Pedras que se perdem. Perde-se nos passos que a perseguem. Pedras que a seguem na paciência de uma calçada.
Pedras que se perdem, e perdas que se ganham, que se pisam num chão que não respira.
Pisa e pensa quem a terá seguido no caminho que faz perdida de medo e sonho, num chão que não respira.
‘Não tenho coração’.
Perde-se e perde todos nos labirintos que constrói para que nada a possa alcançar.
Perde o sentido das pedras, perdas que pisa para nunca chegar a lado nenhum.
O vento leva-a, coloca-a, mergulha-a no que não sabe de sentido.
‘Não tenho coração’.
Tem um muro que se constrói num espaço esquecido de paredes e pedras que a protegem e perde-se de si.
Sombras que se revelam na luz ténue de tudo que se apaga.
Pisa perdas, pedras que a confundem, caminha na paciência das calçadas que constrói.
Olha à volta. Chão, pés descalços de frio e sujo. Um atrás do outro, ou o primeiro na frente do segundo.
Não vai a lado nenhum, num chão que não respira, que não ousa pisar.
Pensa como pisa. Pisa como pensa. Descalça, quase nada. Muros que envolvem o coração que não tem.
Perde-se nas pedras que perdem sentido.
segunda-feira, novembro 19, 2007
sexta-feira, novembro 16, 2007
Mediação de Conflitos
Hoje, bem cedinho pela manhã, ouvi uma notícia na rádio que falava sobre mediação de conflitos na escola.
Parece que esta é uma iniciativa recente e inovadora na Damaia, numa escola de 2º e 3º ciclo. É um novo curso que está a ser ministrado em 8 alunos, dotando-os de competencias para intervir ao nível da mediação de conflitos dentro do espaço escolar. Ajudam nas filas do refeitório, nos intervalos, e noutro tipo de tarefas, sempre numa perspectiva tutorial de mediação, eliminando possíveis conflitos.
São jovens entre os 11 e os 15 anos que não são propriamente uns azes da escola, mas que podem ser canalizados para outro tipo de conhecimentos, com conteúdos mais práticos.
Não conhecia esta iniciativa, e apenas ouvi uma parte do que parecia ser uma reportagem, mas certamente vou averiguar.
Este pequeno excerto fez-me recordar muito a pedagogia de João dos Santos, onde tentava adequar as matérias às vivências dos alunos, tentando produzir iniciativa para a exploração escolar. Aqui parece-me que estamos a funcionar neste mesmo sentido, tentando que o espaço escolar ofereça a estes jovens uma oportunidade de entendimento consigo mesmos e com os outros, funcionando em prol de comportamentos mais saudáveis e estruturantes.
Porque dentro deste espaço escolar congregam-se jovens com vivencias familiares similares, com processos a correr em tribunal, uns como agressores, outros como vítimas...
Parece que esta é uma iniciativa recente e inovadora na Damaia, numa escola de 2º e 3º ciclo. É um novo curso que está a ser ministrado em 8 alunos, dotando-os de competencias para intervir ao nível da mediação de conflitos dentro do espaço escolar. Ajudam nas filas do refeitório, nos intervalos, e noutro tipo de tarefas, sempre numa perspectiva tutorial de mediação, eliminando possíveis conflitos.
São jovens entre os 11 e os 15 anos que não são propriamente uns azes da escola, mas que podem ser canalizados para outro tipo de conhecimentos, com conteúdos mais práticos.
Não conhecia esta iniciativa, e apenas ouvi uma parte do que parecia ser uma reportagem, mas certamente vou averiguar.
Este pequeno excerto fez-me recordar muito a pedagogia de João dos Santos, onde tentava adequar as matérias às vivências dos alunos, tentando produzir iniciativa para a exploração escolar. Aqui parece-me que estamos a funcionar neste mesmo sentido, tentando que o espaço escolar ofereça a estes jovens uma oportunidade de entendimento consigo mesmos e com os outros, funcionando em prol de comportamentos mais saudáveis e estruturantes.
Porque dentro deste espaço escolar congregam-se jovens com vivencias familiares similares, com processos a correr em tribunal, uns como agressores, outros como vítimas...
"Control", o filme sobre Ian Curtis.
Control" versa sobre a vida do vocalista dos Joy Division, Ian Curtis, desde os seus dias de estudante em 1973 até à véspera da 1ª tourné da banda aos EU em 1980.
O filme explora as pressões que este sentiu, desde a sua epilepsia, ao seu casamento falhado, ao seu novo amor, a uma banda que confiava no seu talento; tudo numa tentativa de explicar a sua decisão de se enforcar aos 23 anos.
O filme baseou-se na biografia de Deborah Curtis "Touching from a Distance" e foi fortemente aclamado no Festival de Cannes em Maio de 2007.
Recomenda-se pela sua densidade...
O filme explora as pressões que este sentiu, desde a sua epilepsia, ao seu casamento falhado, ao seu novo amor, a uma banda que confiava no seu talento; tudo numa tentativa de explicar a sua decisão de se enforcar aos 23 anos.
O filme baseou-se na biografia de Deborah Curtis "Touching from a Distance" e foi fortemente aclamado no Festival de Cannes em Maio de 2007.
Recomenda-se pela sua densidade...
Website oficial do filme "Control":
quarta-feira, novembro 14, 2007
Desencontro de Fantasias III
E agora?
Chegou a altura de iniciar o processo de escolarização de crianças com deficiência. Para a escola, e desde o J.I. e até mesmo antes, existem serviços de Intervenção Precoce do Ministério da Educação que destaca educadores especializados para trabalhar com os meninos com deficiência, quer em casa (antes da escolarização), quer nos jardins infantis.
Depois, para cada tipo de deficiencia accionam-se técnicos para trabalhar com as crianças promovendo o quanto mais a sua autonomia, competencias emocionais, socias, actividades diárias...
Junto dos pais podem-se fazer planos de apoio à família permitindo perceber, com esta e através desta as expectativas, anseios, dificuldades e o que esperam que a criança adquira
Mas esta fase é uma fase deveras importante e os técnicos necessitam estar envolvidos e perceber as dificuldades destas famílias, pois por vezes, criam-se guetos difíceis de ultrapassar porque parece que as partes estão a correr em sentidos opostos, mas na realidade, todos tentam percorrer o mesmo caminho, a mesma estrada, tentam afastar os mesmos obstáculos...
É importante falar, escrever, pensar sobre estas coisas, pois por vezes, é difícil perceber alguns comportamentos e atitudes. Por um lado os pais, querem, esperam e necessitm de verificar as aprendizagens que os seus filhos fizeram, e quando estas fogem ao esperado, ao que todas as outras crianças adquiriram, lá vem novamente toda a frustração que até então parecia resolvida, ultrapassada,
Aqui o importante é que estes pais aprendam a se sentir valorizados através destes filhos e que os técnicos sirvam de elo de ligação entre as dificuldades e as competências e que contenham as frustrações destes pais e que com estas e através destas possam chegar a uma metodologia de trabalho, de enriquecimento curricular, de compensação narcísica e de reencontro familiar.
Porque todo o sucesso académico, familiar, depende da motivação da criança, da família e dos técnicos envolvidos
todas estas questões, de encontros e desencontros parentais, de vivencias frustradas e compensadas aparecem bem retradas num livro de Júlia Serpa Pimentel - Um bebé diferente.
E como o conto de que vos falei, se nunca deixarmos de pensar nos encantos da Holanda, das tulipas, dos Rembrandts, nunca poderemos apreciar as delícias da Itália...
Chegou a altura de iniciar o processo de escolarização de crianças com deficiência. Para a escola, e desde o J.I. e até mesmo antes, existem serviços de Intervenção Precoce do Ministério da Educação que destaca educadores especializados para trabalhar com os meninos com deficiência, quer em casa (antes da escolarização), quer nos jardins infantis.
Depois, para cada tipo de deficiencia accionam-se técnicos para trabalhar com as crianças promovendo o quanto mais a sua autonomia, competencias emocionais, socias, actividades diárias...
Junto dos pais podem-se fazer planos de apoio à família permitindo perceber, com esta e através desta as expectativas, anseios, dificuldades e o que esperam que a criança adquira
Mas esta fase é uma fase deveras importante e os técnicos necessitam estar envolvidos e perceber as dificuldades destas famílias, pois por vezes, criam-se guetos difíceis de ultrapassar porque parece que as partes estão a correr em sentidos opostos, mas na realidade, todos tentam percorrer o mesmo caminho, a mesma estrada, tentam afastar os mesmos obstáculos...
É importante falar, escrever, pensar sobre estas coisas, pois por vezes, é difícil perceber alguns comportamentos e atitudes. Por um lado os pais, querem, esperam e necessitm de verificar as aprendizagens que os seus filhos fizeram, e quando estas fogem ao esperado, ao que todas as outras crianças adquiriram, lá vem novamente toda a frustração que até então parecia resolvida, ultrapassada,
Aqui o importante é que estes pais aprendam a se sentir valorizados através destes filhos e que os técnicos sirvam de elo de ligação entre as dificuldades e as competências e que contenham as frustrações destes pais e que com estas e através destas possam chegar a uma metodologia de trabalho, de enriquecimento curricular, de compensação narcísica e de reencontro familiar.
Porque todo o sucesso académico, familiar, depende da motivação da criança, da família e dos técnicos envolvidos
todas estas questões, de encontros e desencontros parentais, de vivencias frustradas e compensadas aparecem bem retradas num livro de Júlia Serpa Pimentel - Um bebé diferente.
E como o conto de que vos falei, se nunca deixarmos de pensar nos encantos da Holanda, das tulipas, dos Rembrandts, nunca poderemos apreciar as delícias da Itália...
terça-feira, novembro 13, 2007
Para pensar!
Seminário em Cascais - O Corpo Adolescente
Vai realizar-se no próximo dia 19 de Novembro no Centro Cultural de Cascais um seminário intitulado O CORPO ADOLESCENTE.
Após a realização do 1º Seminário do Espaço S, "Adolescência em Perspectiva", dedicado à temática da Identidade na Adolescência, o Centro de Atendimento a Adolescentes (Espaço S) sedeado no concelho de Cascais e resultado do protocolo entre a Câmara Municipal de Cascais, Centro de Saúde de Cascais e a Associação de Planeamento Familiar - APF, vem propor mais uma reflexão conjunta em torno das problemáticas relativas a esta etapa da vida.
Sabemos que as alterações corporais, causadas pela puberdade, são o primeiro sinal visível do complexo processo biopsicosocial que é a adolescência. O corpo torna-se palco de preocupações existênciais, estéticas de aceitação e de rejeição, de atenções diversas, e por vezes, até alvo de agressões que põem em risco o próprio adolescente. A funão de harmonizar corpo e mente é o desejo de todos os jovens, sendo que tal tarefa uma vez conseguida os levará à construção de uma imagem de si mais consistente.
Este 2º Seminário do Espaço S, "O Corpo Adolescente", convida todos aqueles que se interessam e trabalham junto da população juvenil a partilhar os seus saberes, questionando de forma construtiva a implementação destes na prática do dia-a-dia.
Entrada Livre - Sujeita a Inscrição Prévia
Câmara Municipal de Cascais - Divisão da Juventude - Espaço S - Av. Valbom, nº 21, 2750 - Cascais FAX.: 21 483 91 94 ou email m.fatima.andrade@cm-cascais.pt
segunda-feira, novembro 12, 2007
Desencontro de Fantasias II
Após um até amanhã com uma semana de intervalo (questões que se prendem com a linha de internet) cá me encontro para acrescentar algumas questões sobre as vivencias parentais de crianças com deficiência, sua integração na vida escolar e seu desenvolvimento.
Acho pertinente falar sobre estas questões, mais num tom reflexivo, para que todos possamos pensar naquilo que está a ser dito, aquilo que os pais experienciam, aquilo que os técnicos conhecem ou desconhecem, pedem, exigem, ripostam....
Depois da consternação, do luto, da raiva, há um despertar para as reais necessidades dos seus bebés e o que é preciso por eles fazer. Há uma caminhada longa pelos médicos, terapeutas, técnicos de várias valencias, na tentativa, de para além de encontrar a razão para a deficiencia do seu filho, dar-lhe tudo o que ele necessita.
Passa-se de hospital em hospital, de consulta em consulta, de deslocação em deslocação em deslocação, alguns dias perdidos no trabalho, umas horas a mais noutros dias para compensar...
e lá estão os pais a aprender sobre os seus filhos, acerca do que eles sabem fazer, o que adquiriram, o que tem que adquirir, os pontos mais fortes, os mais fracos, mas a constante necessidade de um diagnóstico, uma explicação real para as dificuldades do seu filho
É o trabalhar com eles nas aquisições básicas, nas rotinas do dia-a-dia, como em qualquer criança, mas aqui, o trabalho tem que ser redobrado, contínuo
Cada pai vive internamente um dilema, uma dúvida constante, será que o meu filho é capaz de realizar estas actividades? será que puxo demais por ele e ele não é capaz de responder? será que estou a fazer bem? será que estas dificuldades são temporárias? porque será que não consegue fazer estas tarefas tão simples que as outras crianças fazem?
Cada dia é um desafio, cada aquisição é uma conquista, cada passo é uma incerteza, havendo porém a certeza que este filho lhes pertence e que existe muito a fazer por ele, e que ele é capaz de lhes oferecer tanto
...
mas por vezes vem algum abatimento, alguma frustração, a incapacidade para não conseguir dar ao filho o que acham que ele necessita, a pressão do trabalho, da vida diária...
pensemos, reflictamos um pouco sobre estes aspectos, que amanhã voltarei para pensarmos/falarmos sobre a entrada no jardim infantil, e como tudo é vivido/sentido
Até amanhã
Acho pertinente falar sobre estas questões, mais num tom reflexivo, para que todos possamos pensar naquilo que está a ser dito, aquilo que os pais experienciam, aquilo que os técnicos conhecem ou desconhecem, pedem, exigem, ripostam....
Depois da consternação, do luto, da raiva, há um despertar para as reais necessidades dos seus bebés e o que é preciso por eles fazer. Há uma caminhada longa pelos médicos, terapeutas, técnicos de várias valencias, na tentativa, de para além de encontrar a razão para a deficiencia do seu filho, dar-lhe tudo o que ele necessita.
Passa-se de hospital em hospital, de consulta em consulta, de deslocação em deslocação em deslocação, alguns dias perdidos no trabalho, umas horas a mais noutros dias para compensar...
e lá estão os pais a aprender sobre os seus filhos, acerca do que eles sabem fazer, o que adquiriram, o que tem que adquirir, os pontos mais fortes, os mais fracos, mas a constante necessidade de um diagnóstico, uma explicação real para as dificuldades do seu filho
É o trabalhar com eles nas aquisições básicas, nas rotinas do dia-a-dia, como em qualquer criança, mas aqui, o trabalho tem que ser redobrado, contínuo
Cada pai vive internamente um dilema, uma dúvida constante, será que o meu filho é capaz de realizar estas actividades? será que puxo demais por ele e ele não é capaz de responder? será que estou a fazer bem? será que estas dificuldades são temporárias? porque será que não consegue fazer estas tarefas tão simples que as outras crianças fazem?
Cada dia é um desafio, cada aquisição é uma conquista, cada passo é uma incerteza, havendo porém a certeza que este filho lhes pertence e que existe muito a fazer por ele, e que ele é capaz de lhes oferecer tanto
...
mas por vezes vem algum abatimento, alguma frustração, a incapacidade para não conseguir dar ao filho o que acham que ele necessita, a pressão do trabalho, da vida diária...
pensemos, reflictamos um pouco sobre estes aspectos, que amanhã voltarei para pensarmos/falarmos sobre a entrada no jardim infantil, e como tudo é vivido/sentido
Até amanhã
sábado, novembro 10, 2007
Entrar
Sentir que tudo nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Talvez um dia possa entrar na casa com chão precário e mexer nos papéis e nas fotos que espalham e espelham a confusão de dentro.
Quem serão estas caras, estes sonhos, estes olhos, estaria frio? Frio como este que junta o corpo, faz encolher, existir pouco, para que pouco tenha frio. Ou juntar tudo que resta e ser menos, e mais quente. Papéis velhos de tanto estarem a respirar e ser pó e peso, e lixo, e coisas que querem ser lidas e vistas, e sentir que nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Dói.
Fotografias, momentos maiores que o tempo, momentos no momento maior do tempo, que tempos, momentos, medem-se no sentir. Que nada foi é dói, tudo, nada será sentir que foi. Dói.
Entrar na sala com o chão precário, com chão que existe entre o ser ainda chão e não ser mais chão. Sentir que nada será sempre, tudo foi sempre, nada é foi. Nunca será.
Talvez quando o chão cair seja mais seguro. Dói como quando só se sente, sem poder dizer.
Quem serão estas caras, estes sonhos, estes olhos, estaria frio? Frio como este que junta o corpo, faz encolher, existir pouco, para que pouco tenha frio. Ou juntar tudo que resta e ser menos, e mais quente. Papéis velhos de tanto estarem a respirar e ser pó e peso, e lixo, e coisas que querem ser lidas e vistas, e sentir que nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Dói.
Fotografias, momentos maiores que o tempo, momentos no momento maior do tempo, que tempos, momentos, medem-se no sentir. Que nada foi é dói, tudo, nada será sentir que foi. Dói.
Entrar na sala com o chão precário, com chão que existe entre o ser ainda chão e não ser mais chão. Sentir que nada será sempre, tudo foi sempre, nada é foi. Nunca será.
Talvez quando o chão cair seja mais seguro. Dói como quando só se sente, sem poder dizer.
terça-feira, novembro 06, 2007
A Procrastinação!
Após ter adiado sucessivamente escrever este post. Resolvi escrever justamente acerca disso... o adiar sucessivamente.
Recorri ao meu velho dicionário de psicologia, mas sem êxito. A procrastinação é uma definição recente, assim recorri aos dicionários virtuais para obter uma boa definição do problema.
O termo vem do latim procrastinatus, em que pro (à frente) e crastinus (de amanhã). Ora o amanhã que se apresenta á nossa frente não seria um problema se não apontasse-mos tudo para essa data... amanhã!
Amanhã também é a data em que começam 90%, ou mais, das dietas, programas de exercício físico, pagamentos de dividas ao fisco entre outras!
Já diz o povo “Pagar e morrer quanto mais tarde melhor”. Pergunto-me se os povos do sul da Europa tem mais enraizado na sua cultura o adiar sucessivo das tarefas?
Por outro lado, alguns poetas dizem que “hoje é o primeiro dia do resto da minha vida!”
Agora estou baralhado... será que ao viver hoje como o primeiro dia podemos deixar algumas coisas chatas para amanhã? Ou se, não tivermos a certeza que amanhã cá estamos, o que fazer hoje?
Este parágrafo também não deve ter ajudado muito para os leitores... ou talvez sim? Pois depende como vemos a vida. Como um acumular de dias, ou como um subtrair de dias. Lá vamos nós para história da garrafa meia cheia ou meia vazia... Tudo depende! Se que queremos beber mais ou se já bebemos o suficiente.
Se uns adiam as tarefas para estar com os amigos, visto que amanhã pode acontecer uma desgraça e assim foi gozar a vida até ao fim. Outros vão deixar de estar socialmente porque amanhã podem acabar aquilo que começaram hoje mas que não ficou feito por causa de não saber ao certo qual o propósito ou a importância pessoal da tarefa.
Para rematar este texto que corre o risco de se tornar longo e maçador. Lanço um desafio aos que me lêem: “ O que é verdadeiramente importante na vida de cada um?”
Se a vossa resposta estiver de acordo com as tarefas que tem para fazer, então calculo que não as adiar muito.
Se mesmo assim as coisas não fluem... isso poderá dizer que as vossas tarefas não estão de acordo com o que é verdadeiramente importante. Neste caso poderão rever as frases que a palavra “devia” está inserida, e substituir por “queria”. Eu vou dar um exemplo:
“Eu devia trabalhar mais, mesmo que passe menos tempo com a família!”
“Eu queria trabalhar mais, mesmo que passe menos tempo com a família!”
Se muitos dizem a primeira frase, poucos dizem a segunda... a não ser que desejem divorciar-se... mas atenção! Se fazem isto sem dar conta é porque não responderam á pergunta “O que é verdadeiramente importante na minha vida?”
Para mim agora o importante é fazer uma faísca na vossa mente que vos permita pensar, para que possam viver com a sensação de plenitude que todos merecem.
Claro está que podia fazer mais pesquisa, refazer este texto vezes sem conta para atingir um estado de perfeição minimamente aceitável... mas isso seria simplesmente mais uma forma de adiar a tarefa!
Recorri ao meu velho dicionário de psicologia, mas sem êxito. A procrastinação é uma definição recente, assim recorri aos dicionários virtuais para obter uma boa definição do problema.
O termo vem do latim procrastinatus, em que pro (à frente) e crastinus (de amanhã). Ora o amanhã que se apresenta á nossa frente não seria um problema se não apontasse-mos tudo para essa data... amanhã!
Amanhã também é a data em que começam 90%, ou mais, das dietas, programas de exercício físico, pagamentos de dividas ao fisco entre outras!
Já diz o povo “Pagar e morrer quanto mais tarde melhor”. Pergunto-me se os povos do sul da Europa tem mais enraizado na sua cultura o adiar sucessivo das tarefas?
Por outro lado, alguns poetas dizem que “hoje é o primeiro dia do resto da minha vida!”
Agora estou baralhado... será que ao viver hoje como o primeiro dia podemos deixar algumas coisas chatas para amanhã? Ou se, não tivermos a certeza que amanhã cá estamos, o que fazer hoje?
Este parágrafo também não deve ter ajudado muito para os leitores... ou talvez sim? Pois depende como vemos a vida. Como um acumular de dias, ou como um subtrair de dias. Lá vamos nós para história da garrafa meia cheia ou meia vazia... Tudo depende! Se que queremos beber mais ou se já bebemos o suficiente.
Se uns adiam as tarefas para estar com os amigos, visto que amanhã pode acontecer uma desgraça e assim foi gozar a vida até ao fim. Outros vão deixar de estar socialmente porque amanhã podem acabar aquilo que começaram hoje mas que não ficou feito por causa de não saber ao certo qual o propósito ou a importância pessoal da tarefa.
Para rematar este texto que corre o risco de se tornar longo e maçador. Lanço um desafio aos que me lêem: “ O que é verdadeiramente importante na vida de cada um?”
Se a vossa resposta estiver de acordo com as tarefas que tem para fazer, então calculo que não as adiar muito.
Se mesmo assim as coisas não fluem... isso poderá dizer que as vossas tarefas não estão de acordo com o que é verdadeiramente importante. Neste caso poderão rever as frases que a palavra “devia” está inserida, e substituir por “queria”. Eu vou dar um exemplo:
“Eu devia trabalhar mais, mesmo que passe menos tempo com a família!”
“Eu queria trabalhar mais, mesmo que passe menos tempo com a família!”
Se muitos dizem a primeira frase, poucos dizem a segunda... a não ser que desejem divorciar-se... mas atenção! Se fazem isto sem dar conta é porque não responderam á pergunta “O que é verdadeiramente importante na minha vida?”
Para mim agora o importante é fazer uma faísca na vossa mente que vos permita pensar, para que possam viver com a sensação de plenitude que todos merecem.
Claro está que podia fazer mais pesquisa, refazer este texto vezes sem conta para atingir um estado de perfeição minimamente aceitável... mas isso seria simplesmente mais uma forma de adiar a tarefa!
segunda-feira, novembro 05, 2007
Desencontro de Fantasias
Tal como o próprio nome indica, uma fantasia está arreigada ao mundo fantástico, imaginário . Fantasiar faz com que a nossa vida seja pautada de desejos, de vontades, de avanços, tal como a célebre frase "quando o homem sonha o mundo pula e avança", fantasiar, sonhar, leva-nos a patamares de vontades, de alegrias, de emoções que depois precisam de ser ajustadas ou re-ajustadas.
Ao colocar o título a este post "Desencontro de Fantasias" estava a pensar no nascimento de um bebé diferente, que foge em larga medida das fantasias da gravidez.
Tal como em qualquer gravidez existem fantasias associadas ao nosso bebé, como será ele, se é menino ou menina (caso não saiba o sexo à priori) se terá olhos azuis, verdes, castanhos, se cabelo claro ou escuro, liso ou encaracolado, se sai ao pai á mãe... e aquando do nascimento do bebé real, há que fazer o encontro entre o bebé real e o bebé imaginário, fazendo o luto das fantasias associadas à gravidez.
E quando nasce um bebé com diferença? que foge por completo às fantasias dos pais? que não vai minimamente de encontro ao idealizado? mas que assim que nasce está àvido de carinho, de afecto, de contacto, e a mãe, sem ter tempo para fazer o seu luto, de viver o seu desapontamento, de tentar perceber o que se passou, tem que de imediato entrar na reciprocidade com o seu bebé.
Como é pensar desta forma? Como é que se faz este movimento? Quais os mecanismos que se têm que accionar de imediato? Como é isto de ter um bebé diferente? Como é que aconteceu? O que falhou? Quem são os culpados? É hereditário? Foi à nascença? Fomos nós pais?
Estas são muitas das questões que assolam o pensamento dos pais que se deparam com um bebé com diferença. Tal como em outros post's onde referenciei o que é a diferença ilustrado por contos, por histórias que retratam as vivências parentais, há que haver um período de consternação, de zanga, de raiva, mas depois tem que haver um movimento contrário, de encontro com o bebé, ainda que diferente, um bebé com capacidades próprias, com características específicas, capaz de entrar na reciprocidade parental, de receber e dar carinho; o que tem que existir é um enquadramento na forma como aquela criança, aquele bebé nos dá carinho, amor, se desenvolve e cresce.
Deixo estas pequenas /grandes palavras, questões para que possamos reflectir um pouco, e amanhã continuarei...
Até amanhã
Ao colocar o título a este post "Desencontro de Fantasias" estava a pensar no nascimento de um bebé diferente, que foge em larga medida das fantasias da gravidez.
Tal como em qualquer gravidez existem fantasias associadas ao nosso bebé, como será ele, se é menino ou menina (caso não saiba o sexo à priori) se terá olhos azuis, verdes, castanhos, se cabelo claro ou escuro, liso ou encaracolado, se sai ao pai á mãe... e aquando do nascimento do bebé real, há que fazer o encontro entre o bebé real e o bebé imaginário, fazendo o luto das fantasias associadas à gravidez.
E quando nasce um bebé com diferença? que foge por completo às fantasias dos pais? que não vai minimamente de encontro ao idealizado? mas que assim que nasce está àvido de carinho, de afecto, de contacto, e a mãe, sem ter tempo para fazer o seu luto, de viver o seu desapontamento, de tentar perceber o que se passou, tem que de imediato entrar na reciprocidade com o seu bebé.
Como é pensar desta forma? Como é que se faz este movimento? Quais os mecanismos que se têm que accionar de imediato? Como é isto de ter um bebé diferente? Como é que aconteceu? O que falhou? Quem são os culpados? É hereditário? Foi à nascença? Fomos nós pais?
Estas são muitas das questões que assolam o pensamento dos pais que se deparam com um bebé com diferença. Tal como em outros post's onde referenciei o que é a diferença ilustrado por contos, por histórias que retratam as vivências parentais, há que haver um período de consternação, de zanga, de raiva, mas depois tem que haver um movimento contrário, de encontro com o bebé, ainda que diferente, um bebé com capacidades próprias, com características específicas, capaz de entrar na reciprocidade parental, de receber e dar carinho; o que tem que existir é um enquadramento na forma como aquela criança, aquele bebé nos dá carinho, amor, se desenvolve e cresce.
Deixo estas pequenas /grandes palavras, questões para que possamos reflectir um pouco, e amanhã continuarei...
Até amanhã
domingo, novembro 04, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
“Insatisfação, Vazio Mental e Mal Estar”, 1º Encontro do Centro de Estudos Psicanalíticos de Coimbra.
Vai realizar-se nos próximos dias 9 e 10 de Novembro o 1º Encontro do Centro de Estudos Psicanalíticos de Coimbra sobre o tema "Insatisfação, Vazio Mental e Mal Estar", no Auditório do Instituto da Juventude de Coimbra.
O programa consta do seguinte:
Sexta-feira, dia 9 de Novembro
"O Vazio Psíquico contra a depressão: Agir, Futilidade e Falha na Representação de si"
Carlos Farate
Comentador: Rui Coelho
"Vazio e Funcionamento Mental"
Moderador: José Augusto Dória
Participantes: Carlos Vieira, Ana Pais, Rosina Pereira
"Mal Estar e Violência"
Luísa Vicente
Comentador: Fernanda Alexandre
"Novas (Velhas) Patologias"
Moderador: António Mendonça
Participantes: Conceição Almeida, Sónia Coelho, Nelson Barros
Sábado, 10 de Novembro
"Mal Estar na Civilização"
Carlos Amaral Dias
Comentador: José C. Coelho Rosa
"Sempre a Abrir: o Agir como Forma de Vida"
Moderador: Fátima Sequeira
Participantes: Jorge Câmara, Fátima Neves, Rui Aragão
"Psicossomática Estrutural"
Jaime Milheiro
Comentador: Jorge Bouça
"O Corpo é que Paga: Lacunas de Mentalização"
Moderador: Teresa Nunes Vicente
Participantes: Mendes Pedro, Rosa Rebelo, João Santana
Informações e Secretariado
Rua Oliveira Matos, 17
3000 - 305 Coimbra
Telf. 239824557
Email: edite@ismt.pt
O programa consta do seguinte:
Sexta-feira, dia 9 de Novembro
"O Vazio Psíquico contra a depressão: Agir, Futilidade e Falha na Representação de si"
Carlos Farate
Comentador: Rui Coelho
"Vazio e Funcionamento Mental"
Moderador: José Augusto Dória
Participantes: Carlos Vieira, Ana Pais, Rosina Pereira
"Mal Estar e Violência"
Luísa Vicente
Comentador: Fernanda Alexandre
"Novas (Velhas) Patologias"
Moderador: António Mendonça
Participantes: Conceição Almeida, Sónia Coelho, Nelson Barros
Sábado, 10 de Novembro
"Mal Estar na Civilização"
Carlos Amaral Dias
Comentador: José C. Coelho Rosa
"Sempre a Abrir: o Agir como Forma de Vida"
Moderador: Fátima Sequeira
Participantes: Jorge Câmara, Fátima Neves, Rui Aragão
"Psicossomática Estrutural"
Jaime Milheiro
Comentador: Jorge Bouça
"O Corpo é que Paga: Lacunas de Mentalização"
Moderador: Teresa Nunes Vicente
Participantes: Mendes Pedro, Rosa Rebelo, João Santana
Informações e Secretariado
Rua Oliveira Matos, 17
3000 - 305 Coimbra
Telf. 239824557
Email: edite@ismt.pt
quinta-feira, novembro 01, 2007
Percursos com António Coimbra de Matos
No dia 5 de Novembro pelas 21:00h no Teatro Municipal de São Luís ao Chiado vai realizar-se o lançamento do livro "Percursos com António Coimbra de Matos" exibição do documentário com o mesmo titulo.
Esta iniciativa, será prestigiada com a participação do Prof. Doutor António Coimbra de Matos e do Dr. Carlos Vaz Marques (apresentação), a entrada será livre, sendo servido um Porto de Honra no início do programa (cerca das 20h30).
Para mais informações e visionamento do trailer vá ao site da Climepsi
quarta-feira, outubro 31, 2007
Transferência e contra-transferência em Avaliação Psicológica!
É frequente falarmos de transferência e contra-transferência num contexto psicoterapêutico, mas é menos frequente pensarmos nos aspectos da transferência quando fazemos avaliação psicológica.
Ainda que pensemos nesse factor quando interpretamos os dados da entrevista, raramente o fazemos no que diz respeito aos resultados das provas, e até à forma como elaboramos o relatório.
A transferência influencia-nos desde a escolha das provas e pode interferir significativamente nos resultados.
Se uma avaliação psicológica é um método que procura a exactidão, nós, técnicos envolvidos devemos estar também atentos à subjectividade e considerar a interferência destes aspectos.
Não quero com isto dizer que devemos analisar e utilizar a transferência como mais um método de avaliação e de diagnóstico, mas sim atender à sua influência no nosso trabalho, que se pretende que seja rigoroso e exacto.
Ainda que pensemos nesse factor quando interpretamos os dados da entrevista, raramente o fazemos no que diz respeito aos resultados das provas, e até à forma como elaboramos o relatório.
A transferência influencia-nos desde a escolha das provas e pode interferir significativamente nos resultados.
Se uma avaliação psicológica é um método que procura a exactidão, nós, técnicos envolvidos devemos estar também atentos à subjectividade e considerar a interferência destes aspectos.
Não quero com isto dizer que devemos analisar e utilizar a transferência como mais um método de avaliação e de diagnóstico, mas sim atender à sua influência no nosso trabalho, que se pretende que seja rigoroso e exacto.
domingo, outubro 28, 2007
Reflexo
Sem querer tirar o mérito a Nuno Júdice, acrescentaria ao seu título Reflexo, ou o Mito de Narciso, pois as suas palavras retratam o sentimento de frustração e exclusão daquele que vive uma relação onde não há lugar para o outro.
"Sem nada para fazer, olha-se no espelho do quadro, procurando uma resposta. Ou será o contrário, sendo ela uma projecção da sua própria imagem? No fundo, é o movimento do olhar que vai de uma para outra que impede uma certeza: se é no horizonte do quadro, de cuja perspectiva ela faz parte, que se encontra a realidade, ou se é no pensamento da mulher que vê o seu reflexo que o mundo se descobre, para que ambas se reconheçam a mesma?
Olho-as: e também eu não sei a que espaço pertenço, quando a janela está aberta, e a luz que entra me empurra para fora, onde uma primavera é possível. Elas, no entanto, não querem saber disto; e é como se a mulher que se ajoelha, na cadeira, esperasse o milagre que a faça sair do quadro, e avançar pelo dia, como a luz avança pela sala onde nada acontece, a não ser este olhar que as prende uma à outra, e me deixa de fora."
Olho-as: e também eu não sei a que espaço pertenço, quando a janela está aberta, e a luz que entra me empurra para fora, onde uma primavera é possível. Elas, no entanto, não querem saber disto; e é como se a mulher que se ajoelha, na cadeira, esperasse o milagre que a faça sair do quadro, e avançar pelo dia, como a luz avança pela sala onde nada acontece, a não ser este olhar que as prende uma à outra, e me deixa de fora."
sábado, outubro 27, 2007
Sobre Respirar
E diminui, diminui o que sente, o que pensa, recolhe-se como se recolhem os homens secos e tristes e secos, e mortos, fica no fundo do escuro, e escuta, espera, o dia em que possa sair. Espera atento, e escuro, e escuta, e pensa o dia em que possa sair. Morre, riam-se, torçam-se linhas do destino. Guarda-se e protege-se, morre, escuta, escuro. E se o que escuta for escuro, e nada mais... e se nada. E se, não. Não. Espera, escuta, escuro, escreve. Desejo, deseja-se. Quer. Quer-se. Escuta. Amor.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Violência Sexual - Psicopatologia
No dia 27 de Novembro, pelas 21:00h vai realizar-se na Faculdade de Medicina de Lisboa uma conferência intitulada "Maus Tratos na Criança e no Adolescente - Violência Sexual: Psicopatologia" será proferida pelo Prof. Doutor Juan Eduardo Tesone e comentada pelo Prof. Coimbra de Matos. A Entrada é livre.
Na sequência desta conferencia vai também realizar-se um curso sobre a mesma temática nos dias 27, 28, 29 e 30 igualmente em Novembro.
O Prof. Juan Eduardo Tesone é Professor na Faculdade de Medicina de Pitié-Salpêtroère; da Universidade de Paris VI; na Faculdade de Psicologia da Universidade de Ciências Empresariais e Sociais de Buenos Aires; Psiquiatra na Universidade de Paris XII; Membro da Sociedade Psicanalítica de Paris e da Associação Psicanalítica Argentina.
terça-feira, outubro 23, 2007
Sobre Vigorexia
Descrita pela primeira vez em 1993, por Harrisom Pope como anorexia reversa, e posteriormente como "complexo de adônis", a vigorexia é uma das mais recentes patologias emocionais estimuladas pela cultura.
Mais comum no sexo masculino, esta patologia caracteriza-se por uma preocupação excessiva em ficar forte. Os portadores dedicam muito tempo à actividade de modelação física, resultando em algum prejuízo sócio-ocupacional. Geralmente mantêm uma dieta rigorosa – comem de forma atípica e exagerada, acompanhada por complementos vitamínicos, hormonais e anabolizantes - para conseguirem o seu objetivo.
Os vigoréticos têm uma preocupação patológica em se tornarem o protótipo do homem moderno, supostamente desejável pelas mulheres. Há uma busca obsessiva no modelo de homem, com um corpo fibroso, definido e musculoso.
Próxima da anorexia nervosa, a vigorexia é uma patologia ligada à perda de controlo de impulsos narcisistas. Em ambas se verifica uma distorção da imagem que os indviduos têm sobre si mesmos: os vigoréxicos nunca se acham suficientemente musculosos, os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros.
Entre os vigoréxicos, encontramos individuos com personalidade introvertida, cuja timidez ou retraimento social favorecem uma busca do corpo perfeito como compensação aos sentimentos de inferioridade. A obsessão com o próprio corpo é identico ao observado na anorexia nervosa.
Esta patologia tem como pricipais sintomas: insônia, falta de apetite, irritabilidade, desinteresse sexual, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração entre outras.
Apesar de não estar incluida nas classificações tradicionais de transtornos mentais (CID.10 e DSM.IV), o quadro descrito mais associado é a Dismorfia Muscular (ou Transtorno Dismórfico Muscular), patologia psíquica dos individuos excessivamente preocupadas com a própria aparência, constantemente insatisfeitos com os seus músculos e que se encontram continuamente em busca da perfeição corporal.
Podemos encontrar várias características comuns entre a vigorexia e a anorexia nervosa:
- Preocupação exagerada com o próprio corpo
- Baixa autoestima
- Personalidade Introvertida
- Factores sócio-culturais comuns
- Tendência a auto-medicação
- Idade de aparecimento (adolescência)
- Modificações da dieta
Como diferenças básicas podemos destacar: na vigorexia encontramos geralmente individuos do sexo masculino, com uma auto-imagem de fraco e que utiliza o recurso a anabolizantes; na anorexia nervosa encontramos individuos do sexo feminino, com uma auto-imagem de obeso e que utiliza o recurso a laxantes e diuréticos.
Embora não tão popularizada como a anorexia nervosa, a vigorexia é uma patologia que pode igualmente causar graves problemas fisícos aos seus portadores, muitos dos quais irreversiveis, por este motivo todos devem estar atentos a este novo fenómeno cultural.
GEORGE STEINER EM LISBOA
Georges Steiner, talvez o maior pensador actual, faz uma conferência na Gulbenkian, quinta, dia 25 às 10.30 (Auditório 2), sobre os limites da ciência.
Steiner tem vários livros publicados em português: A Ideia de Europa, A Barbárie da Ignorância, As Lições dos Mestres, O Silêncio dos lIvros, A torre de Babel, Nostalgia do Absoluto, 4 Entrevistas com George Steiner, etc. Todos eles excelentes.
Será talvez a última portunidade de o ouvir, dado que já tem bastante idade.
E sempre poderemos contar aos nossos filhos ou netos!
Steiner tem vários livros publicados em português: A Ideia de Europa, A Barbárie da Ignorância, As Lições dos Mestres, O Silêncio dos lIvros, A torre de Babel, Nostalgia do Absoluto, 4 Entrevistas com George Steiner, etc. Todos eles excelentes.
Será talvez a última portunidade de o ouvir, dado que já tem bastante idade.
E sempre poderemos contar aos nossos filhos ou netos!
sábado, outubro 20, 2007
Saber Dizer
Não saber dizer amo, odeio, sofro, paixão, amor, ódio, sinto. Não dizer, sinto, não dizer sinto. Fecha-se num quarto demasiado pequeno para o que não é. Para o que não sonha, nem sente, nem, nem, enm enem enem,en enmn nem é. Não pede, não desiste, está, num quarto demasiadamente pequeno para o que não é. As pernas começam a enrolar-se sobre si próprio, fecha-se também por fora. Não respira um ar fora de si há demasiados sopros que o sufocam. Sabe pouco, a não ser o que repete sempre para não esquecer, mas o que repete, o que é, e que sabe é pouco. Sabe que o mundo ficou pequeno fechado, sufocado, parado. Rola na cama como quem rola numa nuvem de vida e ar. Mas a cama queima, o lençol queima de gelo de o ter sempre e todos os dias. O mundo é seu, e não é nada. Tudo vai deslizando de si próprio, das mãos que é, treme, abre-se a carne no que resta de um corpo com forma. O lençol entra dentro de si. Rola como se este fosse o seu movimento máximo, como andam as pessoas no metro, a pé, de carro. Rola. Conta os anos que tem e que não sabe. Tem medo de não morrer. Tem medo de amanhã acordar de novo. Não saber dizer amo, odeio, sofro, não saber dizer quem é, o que é. Sabe contar com os dedos os anos que passaram. Duas mãos mais um dedo. Este dedo, que espera que não sejam dois, nem um de dia, quanto mais um dedo de ano. Não saber dizer.
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