domingo, março 30, 2014

Estimulação Bilateral e Psicoterapia Psicanalítica

Na minha prática clínica cruzo a Psicoterapia Psicanalítica com a Estimulação Bilateral. Para mim, a estimulação bilateral é uma espécie de enzima que auxilia a digestão mental das experiências emocionais.

Conduzo a sessão como conduziria uma sessão de psicoterapia psicanalítica corriqueira, apenas introduzo pequenas pausas que vão até minuto e meio de estimulação bilateral (auditiva, táctil ou visual) quando sinto que se tornou activa uma situação emocional que não está suficientemente digerida. Este método permite também aumentar a produtividade da sessão, estimulando a associação livre e a intensificação do insigth.


Ana Almeida
Directora Clínica da Psicronos

sexta-feira, março 28, 2014

SERÃO OS BEBÉS CAPAZES DE ESCOLHER OS SEUS AMIGOS?

Um novo estudo mostra que bebés serão capazes de notar a diferença entre amiguinhos bons ou maus, e sabem quais escolher. Bebés de seis a dez meses exibiram importantes critérios de selecção social antes mesmo de aprender a falar, mostra trabalho do Centro de Cognição Infantil da Universidade Yale, publicado na revista Nature. Entre diversas situações criadas neste estudo,  os bebés assistiram a um boneco de madeira tentando subir uma colina e outro boneco aparecer para ajudar ou atrapalhar o primeiro. As crianças então tiveram acesso aos bonecos  e os cientistas esperaram para ver com qual os bebés escolheriam brincar.   Praticamente todas as crianças optaram por ficar com o boneco "bonzinho". Elas também gostaram mais de brinquedos neutros - que não ajudavam e nem atrapalhavam - do que dos brinquedos "maus". "É impressionante que bebés possam fazer isso", disse a principal autora do trabalho, a psicóloga Kiley Hamlin. "O que mostra que temos perícias sociais essenciais ocorrendo sem educação explícita".   Não houve diferenças de reacção entre meninos e meninas, mas quando os pesquisadores tiraram os olhos que faziam os brinquedos parecerem seres vivos, os bebés perderam a capacidade de julgá-los, disse Hamlin.   A escolha do bom sobre o mau apoia uma escola de pensamento segundo a qual algumas capacidade sociais são inatas, e não fruto de aprendizado. O psicólogo David Lewkowicz, que não tomou parte no estudo, disse que o trabalho é interessante, mas que não está convencido de que o comportamento não foi aprendido de outros. "Crianças adquirem um bocado de experiência social entre o nascimento e os seis meses", ponderou.   A equipe de Yale afirma ter pesquisas preliminares que mostram tendências semelhantes em bebés de até três meses, diz Hamlin.


António Neves
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta (Delegação da Maia)

quinta-feira, março 27, 2014

Conferência sobre o Bullying em Portugal- 28 de Março às 18h na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa


Amanhã, dia 28 de Março, conferência sobre Bullying O Bullying em Portugal: Situação actual e caminho a percorrer.

Às 18h na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. ENTRADA LIVRE


Numa altura em que os dados estatísticos demonstram claramente que este tipo de práticas tem vindo a aumentar no nosso
país, a JP Lisboa, uma organização formada por jovens, decidiu organizar uma conferência onde procuraremos elucidar toda a comunidade
académica e escolar sobre qual a situação actual deste flagelo e qual é que deve ser o caminho a percorrer.

Considerou-se pois que seria enriquecedor para a sessão, ter presentes aqueles que diariamente trabalham em ambiente escolar ou académico,

já que é responsabilidade de todos nós encontrar formas de combater esta forma de violência muito perigosa.

Para nos ajudar com o tema, iremos contar com uma das maiores especialistas do tema em Portugal: a Prof. Dr. Susana Carvalhosa, Pró-Reitora do ISCTE-IUL.

Juntos podemos combater o Bullying.



quarta-feira, março 26, 2014

FELICIDADE?



Quem é que não quer ser feliz?

Quem sabe o que é a felicidade?

Será uma utopia?

O que traz felicidade?

Quem se dedica verdadeiramente a procurá-la?

Este é um excelente documentário sobre as mais variadas pessoas pronunciando-se sobre uma das questões mais valiosas da humanidade. Diversas respostas e outras tantas questões é o que este filme nos proporciona.

sexta-feira, março 21, 2014

O EMDR pode ajudar a lidar com uma Traição



Lidar com uma traição é das situações mais difíceis de ultrapassar numa relação amorosa. Para algumas pessoas, uma traição é um ato imperdoável, enquanto para outras é algo que apesar de ser difícil não é o suficiente para acabar uma relação. A descoberta de uma traição numa relação conjugal causa, geralmente, na pessoa traída, um enorme sofrimento, diminuição da auto-estima, depressão, afastamento social e, em casos extremos, falta de vontade de viver.

Lidar com uma traição pode ser uma situação de tal forma dolorosa 
que podemos considerar um trauma


Independentemente da decisão que tomar: sair da relação ou permanecer na mesma, o recurso ao EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing/Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares) poderá facilitar o processo de aceitação de um acontecimento tão tóxico como uma traição e ainda a conviver com a raiva e as dúvidas associadas. 




terça-feira, março 18, 2014

Comunicação com animais. Será possível?

Neste video vemos um ser humano a comunicar (supostamente) com um leopardo e é espantoso.
Penso que vale a pena ver e reflectir sobre este assunto.
Se existe comunicação telepática entre os animais e os seres humanos, porque não entre seres humanos.

Será que a comunicação via identificação projectiva tão falada pela Psicanálise é uma forma de comunicação telepática?


domingo, março 16, 2014

Citação

 

De novo, a criatividade

Para quem costuma ler os meus posts, a criatividade parece ser uma obsessão minha. De facto, não sendo eu artista, no sentido tradicional da palavra, fui percebendo ao longo da vida que é essencial manter esta faceta tão especificamente humana. Somos a espécie animal que inventou a arte. Porque terá sido?

A mim parece-me que os nossos cérebros são naturalmente criativos, mas que, para muitos de nós, a vida se encarrega de a ir matando. É preciso estar atento e não nos deixarmos acomodar em rotinas que desgastam a energia e reduzem a criatividade. É que energia e criatividade andam de mãos dadas.

Este pequeno artigo do site Big Think (site que é de seguir) dá uma série de pistas. Podem não ser necessariamente essas, cada um de nós tem de encontrar aquilo que lhe aumenta a energia e a criatividade. Eu acrescentaria que viajar, pior exemplo, traz sempre ideias e perspectivas novas. O cinema também provoca muitas vezes o mesmo efeito. Conhecer pessoas novas é outra forma. A internet, que tem muitas vezes demasiada informação, dá também pistas interessantíssimas. Ontem vi um site de um artista que desenha com o dedo em janelas embaciadas e fotografa. Tem coisas muito bonitas. É simples e exequível. Exige "só" criatividade.

http://bigthink.com/think-tank/10-steps-to-creativity-and-boosting-intuitive-awareness

 

quinta-feira, março 13, 2014

PRAXES: uma perspetiva psicológica


Depois de algum tempo decorrido sobre o debate público sobre as praxes (suscitada sobretudo pelas mortes de estudantes alegadamente em contexto de praxe), gostava de escrever algo sobre o assunto. Poderá já ser algo tardio mas tem a vantagem de poder ser escrito e lido de forma mais ponderada e menos reativa. 

Um dos debates públicos a que assisti sobre o tema e que me chocou foi o debate feito no programa da RTP1, os "Prós e Contras" (http://www.rtp.pt/play/p1099/e142806/pros-e-contras). Começou como costuma começar o programa, com uma video-reportagem a fazer o apanhado da situação, neste caso das praxes. Este vídeo mostrava trechos de praxes de norte a sul do país onde estavam presentes algumas das faculdades representadas por estudantes no programa. Como estudante que fui da Universidade de Lisboa e tendo assistido a muitas praxes em redor da mesma (durante e pós curso), as atividades que vi retratadas na video-reportagem correspondiam ao tipo de atividades que eu já conhecia. 


Qual não foi o meu espanto quando vejo todo um programa de excelência de debate e reflexão pública a ser quase completamente sabotado por fenómenos grupais de denegação e ataque. Não me refiro apenas à manifestação exaltada, ao estilo de um claque de futebol, da plateia, mas sobretudo a uma posição altamente defensiva dos discursos dos principais intervenientes e representantes da posição pró-praxe. O fenómeno foi tão intenso, a meu ver, que acho merecedor de uma análise per se

Muito simplesmente, todos os representantes de Associações de estudantes das diversas Universidades, a par do Professor de Direito, Eduardo Vera Cruz, foram unânimes e peremptórios em afirmar, não só que a video-reportagem não representava a prática comum e a essência das praxes, como até se sugeriu ter havido, consciente ou inconscientemente, uma seleção enviesada dos piores trechos por forma a passar uma imagem distorcida e desfavorável das praxes. Desta forma, consegui-se chegar ao fim de um programa relativamente longo, sem que a quase totalidade dos estudantes admitisse que as praxes são atividades semelhantes às filmadas publicamente, nem tão pouco se definisse mais concretamente o que são então as praxes na perspetiva dos defensores das mesmas (houve sobretudo pseudo-argumentos que desviavam a atenção exultando as práticas grupais ligadas à Tunas, às serenatas, etc. que muito pouco têm a ver com as praxes propriamente ditas). 

Ou seja, não foi possível haver consenso sobre a primeira questão mais básica: o que são as praxes? Afinal de contas o problema todo residirá na observação, descrição e interpretação "objetiva" da realidade do que se passa nestas atividades grupais. E é esta questão que não pôde ser aprofundada neste grande debate, quer por ter sido desvirtuada pela maioria, quer por não ter havido tempo ou outros níveis de análise mais penetrantes. Gostaria de explorar então um pouco desta questão, relacionando-a com o fenómeno acontecido neste debate.

Sem me querer alongar muito, a praxe corresponde, a meu ver, a um ritual grupal de iniciação/integração num grupo. Mas definir a praxe apenas por esta definição parece não captar a especificidade da maior parte da natureza destas práticas, envolvendo atitudes de domínio e comando, hierarquia, submissão e mesmo humilhação, mais ou menos, coercivas e violentas, principalmente psicologicamente mas também fisicamente (penso não ser assim tão raro). E sobre isto destaco dois pontos:

1- O principal argumento pró praxe parece ser o de que é um importante meio de integração, conhecimento uns dos outros e aprofundar dos laços de formas divertidas. A questão que fica é: será que para haver integração e interação entre colegas recém-chegados e colegas mais velhos, tem de se recorrer a práticas de supremacia e dominação (ainda que, como disse, com diversos níveis de brincadeira, afetividade, coerção ou pressão)?

2- O segundo ponto é talvez o busílis de toda a questão: desde quando é que as brincadeiras que se fazem nas praxes podem ser qualificadas na sua maioria por adjetivos tão pesados como "violentas", "humilhantes", "dominadores", " de submissão", "coercivas"? É aqui que penso haver uma grande dificuldade, não só ao nível dos defensores das praxes, como ao nível mais abrangente da sociedade. Penso que esta é uma das questões que merecia ser debatida e pensada a um nível mais geral e profundo. Tem que ver com o que penso ser ainda, uma transição de valores culturais. Antigamente, por exemplo, a escravidão não era uma violência era normal e natural; antigamemte o voto exclusivamente masculino não era discriminatório, era realista e normal; antigamente a violência doméstica não o era, era simplesmente banal e nada de mais; antigamente as crianças eram posse dos progenitores e desprovidas de direitos, hoje em dia cada vez mais são consideradas como sujeitos com uma dignidade e direitos próprios. Ou seja, a sociedade tem caminhado cada vez mais no sentido de uma maior sensibilidade e proteção dos mais fracos, valorizando a igualdade e liberdade de todos em cada vez mais situações. 

No entanto, estamos longe de ser capazes de discernir com a clareza e indignação suficientes, muitas formas de violência que hoje ainda passam muitas vezes por normais e abaixo do limiar da preocupação/consciência. Não são bem "violências", são manifestações mais ou menos ajustadas ou dentro do socialmente aceitável e que não se justifica serem "dramatizadas". Um destes exemplos é o uso da violência física na educação dos nossos filhos. Dá muito trabalho educar sem bater: exige uma auto-regulação constante, um grande trabalho a montante que envolve muita disponibilidade, paciência e intervenção firme, calma e atempada. É quando algo de entre isto tudo falha que surge a necessidade de coerção ou punição física como descarga da tensão do pai e controlo desesperado da conduta do filho. Esta questão é atualmente controversa por levantar muitas questões de natureza prática e que não terei oportunidade de desenvolver aqui mas que poderá ser aprofundada de forma muito prática e elucidativa no livro "Educar sem bater", de Luís Maia.

Mas isto tudo para voltar à questão, que penso colocar-se neste momento na mente de muitos estudantes defensores da praxe: desde quando é que as brincadeiras que se fazem nas praxes podem ser qualificadas na sua maioria por adjetivos tão pesados como "violentas", "humilhantes", "dominadores", " de submissão", "coercivas"? Esta questão pode também ser acompanhada de outras semelhantes mas respeitantes a outras áreas: desde quando é que dar uma palmada no meu filho é "crime", ou reprovável ou negativo? Desde quando é que insultar veementemente um árbitro é excessivo e não simplesmente normal e natural?

Ou seja, a questão de fundo prende-se com o que foi exemplarmente aprofundado no livro "A loucura da normalidade", de Arno Gruen. É que a responsabilidade daqueles que possuem uma maior experiência e conhecimento (ou seja, os nossos pais, patrões, os decisores e todos os que, como os alunos veteranos, estão numa posição privilegiada (de maior poder) face aos outros) é ainda frequentemente exercida e acompanhada da contrapartida da submissão, controlo e dominação. Em vez de ser um ato de cuidar generoso, é uma troca: eu dou-te coisas e protejo-te e tu prestas-me serventia, reverência ou submissão. Claro que esta troca, mais ou menos "generosa", não é, na maior parte dos casos consciente. No entanto, esta dinâmica de dominação, obediência e conformismo está ainda muito enraizada culturalmente.
Veja-se um trecho do livro de Arno Gruen, exemplificador deste fenómeno na educação:

"«Torno-me no que tu queres para tu tratares de mim. A minha sujeição é, a partir de agora, o meu poder sobre ti, com o qual te obrigo a dedicares-te a mim.» Assim, o ato de se fazer dependente converte-se na vingança pela sujeição. Este ato tem várias facetas. Primeiro, a criança adota o critério dos pais. O que dá pelo nome de interiorização. É, portanto, um processo de colaboração pela subjugação. Segundo, isso significa que a criança começa a odiar em si tudo o que possa fazê-la entrar em conflito com as expetativas dos pais. E, terceiro, este ódio de si próprio acarreta a predisposição a subjugar-se cada vez mais."

Este fenómeno, eminentemente, inconsciente (porque intolerável à consciência humana!) funda a violência humana, no ataque que faz à autenticidade e autonomia da criança. Ela aprende desde que nasce que se fizer certas coisas é má e que os pais ficam contentes com ela se for como eles "querem". E assim, nasce a troca social fundadora da dominação, obediência e conformismo: troco a minha liberdade, autonomia e (auto-)empatia, bem como, a minha responsabilidade, pela segurança e conforto do conformismo fomentador da pertença e aceitação. O "conformista" típico poderia então ser definido como "um homem sem grande ambição, mas capaz de arranjar uma explicação do mundo que lhe permita viver sem ambiguidade" (Naipul, cit. por Gruen, 1995).

Este fenómeno pode ser visto com grande clareza nos casos extremos que são os cultos e seitas, ou os contextos de guerra (o holocausto, em particular) onde a obediência é claramente mais valorizada do que a liberdade e responsabilidade pessoais. Ou ainda no chamado "síndrome de Estocolmo", em que os subjugados são de tal forma coagidos que "aprendem" mesmo a aliar-se aos agressores como forma inconsciente de se aliarem à vida (evitando assim o medo de morrer associado naquele contexto à desobediência e à liberdade). 

Retomando o exemplo das praxes, podemos ver como parece ser um fenómeno, quase a meio termo entre cultura e culto: possui um código próprio, uma organização social e hierárquica bem definida e rituais grupais. A amostra do comportamento das comissões de praxe e outros estudantes presentes no programa Prós e Contras agiram como um grupo muito coeso e uniforme (nas ideias e nos "uniformes") numa lógica de in group, out group, ou seja, defendendo instintivamente os seus e reagindo agressiva e instintivamente aos de fora, aliás, numa lógica semelhante às interações entre "veteranos" e "caloiros". Os valores do grupo foram tão manifestamente presentes que surpreendentemente se sobrepuseram à própria realidade do que são as praxes, numa atitude de denegação defensiva da realidade com o objetivo de proteger o clã. 

Outra questão diz respeito aos processos inter-geracionais e culturais que levam à continuidade e manutenção do sistema. Sabe-se que a aprendizagem social se faz sobretudo por identificação aos modelos sociais. Numa sociedade de hierarquia e poder, quem foi subjugado quererá depois redimir-se e subjugar alguém assumindo ele próprio o poder do seu modelo de relação.

A verdade é que o contexto de praxe fomenta dinâmicas relacionais de sadismo e masoquismo que, por melhor que se possam desenrolar e tolerar na maior parte dos casos, são um terreno muito propício a abusos daqueles que mais abusados foram nas suas vidas e por isso mais rédea solta dêem aos seus impulsos sádicos. O que fazer? Não sei. Antes de mais pensar e sensibilizar para o assunto.  

Para terminar o artigo que já vai longo, chamar à atenção para os traumas que resultam destas dinâmicas sociais de certos graus de violência, sobretudo psicológica. Hoje, felizmente, já não é só a violência física que é fonte de preocupação e cada vez mais se atenta a esta, muitas vezes pior, forma de violência. Neste sentido, a psicoterapia EMDR revela-se como particularmente útil pela sua vocação e eficácia de realce em problemáticas de cariz traumático.

Sobre EMDR: http://www.psicronos.pt/consultas/emdr_12.html  

quarta-feira, março 12, 2014

YOGA E RELAÇÕES AMOROSAS: QUE LIGAÇÃO?




Li um artigo num dos blogues que sigo que faz um paralelismo interessante entre os princípios básicos do Yoga e as relações amorosas:





-Vínculo/Ligação: As posturas do yoga desenvolvem-se a partir de uma ligação a uma base estável, que permite que respiração flua livremente e explorar a prática, da mesma forma que é necessário criar uma ligação com o/a parceiro/a, assente em bases sólidas de confiança e afeto, que permitem expressar-se livremente e explorar a relação.

-Regularidade: a prática regular do yoga é muito mais recompensadora ao longo do tempo, do que workshops ou retiros pontuais, que são importantes para complementar e fazer novas aprendizagens, mas não sustentam a prática. Do mesmo modo, o contacto e a comunicação regulares numa relação são essenciais para aprofundar o vínculo permitindo depois desfrutar melhor e aprender mais sobre o outro em férias ou fins-de-semana mais excitantes.

-Passo a Passo: Querer avançar demasiado rápido para posturas avançadas aumenta o risco de lesões, enquanto que respeitar o ritmo permite perceber de que modo o corpo responde, dando tempo e experiência para que nos possamos adaptar à experiência. Ter tempo para conhecer alguém dá-nos tempo para ensaiar respostas e experiências com o outro, pelo que procurar acelerar a relação ou fazer planos demasiado cedo, aumenta a possibilidade de desilusão.

-Persistência: Manter uma postura durante algum tempo permite aprofundar a sensação que produz, sentir a respiração e a resposta do corpo, da mente e das emoções, do mesmo modo que dar tempo à relação permite que esta se desenvolva, investindo naquilo que podem criar juntos.

-Quietude: A prática de yoga inclui períodos de quietude, seja em que postura for, dá-se tempo à tranquilidade e a consciência de si próprio, do mesmo modo que numa relação é importante que se consiga continuar a estar consigo próprio e aprofundar os sentimentos.

O Yoga é uma prática e uma filosofia assente no bem-estar e na ligação ao próprio. Estes princípios e paralelismos poderão ser encontrados noutro tipo de práticas que visam a consciência de si próprio e o bem-estar. Porque, na verdade, para estabelecer relações amorosas saudáveis, é necessário que a relação com o próprio seja saudável, o que muitas vezes também requer aprendizagem: aprender a respeitar-se e aceitar-se, a ter tempo e a dar-se tempo a si próprio, a persistir e a tranquilizar-se.



segunda-feira, março 10, 2014

O Elefante Acorrentado



Esta história, aparentemente simples, trás consigo uma metáfora...a de que mesmo quando já somos fortes e crescidos, e podemos tomar as nossas próprias decisões, ficamos aprisionados nas cordas do passado, que nos diziam que não éramos capazes...

Retire alguns minutos do seu tempo para ler esta história ao seu filho, sobrinho, primo...a um pequeno ou a um jovem e aproveite também para a saborear, pensar, discutir...ver o que os pequenos leitores entendem dela (provavelmente muito diferente do adulto mas igualmente interessante!).

Além da história, este livro tem também um grafismo interessante, e pode bem ser uma sugestão para um final de dia em família...

Boa Leitura!

Carla Ricardo
Psicronos Setúbal
Departamento da Infância

quarta-feira, março 05, 2014

SEXUALIDADE INFANTIL (II): VAMOS BRINCAR AOS MÉDICOS?

Como vimos na publicação anterior, a masturbação começa bastante cedo através da exploração natural que a criança faz do próprio corpo. Trata-se de uma gratificação meramente sensorial, que conduz a sensações prazerosas e ao alívio de tensões, não tendo nesta altura qualquer caráter sexual, em situações normais. No entanto, a erotização que os pais fazem deste comportamento tende a gerar desconforto, apreensão e repreensão. Esta atitude negativa leva muitas vezes ao aumento da tensão e da curiosidade, reforçando a masturbação.

Por volta dos três anos, a criança já vai percebendo que existem diferenças entre meninas e meninos, o que conduz a perguntas embaraçosas, mas também à exploração do corpo do outro. “Porque é que a mana não tem pilinha?”, “A minha pilinha também vai cair como a da mamã?” são perguntas frequentes colocadas pelos rapazes. Já as raparigas tendem a ficar intrigadas a observar aquele órgão pendurado no corpo do irmão ou do pai, procurando tocar e perguntando se também vão ter um igual. A estas perguntas que pai e mãe procuram empurrar de um para o outro, há que responder de forma aberta, tranquila, mas resumida ao essencial. As crianças satisfazem-se com explicações simples. Se sentirem que há atalhos ocultos no meio do nervosismo, vão querer continuar a exploração. Se não obtiverem resposta às suas questões ou receberem uma atitude negativa, poderão procurá-la noutros contextos, sem que os pais tenham controlo do que se passa.

Entre os 4 e os 6 anos começam também a surgir as brincadeiras de médicos, em que as crianças se examinam mutuamente. Mais uma vez, este comportamento é de descoberta, sem conotação sexual, devendo os pais preocupar-se apenas se estiverem envolvidos adultos ou crianças mais velhas. Surgem outros embaraços para os adultos, principalmente nos meninos, que começam a testar o alcance da sua arma, sobretudo quando urinam. Tendem a ter outras brincadeiras no Jardim de Infância, baixando as calças com frequência e espreitando os pénis dos colegas. Também os educadores têm um papel fundamental na gestão destes comportamentos, evitando ridicularizar ou castigar as crianças.

A partir dos 4 anos já conseguem aprender que a exploração deve ser feita em privado, pelo que os pais devem conduzir a criança ao seu quarto ou à casa de banho, sem repreensão, dizendo “eu sei que te sabe bem quando mexes aí e não faz mal, mas deves fazê-lo quando estás sozinho/a”. É também a altura de ensinar de forma clara que mais ninguém pode tocar-lhe nos genitais, exceto os pais ou outro adulto de confiança nas rotinas de higiene. E que se alguém o fizer, deve contar aos pais. Se os pais percebem que a criança recorre a objetos, enquadrados ou não na brincadeira dos médicos, devem igualmente explicar-lhe que não deve fazê-lo, para que não se magoe.

Qualquer que seja a idade, a ansiedade e a proibição por parte dos pais tendem apenas a reforçar o fascínio e a curiosidade. Se a criança se sente envergonhada ou culpada, irá reprimir as suas questões, comprometendo um diálogo saudável e preventivo. Por outro lado, quanto menos os pais chamarem a atenção para o comportamento masturbatório, menos focada estará a criança nos seus genitais e nos dos outros.

Comentários como “isso é feio”, “não mexas aí porque é sujo”, “és um/a menino/a muito feio/a quando fazes isso”, “isso é porcaria e não se faz”, “vais ficar de castigo” estão proibidos!

Continuaremos a desenvolver o tema, nomeadamente no que respeita à hiperexcitação e a sinais de alerta ligados à masturbação.

Alexandra Barros
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta
Diretora do Departamento da Infância

Saiba mais sobre a consulta de Psicologia Infantil AQUI

terça-feira, março 04, 2014

Uma história que ajuda a explicar a morte às crianças.

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eunice-guerreiro/6025-historias-que-ajudam-quando-o-dinky-morreu




Susana Morão
Psicóloga clínica e Psicoterapeuta
Departamento da infância (Almada)

http://www.psicronos.pt/consultas/psicologia-e-psicoterapia-infantil_5.html

segunda-feira, março 03, 2014

Como Sobreviver á Ansiedade...??? Será que EMDR funcionaria neste caso?

Como Sobreviver á Ansiedade!
Análise de um testemunho.

Ao trabalhar com bastante frequência com pessoas que sofrem de ansiedade, muitas vezes cruzam-se referências de artigos científicos e publicações em jornais e revistas. Numa destas trocas de informação com um paciente, ele enviou-me o seguinte link, http://www.publico.pt/sociedade/noticia/sobreviver-a-ansiedade-1621701  acerca de um artigo que ele tinha encontrado sobre ansiedade.
Este artigo do público é um pouco extenso, mas vale a pena ler até ao fim pela clareza da exposição e pela maneira como consegue dar uma noção na primeira pessoa do que é sofrer de ansiedade.
Uma das coisas que mais impressionou neste artigo foi a dificuldade de obter resultados positivos por parte de SCOTT STOSSEL.
Este homem, segundo ele, passou por várias terapias Eis o que já experimentei: psicoterapia individual (três décadas disso), terapia familiar, terapia em grupo, terapia cognitivo-comportamental, terapia racional emotiva e comportamental, terapia de aceitação e compromisso, hipnose, meditação, desempenho de papéis, terapia de exposição interoceptiva; terapia de exposição in vivo, livros de auto-ajuda, massagens terapêuticas, orações, ioga, filosofia do estoicismo e cassetes áudio encomendadas em anúncios infocomerciais de televisão fora de horas.” Cit.
Nesta lista faltam algumas terapias. Uma delas é o EMDR, seria possível que esta terapia tivesse sucesso onde as outras não tiveram? Na minha opinião sim! Eu vou explicar o motivo pelo qual eu acho que vale a pena experimentar efetuar EMDR quando outras terapias não produzem resultados significativos.
O EMDR trabalha em vários níveis simultaneamente. Quando trabalhos determinado evento da vida, procuramos sempre apreender quatro dimensões. As imagens, as emoções, os pensamentos e as sensações. Estes quatro elementos compõem as nossas memórias. E é a partir delas que a nossa perceção do presente se forma.
Dando um exemplo do SCOTT STOSSEL, ele vive em função de evitar uma série de sensações fisiológicas associadas ao sistema digestivo. Ele tentou um método, entre vários, bastante intenso e radical a exposição ao vivo. Este método é bastante eficaz para algumas pessoas… mas lamentavelmente não para todas. Nesta preocupação em particular a terapia EMDR  pode ter uma abordagem um pouco diferente, ao trabalhar os pensamentos de uma forma similar aos eventos traumáticos. Ou seja, trazer simplesmente os pensamentos e as imagens associadas para a memória e efetuar um protocolo básico de EMDR.
O que acontece na maioria dos casos, em que isto é feito, é uma diminuição progressiva das emoções associadas aos pensamentos recorrentes. Mais tarde, com a continuação das sessões em EMDR, o paciente habitualmente reporta uma diminuição drástica dos pensamentos que o preocupavam.
Neste caso do SCOTT STOSSEL, os sintomas são bastante extensos e complexos, o que faz com uma terapia de EMDR tivesse uma duração bastante mais longa que o habitual, mas valerá sempre a pena tentar esta abordagem de psicoterapia quando todas as outras não resultaram.
                Afinal o EMDR é a terapia que mexe com o “hardware”  e com o “software” ao mesmo tempo, isto segundo os estudos comparativos de imagens de funcionamento do cérebro antes e depois da terapia. (como já foi demonstrado em post´s anteriores aqui no Salpicos)


Em breve escreverei mais acerca deste artigo, uma vez que é um testemunho tão completo do sofrimento que muitas pessoas passam no seu dia-a-dia.