segunda-feira, maio 21, 2007

Gosto de ti mas...





Quando me ofereceram este livro gostei logo do título. Muitas vezes há um mas… que parece colocar muitas coisas em questão.
Ao ler o livro descobri, ou reaprendi uma série de estratégias de podem ajudar os casais a melhorar as suas relações.
Segundo a autora, Ellen Wachtel, existem quatro verdades básicas sobre o que faz o amor durar:

1ª Amamos quem nos faz sentir bem connosco próprios.
2ª A maioria de nós sabe o que aquece o coração do nosso parceiro.
3ª As críticas desgastam o amor.
4ª Um amor inabalável, imutável e à prova de casos extraconjugais não existe.

A leitura deste livro entusiasmou-me bastante por ser um livro que fala de situações do dia-a-dia e de pessoas “normais” que sentem dificuldades nas suas relações.
Podemos reflectir um pouco sobre o significado destas quatro verdades.
A primeira parece-me indiscutível porque se estivermos com alguém que nos faz a “vida negra” muito dificilmente gostaremos dessa pessoa. A não ser que tenhamos algum problema de auto-estima e tendencialmente procuramos pessoas que nos fazem sentir inferiores para confirmar essa mesma ideia… mas isso é outro post!
A segunda também parece evidente, apesar de por vezes não tomarmos consciência dos gostos do nosso parceiro, e por vezes o problema é justamente esse, o não prestar atenção ao outro, ou seja, trabalhar no sentido de fazer o outro sentir-se bem.
Vale a pena falar da 3ª? Claro que vale… afinal de contas o último post da Marta fala justamente disto, de como a comunicação se vai alterando e cada situação se torna tendencialmente uma oportunidade de atingir o outro com críticas. Claro que este movimento pode ser mais ou menos consciente… mas desgasta na mesma!
Claro que a 4ª é a mais polémica… afinal existe uma tendência para gostarmos das coisas imutáveis e certas. Mas… tudo muda, as pessoas mudam, o modo de comunicar muda e neste paraíso, ou inferno, em que vivemos existem mais pessoas a interagir com os nossos parceiros e connosco, felizmente por um lado, visto que somos animais sociais, infelizmente por outro porque cria um número infindável de situações em que alguém nos consiga fazer sentir especial e como tal podemos procurar algo mais para a nossa vida!... mas isso de procurar algo mais também dava outro post!

Enfim o livro tem 8 capítulos que tratam as várias áreas problemáticas das relações, recomendo-o a todos que queiram pensar e agir sobre a sua vida relacional!

12 comentários:

Unknown disse...

Olá Pedro,
Muito interessante este teu post sobre o livro. Fiquei curiosa, confesso, uma vez que o livro parece bastante "prático" e com aplicação ao dia-a-dia.

Este post era sobretudo para dizer que fico a espera dos "posts" que sugere neste texto sobre os relacionamentos! :) Go on!

Miguel Fabiana disse...

"...Os períodos de transição que separam as consecutivas adaptações [...] representam as zonas perigosas na vida do indivíduo, perigosas, penosas, misteriosas e férteis, em que, por um momento, o tédio de viver é substituído pelo sofrimento de ser..." - Samuel Beckett. Agora digo eu: quem tem medo de Ser e de Amar que compre um cão (não precisa ser de raça). Não transformem o Amor em "relação" e depois em "rAlação", por favor! o Amor é maior que a vida e a "vida" como forma de materialização do Amor é permitir que se "corrompa" o Amor; transformando-o em coisa. "estratégias que podem ajudar os casais a melhorar as suas relações" parece-me ser uma coisa...muito...artificial. Não consigo pensar em coisas que desgastem o Amor - o Amor não se desgasta; o Amor é absoluto. Afinal, só se partilha aquilo que faz parte de nós. Só se reconhece nos outros, aquilo que também faz parte de nós. Desculpem mas definitivamente, o Amor é inabalável e não falo só por mim. O Casamento("de facto", religioso ou no civil...pouco importa!) como uma forma de "Ser" no e em Amor, entre 2 seres, é uma das maiores aventuras que um Homem e uma Mulher, podem partilhar (e não falo só por mim) - quem tem medo de Ser e de Amar que compre um cão e se tendo consciência disso, continuar a incomodar os outros com superficialidades, faça psicoterapia (URGENTEMENTE) ou se não houver recursos materiais para isso...aprenda a cozinhar (é mais rápido do que fazer psicoterapia, apesar de ser um pouco mais "artesanal", mas excelente para reencontrar o "Amor-próprio").

Marta Schiappa Pietra disse...

Olá Miguel:
Penso que o post está bem claro fazendo referência a um grande mito conjugal, que interfere muito nas relações conjugais: o de que o amor é inabalável, e que ao longo da relação será sempre o mesmo! Como será isso possível se mudamos ao longo dos anos (ou pelo menos espera-se que assim seja!).
Ao contrário de si, penso que existem "coisas que desgastam o amor", e que ao longo do tempo as formas se o exprimir se alteram, dependendo de diversos acontecimentos ao longo do ciclo de vida do casal. È que o par conjugal, na verdade, é uma tríade. Um mais um são três, pelo peso de todos os valores culturais e sociais que se reflectem ao longo dos momentos vividos do casal, unindo duas famílias de origem que, directa ou fantasmáticamente interferem. Podemos dizer que "o casal não existe como uma entidade independente".
Concordo consigo quando diz que o amor é uma das maiores aventuras que dois seres humanos (aqui não me refiro apenas à heterossexualidade, mas esta questão, que gera polémica, poderá ficar para uma outra discussão!) podem partilhar. Contudo, e apesar de no nosso imaginário e fantasia povoarem amores "Romeu e Julieta"( que nos levam aos tais mitos) a realidade é que as estratégias referidas pelo Pedro mostram-se muito úteis para os casais que, por diversas razões, se encontram a "naufragar", nunca esquecendo que cada casal é único, com a sua "personalidade própria", com a sua história vivida.

Miguel Fabiana disse...

Estão dois compadres a falar em baixo de um chaparro:
- Ó compadri, vocemecê casou por amori ou por interessi?
- Ó compadri, sinceramente, acho que casei por amori porque nã tenho interessi nenhum na mulher!

...das duas... uma! ou não! Porque é que o Amor tem que ser catalogado? Se o "amor" é suportado pelo(s) mito(s), será Amor ou uma ilusão (de alguém e não de algo)? Eu estou a falar de AMOR ou de Amor, não estou a falar de comportamentos ou de "paixões" ou de impulsos bestiais. As pessoas mudam. A vida muda. O Casal muda. O Amor é absoluto! As "estratégias que podem ajudar os casais a melhorar as suas relações", aplicam-se com sucesso quando há "relação" em vez de Amor, entre 2 seres. O Amor é mais do que a realidade, o Amor é absoluto e a realidade não. Amor e Liberdade: Liberdade sem Amor é um desperdício de recursos e Amor sem Liberdade é uma ilusão - digo eu. Afinal e no final, estamos, somos e andamos cá, pelos outros - aqueles que amamos. Sem necessidade de perspectivas ou catalogações sociológicas, antropológias, psicologias ou de outras, para Amar e sem precisarmos de chaparros para pensar sobre o "outro" que amamos. Se der por si a perguntar a si mesma se "vocemecê casou por amori ou por interessi?" então não desespere, separe-se e depois vai ver que a separação/divórcio é mais fácil do que parece (para si e para o outro); não era Amor, era uma "rAlação" por "interessi", uma ilusão. O Amor não ilude nem naufraga, faz sonhar, salva e é bom, ie, faz bem; é absoluto!

Miguel Fabiana disse...

Quem nunca Amou que atire a primeira pedra... da "relação estável-satisfatória do par conjugal"

ShugO disse...

O amor é absoluto?! Só se for o amor visto à lupa de uma garrafa de vodka... Hum? Se acredito no amor à primeira vista? Sim, à primeira acredito. Agora, à segunda e à terceira já é mais dificil...

Pedro Correia Santos disse...

Olá Ana Isabel!
Espero ter na próxima semana algo mais escrito sobre os relacionamentos.

Claro está que entretanto espero aprender a cozinhar e não me deixar levar pelo absinto... perdão pelo absoluto.

Obrigado a todos pela vossa contribuição... prometo que volto a escrever em breve!

Marta Schiappa Pietra disse...

Olá Miguel
"quando há relação em vez de amor entre dois seres", é que as estratégias de aplicam com sucesso?
Explique melhor esta clivagem pois estou um pouco confusa!
"Amor é liberdade", pois claro... depende é da noção de liberdade para cada um, com "sorte" encontra alguém com uma noção equivalente, caso contrário como irá fazer?

Miguel Fabiana disse...

Olá Pedro,

Os seus posts são um desafio e eu gosto muito de os ler e de os comentar - mantenha-se activo e não fuja para o absinto; fique pela cozinha se não desejar ou se não conseguir concretizar outras opções menos artesanais.

Marta,
A perspectiva redutora do Amor entre 2 seres, num "casal", através do conceito de "relação conjugal", não só é penosa para quem vive o Amor como o seu devir, mas também para quem, na falta de melhores e mais "dados", pretende compreende-lo numa perspectiva "psicológica". Sempre houve gente que se constitui como parte de um casal, numa prespectiva utilitária ou pragmática - relembro uma reportagem televisiva sobre um casal de Israelitas radicais, e uma frase da mulher desse casal: "amamo-nos porque casámos e não casámos porque nos amávamos"; vem-me à ideia o conceito de par-conjugal "estável-satisfatório", extremamente redutor e simplista. Reduzir o Amor a dados obtidos apenas do conceito asséptico de relacionamento, é o mesmo que dizer que Fernando Pessoa só fez poesia porque havia aguardente (ha quem prefira absinto e outros vodka) e a preços simpáticos. A parte "chata" (que para mim não o é) é que o Amor entre 2 seres é uma singularidade, não é resultado de uma regra geral e muito menos pode-se "apanhar" o conceito particular de Amor entre 2 seres singulares. Agora se alguém conseguir detectar uma relação, independentemente de ela ser estavél ou não, satisfatória ou não, onde o Amor não está ou não esteve presente...então força! aplique-se estratégias e tudo o que forem pragmatismos, científicos, místicos ou outros, desde que entendidos como úteis e necessários, pelo par-conjugal. Quando eu ofereci flores à minha amada, estava a dar-lhe mais do que flores, eu estava a partilhar com ela mais do que um tipo de flora mais ou menos exótica, garantidamente não lhe estava a dar os restos decepados de uma roseira...ou em psicologia, o Amor não tem nada a ver com rosas? A primeira refeição que eu fiz para partilhar com o Amor da minha vida, foi um hamburguer recheado com queijo e com uma fatia de ananaz em cima, acompanhado de arroz de ananaz...vejam lá...tinha eu 18 anos! Nem na "Cozinha Velha" conseguia tanto amor e tamanha simplicidade! Sabem o que ela hoje mais gosta que eu lhe faça: "camarões à bolhão pato com tagliatelli"! Nunca precisei de vodka nem de absinto, para ama-la muitissimo; já lá vão 19 quase 20 anos! Amor E Liberdade. A "sorte" protege os audazes e no Amor tem que haver audácia.

Miguel Fabiana disse...

...de repente lembrei-me de 2 coisas: o Princípio da incerteza de Heinseberg e a elevadíssima taxa de divórcios na classe profissional dos psicólogos. Haverá alguma relação entre estas? O pensamento "psicologico" é uma forma de expandir a nossa liberdade, mas tal como tudo o resto quando em "excesso" acaba por ter um resultado paradoxal, ie, em vez de ser um meio, torna-se ele próprio um fim e antagónico a essa Liberdade que procura. Ser singular e aceitar a singularidade do Outro, amando-o e vivendo essa partilha de Amor, ela própria uma singularidade, não é mais fácil, mais leve...enfim, melhor do que estar constantemente a analisa-la, disseca-la, esgravatanto todas as suas cavernas e grutas até à exaustão...do par-conjugal? conseguem rever aqui o Princípio da incerteza de Heinseberg? ou conseguem ser ainda mais radicais do que eu e avançar para: "se é inabalável e imutável, então resistirá à aplicação do Princípio da incerteza de Heinseberg"?

Teresa disse...

Na 5ª feira passada de manhã, o artigo de opinião “Vozes” do jornal “metro”, escrito pelo Fernando Alvim começava assim:

“ Não é fácil gostar de alguém, mas quando se gosta, gosta-se e pronto, não há nada a fazer.”

Fiz a viagem a lê-lo sem conseguir evitar um sorriso crescente mas tambem não pude deixar de pensar o quão redutora e ao mesmo tempo verdadeira pode ser uma simples frase!

Rosa Silvestre disse...

Este post é bastante pertinente nos tempos estressantes que correm ao abordar as relações que se vão (des)consruindo no dia-a-dia!
Estão completamente de acordo com as verdades básicas que a autora aponta!Prometo que irei ler o livro, pois parece-me ser um livro muito interessante.Beijinhos!