer amigos homens)

Vejamos então os passos.

1. Sair da zona de conforto, do rame-rame casa-trabalho, trabalho-casa. Frequentar uma actividade cultural que se prolongue no tempo, como um grupo de leitura, um voluntariado numa biblioteca, um ginásio, uma actividade desportiva que exija encontros regulares, um fórum na internet, aulas de línguas ou de pintura em horário pós-laboral, etc, etc.

2. Sermos nós próprias. Pensar: o que é que eu gosto de fazer? Há muita gente que não sabe responder a esta pergunta. Aqui está um exercício para fazer consigo própria: se acordasse amanhã com uma nova capacidade ou habilidade, qual seria ela? Gostava de saber dançar? Há aulas de tango disponíveis em muitas cidades e locais. Tango ou outro tipo de dança. Ocorre-lhe que gostaria de ser escritora? Há variados cursos de escrita criativo, por sinal bem divertidos, como o do Rui Zink.

3. Partindo do princípio de que venceu a fácil e confortável inércia que nos impede de experimentar coisas novas (sobre isto falarei no fim), que já fez uma busca na internet ou que perguntou a outras pessoas, resta pegar nos pezinhos e ir inscrever-se.

4. Vou hoje à minha primeira aula de ...... (preencher). Mas o que é que digo quando lá chegar? Seja verdadeira. Os outros percebem facilmente quando estamos a ser genuínos ou não. Apresente-se e diga por que escolheu aquela actividade e que quer fazer amigos que partilhem os mesmos interesses. Mostre-se curiosa e aberta a novas experiências. Tente falar com a maior parte das pessoas. Interesse-se pela vida deles que eles também se interessarão pela sua. Depois, naturalmente, vai verificar que algumas pessoas se aproximarão mais, outras não. É natural. Um dos erros mais frequentes que fazemos é pensar que todos têm de gostar de nós. Trata-se de um pensamento mágico, infantil, de uma ilusão.

Vamos supor que entre si e uma outra pessoa do grupo surge uma afinidade: pode ser um sorriso, uma "asneira" feita em comum, qualquer coisa que visto aproxime. Aproveite pequenos sinais.

4. Partilhe factos e pensamentos com uma provável futura amiga. Não vai enchê-la de informação logo não primeira conversa, mas mostre-se aberta e revele qualquer coisa sobre si própria. Qualquer coisa pessoal e mesmo ligeiramente embraçosa. É contagioso.

5. À primeira oportunidade, convide essa pessoa para almoçar no dia seguinte, ou irem à praia no fim de semana. Nada de vago e bem português tipo "temos de nos encontrar um dias destes". É o mesmo que dizer que está pouco interessada.

6. O sentido de humor é importante. Todos nós gostamos de rir, e não há nada que una mais as pessoas. Entre um homem e uma mulher, é tão importante como o sexo.

7. Depois de um primeiro encontro, quer seja uma ida ao cinema, um almoço, qualquer coisa, é sempre simpático e é uma forma de manter a conexão, mandar um email ou uma mensagem a dizer que gostámos muito (se foi o caso, claro). E depois, vem tudo o resto. Manter uma amizade é capaz de ser mais difícil do que fazer uma nova. Exige disponibilidade e também a capacidade de aceitar algumas pequenas coisas que não nos agradem muito. Mas o importante são as grandes coisas. Este já não é o assunto deste post.

Bem, agora vem a parte mais dolorosa. Alguns dos meus leitores dirão: mas eu sei isso tudo mas não consigo...

Primeiro, saberão mesmo?

Segundo: é um facto que um humor mais depressivo leva a um fecho sobre nós próprios - isto para não falar já das personalidades mais esquizoides. O depressivo sente - é essa a natureza do seu problema - que não tem nada para dizer, que ninguém gosta dele, que tem receio que os outros o interpretem mal, que tem medo dos falsos amigos...

Tudo desculpas (defesas, como dizemos em psicanálise) para não ir à luta, para adiar a vida todos os dias.

O ser humano precisa do seu espaço,próprio mas também precisa do contacto com os outros. Não é por acaso que é um ser gregário. Uma amizade, como um amor, pode trazer desgostos, claro. Mas também pode ser muito gratificante e nós precisamos dela. "No man is an island", como escreveu esse grande poeta que foi John Donne.

 

 

quarta-feira, maio 28, 2014

SEXO VIRTUAL

O vício do sexo virtual


Uma das consequências de um desejo sexual hiperativo

A compulsão sexual ou o desejo sexual hiperativo, nome por que também é designado o excesso de desejo sexual, é um dos problemas mais diagnosticados nas consultas de sexologia, de acordo com o sexólogo Fernando Mesquita.
Vários estudos mostram que a compulsão sexual afeta entre 5 a 6 por cento da população, principalmente homens (o número de homens que fazem sexo virtual é quatro vezes maior).
No entanto, estes números podem ser, na realidade, bem mais elevados. «Muitas destas pessoas não reconhecem o problema, outras sentem-se de tal forma constrangidas que optam por escondê-lo», alerta o especialista. A mais recente comédia de Joseph Gordon-Levitt, «Don Jon», mostra bem até onde pode ir o vício do sexo virtual. Don Jon, como os amigos lhe chamam, uma espécie de Don Juan moderno, é conhecido pela sua capacidade de seduzir o sexo oposto.
No entanto, nenhum encontro se compara ao êxtase que obtém sozinho, ao computador. Don Jon é viciado em pornografia e retrata os problemas normais de quem vive com esta compulsão, como a incapacidade de reconhecer que tem um problema e que precisa de ajuda, mas, ao mesmo tempo, é um exemplo de como o vício pode ser superado, quando conhece a mulher por quem se apaixona verdadeiramente e que o faz ver a vida de outra forma.
Está em risco?
«A visualização de pornografia, ou a prática de sexo virtual, pode tornar-se viciante, especialmente por apresentar uma grande variabilidade de oportunidades. Com o recurso à internet, a imensidão de estímulos não tem conta. Além disso, a pornografia e o sexo virtual são de gratificação imediata», explica o sexólogo Fernando Mesquita. É um problema comum em pessoas psicologicamente saudáveis, mas, geralmente afeta pessoas ansiosas e com dificuldade no controlo dos impulsos, ou pessoas tímidas, com fobia social ou dificuldade em estabelecer relações.
Os efeitos nefastos
Para estas pessoas, a necessidade de sexo leva a um dispêndio de tempo anormal em atividades necessárias para satisfazer os seus desejos. A maior parte dos dias é passada a planear, imaginar e a procurar oportunidades sexuais. Tal como nas outras dependências, pode surgir alguma tolerância e o nível de atividade passa a ser insuficiente para o indivíduo.
Essa situação faz com que necessite de quantidades crescentes para manter o nível de alívio emocional. Como resultado, este vício acaba por interferir no trabalho, hobbies e nas relações familiares e sociais. O início do tratamento começa quando a própria pessoa reconhece que tem um problema e que precisa do acompanhamento de um terapeuta.

Texto: Sofia Cardoso com Ana Cristina Almeida (psicóloga clínica e diretora clínica da Clínica Psicronos em Lisboa), 
Cláudia Sousa (psicóloga clínica no Instituto Cuf) e Fernando Mesquita (psicólogo clínico e sexólogo)
Edição internet: Luis Batista Gonçalves



segunda-feira, maio 26, 2014

DEIXAR A FRALDA DURANTE O DIA


Deixar as fraldas e aprender a usar a casa de banho é um grande passo no desenvolvimento da criança. Se para algumas crianças é um passo fácil, para outras é um desafio que implica muita paciência dos pais!


Até aos 2 anos, raras são as crianças que conseguem reconhecer a necessidade de ir à casa de banho e responder de acordo com isso. Assim, iniciar o treino prematuro poderá trazer apenas frustração e ansiedade. Não existe uma altura certa, pois cada criança tem um ritmo diferente, mas espera-se que entre os 18 e os 36 meses esteja preparada para deixar a fralda. Seguem alguns sinais de que chegou a altura:

  • Manifesta curiosidade e interesse em ver os pais/irmãos na casa de banho
  • Tem a fralda seca por mais de duas horas e/ou após a sesta
  • Manifesta desconforto no uso das fraldas, procurando tirá-las, sobretudo depois de as sujar
  • Revela consciência, avisando antes, enquanto faz as necessidades ou logo a seguir
  • É capaz de ficar sentada na mesma posição durante cerca de 5 minutos.


Se vai usar a sanita, precisará de um degrau e de um adaptador. No entanto, a maior parte das crianças tem medo de cair pela sanita ou de ser sugada juntamente com a urina e as fezes, pelo que costuma ser bastante mais tranquilizador o uso do bacio. Por outro lado, o bacio permite uma posição anatomicamente mais compatível. O bacio pode ser usado em qualquer área da casa, mas usá-lo no WC permite ir antecipando a passagem para a sanita.

Ficam algumas dicas que ajudam a deixar a fralda e a fazer o treino do uso da casa de banho:

  • Começar a falar da ida à casa de banho, aproveitando os momentos em que a criança revela curiosidade e observa os pais, por exemplo
  • Dizer que já não vai precisar de usar as fraldas quando começar a ir à casa de banho
  • Encorajar a criança a sentar-se no bacio enquanto a mãe ou pai estão sentados na sanita
  • Incentivar a criança a pedir ajuda quando sente que precisa de fazer xixi
  • Deixar de colocar a fralda durante o dia, exceto à hora da sesta
  • Vestir a criança com roupas fáceis de despir
  • Perguntar de tempos a tempos se precisa de ir à casa de banho, tranquilamente e sem pressionar
  • Dar alguma privacidade à criança, mas mostrando que está por perto para ajudar e limpar
  • Não forçar a criança a ficar períodos prolongados no bacio ou na sanita, para evitar que se sinta castigada
  • Tornar o momento divertido, cantando ou lendo uma história enquanto está no bacio ou na sanita
  • Sensorialmente, a fralda pode dar algum conforto, pelo que numa fase inicial pode colocar a fralda no bacio ou na sanita
  • Ensinar a criança a lavar as mãos sempre que vai à casa de banho
  • Elogiar a criança sempre que avisa que precisa de ir à casa de banho, mesmo que não chegue a tempo
  • Estar preparado/a para acidentes e ter paciência!
  • Reforçar a criança mesmo quando acontecem descuidos. Para aprender a andar, também precisou de cair algumas vezes.
  • Manter-se relaxado/a! O treino de controlo dos esfíncteres não acontece de um dia para o outro. Demasiada pressão ou castigos e repreensão aumentarão a ansiedade da criança e, consequentemente, a probabilidade de haver descuidos e de passar a haver aversão relativamente ao uso da casa de banho.
  • Preparar-se para possíveis acidentes e/ou regressões quando a criança já parecia dominar a ida à casa de banho. Alterações da rotina ou fatores ansiogénicos podem provocar maiores descuidos.


Raros são os casos em que a criança “faz de propósito” e estes merecem observação psicológica e avaliação da dinâmica familiar, para averiguar qual a mensagem que a criança está a tentar passar.

Deixar a fralda é um desafio! Às vezes anda-se um passo para a frente e dois para trás. Também aqui a criança está a aprender os seus próprios limites e precisa de se sentir reforçada para conseguir usá-los da melhor forma.


Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
https://www.facebook.com/alexandrabarros.psicologia






sexta-feira, maio 23, 2014

Águas de Um Lago Interior


Dentro de cada um de nós existe um lago...

Esse pode ser um lago de águas calmas e cristalinas, de águas turvas e agitadas, ou até de águas poluídas. Pode ser um lago mais vazio ou em vias de extinção, ou mesmo a reminiscência de que outrora um lago ali existiu. Esse lugar pode ainda ser o lugar de uma paisagem assombrada, inóspita e acidentada, que jamais acolheu qualquer tipo de águas ou formou noção do que acolher algo semelhante poderia ser.

O lago interior toma forma a partir do que dentro de nós existe, e em que circunstâncias isso existe - de que forma e em que estado. Retrata quer a dança harmoniosa e a parceria cooperante, quer a luta afincada e a irremediável reconciliação entre os mais variados aspetos que habitam dentro de nós, ou entre os vários lados de um mesmo aspeto. O lago interior é também o que lá foi depositado pelo outro e o que se fez com isso. È o próprio observador que observa e a condicionante que o condiciona, na forma como ele é, como se sente e como se percebe perante si mesmo, perante o outro, no mundo e na relação. È a harmonia e/ou desarmonia entre tudo isso.

O lago de águas calmas e cristalinas cativa o olhar contemplativo e curioso, o olhar que varre a superfície das águas espelhantes e transporta para o íntimo de quem observa o sentimento do sereno e do sublime.

À luz do sol, o lago cristalino convida o mesmo olhar ao mergulho quase que irresistível na intimidade das suas águas. Elas aliciam pelo privilégio de poderem ser atravessadas e reconhecidas na sua translucidez resplandecente e nas formas, feitios, cores e movimentos que se revelam nas suas profundidades. Assim, o lago de águas cristalinas desvela a sua identidade.
As águas calmas ilustram harmonia, formam a unidade espelhante em que se converte a superfície de um lago, que retrata então fielmente o “lá fora” envolvente, e sem distorção devolve-lhe a sua beleza. Ou a sua fragilidade, pois águas calmas não distorcem, não mentem, apenas refletem.
O lago de águas turbulentas não forma o reflexo do circundante à sua superfície. Águas agitadas não criam condições para mais que formas abstratas, distorções daquilo que é. O que nestas águas habita fica ofuscado pelos choques de correntes e contra correntes internas. Outras vezes águas turbulentas significam mudança, e trazem consigo a promessa de algo novo, de diferente, de necessário.
O lago de águas turvas, poluídas (muitas vezes agitadas)... Pouco capaz de se olhar e se reconhecer como de facto é, tampouco consegue purgar o agente corruptor das suas águas. O agente oculto e que se oculta, deixado pelos rios que noutros tempos ali desaguavam (e que algumas vezes também deixavam coisas boas), perpetua atrocidades sobre as águas do lago, sobre tudo o que elas acolhem e sobre tudo o que as rodeia - a própria paisagem e natureza em que se enquadram. Incapazes de se auto-filtrarem, as águas vêem-se transmutadas para o inóspito. Para a ele sobreviver, dividem-se (toscamente), convencem-se que não sao elas mas sim os outros lagos e rios que detêm tudo aquilo que de mais deplorável existe nelas. E assim, convencidas da sua limpidez, julgam e desprezam na crença mais que convicta (não fosse por ventura surgir a dúvida aterradora!) de que é o alheio que alberba todos esses aaspetos e agentes repudiáveis e vergonhosos que, na ilusão, não lhes são próprios, nem jamais lhes puderam alguma vez ter pertencido ou podem vir a pertencer. Agitado e sob ameaça incogniscivél, o lago ergue massivas comportas internas e corta ligações com as suas fontes.  E assim o lago irá secar, até não sobrar senão um solo marcado por poças disformes de água estagnada.
Na fuga a ele próprio e na procura de um lugar para existir, alguns lagos cosneguem ainda  juntar-se a outros lagos, mutias vezes por afinidades ou complementaridades quase que intuitivas, não entre águas, mas entre agentes de poluição e corrupção interior.

Aqueles mais turvos e poluídos são por vezes os que se convencem e se passam como os mais límpidos e cristalinos. Ponderar que pudessem alguma vez precisar de rio algum ou do que estes lhes pudessem oferecer é pura heresia - e ai do rio que se julge maior que eles! Muitos são já poças de água tão pequenas, tão secas e tão ameaçadas de estinção que se mascaram de grandes e ilustres rios (e até oceanos), para não perceberem a dor da necessidade ligada à falta da fonte ou do rio disponível e provedor. Mascaram-se porque receiam abrir as suas comportas a qualquer tipo de correntes externas - o derradeiro perigo.

Diogo Gonçalves
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta

segunda-feira, maio 19, 2014

Família em Crise: Crise Económica ou Crise Afetiva?

No passado dia 15 de Maio celebrou-se o Dia Internacional da Família, data que se assinala desde 1993 com o objetivo de salientar  a importância da família, reforçar a mensagem de união, amor, respeito e compreensão, alertar para a importância da família como núcleo vital da sociedade e para os seus direitos e responsabilidades, e sensibilizar para as questões sociais, económicas e demográficas que afetam a família.

O conceito de família assenta na ideia de estrutura nuclear que habita num ambiente comum, partilhando laços de sangue e de afeto e reconhece uma predisposição biológica, influenciada por fatores sócio-culturais, no que respeita à sua constituição.

Nas nossas consultas com crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias, assim como nas nossas casas e nas dos nossos amigos e familiares, debatemo-nos com as profundas alterações que a estrutura familiar tem sofrido. Temos casais heterossexuais e homossexuais, famílias nucleares, monoparentais, separadas, reconstituídas, alargadas, de acolhimento, adotivas, guardas partilhadas… Temos solteiros de 40 anos, casais casados aos 20 e separados aos 30, jovens que ficam até cada vez mais tarde na casa dos pais devido ao desemprego, famílias forçadamente alargadas devido à crise, casais, pais e filhos separados pela emigração, idosos solitários e isolados. As estatísticas dão conta do aumento de divórcios e do decréscimo de casamentos e nascimentos.

Estas alterações dramáticas levam-nos a questionar sobre o futuro das famílias. Será a família uma espécie em vias de extinção? Será a crise económica o principal responsável pela desagregação familiar ou será apenas um bode expiatório?

A predisposição biológica para aproximar-se e cuidar do outro parece estar a ser abafada por uma sociedade hiperativa, virada para o agir e pouco para o sentir. Não há tempo para sentir, anda-se para a frente porque para a frente é o caminho. As famílias parecem cada vez mais funcionais pois na verdade desempenham funções, cumprem objetivos, o que talvez explique por que funcionam cada vez pior, uma vez que a complementaridade tem vindo a ser substituída pela individualidade. As necessidades, os interesses e os valores individuais parecem dar pouco espaço à comunicação, à partilha e à tolerância, e os laços afetivos que unem a família quebram-se com facilidade. Há quem defenda que a “sociedade material” e a busca pela qualidade de vida (económica) são os principais responsáveis pela desagregação familiar.

Estará a família a atravessar uma crise económica ou uma crise de valores? Será que é a primeira que leva à última? Estará o novo milénio a atravessar uma crise afetiva? Poderão os afetos sobreviver a estas crises?


Questões talvez um pouco polémicas que aqui lanço no sentido de promover uma reflexão sobre o valor dos afetos, das relações e da família.



segunda-feira, maio 12, 2014


Perguntas para fazer às crianças sobre a escola.



sexta-feira, maio 09, 2014

As 20 leis sexuais mais estranhas


As leis que protegem a população contra os crimes sexuais são muito importantes na legislação de qualquer país, mas existem algumas bem intrigantes que, apesar de não serem usadas em muitos dos casos, ainda fazem parte da constituição destes locais.

Segundo uma lista publicada pelo site medicalinsurance.org, o simples ato sexual pode tornar-se muito perigoso e levar da cadeia até à pena de morte. Mas, algumas leis, são tão absurdas que merecem destaque nesta lista das mais estranhas do mundo todo.



1) Há homens em Guam cujo emprego em tempo integral é viajar pelo país para deflorar virgens, que pagam pelo privilégio de ter sexo pela primeira vez. Razão: pelas leis de Guam, é proibido virgens se casarem.


 

2) A maioria dos países do Oriente Médio reconhece a seguinte lei islâmica: Depois de ter relações sexuais com um carneiro, é um pecado mortal comer a sua carne.



3) No Líbano, os homens podem ter relações sexuais com animais legalmente, mas os animais devem ser do sexo feminino. As relações sexuais com machos são puníveis com a morte.

  

4) Em qualquer lugar dos Estados Unidos é ilegal o uso de espécies de seres vivos em perigo, exceto insetos, em manifestação sexual pública ou privada, espetáculos ou exposições retratando sexo entre espécies. 



5) No Bahrain, um médico pode legalmente examinar a genitália feminina, mas é proibido olhar diretamente para ela durante o exame. Ele só pode ver seu reflexo em um espelho.



6) Em Hong Kong, uma mulher traída pode legalmente matar o marido adúltero, mas deve fazê-lo apenas com as próprias mãos. (A amante do marido, por outro lado, pode ser morta de qualquer outra maneira).



7) Em Santa Cruz, na Bolívia, é ilegal um homem ter relações sexuais com uma mulher e a  filha ao mesmo tempo.



8) No estado de Washington, há uma lei contra sexo com uma virgem em quaisquer circunstâncias, incluindo a noite de núpcias.



9) Em Cali, na Colômbia, uma mulher só pode ter relações sexuais com o marido, se a primeira vez que isso ocorrer, a mãe estiver no quarto para testemunhar o ato.



10) Nenhuma mulher pode ter relações sexuais com um homem enquanto este conduz uma ambulância dentro do perímetro de Tremonton, Uhta. Se estes forem apanhados, a mulher pode ser acusada de delito sexual e o 'seu nome será publicado no jornal local.' O homem não é cobrado, nem o seu nome será revelado.



11) Em Romboch, Virginia, é ilegal a atividade sexual com as luzes acesas.



12) Em Nevada, é contra a lei ter relações sexuais sem preservativo.



13) É ilegal para qualquer membro da Legislatura de Nevada, durante um ato oficial, vestir-se com uma fantasia de pênis enquanto o legislador estiver em sessão.



14) No Arizona, Flórida, Idaho, Indiana, Massachusetts, Mississippi, Nebraska, Nevada, New York, Ohio, Oklahoma, Oregon, Dakota do Sul, Tennessee, Utah, Vermont, Washington e Wisconsin, a ereção que pode ser vista através da roupa de um homem é ilegal.



15) É proibido que um marido faça sexo com a esposa se seu hálito cheira a alho, cebola ou sardinha, em Alexandria, Minnesota. Se a esposa reclamar do fato, a lei diz que ele deve escovar os dentes.



16) Em Minnesota, é ilegal para qualquer homem ter relações sexuais com um peixe vivo. (Aparentemente, as mulheres estão liberadas).



17) Os muçulmanos não podem olhar os genitais de um cadáver. Isto também se aplica aos funcionários da funerária. Os órgãos sexuais do defunto devem estar sempre cobertos por um tijolo ou pedaço de madeira o tempo todo.



18) Uma portaria, em Wyoming,Newcastle, proíbe os casais de fazerem sexo em pé dentro de uma loja frigorífica de carne.



19) A penalidade para a masturbação na Indonésia é a decapitação.



20) Nos hotéis em Sioux Falls Dakota, cada quarto é obrigado a ter duas camas individuais, e as camas devem ficar a uma distância mínima de 60 centímetros quando um casal aluga o quarto para apenas uma noite. E é ilegal fazer sexo no assoalho entre as camas.


Fonte: terra.com.br







terça-feira, maio 06, 2014

Que fase é esta? - episódio I



No meu trabalho diário com jovens e suas famílias, as diferenças de mentalidades, formas de ser e de estar, imperam.

No livro "Tenho medo de ir à Escola" num capítulo exclusivamente dedicado a este tema, debruço-me sobre o que os pais dizem e querem e vice-versa:

Ora cada vez mais assistimos a meninas de 10 anos a lidarem com as questões das alterações hormonais, com o início da menarca (1ª menstruação), com a pele a alterar, e inevitavelmente com flutuações de humor, que vão desde a agressividade, tristeza, felicidade, apatia, preguiça, agitação… Estas alterações, de início mais tardio nos rapazes, “obrigam” a uma grande mudança na dinâmica familiar e a uma necessidade de reorganização para se conseguir acompanhar todas estas modificações.”

Na realidade as perspetivas dos pais e dos filhos são distintas e cada uma, à sua maneira, são válidas, mas como lá chegar? Como será possível que estas suas entidades consigam chegar a um acordo e compreenderem-se?

Nalguns casos será mesmo necessária ajuda externa, pois a comunicação já atingiu um nível tão incompreensível, que um "tradutor" terá que decifrar o discurso de cada uma das partes para que voltem a falar a mesma língua.

Se na sua família considera que já chegou a este ponto procure ajuda especializada, se ainda não aconteceu mas percebe que a relação está a mudar, então talvez seja a altura ideal para refletir e compreender o que deve mudar para que consiga manter, ainda que com dias melhores que outros, como é natural, um nível adequado de comunicação.

“Quando tinha catorze anos, o meu pai era tão ignorante que não o conseguia suportar. Mas quando fiz vinte e um, parecia-me incrível o quanto ele aprendera apenas em sete anos.”
Mark Twain
(in Tenho Medo de ir à Escola, Editora Esfera dos Livros -  fevereiro de 2014)

sexta-feira, maio 02, 2014

O poder da auto-observação e autoconsciencia



Se você acha difícil estar consciente, então experimente anotar cada pensamento e sentimento que surge ao longo do dia; anote suas reações de inveja, ciúme, vaidade, sensualidade, as intenções por trás de suas palavras, e assim por diante.Use algum tempo antes do café da manhã anotando-as, o que pode necessitar que se vá para cama mais cedo e deixar de lado algum assunto social. Se você anotar estas coisas quando puder, e a noite antes de dormir examinar tudo que escreveu durante o dia, estudar e examinar sem julgamento, sem condenação, começará a descobrir as causas ocultas de seus pensamentos e sentimentos, desejos e palavras.Ora, o importante nisto é estudar com livre inteligência o que você anotou, e ao estudar você ficará consciente de seu próprio estado. Na chama da autoconsciência, do autoconhecimento, as causas do conflito são descobertas e consumidas. Você deveria continuar anotando seus pensamentos e sentimentos, intenções e reações, não uma vez ou duas, mas durante um considerável número de dias até ser capaz de estar consciente deles instantaneamente.Meditação não é apenas constante autoconsciência, mas constante abandono do ego. A partir do pensamento correto há meditação, da qual vem a tranquilidade da sabedoria; e nessa serenidade o mais elevado se realiza. Anotar o que se pensa e sente, os desejos e reações, gera uma consciência interna, a cooperação do inconsciente com o consciente, e isto leva à integração e compreensão. 
Krishnamurti, J. Krishnamurti, The Book of Life
Curiosamente uma grande parte do trabalho em psicanálise é, precisamente, observar/prestar atenção e anotar a experiência emocional do paciente.