sexta-feira, agosto 03, 2007

O desprezo



Nos últimos tempos tenho-me interessado muito por temas relacionados com as dinâmicas das relações de casais. Neste início de férias estive a ler um livro ligeiro, compatível com o meu humor e com o tempo quente: Blink! de Malcolm Gladwell.

A determinada altura do livro o autor descreve uma série de estudos realizados por John Gottman nos quais comprova que basta analisar de forma rigorosa meia dúzia de parâmetros na interacção espontânea (enquanto falam sobre um assunto polémico) entre um casal durante cerca de 1 hora para se poder prever com um nível de exactidão que ronda 95% quais os casais que vão permanecer juntos ou que se vão separar nos 15 anos seguintes. Se o tempo de observação for reduzido para 15 minutos, o grau de exactidão baixa para 90%.

De acordo com Gottman para um casamento durar, a relação entre as emoções positivas e negativas num dado encontro tem de ser pelo menos de 5 para 1. As emoções negativas mais significativas são: postura defensiva, reserva, censura e desprezo. O desprezo é qualitativamente diferente dos outros e muito mais danoso. Diz ele: “Na realidade, Gottman descobriu que o desprezo num casamento pode levar a prever coisas, tais como o número de constipações que o marido ou a mulher podem apanhar; por outras palavras, o facto de alguém que amamos nos desprezar é tão desgastante que começa a afectar o sistema imunológico”.

Para estes autores o desprezo é uma emoção especial. Quando ela domina a relação de casal ou tem uma expressão significativa já não há nada a fazer, a relação atingiu um ponto sem retorno.

Mas o que é verdadeiramente o desprezo? Porque é que se despreza? Em que circunstancias é que o desprezo se torna uma emoção que convive paredes meias com o amor e o carinho? Será que o desprezo e a manifestação dele numa relação amorosa, não é já prova da ausência de um afecto verdadeiro e profundo?

Se o desprezo é tão corrosivo numa relação de casal, o que fará a uma criança, quando ela se sente desprezada pelo pai, mãe ou irmão?

6 comentários:

sofia disse...

Bom dia
Não podia deixar de comentar este post por duas razões; sou casada ha 4 meses e sou psicologa com grande interesse na area das relações familiares.
Vou de certo comprar o livro e farei o meu comentario.
Aproveito para vos felicitar pela qualidade do blog no seu geral.

Cumprimentos
Sofia

Unknown disse...

A proposito do meu comnatario no psot anterior: desprezvel, o Eduardo Sá, pelo menos a public persona

Unknown disse...

Parece-me que o desprezo é o início da desistência. A pessoa despreza porque já não consegue ou já não quer investir na relação. É um passo para a ruptura, mas há quem mantenha e permita essa forma de estar durante toda uma vida.

Também me tenho vindo a interessar cada vez mais pela dinâmica entre casais e famílias e considero que cada uma delas é um poço de descobertas.

Manuela Pinheiro disse...

Excelente síntese a uma realidade tão milenar. Boa semana.Obrigada pelos ensinamentos.

Unknown disse...

Sem dúvida, mais desprezivel que o Eduardo Sá... só ele: incompetente, um "show on" sem fundamentos teóricos cientificos. A mim, por vezes, parece-me o Santana Lopes da psicologia... Parabéns pelo Blog

Anónimo disse...

Achei interessante este tema porque ultimamnete tenho sido obrigada apraticar o desprezo. Tenho vivido em vários Países e em todos eles, nos sítios onde vivo, sou perseguida por outras mulheres enquanto passeio os meus caes na rua. Fazem de tudo para se cruzarem, falam alto com os caes, berram, fazem tudo para chamar a atenção. E bastante triste esta sociedade em que vivemos, a frustracao das pessoas e a forma como as projetam em desconhecidos quando deveriam lidar com os seus proprios problemas e de facto pedir essa atencao as pessoas que amam: marido/esposa, amigos, filhos, etc..