sexta-feira, julho 27, 2007

PUXAR O LUSTRO AO EGO PORTUGUÊS...

Época de férias... muitos estrangeiros... muito passeio pelo estrangeiro... e a típica frase que surge: "... lá fora é que é bom!!". E nunca se sabe bem, ao certo, o que é que é afinal isto do: "... lá fora é que é bom!!". Em boa verdade, Portugal não é um país de viajantes, poucos são os que se confrontam com outras realidades e que podem arranjar termos comparativos que permitam dizer onde é ou não melhor ou o que é ou não melhor... falta conhecimento de causa, em especial, auto-conhecimento de causa!
Deixo aqui um texto bastante curioso e de fácil leitura sobre o que por cá se faz/ fez! (podem até levar para ler nas férias). Não se deixem intimidar pelo tamanho!
BOND BRANDS by Carlos Coelho (www.ivity-corp.com)
Na segunda guerra mundial Portugal era um país mítico. Estava em paz, era barato e cercado pelo Atlântico. Constituía a ponte ideal para o novo mundo.
Fausto Figueiredo tinha criado, em 1953, a Riviera portuguesa e tinha conseguido espalhar esse charme por toda a Europa. Pelo que, para além da neutralidade, da paz, da segurança e da tranquilidade, o Estoril tinha as praias, os hóteis de luxo e o casino.
Para fugir à guerra, entre 1939 e 1946, passaram pela costa do Estoril mais de 20.000 estrangeiros.
Refúgio de reis, príncipes, escritores, realizadores de cinema e anónimos à procura de um local de passagem seguro para recomeçar a sua vida em terra prometida.
A acompanhar este êxodo, a habitual escola de jornalistas, espiões, diplomatas e polícias em busca de notícias e informações.
A Linha tornou-se num local cosmopolita, longe da guerra e um berço de famílias reais: o rei Humberto de Itália, os condes de Barcelos e o seu filho Juan Carlos, Carlota do Luxemburgo, Eduardo de Windsor e Wallis Simpson, mulher por quem Eduardo abdicou do trono.
O Casino, a discoteca Palm Beach (que abriu nos anos 40), o restaurante Muxaxo, o pé Leve e a Choupana constituíam então locais de referência.
Jean Renoir, Antoine de Saint-Exupery (autor do "Principezinho"), entre muitos outros nomes famosos, aproveitaram o único porto livre e neutral da Europa, contribuindo para que Portugal fosse, nessa altura, um paraíso de glamour no meio da guerra. Foi nesta atmosfera que Ian Fleming - também de passagem para os E.U.A. na companhia do director da inteligência naval inglesa, o Almirante Godfrey - conheceu o casino do Estoril, tendo aqui nascido o seu famoso personagem James Bond, bem como, a sua primeira peça "O CASINO ROYALE".
James Bond surge, então, de um vasto conjunto de influências: da atmosfera vivida no Hotel Palácio, da companhia de Dusko Popov (agente retirado do KGB), mas também, de um conjunto de características do próprio autor que, segundo consta, era muito mulherengo.
Do CASINO ROYALE - casino do Estoril - fica o seu fascínio e a sua experiência pessoal, onde se conta que o próprio tentou levar um alemão à banca rota (no Bacarat), desafio que o fez perder até a camisa, acabando o Almirante Godfrey por ter de pagar as suas dívidas.
BOND NASCEU EM PORTUGAL, SENDO ESTE UM DOS SEUS SEGREDOS MAIS BEM GUARDADOS. Foi ainda neste "Aqui" que Bond se casou no filme "On her majesty secret service" - o único filme de George Lazenby e onde, curiosamente, contracenou com oito Bond Girls tendo, na mesma noite, dormido com sete, acabando por se casar com a oitava que, tragicamente, morreu virgem nos seus braços.
James Bond é, hoje mais famoso que o Tintin, mais sexy que Matahari, mais poderoso que Batman e o Super-homem juntos. mais do que um filme, é uma poderosíssima marca que, em termos económicos, foi capaz de gerar 3,3 biliões de USD em 20 filmes, tendo já sido visto por cerca de metade da população do planeta.
(...)
Esta Bond brand é, por isso, uma marca colectiva capaz de vender-se a si própria, mas que existe, essencialmente, para vender outras marcas, que se organizam em seu redor por layers de proximidade (...).
O seu código mágico de sucesso vive da trilogia champanhe, relógio e carro, mas a organização da oferta na gestão global da marca leva ao endereçamento de quase todos os públicos.
(...)
There's no business like Bond business.
Se James Bond "nasceu" em Portugal e constitui, hoje, uma das marcas colectivas mais bem sucedidas e rentáveis do mundo, será que 007 significa o código do sucesso que Portugal precisa para acreditar em si próprio?
Este precioso segredo que Ian Fleming nos deixou, reeditado no final de 2006, bem pode lembrar-nos a Riviera de outros tempos e, quem sabe, ajudar a projectar Portugal para o mundo das marcas, sem quaisquer preconceitos de ser um país pequeno porque, afinal, consegui ser o berço de uma marca tão grande.

quinta-feira, julho 26, 2007

Revista Portuguesa de Psicanálise


Já está à venda o último numero da Revista Portuguesa de Psicanálise.
Para os interessados aqui fica o índice:

Editorial - Freud e a Psicanálise
António Coimbra de Matos

Violência e medo
António Coimbra de Matos
Narcisse e OEdipe: place du mythe dans la théorie psychanalytique
Jean Bégoin
Abordagem neuropsicanalítica da psicoterapia dinâmica
Filipe Aranches-Gonçalves e Rui Coelho

Tempo e sentido de identidade - Como ligar descontinuidades?
Fátima Sequeira
Identidade e história de vida. Rupturas identitárias
Eduardo Sá
Alice no País das Maravilhas - a fuga da ameaça da ruptura identitária
Eduarda Carvalho
Da "cura" terapêutica à função analisante no processo de construção da identidade analítica
Ana Marques Lito

L'inconscient non-refoulé dans le processus analytique
Mauro Mancia
Identidade ou identidades? O problema da identidade psicanalítica
Rui Aragão Oliveira
Problems of transference and interpretation in borderline states
Anna Potamianou
Personalidades borderline - algumas considerações
João Balrôa

"Talk to Her" - the "Tlking Cure" from Freud to Almódovar
Andrea Sabbadini
Lá fora ("Out There")
Andrea Sabbadini
É na sombra que matamos quem amamos
Ana Viana (Comentário da Redação - António Coimbra de Matos)
Fernando Pessoa: personalidade múltipla como afirmação do não ser
Celeste Malpique
Figuras de identidade pessoal
José Manuel Heleno
Linguagem e diálogo
Joaquim cerqueira Gonçalves


A revista pode também ser adquirida através do site da Climepsi em www.climepsi.pt

domingo, julho 22, 2007

Hipnoterapia


Este fim-de-semana entretive-me a ler “Hypnotherapy for Dummies”. A hipnoterapia tem sofrido uma enorme evolução nos últimos anos e está a constituir-se como uma alternativa razoável para a resolução de algumas dificuldades relativamente focalizadas e principalmente é utilizada com sucesso como técnica psicoterapêutica complementar às técnicas expressivas.

Nas perturbações de ansiedade generalizadas e nas fobias simples parece ter um efeito verdadeiramente interessante. Enquanto técnica não visa a modificação da personalidade em profundidade (objectivo, por exemplo, da psicanálise e das psicoterapias psicodinâmicas), mas à modificação do sintoma ou mesmo ao seu desaparecimento.

A hipnose começa a ser estuda com um verdadeiro olhar científico e por isso mesmo começa a ganhar credibilidade e respeito da comunidade científica.

terça-feira, julho 17, 2007

Formação e Rompimento dos Laços Afectivos


Apesar de ser um trabalho relativamente recente (1979) é já um clássico esta obra de John Bowlby. Vale sempre a pena lê-la ou relê-la.

Bolwlby trabalha fundamentalmente no cruzamento entre o biológico e o psicológico, profundamente influenciado pela etologia, estudou o comportamento das crianças na formação dos laços afectivos com as suas mães e as consequências do rompimento inesperado desses laços. Os conhecimentos adquiridos através destes estudos foram depois generalizados para a formação e o rompimento dos laços afectivos em qualquer idade.

Deixo-vos dois pequenos excertos para estimular o retorno a este trabalho:

“(...) um bebé de quinze a trinta meses que venha tendo uma relação bastante segura com sua mãe e nunca se tenha separado dela antes, mostrará, via da regra, uma sequência previsível de comportamento. Essa sequência pode ser decomposta em três fases, de acordo com a atitude dominante da mãe. Descrevemo-las como as fases de protesto, desespero e desligamento. Primeiro com lágrimas e raiva, o bebé exige que a sua mãe regresse e parece ter esperanças de conseguir reavê-la. Esta é a fase de protesto, e pode durar vários dias. Depois torna-se mais calmo mas, para um observador perspicaz, é evidente que o bebé continua tão preocupado quanto estava antes com a ausência da mãe e ainda anseia pelo seu regresso; mas as suas esperanças dissiparam-se e ele entra na fase do desespero. Estas duas fases alternam-se frequentemente: a esperança converte-se em desespero e o desespero em renovada esperança. Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebe parece esquecer a sua mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e, inclusive, pode parecer que não a reconhece. Esta é a terceira fase – a do desligamento. Em cada uma destas fases a criança é propensa a birras e episódios de comportamentos destrutivos, muitas vezes de um tipo inquietantemente violento.” pp.72/73

“(...) Muitas das emoções mais intensas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação das relações de ligação. A formação de um vínculo é descrita como “apaixonar-se ”, a manutenção de um vínculo como “amar alguém” e perda de um parceiro como “sofrer por alguém”. Do mesmo modo, a ameaça de perda gera ansiedade e a perda real produz tristeza; enquanto que cada uma dessas situações é passível de suscitar raiva. A manutenção inalterada de um vinculo afectivo é sentida como uma fonte se segurança, e a renovação de um vinculo, como uma fonte de júbilo. Como tais emoções são habitualmente um reflexo do estado dos vínculos afectivos de uma pessoa, conclui-se que a psicologia e a psicopatologia das emoções é, em grande parte, a psicologia e a psicopatologia dos vínculos afectivos”. Pp.172

terça-feira, julho 10, 2007




O Caminho!


Uma das coisas que mais me intriga no ser humano é a sua vontade de caminhar até um determinado destino como promessa ou desafio pessoal.
Actualmente, os caminhos de Santiago de Compostela, e os Caminhos de Fátima têm cada vez mais adeptos. Creio que o fenómeno não se deva ao aumento de praticantes católicos, mas sim à satisfação de várias necessidades que o conforto da vida actual não preenche.
A necessidade de liberdade, espaço de reflexão, convívio, crescimento pessoal e actividade física é satisfeita num só acto! O caminhar!
As horas que se passam a caminhar com uma mochila ás costas, transformam as bolhas nos pés, as dores nos ombros e as queimaduras solares numa descoberta de coisas simples e belas que o mundo tem. Levado ao limite, o simples facto de conseguir andar é motivo de uma enorme alegria!
Mas será que não deveria ser sempre assim?... enquanto podemos caminhar!

segunda-feira, julho 09, 2007


No próximo dia 15 de Julho, domingo, será inaugurada, no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária, uma exposição de Pintura promovida pela MAPA, com obras de Emília Gomes da Costa e Tiago Serpa. A inauguração terá lugar às 16h30 e decorrerá até às 22h, ao som da guitarra clássica de João Paulo Oliveira.
A MAPA é uma associação sem fins lucrativos que foi criada em Janeiro de 2006 por um grupo de amigos empenhados em quebrar os circuitos culturais institucionalizados e estabelecer uma ponte entre expressões e públicos. http://www.mapacultural.com/

Assim, para além do voto para quem for de voto e da praia para quem for de praia, propõem-se uma saltada à Cidade Universitária para ver a exposição.

sexta-feira, julho 06, 2007

“Darkness Visible”, a memoir of madness



No verão de 1985 William Styron foi tomado por uma persistente insónia e uma perturbante sensação de doença – os primeiros sinais duma profunda depressão que engoliria a sua vida e deixá-lo-ia à beira do suicídio.
O livro “Darkness Visible”, editado pela Picador em 1991, descreve a devastadora queda na depressão, levando-nos através duma viagem sem precedentes até à esfera da loucura.
Trata-se dum retrato íntimo da agonia do ordálio de Styron, como também um testemunho duma doença que afecta milhões de indivíduos e que ainda é largamente incompreendida. Através da sua notável franqueza e poder de descrição chega-nos uma verdadeira compreensão da angústia duma mente desesperada à beira da morte.
Escrito com a prosa clara e envolvente de Styron, “Darkness Visible” é uma corajosa e edificante exploração da realidade negra da depressão.

“For the thing
I greatly feared is come upon me,
And that which I was afraid of
Is come unto me.
I was not in safety, neither was I quiet;
Yet trouble came.

Job
in "Darkness Visible", William Styron
Leitura recomendada!

domingo, julho 01, 2007

Autor obrigatório


Foi lançado no passado dia 26 de Junho o livro de João dos Santos intitulado "Ensinaram-me a ler o mundo á minha volta" com o qual se inicia a publicação das suas obras pela editora Assírio e Alvim. Será uma colecção com 7 títulos contendo textos inéditos recolhidos pela sua filha. Autor e Pensador sobejamente conhecido e reconhecido por todos os que se interessam pelas temáticas da psicologia, da educação e da psicanálise, habituou-nos à reflexão através da sua visão psicanalítica do mundo e da vida. Temos pois agora à disposição mais uma colectânea de textos que considero de leitura obrigatória.

sexta-feira, junho 29, 2007

Os consumidores habituais de cannabis vêem reduzida a actividade no córtex frontal inferior



Cada vez mais psiquiatras alertam para o impacto que pode ter na saúde mental o consumo de altas quantidades de marijuana ou haxixe, sobretudo entre a população jovem.
Até ao aparecimento das modernas técnicas de scanner, o mecanismo de actuação da cannabis no cérebro era um mistério. Através destas os especialistas podem detectar o impacto sobre a actividade deste órgão.
Philip McGuire e Zerrin Atakan do Instituto Psiquiátrico de Londres realizaram um estudo recorrendo a ressonância magnética. As imagens, segundo explicaram, mostram que os pacientes que consumiram tetrahidrocanabinol (THC) (presente na cannabis) vêem reduzida a actividade no córtex frontal inferior, uma área do cérebro relacionada com o controlo das emoções inapropriadas e com o comportamento.
O THC parece que “apaga” esta parte do cérebro e está associado com o aparecimento de paranóias, assinalou McGuire. As suas investigações serão apresentadas na Conferência Internacional de Cannabis e Saúde Mental.
Estudos similares de outras equipas também ressaltam a relação entre a dose de THC e o risco de sintomas de esquizofrenia segundo explicou o psiquiatra do King´s College de Londres, Robin Murray.

Fonte: El Mundo, Maio 2007

Hiperactividade - Desordem Neurológica?


No último número da revista Psicologia Actual é dado um destaque particular à entrevista com Russell Barkley (Psicólogo clínico Americano). Este colega defende de forma muito clara e peremptória a organicidade da Hiperactividade.

Diz ele: "Não existe absolutamente nenhuma controvérsia entre os cientistas acerca do papel dos genes no PDAH, uma vez que a evidência é esmagadora (...) Os genes que contribuem para o PDAH estão a agora a ser identificados. Então o assunto da contribuição genética não é controverso. Uma revisão recente indica que 65-75% de PDAH é devido à genética e o remanescente 25-35% resulta de complicações de parto, problemas mentais, ou lesões neurológicas sofridas após o parto. (...) Não possuímos qualquer evidência que um factor social, tal como parentalidade, televisão, ou videojogos ou escolas pobres possam criar PDAH numa criança previamente normal".

Para mim existe uma interacção entre o biológico (neurológico) e o psíquico que é muito complexa e que dificilmente se reduz a uma posição tão simplista.

Gostava de saber a vossa opinião sobre este assunto.

quarta-feira, junho 27, 2007

Saúde Mental e Envelhecimento



No dia 4 de Julho vai realizar-se um encontro sobre Saúde Mental e Envelhecimento organizado pelo Departamento de Acção Social da Câmara de Lisboa.
O encontro irá decorrer das 10 às 13h e terá o seguinte programa:

10.00 - Saúde Mental e Aspectos Psicogerontológicos
Dr.ª Ana Almeida
Mestre em Psicopatologia e Psicologia Clínica; Directora
da “Psicronos”; Membro da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

10.30 – Reabilitação Cognitiva na Demência
Dr.ª Gabriela Álvares Pereira
Unidade de Neuropsicologia de Intervenção do Hospital
Miguel Bombarda; Secretária Geral da Associação Portuguesa de Psicogerontologia.

11.00 – Intervalo

11.30 – Cuidadores Formais e Informais
Dr.ª Ana Margarida Cavaleiro
Psicóloga Clínica; Coordenadora do Núcleo de Formação da
Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de
Doentes de Alzheimer - APFADA

12.00 – Debate

13.00 Encerramento

Eventuais interessados em participar deverão contactar o Departamento de Acção Social pelo telefone 21 394 44 10/11 (a entrada é livre, mas sujeita a inscrição prévia e tem um número limitado de inscrições)

quarta-feira, junho 20, 2007

O bem e o mal simplificado!



Muitas vezes a humanidade deve-se ter perguntado como distinguir as boas acções das más acções. Grandes filósofos escreveram tratados a esse respeito!
Mas mesmo assim o mundo está ir por um caminho que não parece muito certo. As alterações climáticas, as guerras e a fome continuam a assolar o mundo de um modo estranho, quando já há recursos financeiros para alimentar os famintos, reduzir as emissões de Co2 e acabar com as guerras... mas isto ainda não aconteceu porquê?

Será que os nossos governantes não sabem distinguir o bem do mal?

Eu acho que não!


Eles ainda não fazem uma coisa muito simples que é pensar no extremo. Eu explico, se pensarmos em mentir, mas é só uma pequena mentira... nada de grave! Se levar-mos o acto da mentira ao extremo seremos mentirosos, manipuladores e até poderemos ostentar o título de perturbação de personalidade (seguindo a lógica do José Luís Pio Abreu, no livro “como se tornar um doente mental”)
Ora se alguém apanhar um papel do chão, podemos dizer que foi uma boa acção, se o levar-mos a um extremo o que acontece é que o local fica limpo, se levar-mos ainda mais ao extremo o mundo ficará limpo.

Portanto, senhores governantes já não tem desculpa... uma “guerrinha” levada ao extremo leva a muitas mortes, uma pequena fraude leva á corrupção, uma ida ao café de carro leva ao aquecimento global...

Agora é só aplicar este pensamento nas nossas vidas e começar a construir um mundo melhor... mas alguns vão pensar... “ mas porquê eu? Porque é que tenho que ser logo eu a abdicar dos meus confortos quando há tantos que poluem, mentem e roubam mais que eu, vão falar com esses” porque se todos pensarem assim então é que vamos todos arruinar o mundo em que vivemos!

Simples não é?

terça-feira, junho 19, 2007

segunda-feira, junho 18, 2007

Uma leitura divertida da Obra de Melanie Klein


O mês passado fui a Londres e durante a minha estadia descobri um livro bastante engraçado sobre o pensamento psicanalítico de Melanie Klein.

A Psicanálise é muitas vezes dada com um ar pesado e sério. Neste livro, Robert Hinshelwood, Susan Robinson e Oscar Zarate apresentam os conceitos fundamentais da teoria kleiniana com ilustrações muito divertidas sem perder a exactidão clínica.

Podem espreitar o conteúdo na amazon

sexta-feira, junho 15, 2007

Programa "Braço Direito"


Gostava de partilhar com todos uma experiência enriquecedora em termos pessoais e profissionais que me foi dada a viver muito recentemente. Recebi de uma amiga um convite aparentemente invulgar. O desafio que aceitei de imediato era o seguinte: Acolher durante um dia um estudante do 3.º Ciclo do Ensino Básico (9.º ano) que se preparava para fazer uma daquelas escolhas de vida importantes – a área de estudos a enveredar ao nível do ensino secundário. A Associação onde esta amiga trabalha chama-se Aprender a Empreender (http://www.japortugal.org/) e o programa ao abrigo do qual recebi a Maria João (a simpática estudante que tive muito gosto em conhecer) chama-se “Braço Direito”. Preparei-me de acordo como os preceitos fixados pela organização (ligados, entre outros, à segurança da menor envolvida) e marcámos o dia 5 de Junho.

Planifiquei o meu dia de forma a ir ao encontro dos objectivos do programa e que passava, no meu caso enquanto psicólogo, por mostrar à Maria João todos os projectos em que estou envolvido na minha vida profissional. O resultado foi muito gratificante para os dois. Mostrei-lhe, entre outros contextos em que desenvolvo a minha actividade enquanto psicólogo, o consultório e o que, em termos genéricos, ali proponho às pessoas com quem trabalho.
Foi com muito gosto que procurei responder às dúvidas e perplexidades da Maria João, à medida que o dia se ia desenrolando. Queria partilhar convosco as palavras que ela me deixou a propósito deste dia:


"Lisboa, 15 de Junho de 2007


Ex.mo Dr. João Guerreio:


Espero encontrá-lo bem desde o dia do Braço Direito.
Estou a escrever-lhe, para lhe agradecer a sua disponibilidade em me receber durante um dia do seu trabalho. Agradeço-lhe também ter aceite ser meu voluntário neste dia, pois proporcionou-me um dia muito vantajoso para o meu futuro. Esclareci todas as minhas dúvidas em relação ao percurso a seguir daqui para a frente, ficando a perceber um pouco melhor qual o verdadeiro trabalho de um Psicólogo, e qual o percurso melhor até chegar lá. Acatei com muito agrado as suas opiniões e conselhos. (…) Assentei definitivamente em optar por um curso Cientifico-Humanistico, na área das Ciências Tecnológicas.
Gostei muito da Psicronos e de todo o seu trabalho.
Gostaria de desenvolver o projecto que ficou combinado, relativamente ao relatório do nosso dia.


Com os melhores cumprimentos

Maria Amaral"


Decidi, com a permissão da Maria, publicar este “post” para lhe expressar a minha gratidão pelas palavras simpáticas que me dirigiu, e para dar a conhecer a todos uma experiência que me parece muito interessante em ser replicada no contexto de outras profissões. Votos de Muito Sucesso para a Maria em especial e um bem-haja à Associação Aprender a Empreender!

"A traição do Eu"



Tal como refere Martin Roda-Becher a propósito do livro “A traição do Eu” de Arno Gruen publicado pela Assírio & Alvim em 1996, a aspiração à autonomia se for entendida como demonstração da própria força e superioridade limita-se a ser um produto da sociedade do sucesso em que hoje vivemos e consequentemente não passa dum equívoco de condições nefastas. Como o psicanalista Arno Gruen demonstra ao longo do livro, a verdadeira autonomia é o estado em que o Homem se encontra em plena harmonia com os seus sentimentos e necessidades. Contudo é justamente a prevalecente ideologia do sucesso e da eficiência que impede a muitos indivíduos o acesso ao próprio Eu; sendo que a adaptação às normas sociais, induzida pela pressão educacional atrofia a vitalidade, a criatividade e a capacidade de amar. Tamanha perda gera dependência e submissão. Arno Gruen analisa as fases do desenvolvimento da personalidade humana e as situações vivenciais em que a autonomia é bloqueada. Demonstrando desta forma, entre outras coisas, como a opressão da Mulher ou o empobrecimento mental do Homem, sendo consequências da falta de autonomia, são expressões da mesma perturbação fundamental. Para além das formas patológicas, Arno Gruen debruça-se pormenorizadamente sobre a anormalidade do que é tido como normal, interrogando-se sobre a condição do Homem na sociedade contemporânea. Recomenda-se a leitura!

segunda-feira, junho 11, 2007

Finalmente o Site da Psicoterapia Existencial


Recentemente a Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial abriu o seu sitio na net, www.sppe.pt.

O site é muito elegante e suficientemente informativo, apesar de algumas das suas áreas ainda estarem em construção.

A Psicoterapia Existencial tem vindo a encontrar um lugar estável dentro das mais diversas Psicoterapias. Entre nós é ainda bastante recente e deve a sua expansão a uma meia dúzia de pessoas, das quais destaco o Prof. Carvalho Teixeira, sobejamente conhecido pelos muitos alunos do ISPA em Lisboa.

Com a constituição formal da sociedade, a SPPE vai iniciar no próximo ano lectivo o seu primeiro curso de formação de Psicoterapeutas sob o paradigma fenomenologico-existencial.

Atenção que as inscrições são limitadas e só estão abertas até 31 de Julho.

Saiba mais sobre a formação e as condições de candidatura em http://www.sppe.pt/formacao.php

Este é um link que vai para os nossos favoritos!

quarta-feira, junho 06, 2007

RECORDAR

O título do post da Clara fez-me recordar uma data que entre nós acabou por passar meio despercebida.


É que no passado dia 21 de Maio o nosso blog atingiu um ano de idade, e é claro que merece uma homenagem, ainda que fora de "horas"


Todos estamos de parabéns, nós os colaboradores do Blog, pela colocação dos mais diversos post's, os nossos Leitores e os nossos Comentadores, que ao longo deste ano têm feito do Salpicos um blog de leitura diária, de discussão e enaltecimento da Psicologia, da Psicanálise, das Psicoterapias (das mais variadas) e da vida em geral...
Como se costuma dizer:
"Muitos Parabéns, MUITOS ANOS DE VIDA"
São os votos para o nosso SALPICOS

terça-feira, junho 05, 2007

Procura de sensações.


Procura de sensações é o “traço” que descreve a tendência para procurar sensações novas, variadas, complexas e intensas, e a vontade de aceitar os riscos que podem acarretar. (Zuckerman, 1994)

Quantos de nós vivemos na ânsia de algo novo, intenso e satisfatório?

É interessante ver como os desportos radicais vão no sentido de fornecer essas sensações novas, variadas, complexas e intensas.

Mas na verdade o que procuram as pessoas?
Será que procuram simplesmente descargas de adrenalina?
Ou será que procuram viver o momento sem ter a habitual corrente de pensamentos automáticos que por vezes tanto nos perturba?

No fundo quem pratica desportos de alto risco tem que “está lá” na sua totalidade, senão corre o risco de se desconcentrar… com tudo o que isso pode acarretar para o praticante.
As palavras de António Variações descrevem bem o oposto quando só queremos estar onde não estamos, só queremos ir onde não fomos!

Será que a nossa procura de sensações não “apenas” querer um estado “zen” onde estamos centrados no local e na acção do momento?

domingo, junho 03, 2007

Bunkers adolescentis.

No trabalho com adolescentes que tenho realizado na Ktree tenho-me dado conta de que actualmente o quarto de um adolescente não é mais do que um Bunker.


Faz-me sentido pensar nestes termos porque, o que é a adolescência senão tempos de guerra, luta, afirmação, crescimento/mudança.

Mas o que me preocupa é o facto de que actualmente os adolescentes e os pais, têm vindo a equipar estes Bunkers com o que há de mais avançado em termos de tecnologia.

Assim, qual é o adolescente que, hoje em dia, não tem nos seu quarto, uma televisão com ligação por cabo, PlayStation, aparelhagem, computador com ligação à internet e de preferência com webcam, e ainda, estes já nas mesinhas de cabeceira, os telemóveis, os iPod, e não sei mais o quê.

Agora a minha questão é: Sou eu que estou a ficar antiquada ou é também nos quartos que se dorme e se deve ter um ambiente tranquilo?

Atenção, eu concordo com o uso das tecnologias, com o acesso dos adolescentes à informação. E, penso que sendo a adolescência um período tão frágil e ao mesmo tempo tão determinante da vida de qualquer ser humano, devemos respeitar os Bunkers adolescentis como o seu espaço de eleição, onde normalmente querem estar maior parte do tempo que passam em casa, já que, é normalmente também em casa se edifica o centro do conflito.

Agora a minha questão é se isto é saudável, que os adolescentes passem a ter os seus quartos totalmente atestados da mais variada e moderna tecnologia.
Já há uns tempos se começou a debater a questão da televisão no quarto, vejam bem, que até nisso eu coloco as minhas dúvidas.

Mesmo sem excesso de conservadorismos, a mim parece-me que o contacto com o mundo não pode ser centrado e limitado à Internet, à tv por cabo e ao telemóvel. Nem tão pouco livre de supervisão e acompanhamento por parte dos educadores.

Parece-me perfeitamente inútil obrigar os adolescentes a sair do quarto, e acho essencial que se respeite o espaço interno e externo do adolescente, mas também não vamos agora instalar-lhe um frigorifico no quarto para que eles ai sim, possam viver de modo totalmente isolado e independente das rotinas familiares.


Será possível passar-se alguns destes objectos para um escritório e passar esse outro local a representar-se como espaço intermédio, onde e sobre o qual podem eventualmente vir a ser desenvolvidas futuras negociações?

sábado, junho 02, 2007

ESTÃO AÍ OS DIAS DE FESTA

Desde miúda que me lembro do mês de Junho em Lisboa. Costumava chegar com os primeiros calores. Havia jacarandás nas ruas, pétalas lilases no chão, um cheiro a quente no ar. Era tradição ir passear para Alfama e esfregar a palma das mãos nos manjericos. Havia noites de lua cheia. Cheias de sons e de música.
As minhas memórias dessa Lisboa têm a ver com muita gente nas ruas, gritos nas janelas, conversas de beiral para beiral. Visto assim, parece um bilhete postal. Mas não era.
Naquela Alfama, onde eu só ia nas festas – só mais tarde passei a ir todo o ano, para tirar fotografias – passavam-se outras coisas. Era perceptível, pela ditos das vizinhas, os choros das crianças, uma palavra mais agreste dita por um homem. As ruas estreitas eram, como hoje são, bastante sujas e o cheiro no ar era pesado. Nessa Alfama, de origem evidentemente mourisca, o vento sopra com dificuldade. Aí, nada das outras ventanias lisboetas a que eu me tinha habituado: a esquina da Rua Augusta com o Rossio, o Marquês; alguém se lembra de ter passado lá sem vento? Isto para já não falar de zonas mais recentes de Lisboa, como as chamadas Avenidas Novas, ou o Campo Grande, onde os ventos, ao contrário dos jacarandás, são perenes.
O ar parado assentava em Alfama como uma mancha de óleo. Mas naquele tempo o tempo estava também parado. Embora não soubéssemos.
Voltei a Alfama recentemente, com uns amigos estrangeiros, e pude aperceber-me de que está tudo igual. Ou semelhante. E há na mesma aquele vago cheiro a maresia. A fritos. A gritos.
Já se assam sardinhas em fogareiros modernos, há bares pós-modernistas, fala-se sobretudo espanhol, mas que interessa?
Se puderem dêem um salto a Alfama em Junho. Há sítios para todas as idades. Como o Ondajazz, por exemplo, onde se podem ouvir bons conjuntos (ouvi lá os Anima Nuvolari e foi óptimo). Ou casas de fados. Ou de petiscos.
E divirtam-se. Sigam o conselho de Ésquilo, há dois mil e quinhentos anos, e façam o favor de ter uma noite tão boa quanto possível.

“Amor, Sexo e Crime” - Congresso Internacional



Nos dias 25, 26 e 27 de Junho vai realizar-se em Braga, na Universidade do Minho, um Congresso Internacional que promete aprofundar temáticas muito interessantes e de grande actualidade.

De acordo com a organização e passo a citar:
"Neste Congresso procurar-se-á que os profissionais e estudantes tenham um contacto mais aprofundado com a investigação produzida aquém e além fronteiras respeitante a vítimas e agressores sexuais , sejam eles menores ou adultos. Por outro lado, também se esperam contributos de profissionais do terreno, nomeadamente do contexto prisional, da reinserção social e da avaliação de perfis criminais, entre outros.

Existe, assim, a preocupação de levar junto de um público especializado, e simultaneamente curioso, um saber e um saber-fazer que contribuam para o aumento do conhecimento sobre a problemática da criminalidade sexual nas suas múltiplas vertentes, de forma séria e rigorosa.

Aberto à participação externa, este Congresso procura ainda dar a conhecer o que se vai fazendo em Portugal no âmbito da investigação, avaliação e intervenção na criminalidade sexual."

Penso que irá valer a pena dar um saltinho a Braga. Veja os detalhes sobre a conferencia e as informações para a sua inscrição em http://www.cipsi.uminho.pt/conferences/asc2007/.
Obrigado, Jorge Alves, pela dica sobre este evento.

"Então é assim"! Educação Sexual.

Ontem, no âmbito do Dia Mundial da Criança, passou na RTP2 um filme de 17 minutos que reinstalou a polémica acerca do assunto da educação sexual.

“Então é assim” é uma co-produção dinamarquesa-canadiana, um filme de animação para crianças, que transmite informação acerca da sexualidade, reprodução, os abusos sexuais, mas também sobre o afecto e o amor.

Na véspera a RTP2 promoveu uma espécie de "ante estreia", numa edição especial do programa “Sociedade Civil” em que foi mostrado o dito filme e debatida a sua adequação às necessidades e sensibilidades nacionais.

Esta “ante estreia” destinou-se a dar aos pais a possibilidade de visionar antecipadamente “Então é assim” e decidirem se a sua informação e linguagem conferem com o que gostariam de transmitir aos seus filhos na fase de vida em que se encontram.

O filme destina-se a crianças entre os 7 e os 11 anos e levantou inúmeras questões e opiniões, mais relacionadas com a forma como a informação foi transmitida do que com o conteúdo pois as questões são abordadas de uma forma muito explícita, com uma linguagem pouco transformada.

Sem desvalorizar a mais valia da abordagem daqueles conteúdos, devo confessar que quando vi o filme fiquei surpreendida com a linguagem, com alguns termos e imagens utilizadas e fiquei também eu com dúvidas relativamente à forma como a informação foi transmitida.

Se eu tivesse de decidir se passava este filme a uma criança de 7/8 anos eu diria que os pais deviam ver o filme com a criança e ir mediando a informação com comentários que a ajudassem a integrar toda aquela informação.

Não concordo com o uso das histórias e metáforas que explicam de forma totalmente irrealista e maior parte das vezes mentirosa os acontecimentos, mas penso que quando transmitimos seja o que for a uma criança devemos faze-lo de forma a que ela possa entender e integrar.

Devemos ter em atenção os recursos cognitivos e emocionais da criança, além de que devemos dar espaço à fantasia.

As crianças fantasiam precisamente para poder ajustar a informação àquilo que podem compreender e suportar emocionalmente.

Muitos adultos forçam as crianças à compreensão de coisas que lhes são insuportáveis, o que pode ser esmagador.

No entanto, a criança deve poder aceder à verdade e não a histórias e subtefurgios.
E parece-me essencial respeitar um principio básico, quando a criança quiser saber ela vai perguntar, nesse momento devemos contar-lhe a verdade, mas usar uma linguagem que ela possa compreender e elaborar.

Ainda acerca deste filme, devo dizer que me pareceu brilhante a forma como foi abordada a questão dos abusos sexuais. A este respeito era colocada a questão "como é que eu sei se faz bem ou faz mal quando mexem no meu corpo".

E a tónica foi colocada no sentimento da criança que é tocada. "quando eu te faço festinhas nas costas tu sentes Sim ou sentes Não? "Se sentes Sim, é porque não tem mal, se sentes Não é porque faz mal.

Com o diálogo entre as personagens esta questão foi muito bem trabalhada e é precisamente isto que é por vezes difícil de fazer, que é ir ao encontro de uma linguagem que está ainda tão dependente do sentir, do afecto e da emoção.

No dia em que a RTP2 passou a ante estreia e levantou o debate, o blog do programa "Sociedade Civil" teve 417 comentários. Eu própria gostaria de poder discutir este assunto com colegas que tivessem visto o filme e ouvir outras opiniões, lanço o repto.

quarta-feira, maio 30, 2007

Ciclo de conferências em Psicologia e Ciências do Comportamento 2007 - ISPA - Lisboa


CICLO DE CONFERÊNCIAS EM PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO 2007 - 2 de Junho de 2007 às 10,00h

Estructura de la Kleinian Psychoanalytic Diagnostic Scale (KPDS)

Jaume Aguilar i Matas
Membro Titular da Sociedade Espanhola de Psicoanalise,
Membro da Associação Psiconalítica Internacional (IPA)

Lluis Mauri i Mas
Universidade de Barcelona

Sala de Actos do ISPA
2 de Junho de 2007 às 10 ,00h


ENTRADA LIVRE
Mediante Inscrição Prévia

INSCRIÇÕES
Por e-mail para cii@ispa.pt

(Indique: nome, profissão, contacto)


INFORMAÇÕES
Centro de Investigação e Intervenção
ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada
Rua Jardim do Tabaco, 34 - 1149 Lisboa - Portugal
Tel: +351 21 881 17 08
Fax: +351 21 881 17 79
www.ispa.pt

Dia Mundial da Criança - PARA BREVE


Ao pensar no que escrever para este post, depois de lançar o título, decidi falar sobre a importância do brincar na vida das crianças.


Por vezes somos levados a esquecer, ou pelo menos, a descuidarmo-nos um pouco com a importância que a actividade lúdica assume para os mais pequenos. Descuramos o facto de que é através desta actividade que a criança vai experimentado as suas relações, ensaiando o seu papel no mundo e se desenvolvendo.


O brincar assume papel primordial no desenvolvimento da criança, fomentando-lhe o crescimento físico, intelectual e emocional. (mais adiante, quando as crianças entram no 1º ciclo, aí percebemos com maior afinco que a cognição anda de mãos dadas com a emoção)


Assim sendo, temos que tomar em consideração as "ocupações sérias" das nossas crianças. É como uma frase que cito de memória, sem recordar o seu autor, nos diz, a criança faz-se fazendo-se.


E de facto, a criança "ganha volume" no espaço relacional em que vive. Num primeiro momento é no contacto com a mãe que a criança aprende a se relacionar, mas rapidamente se torna num ser social interagindo sem fim, recebendo todos os estímulos.


Por vezes vemos espelhado nas brincadeiras das crianças as actividades que os próprios pais desempenham; é o casal parental personificado pela utilização do mesmo palavreado que a mãe ou o pai utilizam. Outras vezes é o papel do educador do colégio que emerge, organizando todas as tarefas, chamando os seus alunos para fazerem esta ou aquela actividade, chamando a atenção a este ou aquele porque se está a portar mal....


São nestas actividades, nestas brincadeiras, nestes ensaios, que a criança está a fazer o reconhecimento do seu próprio meio.


Por isso brinque com o seu filho, cante-lhe, leia-lhe histórias, mesmo quando ele é muito pequenino, pois não é o conteúdo da história que lhe vai interessar, mas sim a melodia da voz da mãe.


Se tiver pouco tempo não desespere, siga a máxima de Fernando Pessoa:


O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.


e vai ver que tudo correrá da melhor maneira.

terça-feira, maio 29, 2007

Higiene Mental!


Numa das minhas viagens ao meu velho dicionário de psicologia encontrei esta definição de Higiene Mental.

Higiene Mental: Investigação e aplicação das medidas que evitam distúrbios mentais e promovem a saúde mental.

Ok! Parece simples, mas será que é tão simples assim promover a saúde mental?
A resposta sim é dada por aqueles que já integraram na sua vida uma série de pensamentos e actos que são adaptativos e que promovem a sua saúde num todo.
Não vou comentar agora o que é adaptativo ou não, isso poderá ser outro post!
A resposta não é dada por aqueles que sofrem de mau estar psicológico e ainda não implementaram os actos e pensamentos em cima referidos.

Até aqui tudo muito geral, mas vamos pensar quanto tempo despendemos na nossa higiene mental?
Quanto tempo do nosso dia é usado para exercício físico?
Quanto tempo do nosso dia é usado para ler um livro?
Quanto tempo dá para simplesmente não fazer nada?
Quanto tempo usa para cultivar pensamentos positivos e úteis para o próprio e para os outros?

Como não tenho muito tempo, quando uso os transportes públicos leio algo, quando não leio, olho à minha volta e vejo a cara das pessoas, na sua expressão tento ler o que estão a sentir. Daí até pensar o que uma pessoa triste ou cansada precisa de ouvir para se sentir melhor, é um pequeno grande passo. Quando estou demasiado alheado de tudo, simplesmente não faço nada…
Isto só para dizer que existem sempre tempos em que podemos escolher como tratar a nossa mente e que fundo este post poderia chamar-se “Faça a sua higiene mental nos transportes públicos!”

Espero que este post tenha servido para dar um pouco de atenção a algo que, não sendo tangível, muitas vezes é tudo… a nossa mente!

segunda-feira, maio 21, 2007

Gosto de ti mas...





Quando me ofereceram este livro gostei logo do título. Muitas vezes há um mas… que parece colocar muitas coisas em questão.
Ao ler o livro descobri, ou reaprendi uma série de estratégias de podem ajudar os casais a melhorar as suas relações.
Segundo a autora, Ellen Wachtel, existem quatro verdades básicas sobre o que faz o amor durar:

1ª Amamos quem nos faz sentir bem connosco próprios.
2ª A maioria de nós sabe o que aquece o coração do nosso parceiro.
3ª As críticas desgastam o amor.
4ª Um amor inabalável, imutável e à prova de casos extraconjugais não existe.

A leitura deste livro entusiasmou-me bastante por ser um livro que fala de situações do dia-a-dia e de pessoas “normais” que sentem dificuldades nas suas relações.
Podemos reflectir um pouco sobre o significado destas quatro verdades.
A primeira parece-me indiscutível porque se estivermos com alguém que nos faz a “vida negra” muito dificilmente gostaremos dessa pessoa. A não ser que tenhamos algum problema de auto-estima e tendencialmente procuramos pessoas que nos fazem sentir inferiores para confirmar essa mesma ideia… mas isso é outro post!
A segunda também parece evidente, apesar de por vezes não tomarmos consciência dos gostos do nosso parceiro, e por vezes o problema é justamente esse, o não prestar atenção ao outro, ou seja, trabalhar no sentido de fazer o outro sentir-se bem.
Vale a pena falar da 3ª? Claro que vale… afinal de contas o último post da Marta fala justamente disto, de como a comunicação se vai alterando e cada situação se torna tendencialmente uma oportunidade de atingir o outro com críticas. Claro que este movimento pode ser mais ou menos consciente… mas desgasta na mesma!
Claro que a 4ª é a mais polémica… afinal existe uma tendência para gostarmos das coisas imutáveis e certas. Mas… tudo muda, as pessoas mudam, o modo de comunicar muda e neste paraíso, ou inferno, em que vivemos existem mais pessoas a interagir com os nossos parceiros e connosco, felizmente por um lado, visto que somos animais sociais, infelizmente por outro porque cria um número infindável de situações em que alguém nos consiga fazer sentir especial e como tal podemos procurar algo mais para a nossa vida!... mas isso de procurar algo mais também dava outro post!

Enfim o livro tem 8 capítulos que tratam as várias áreas problemáticas das relações, recomendo-o a todos que queiram pensar e agir sobre a sua vida relacional!

domingo, maio 20, 2007

Livros


Na semana passada, no congresso da Sociedade Portuguesa de Psicanálise foram lançados dois livros que se debruçam sobre a temática do narcisismo. Ambas as autoras, Maria Fernanda Alexandre e Cristina Fabião, são duas psicanalistas titulares da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

As autoras abordam com especial enfoque o aprofundamento da compreensão das patologias narcísicas ditas mais "graves".
Cristina Fabião sublinha o carácter defensivo que a organização do narcisismo comporta uma vez que esta, passando a citar a autora, " interpenetra-se com acontecimentos que se dão na altura do desenvolvimento da personalidade, ao desenvolvimento da consciência-insight e da capacidade de simbolizar, como suportes da capacidade de estar consciente". Compreender o que se passa nos fenómenos narcísicos é compreender as transformações psíquicas da fase auto-erótica, ligada esta ao corpo e às sensações corporais na relação com o objecto, como nos diz a autora.

Maria Fernanda Alexandre, partindo da sua vasta prática clínica com os "doentes difíceis", e com o conhecimento cada vez mais fundo da prática clínica com crianças e adolescentes, vai investigar as mudanças psíquicas ocorridas no processo psicanalítico. Pretendendo compreender melhor os seus pacientes que se enquadram na esfera do que se entende por narcisista, faz-nos pensar quando nos diz que "o narcisista não é aquele que se ama em excesso mas aquele que tem fome de amor e de compreensão".

Sem dúvida, a leitura destas duas autoras portuguesas do cenário psicanalítico português será um acrescento para a nossa reflexão teórica sobre o processo da psicoterapia psicanalítica e da prática relacional com nossos pacientes.

sexta-feira, maio 18, 2007

XXIII Jornada Psicoterapia Psicanalítica da Criança e do Adolescente


A Associação de Psicoterapia Psicanalítica da Criança e do Adolescente vai realizar a sua XXIII jornadas. A Dr.ª Maria José Gonçalves, uma das mais conceituadas psicanalistas Portuguesas com enorme experiencia clínica com crianças vai apresentar uma conferência de entrada livre intitulada: PSICOTERAPIA MÃE BEBÉ - CONTRIBUIÇÕES CLÍNICAS.

A Dr.ª Maria José Gonçalves é Médica, Pedopsiquiatra e Psicanalista. Membro didacta da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e Membro da International Pschonalytical Association, é responsável desde o seu inicio, nos anos 80, pelos Seminários de Formação de Analistas sobre a Observação de bebés. Tem trabalhado e investigado a relação mãe-bebé, tendo já publicado diferentes artigos. Exerceu clínica como pedopsiquiatra no Departamento de Psiquiatria Infantil e Adolescência do Hospital D. Estefânia, de que foi directora.

A Jornadas irão decorrer, como é habitual, na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Lisboa nos dias 25 e 26 de Maio. A conferência no dia 25 de Maio realizar-se-á 19h e tem ENTRADA LIVRE e os Grupos de Trabalho (cuja a frequência exige inscrição) irá realizar-se das 9h às 13h.

Veja mais detalhes sobre este evento no site da Associação: www.appij.com

terça-feira, maio 15, 2007

Ética e avaliação psicológica.

Os Princípios Éticos são determinantes no trabalho de qualquer psicólogo.

A avaliação psicológica acresce a responsabilidade inerente ao cumprimento do código de Ética.


A avaliação e descrição da realidade psicológica de alguém fornece ao psicólogo um conjunto de informações, as quais este deve saber interpretar, seleccionar e sobretudo transmitir e devolver.

Numa avaliação psicológica o examinado fornece ao clínico parte da sua realidade interna (vida mental), confiando neste a capacidade para a analisar, perceber, interpretar.

Uma das questões que cedo se levantam é que o psicólogo está obrigado ao sigilo profissional, no entanto, o objectivo de uma avaliação é quase sempre a elaboração de um relatório, onde vamos inevitavelmente ter de transmitir informação a alguém que a solicitou.

Uma das precauções que devemos ter é de alertar o examinando para esta realidade, que deverá optar por nos fornecer informação que quiser que seja transmitida, ou que nos alerte para o caso de não querer que determinada informação conste do relatório.

No entanto, parte sobretudo do técnico a responsabilidade de reconhecer o que é ou não pertinente escrever num relatório.
Além de que, em determinados contextos (com doentes psiquiátricos por exemplo) o examinando nem sempre possui a capacidade de decidir acerca dos seus actos ou até do seu discurso, com vista a preservar a sua intimidade.

Voltando um pouco á questão que levantei, parece quase um contra-senso pensar que a informação obtida num contexto psicológico é confidencial, mas vamos ter de a transmitir.
É precisamente por isto que devemos restringir-nos ao que nos foi pedido para avaliar, restringir-nos a responder a quem solicitou a avaliação, restringirmo-nos a uma linguagem clara, objectiva e restringirmo-nos a falar do que nos compete.

Defendo ainda que, em todos os casos, devemos devolver à pessoa a informação que obtivemos, as conclusões a que chegamos e as indicações terapêuticas adequadas, nos casos em que identificarmos essa necessidade.

Mesmo quando o relatório de avaliação psicológica não é para o próprio (se foi por exemplo solicitado por outro técnico de saúde) é nossa obrigação transmitir ao examinado estas informações, porque: se a avaliação não é para ele mesmo, então é para o beneficio de quem?

Estas questões nem sempre são fáceis de gerir, e por isso mesmo têm sido motivo de grande consideração por parte dos técnicos da Ktree.

Na Ktree, ao trabalharmos com avaliação psicológica, e para salvaguardar estes princípios temos desenvolvido um método de trabalho que insere procedimentos inovadores neste campo.

A confidencialidade dos dados é da nossa maior preocupação. É oferecida ao examinando a possibilidade de decidir acerca da transmissão dos seus dados para outros técnicos, no caso destes a solicitarem (em documento adequado).

Um dos métodos inovadores na gestão dos dados, é a possibilidade (mediante consentimento informado) do registo através de gravação em formato digital dos dados da entrevista, que ficam arquivados para posterior elaboração de novos relatórios adequados aos diferentes interlocutores.
Estes dados têm obviamente uma validade, e ao fim deste tempo os dado são destruídos.

Penso que quando se tem estas questões em consideração, é possível gerir as situações em benefício do examinando, e trabalhar com rigor e com Ética.

Artigo relacionado: A ética na avaliação psicológica: uma perspectiva psico-filosófica.

segunda-feira, maio 14, 2007

Interaccção mãe/criança pobre em mães com Esquizofrenia



Investigadores observaram que mães com Esquizofrenia frequentemente evidenciam falta de resposta/sensibilidade maternal e que tal facto pode levar a comportamentos de evitamento por parte das crianças. Ming Wai Wan (Universidade de Manchester, Reino Unido) e colegas observaram que o comportamento de interacção entre mães com Esquizofrenia e suas crianças é de pior qualidade do que aquele que é observado nos casos de mães com Perturbações de Humor. “Os comportamentos de interacção pobre nestas díades mãe/criança podem ter efeitos significativos nas relações de vinculação e ajustamento social”, comentam estes investigadores. Observaram 38 mulheres com doença perinatal severa, incluindo 13 com Esquizofrenia e 25 com Perturbação de Humor enquanto estas interagiam com as suas crianças, uma semana antes destas obterem alta duma unidade psiquiátrica mãe/bebé. As mães com Esquizofrenia eram significativamente menos afectuosas e menos aceitantes do que as mães com Perturbação de Humor. Adicionalmente as crianças das mães com Esquizofrenia eram significativamente mais evitantes e menos comunicativas, menos envolvidas com o meio ambiente e menos activas (com “pouca vida”) comparativamente com as mães com Perturbação de Humor. A interacção da díade como um todo entre as mães com Esquizofrenia e suas crianças era notoriamente menos satisfatória mutuamente, mais séria, menos recíproca do que no grupo com Perturbação de Humor. Wan e equipa escreveram na revista Psychological Medicine que não é certo se as crianças se tornam auto-centradas e mais evitantes para se protegerem da falta de resposta, do cuidado débil e intrusivo, ou se por outro lado é o comportamento da criança que afecta adversamente a vinculação ao bebé. Wan e equipa observaram que longa duração de doença ou doses elevadas de medicação não explicavam a pobreza das relações entre mães com Esquizofrenia e seus bebés. Contudo ter um parceiro ou um status socio-económico elevado proporciona alguma protecção. Wan e equipa concluem que as suas descobertas sugerem que tratar os sintomas da Esquizofrenia ou providenciar apoio social podem não ser suficientes para melhorar a interacção mãe/criança no grupo em causa. As intervenções dever-se-iam focar na melhoria/aumento da sensibilidade e resposta maternais, estimulação dos bebés e satisfação mútua na relação.

WAN, MING WAI ; SALMON, MARGARET P. ; RIORDAN, DENISE M. ; APPLEBY, LOUIS ; WEBB, ROGER; ABEL , KATHRYN M. ,(2007), What predicts poor mother-infant interaction in schizophrenia?, Cambridge, Psychological Medicine, 37: 537-546 Cambridge University Press.
Photo by Anne Gueddes

terça-feira, maio 08, 2007

7 Dias, 7 Meses e 7 Anos no Casamento

A comunicação do casal ao longo do seu ciclo de vida, vista com humor (que nos faz muita falta!):

Casado há 7 dias: Ficas linda nesse vestido.
Casado há 7 meses: Outro vestido novo?
Casado há 7 anos: Quanto CUSTA?

Casado há 7 dias: Querida, trouxe o teu filme preferido.
Casado há 7 meses: Tens a certeza que queres ver esse filme?
Casado há 7 anos: Nem penses! Hoje dá futebol!

Casado há 7 dias: Querida, a tua mãe está ao telefone.
Casado há 7 meses: É para ti!
Casado há 7 anos: Telefoooone!

Casado há 7 dias: Amo-te.
Casado há 7 meses: Claro que te amo!
Casado há 7 anos: Se não te amasse achas que casava contigo?


Todos nós reconhecemos com humor estas diferenças, caricaturadas mas não tão longe do real… E faz-nos bem rir, mas como estamos perante um blog de ideias de psicologia “às pinguinhas” depois dos sorrisos, poderemos discutir (sem deixar de rir, pois neste blog somos flexíveis), o que acontece nos casais para que a comunicação se altere ao longo da vida em comum.
Nota para não ferir susceptibilidades: O facto do diálogo estar no género masculino foi puro acaso, o e-mail que me enviaram não continha o género feminino!
Está aberta a discussão…


sábado, maio 05, 2007

Espectáculo sobre Freud e a Sexualidade



O Grupo de Teatro Disfarces tem em cena até dia 13 de Maio no Auditório Carlos Paredes (no edifício da Junta de Freguesia de Benfica em Lisboa) um novo espectáculo, e uma nova incursão na senda dos mistérios da mente humana,e da Sexualidade (Homo/Hetero),com “ESTÁ TUDO NA SUA CABEÇA - A SEXUALIDADE SEGUNDO FREUD” em versão Pop.

Classificação Etária : m/ 16 anos

Todos os Sábados às 22 horas e Domingos às 17 horas.

Informações e Reservas : 91 9584669

Viena de Austria, sob a ocupação nazi.Enquanto a população se diverte num ambiente de excesso e decadência num cabaret no centro da cidade, um médico judeu de apelido Freud tenta descortinar os mistérios da mente através da psicanálise e da interpretação dos sonhos numa tentativa de transformar o sofrimento humano numa infelicidade vulgar.Mas a demência a que a História se transporta com a Guerra e o holocausto leva um grupo de figuras públicas a questionar se o verdadeiro inferno se encontra dentro ou fora de si próprios.

Numa versão pop a saga de uma das figuras mais importantes da modernidade com momentos fortes de humor, música e sonho!

XX Colóquio da Sociedade Portuguesa de Psicanálise


Vai realizar-se, nos dias 11 e 12 de Maio de 2007, o XX Colóquio da Sociedade Portuguesa de Psicanálise, subordinado ao tema: “Psicanálise e Mudança” , que terá lugar na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

A Comissão Organizadora deste Colóquio pretende privilegiar, como objecto de reflexão, a evidência dos movimentos de mudança nas diferentes dimensões do conhecimento e da cultura na era actual, movimentos que a psicanálise não pode deixar de acompanhar.

Tentámos, assim, elaborar um Programa que favoreça um diálogo psicanalítico com algumas das áreas científicas e culturais que nos pareceram mais paradigmáticas dessa mudança. Escolhemos a Física , a Biologia da Reprodução , as Neurociências , a Sociologia e as Artes, na expectativa de se propiciar uma reflexão estimulante, conjunta e interdisciplinar, sobre os processos de mudança/transformações operadas nessas áreas e na psicanálise.

Para além de podermos contar com um elevado número dos nossos mais prestigiados psicanalistas, convidámos como oradores alguns investigadores, cientistas e artistas de reconhecido mérito, que passamos a apresentar:

Prof. Doutor Carlos Fiolhais, professor catedrático de Física, Universidade de Coimbra .
Prof. Doutor Mário de Sousa , médico investigador da Reprodução Medicamente Assistida, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto.
Prof. Doutor José Luís Garcia, Sociologia da Tecnologia, Instituto de Ciências Sociais, U. de Lisboa.
Prof. Doutor Manuel Villaverde Cabral, Sociólogo, Instituto de Ciências Sociais, U. De Lisboa.
Prof.ª Doutora Ana Nunes de Almeida, Socióloga, Instituto de Ciências Sociais, Pró-Reitora da Universidade de Lisboa.
Dra. Maria Saldanha Pinto Ribeiro, Psicóloga, Técnica de Mediação Familiar, Ministério da Justiça.
Leonel Moura, Artista Plástico.
Filipa Francisco, Coreógrafa e performer.
Teresa Villaverde, Cineasta, Realizadora de Cinema.

Contamos com a sua presença e participação activa, para que o nosso Colóquio possa ser um encontro científico, cultural e afectivo.

Veja o Programa.

Afectuosos cumprimentos,

Pel'a Comissão Organizadora

terça-feira, abril 24, 2007

2º Workshop Algarve

Prosseguindo com o nosso ciclo de Workshops em bandas Algarvias (Portimão) , vamos realizar este sábado, dia 28/04/2007 pelas 14h um workshop sobre

"Avaliação Psicológica - Contextos e Aplicações"

dinamizado pela nossa colega Eliana Vilaça.

Mais uma vez contamos com a presença dos nossos amigos e colegas algarvios.

domingo, abril 22, 2007

Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos

2007 é o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos- Para uma Sociedade Justa.

O Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos pretende sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade justa e coesa. Preconiza iniciativas de sensibilização que tenham por objectivo combater atitudes e comportamentos discriminatórios, bem como informar os cidadãos sobre os seus direitos e obrigações. Inscreve-se numa abordagem transversal do combate à discriminação, que deverá permitir assegurar a aplicação correcta e uniforme do enquadramento legislativo comunitário em toda a Europa, pondo em evidência os seus princípios essenciais e angariando o apoio activo do público à legislação em matéria de não-discriminação e de igualdade.

A minha questão é a seguinte: Sem prejuízo da mais valia de uma iniciativa que assenta na procura de diminuição da injustiça social, não será este um postulado falso?

Igualdade de oportunidades significa que somos também todos iguais, e não será esta uma forma ingénua de acentuar a injustiça social?
Se somos todos diferentes, temos todos necessidades diferentes e por isso também necessitamos de oportunidades diferentes.

A única forma, para mim, de se promover uma sociedade justa e coesa será precisamente o contrário, eu sugeria: "Ano europeu da diferença, das oportunidades diferentes para pessoas diferentes e ajustadas às necessidades de cada um."

Tideland - o mundo ao contrário

Este fim-de-semana estive a ver um filme perturbador – Tideland, o mundo ao contrário. O filme tem algumas cenas repugnantes. Começa com a história de uma rapariga de 7 ou 8 anos de idade, Jeliza-rose que vive com os pais, ambos toxicodependentes. A relação que os pais mantêm com a criança retrata, na minha opinião, o drama de muitas crianças que são criadas em famílias toxicodependentes. Há, como o nome do filme indica, uma reversão de papéis, é a criança que tem de cuidar das necessidades elementares da família. É ela que diligentemente prepara as doses de heroína que o pai consome e que o assiste enquanto ele se injecta. A criança nasceu ela própria dependente da heroína, a mãe a certa altura descreve com algum desdém a forma como ela, ainda bebé, recém-nascida, teve que lidar com a síndrome de abstinência.

Os pais, profundamente centrados sobre eles próprios, são ora abandónicos e negligentes ora pseudo-protectores com manifestações de amor que ilustram na perfeição o conceito de vínculo L menos de Wilfred Bion. Jeliza-rose lê para o pai histórias infantis enquanto este está inconsciente, “pedrado”. A mãe morre na sequência de uma overdose e a reacção do pai, atesta a sua incapacidade para lidar com a realidade. Mais tarde, o pai também morre e Jeliza-rose fica ainda mais sozinha.

Sozinha, num mundo de adultos perturbados, Jeliza-rose procura conforto e coragem nas suas fantasias, povoada por 4 bonecas (apenas as cabeças que coloca nos dedos, simulando personagens com as quais interage). Jeliza-rose representa na minha opinião o drama de muitas crianças que não podem contar com os seus pais para as ajudarem e que ficam profundamente sozinhas e à mercê de si próprias e das circunstâncias. Neste filme é possível compreender a força enorme de uma criança muito pequena, que luta pela sua sanidade mental num mundo enlouquecedor.

sábado, abril 21, 2007

Os tempos que correm

Aconteceu-me hoje uma coisa curiosa e que me deu que pensar. Recebi um mail duma leitora deste blog, assinalando que eu no meu último post tinha escrito arrasador com z, e não com s. Tem toda a razão e aqui fica a correcção, acompanhada de um mea culpa. Registo também que ela teve a delicadeza de me dirigir um mail pessoal, e delicadeza é algo que vai escasseando.
E fiquei a reflectir sobre este fenómeno, o dos erros de ortografia. É claro que eu podia arranjar aqui várias explicações, provavelmente todas elas verdadeiras: confusão com arroazado (esse sim, com z), uma redução da obsessividade no meu carácter, fruto de anos de análise didáctica (o que, paradoxalmente, não deixa de ser um bom sinal – noutras áreas da minha vida, claro, não na ortografia; obrigada ao meu analista!), leituras quase sempre, de há uns anos para cá, noutras línguas (por causa do doutoramento), pressa, alguma negligência, quiçá (o que é mau).
E isto da pressa, da correria, fez-me lembrar um livro que tenho andado a ler nos intervalos das leituras académicas e que aconselho vivamente: “A corrosão do carácter”, de Richard Sennett (está traduzido em Português na Terramar). É um ensaio sobre o significado do trabalho hoje em dia, a efemeridade dos empregos, a falta de ética, a superficialidade das relações que se vão criando, a dificuldade de construção de uma identidade, a ansiedade em relação ao tempo, a confusão e a sensação de frustração decorrentes da maior parte das situações profissionais.
O autor, que é sociólogo e é professor universitário em Inglaterra, levanta uma série de questões interessantíssimas sobre as quais vale a pena pensar a sério. Tanto mais que muitas das queixas que ouvimos dos nossos pacientes (pelo menos é o que se passa comigo) estão ligadas a estas questões e só ganhamos em perceber o que é que está a acontecer nesta matéria.
É claro que em relação à escrita, a net também não tem ajudado nada. Escrevem-se mails e posts a correr, fora de horas, tem de se escrever o que se quer dizer em meia dúzia de linhas para que as outras pessoas tenham tempo de ler, os assuntos nascem e morrem em dois ou três dias (a tal efemeridade). É um bocadinho angustiante, não é? Gostava de conhecer a vossa opinião.

Seminário de Psicopatologia

Vai realizar-se no ISPA em Lisboa no dia 26 de Maio, o seminário: "SUBJECTIVIDADES DEPRESSIVAS - Perspectivas Fenomenológicas e Existenciais".

É conhecida a importância crescente da psicopatologia depressiva, quer por associar-se a experiências significativas de sofrimento, quer pelas dificuldades que pode representar para o desenvolvimento de projectos pessoais, familiares e profissionais de quem está deprimido.
Numa época em que dominam modelos biológicos da depressão e na qual há quem pretenda que os fármacos anti-depressivos seriam a única solução, é essencial conhecer abordagens compreensivas sobre o que é estar-deprimido, a partir das perspectivas fenomenológicas e existenciais.

Destinatários: Psicólogos, Médicos, Enfermeiros, Assistentes Sociais, Técnicos de Reabilitação e Inserção Social, Técnicos de Desenvolvimento Comunitário e Saúde Mental, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais. Estudantes das respectivas licenciaturas.

PROGRAMA

9h00 - Conferência de abertura
- Onirismo depressivo como forma de ser-no-mundo, Vítor Amorim Rodrigues
- Espacialidade nas experiências depressivas, Nuno Ferrão
- Fenomenologia da culpa nas experiências depressivas, Cristóvão Nunes

Intervalo

- Presença melancólica segundo L. Binswanger, João Fonseca
- Fenomenologia da tristeza vital / dor depressiva, Joana Teixeira
- A depressão segundo Rollo May, Ana Marques


14h00
- Significado da experiência depressiva em V.Frankl, Branca Sá Pires
- Contextos sociais, solidão e subjectividade depressiva, Cláudia Rosa
- Contextos sociais e subjectividade depressiva, Ana Nogueira

Intervalo

16h00 - Conferência de encerramento
Actualidade das perspectivas fenomenológicas e existenciais das depressões, José A. Carvalho Teixeira

Inscrições: Profissionais - 40€; Estudantes - 20€

Informações: Serviços académicos do ISPA

segunda-feira, abril 16, 2007

A Infelicidade ao Alcance de Todos

Este engraçado título é do blog de uma amigo meu, o José Manuel Fonseca. Ele tem também um outro blog, o Anarca Constipado, ainda mais arrazador. Dono de um humor cáustico, o JMF é doutorado em Gestão (Inglaterra), especialista em sistemas complexos.
Quando conheci o JMF, estávamos ambos a dar aulas no Mestrado em Comportamento Organizacional do ISPA, que aliás tem um interessante currículo. Depois, tive a oportunidade e o prazer de trabalhar com o JMF em projectos ligados à inovação, à mudança e à liderança e descobri que a psicanálise e a complexidade podem fazer um belo casamento. Pensando bem, não é muito de admirar. Freud sublinhou por diversas vezes a sobredeterminação dos fenómenos psíquicos. Não há, de facto, linearidade nos nossos processos mentais.
Se puderem dêem um salto até aos blogs do Zé Manel (kropotkine.blogspot.com) e deliciem-se com aquela prosa cáustica e acutilante. Ele é um homem livre e os seus escritos reflectem isso mesmo. Não há muita gente assim.

quinta-feira, abril 12, 2007

"Síndrome de Burnout nos hospitais do Algarve"

Este é o título de uma notícia de um jornal algarvio.

O síndrome de Burnout já foi falado no nosso blog mais do que uma vez pelo Pedro e penso que o seu último post incidia sobre o Burnout no casamento.

Ora vejamos aplicado aos profissionais da saúde, continuando com a notícia do jornal.

" A apresentação dos estudos promovida pela Administração Regional de Saúde do Algarve, confirma que existe relação entre a instabilidade no local de trabalho, os estilos de vida e o tipo de serviço psicologicamente mais exigente e a síndrome de Burnout. Um dos estudos aponta que um em cada quatro profissionais apresenta altos níveis de exaustão emocional, uma das dimensões da síndrome".

Este estudo foi realizado a profissionais de saúde dos hospitais algarvios, sob as 3 dimensões (exaustão emocional, a despersonalização e o grau de realização profissional)
Os investigadores constataram que os médicos apresentavam valores mais elevados na despersonalização e na exaustão emocional do que os enfermeiros, ao passo que na realização profissional os enfermeiros apresentavam valores superiores.
Existe também uma referencia ao facto de haver uma percentagem (14,6) de profissionais espanhóis, o que pode ter tido influência nos valores, remetendo para questões individuais (suas competências, motivações e nacionalidades)

Outra das conclusões chegada por estes estudos teve que ver com o estilo de vida dos profissionais e a forma como este pode influenciar o síndrome de Burnout, alertando para o facto de os profissionais da saúde registarem um valor superior no que concerne a auto-medicação, se comparados com a população geral.

Poderão encontrar esta notícia em www.jornaldoalgarve.pt

Se pensarmos em termos da profissão de Psicólogo, suas regras, definições, política de empregabilidade, and so one, e relacionarmos com o destaque desta notícia, aflige, não aflige?

AS falas do corpo

Saíu recentemente na Karnac um livro de Brian Broom, um conhecido psicoterapeuta e médico neo-zelandês (“Meaningfull disease”). As questões que ele levanta são da maior actualidade e vieram ao encontro de muitas das minhas prreocupações com os pacientes que, como nós dizemos, somatizam. Isto é, o corpo fala pela mente, quando a mente não consegue pensar e elaborar os conflitos e angústias: falta de ar, dores de barriga, problemas de pele, asmas, enxaquecas, dores de costas, etc, etc. O Dr. Broom acha que os psicólogos e psicoterapeutas se sentem pouco à vontade quando o paciente fala destes sintomas e remetem a pessoa para um médico, sem chegar a ouvi-la e a explorar com ela o que a aflige. Não está aqui em causa, obviamente, que seja errado sugerir uma consulta médica, mas sim o receio e o embaraço que por vezes nós temos de aprofundar com o paciente as questões do corpo. Como se o corpo fosse algo distinto da mente, uma coisa muito física e com a qual nós temos pouco a ver. Serão heranças do platonismo e do dualismo mente/corpo? Será uma defesa nossa contra as questões corporais, consideradas porventura como demasiado “físicas”? São questões que o Dr. Broom levanta e que me parecem muito importantes, especialmente quando cada vez noto mais um aumento de problemas relacionados com a somatização.

segunda-feira, abril 09, 2007

Os medos das Crianças

Este fim-de-semana estive a ler um livro que me pareceu interessante e por isso recomendo-o a todas as pessoas que sentem curiosidade e interesse em saber mais sobre os medos e as fobias na infância e na adolescência.

O livro (Os medos das crianças - medos, angústias, fobias na criança e no adolescente) foi escrito por Béatrice Copper-Royer, psicanalista francesa com um amplo trabalho clínico em psicoterapia psicodinâmica. O livro é de leitura bastante fácil, se bem que nem sempre seja muito esclarecedor (do meu ponto de vista, claro). Apresenta uma compreensão dos medos e das fobias enquadrado numa visão psicanalítica dando um destaque particular às questões relacionadas com o complexo de Édipo, mas autora é suficientemente aberta para, no último capitulo, fazer referência às terapias cognitivo-comportamentais e defender a utilização de ambos os tipos de abordagens em certas situações, como abordagens complementar.

A progressão do livro torna um pouco mais clara a fronteira sempre difusa, nestas situações, entre o normal e o patológico. Destaca a enorme importância de os pais aprenderem a lidar com os seus próprios medos como forma preferencial de prevenir o desenvolvimento de medos, terrores e fobias nas crianças.

domingo, abril 01, 2007

Frida Kahlo


Vi este fim de semana um filme que recomendo.

"Frida" retrata a vida e obra da pintora. Penso que é um bom retrato de como pode ser a arte um veículo de intensas angustias, de uma dor física e de um sofrimento psíquico que parecem não poder ser de outro modo elaboradas. A obra é crua, intensa e controversa, para mim, também é fascinante.

Quem foi Frida Kahlo

Vítima de um terrível acidente que a prendeu sob um colete de gesso por toda a vida, a dor de Frida foi retratada na sua pintura de forma a marcar a sua obra.

Os auto-retratos e as representações de cenas do hospital ou de procedimentos médicos foram retratados de forma a fazer o observador partilhar da sua dor. Retratou a lápis a cena do acidente, sem respeito por regras ou perspectivas.


Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu em 6 de Julho de 1907, em Coyoacan, no México, para uma vida cheia de percalços. Frida era uma revolucionária. Ao contrário da elite da sua época, gostava de tudo o que era verdadeiramente mexicano: jóias e roupas das índias, objectos de devoção a santos populares, mercados de rua e comidas cheias de pimenta. Fiel ao seu país, a pintora gostava de se declarar filha da Revolução Mexicana ao dizer que havia nascido em 1910.
Militante comunista e agitadora cultural, Frida usou tintas fortes para estampar nas suas telas, na maioria auto-retratos, uma vida tumultuada por dores físicas e dramas emocionais.


Aos seis anos contraiu poliomielite (paralisia infantil) e permaneceu um longo tempo de cama. Recuperou-se, mas sua perna direita ficou afectada. Teve de conviver com um pé atrofiado e uma perna mais fina que a outra.
Em 1925, aos 18, a sua vida mudou de forma trágica. Sofreu um acidente de viação. Frida receberia todo o embate do acidente e foi atravessada por um ferro que lhe atravessou o abdomen, a coluna vertebral e a pélvis. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa numa cama.

Foi nessa dolorosa convalescença, que Frida começou a pintar freneticamente, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Frida sempre se pintou a si mesma: 'Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor'.
As suas angustias, suas vivências, seus medos e principalmente o seu amor pelo marido, o pintor mexicano Diogo Rivera, com o qual se casa em 1929.