sexta-feira, agosto 03, 2012
MEDITAÇÃO E SAÚDE MENTAL
A saúde, hábitos de vida e cultura são 3 dimensões da nossa vida ocidental difíceis de dissociar. A saúde bem como a psicopatologia são, pois, muito influenciadas pelas actividades, estilos de vida, valores vigentes, postura perante a vida que nos é imposta ou, pelo menos, vendida pelos mass media e pela sociedade em geral.
A meditação, muitas vezes associada a práticas orientais, é uma das actividades que tem sido importada de outras culturas por todas as consequências positivas que advêm da sua prática. No entanto, a cultura resiste e o seu cariz exótico e às vezes associado também ao transcendente, afasta-nos, quer teoricamente, quer na prática de experimentarmos e exercitarmos este tipo de actividades altamente saudáveis.
Um artigo de Ana Margarida Nunes ajuda-nos a explicar o que é a meditação e de que forma é que pode ser útil ao bem estar psicológico, corporal e cerebral. Recomendo a leitura: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=55082&op=all
terça-feira, julho 31, 2012
AJUDAR A VENCER O "MONSTRO HOSPITAL"
As hospitalizações e os cuidados médicos são frequentemente um grande receio das crianças, sendo a bata branca muitas vezes causadora de medos muito perturbadores. Recordo-me de quando estagiei no Serviço de Pediatria do IPO, uma das frases que trazia alguma tranquilidade nos momentos (repetidos) de exames e tratamentos dolorosos era "Se fores muito, muito nervoso/a, a dor é do tamanho de um elefante. Se fores só um bocadinho nervoso/a, então a dor vai ser do tamanho de uma formiguinha". Continuo a utilizar esta frase não só associada ao contexto médico, mas também a outras situações, com algumas adaptações. E será importante acrescentar que, mesmo quando dói, não vai doer para sempre... Deixo uma animação para os super-heróis que enfrentam o monstro "hospital":
quinta-feira, julho 26, 2012
Qualidade da relação e desenvolvimento do cérebro
Os avanços nas neuro-ciências têm sido enormes nestes últimos anos. Num paradigma positivista e materialista - muitas vezes, demasiado reificado e reducionista - tem-se vindo a descobrir cada vez mais como o cérebro funciona, influencia o comportamento e é influenciado.
Na interface com as ciências das relações humanas - como a Psicologia - compreende-se cada vez mais o poder da influência da relação humana no desenvolvimento do cérebro (e não só a influência do cérebro nas relações humanas!). Um estudo norte-americano ajudou a perceber de que forma é que as vivências emocionais e de vinculação nas crianças pode (e se afecta realmente) afectar o seu desenvolvimento cerebral.
Ver link: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=54971&op=all
sábado, julho 21, 2012
ACABAR COM ALGUÉM POR SMS?
O Gizmodo é um site com graça, dirigido essencialmente a geeks, mas que pode ser lido com proveito por outros menos geeks.
Vem isto a propósito de um artigo agora publicado sobre se é lícito ou não acabar uma relação por sms ou por mensagem no Facebook. O assunto pode parecer pouco sério ou mesmo indigno de mentes mais sofisticadas, mas não é. Num mundo em que uma parte importante da nossa comunicação com os outros se faz através de meios digitais, como nos devemos comportar? Já Aristóteles se preocupava com os relacionamentos entre os humanos, as regras, a moral, a ética. Não estamos longe do mestre ao dar a este assunto a importância devida. E brincando, brincando, se dizem as verdades. Ao autor do artigo parece-lhe que tudo depende do tipo de relação. Uma one-night stand não é o mesmo que uma relação de meses. E uma relação à distância também é uma coisa diferente.
Tem graça e faz pensar. É mais fácil mandar um mail ou um sms a acabar, não é? Estar diante do outro no momento da ruptura exige muito mais. Mas quem nunca pecou, que atire a primeira pedra...
http://gizmodo.com/5927787/four-times-its-okay-to-break-up-via-text?utm_source=Gizmodo+Newsletter&utm_campaign=f5a836e1bb-UA-142218-3&utm_medium=email
Vem isto a propósito de um artigo agora publicado sobre se é lícito ou não acabar uma relação por sms ou por mensagem no Facebook. O assunto pode parecer pouco sério ou mesmo indigno de mentes mais sofisticadas, mas não é. Num mundo em que uma parte importante da nossa comunicação com os outros se faz através de meios digitais, como nos devemos comportar? Já Aristóteles se preocupava com os relacionamentos entre os humanos, as regras, a moral, a ética. Não estamos longe do mestre ao dar a este assunto a importância devida. E brincando, brincando, se dizem as verdades. Ao autor do artigo parece-lhe que tudo depende do tipo de relação. Uma one-night stand não é o mesmo que uma relação de meses. E uma relação à distância também é uma coisa diferente.
Tem graça e faz pensar. É mais fácil mandar um mail ou um sms a acabar, não é? Estar diante do outro no momento da ruptura exige muito mais. Mas quem nunca pecou, que atire a primeira pedra...
http://gizmodo.com/5927787/four-times-its-okay-to-break-up-via-text?utm_source=Gizmodo+Newsletter&utm_campaign=f5a836e1bb-UA-142218-3&utm_medium=email
Poder Vs. Responsabilidade
No entanto, da educação à política não é raro assistir a uma postura coerciva e arrogante por parte de quem "está no poder", de quem é "detentor do poder". Como se o estatuto ou a responsabilidade tivesse como contrapartida (ou legitimasse) a minimização do outro, fomentando a sua submissão. Esta atitude mais autoritarista é comummente observada, por ex., nos pais em relação aos filhos ou nos patrões em relação aos seus empregados. "Eu protejo-te e dou-te coisas, logo és meu, pertences-me e deves-me obediência".
É a compra (da liberdade e dignidade) do outro pela exploração e abuso do poder estatutário. A verdadeira responsabilidade, aquela que não se deixa confundir com poder autoritarista, envolve uma intenção altruista, cuidadora e protecionista: altruista porque não cobra nem abusa os outros pela sua posição privilegiada; cuidadora e protecionista porque zela pela segurança e assume os problemas (mas também as soluções!) que forem precisas para o bem de todos.
quinta-feira, julho 19, 2012
MOMENTOS GRATIFICANTES
Subscrevo muitas newsletters, algumas mais interessantes do que outras. O caso (ver link abaixo) de que vos vou falar é curioso. Li-a rapidamente, vi que era mais uma com a tal estatística da felicidade em que o ponto mais baixo é aos 45 anos (escrevi em tempos um post sobre isso), passei os olhos por uma das sugestões - e pumba!, lixo com ela. Algo que me deve ter ficado a tilintar na cabeça, porque fui buscá-la ao lixo e estive a relê-la. Os conselhos para aumentar o prazer e os momentos gratificantes não são tão parvos como isso. O 3 e o 4 são particularmente interessantes.
Os efeitos benéficos da escrita são bem conhecidos entre os escritores. Chamem-lhe catarse ou simplesmente sistematização de ideias, faz bem escrever.
As coisas adquirem uma outra dimensão, é mais fácil lidar com elas, às vezes até se vai buscar um senso de humor que julgávamos perdido.
O curioso é que muitos de nós, quando adolescentes, tínhamos esta noção, e depois fomo-la abandonando, talvez com receio e vergonha de não escrever suficientemente bem.
Mas é a escrever (e a ler, claro) que se aprende a escrever - e sobretudo o prazer que daí se pode tirar.
Eu assumo aqui claramente (claro!): quando estou mais deprimida ou ansiosa, ponho-me a escrever. Acreditem que faz muito bem.
E já agora leiam as outras sugestões do site. A número 5 também é boa :)))
http://www.youbeauty.com/mind/come-on-get-happy-happiness-tips?page=2
Os efeitos benéficos da escrita são bem conhecidos entre os escritores. Chamem-lhe catarse ou simplesmente sistematização de ideias, faz bem escrever.
As coisas adquirem uma outra dimensão, é mais fácil lidar com elas, às vezes até se vai buscar um senso de humor que julgávamos perdido.
O curioso é que muitos de nós, quando adolescentes, tínhamos esta noção, e depois fomo-la abandonando, talvez com receio e vergonha de não escrever suficientemente bem.
Mas é a escrever (e a ler, claro) que se aprende a escrever - e sobretudo o prazer que daí se pode tirar.
Eu assumo aqui claramente (claro!): quando estou mais deprimida ou ansiosa, ponho-me a escrever. Acreditem que faz muito bem.
E já agora leiam as outras sugestões do site. A número 5 também é boa :)))
http://www.youbeauty.com/mind/come-on-get-happy-happiness-tips?page=2
MICROTEATRO
Para quem tem pouco tempo, aqui fica a sugestão cultural do Teatro Rápido que me parece bastante interessante e inovadora. Espetáculos de improvisação, exposições e o conceito de microteatro, em que o público é "apanhado no meio da acção, partilhando sensações com os personagens que lhe são apresentados". Uma excelente alternativa em época de crise financeira e de disponibilidade de tempo.
http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2450128
http://teatrorapido.blogspot.pt/
http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2450128
http://teatrorapido.blogspot.pt/
quarta-feira, julho 18, 2012
Esperança no futuro
Na última edição de 'Janela discreta', na Antena 1 - que pode ouvir na íntegra em http://www.rtp.pt/programa/radio/p5257/c87543 -, Carlos Amaral Dias à conversa com Margarida Mercês de Mello parte da reflexão acerca da anestesia e dor, a propósito de um livro recentemente lançado sobre o tema, afirmando:
“Crescer dar dor, não crescer dá dor (do ponto de
vista mental). Agora escolha a dor que quer”.
A tendência para nos anestesiarmos do mundo ou, por outras palavras, para nos alienarmos, encontra suporte numa "sociedade química ou
fármaco-excessiva", que favorece a fantasia de tudo ser resolúvel através do consumo de
substâncias.
No plano identitário dos portugueses, e dando como exemplo alguns acontecimentos recentes, para Amaral Dias é evidente a maior resignação dos portugueses, comparativamente aos espanhóis ou aos gregos.
Guerra Junqueiro, há mais de um século falava assim de Portugal e dos portugueses:
- "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
- Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
- (...)
- Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
E a resignação, que não promove o crescimento ou a mudança, é muito diferente da esperança. Muitas coisas estão a mudar no nosso tempo, visível e invisivelmente, mais lenta ou aceleradamente, como é o caso da sociedade de consumo e da abundância.
E “a esperança é absolutamente fundamental para que nós tenhamos a possibilidade de organizar a relação com os nossos desejos e o tempo necessário à realização dos nossos desejos."
E "do ponto de vista mental enquanto há esperança é que há vida", e não vice-versa, como nos diz o provérbio.
Por outro lado, se "o futuro deve manter a capacidade de dar-nos esperança", acrescento, somos nós que precisamos de desenvolver a capacidade de ter esperança no futuro, reflectindo e intervindo, manifestando-nos e apontando novas possibilidades, correndo o risco de não ser o 'português suave' ou o menino bem comportado da Europa.
terça-feira, julho 17, 2012
Facebook friends
Já não é a primeira vez que escrevo post´s acerca das novas tecnologias e sobre as suas potencialidades e/ou vieses. Hoje lembrei-me porque há relativamente poucos dias surgiu mais uma notícia que falava sobre matrimónio e facebook.
Importa lembrar que, para além das potencialidades que enceta, esta janela para o mundo encerra em si uma série de outras dificuldades; se por um lado promove amizades, namoros, divórcios, ... por outro inibe (ou pode inibir) competências sociais, o face to face, o saber conversar olhos nos olhos, o acordar ou discordar lado a lado, sem mediadores, nem protetores...
Quando observamos as coisas por este prisma, vale pensar na adolescência e nas possíveis ameaças que pode trazer.
Cada vez mais tenho assistido a queixas de pais acerca dos seus filhos e o uso do pc. Referem que só querem estar ao computador, que não saem para lado nenhum, que se relacionam pouco com os colegas, e que jamais encentam algo para sair de casa - pelo que vale pensar um pouco neste tipo de sintomas.
Há uns anos atrás assisti a uma reportagem de um sr. americano, creio que estava em Portugal a divulgar dados de um estudo sobre o hi5, ou melhor, acerca dos relacionamentos. Alguns dados por si apontados referiam que quem não tivesse 500 amigos não era considerado cool, não era socialmente aceite e era considerado desinteressante e que era alvo de alguma chacota, pois ter poucos amigos era sinal de que não era popular e de que ninguém dele gostava.
Trabalhou então junto dos jovens alterando a sua noção de amigo, referindo que a partir de um certo número (a partir dos 50) já não se poderia considerar amigo na verdadeira aceção da palavra, e que os jovens corriam muitos riscos para conseguir o objetivo de ter 500, 1000 ou 2000 amigos.
Este cartoon coloca a tónica exatamente nisso! Seremos nós menos populares se tivermos menos likes? se restringirmos a acesso às nossas questões mais privadas? se não tivermos tantos amigos?
Vale recordar que a adolescência usa e abusa (ou pode usar e abusar) de excessos para se sentir integrado, para se sentir popular, bem visto por entre os companheiros, sexy, atraente, and so one...
Não foi por acaso que há uns anos atrás surgiu uma campanha cujo mote era: "Think before you post"
Importa lembrar que, para além das potencialidades que enceta, esta janela para o mundo encerra em si uma série de outras dificuldades; se por um lado promove amizades, namoros, divórcios, ... por outro inibe (ou pode inibir) competências sociais, o face to face, o saber conversar olhos nos olhos, o acordar ou discordar lado a lado, sem mediadores, nem protetores...
Quando observamos as coisas por este prisma, vale pensar na adolescência e nas possíveis ameaças que pode trazer.
Cada vez mais tenho assistido a queixas de pais acerca dos seus filhos e o uso do pc. Referem que só querem estar ao computador, que não saem para lado nenhum, que se relacionam pouco com os colegas, e que jamais encentam algo para sair de casa - pelo que vale pensar um pouco neste tipo de sintomas.
Há uns anos atrás assisti a uma reportagem de um sr. americano, creio que estava em Portugal a divulgar dados de um estudo sobre o hi5, ou melhor, acerca dos relacionamentos. Alguns dados por si apontados referiam que quem não tivesse 500 amigos não era considerado cool, não era socialmente aceite e era considerado desinteressante e que era alvo de alguma chacota, pois ter poucos amigos era sinal de que não era popular e de que ninguém dele gostava.
Trabalhou então junto dos jovens alterando a sua noção de amigo, referindo que a partir de um certo número (a partir dos 50) já não se poderia considerar amigo na verdadeira aceção da palavra, e que os jovens corriam muitos riscos para conseguir o objetivo de ter 500, 1000 ou 2000 amigos.
Este cartoon coloca a tónica exatamente nisso! Seremos nós menos populares se tivermos menos likes? se restringirmos a acesso às nossas questões mais privadas? se não tivermos tantos amigos?
Vale recordar que a adolescência usa e abusa (ou pode usar e abusar) de excessos para se sentir integrado, para se sentir popular, bem visto por entre os companheiros, sexy, atraente, and so one...
Não foi por acaso que há uns anos atrás surgiu uma campanha cujo mote era: "Think before you post"
segunda-feira, julho 16, 2012
CASULO CÓSMICO
Explodiu uma supernova. A onda de choque atravessou o casulo cósmico.
As imagens falam por si.
(photo: NASA)
As imagens falam por si.
(photo: NASA)
sábado, julho 14, 2012
O cavalo de Turim
um filme seco que fala da seca
um filme duro que fala da dureza
um filme árido que fala da aridez
um filme desolado que fala da desolação
um filme longo que fala do tempo sempre igual
um filme sem palavras e sem cor
um filme que fala da vida que se esgota como a água num poço
sexta-feira, julho 13, 2012
MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA E INTRÍNSECA
A questão da motivação, da vontade (ou da falta dela) de fazer coisas, é um tópico que surge sempre, quer nas sessões de psicoterapia quer de coaching.
Podemos ser empurrados para as coisas, arrastados pela corrente (motivação extrínseca). Mas também podemos fazer as nossas escolhas, perceber o que de facto queremos, distinguir os valores importantes para nós do que nos é imposto de fora, agir em conformidade (motivação intrínseca). Sem acção não é possível testar os nossos objectivos.
Uma coisa é reflectir antes de agir, outra é ficar paralisado e nada fazer. A in-acção é também uma forma de acção - mas pela negativa, pela passividade.
Não será melhor fazermos as nossas escolhas e agir, antes que outros nos obriguem, como quando éramos crianças?
Podemos ser empurrados para as coisas, arrastados pela corrente (motivação extrínseca). Mas também podemos fazer as nossas escolhas, perceber o que de facto queremos, distinguir os valores importantes para nós do que nos é imposto de fora, agir em conformidade (motivação intrínseca). Sem acção não é possível testar os nossos objectivos.
Uma coisa é reflectir antes de agir, outra é ficar paralisado e nada fazer. A in-acção é também uma forma de acção - mas pela negativa, pela passividade.
Não será melhor fazermos as nossas escolhas e agir, antes que outros nos obriguem, como quando éramos crianças?
mente sana in corpore sano
terça-feira, julho 10, 2012
PARENTALIDADE E DIFICULDADES NA RELAÇÃO PRECOCE
Ao nascer, o bebé está muito centrado no próprio corpo, nas
informações que os sentidos lhe dão, sobretudo a partir do toque e da voz da
mãe. Há nesta altura uma espécie de indissociação, em que mãe e bebé funcionam
quase como um só. Numa relação precoce saudável, a mãe responderá de forma
ajustada às necessidades do bebé, alimentando, acalmando, estimulando
suavemente e dando segurança para que o bebé se torne num ser individualizado,
apesar das necessidades parentais de que necessitará ainda durante muito tempo.
Em alguns casos, esta relação não decorre exatamente assim.
Mães com fragilidades emocionais graves, poderão não ter disponibilidade afetiva
suficiente para serem sensíveis às necessidades e aos ritmos do bebé. Podem
falhar na supressão das necessidades mais básicas e também no grau de
estimulação. Por vezes podem ter um registo que oscila entre o afastamento e a
relação sufocante. Se o bebé é sobre-estimulado numa altura em que precisa de
ser acalmado, acaba por mobilizar mecanismos que o ajudam a defender-se da
sobrecarga, nomeadamente “desligando”. Se quando necessita de resposta
(emocional, fisiológica), esta não surge, a ausência e a sensação de desamparo
desencadeiam igualmente mecanismos de defesa. Quando a mãe se afasta, o
sentimento de abandono é grande e ânsia de conforto, maior ainda. Quando a mãe
sufoca, não só é demasiado suportar a proximidade excessiva, como o sentimento
de que a qualquer momento a mãe se vai voltar a afastar obriga a um novo
(des)ajustamento por parte da criança.
E assim esta criança, que mais tarde
será adulta, poderá aprender que as
relações não são seguras nem previsíveis. Se por um lado a relação nunca
preenche suficientemente o vazio, por outro lado a proximidade e o afeto podem
tornar-se demasiado assustadores, pelo medo da dependência e da perda, aspetos
que poderão instalar-se de tal forma que condicionarão os vários tipos de
relacionamento.
Daí que o papel do pai seja extremamente importante para o
equilíbrio e para a possibilidade de estabelecer uma relação mais segura e
previsível. Por outro lado, do mesmo modo que os pais consultam o pediatra em
etapas fundamentais do desenvolvimento, defendo a importância da observação
psicológica nos mesmos moldes. A avaliação da relação pais-bebé nas etapas mais
precoces do desenvolvimento emocional é essencial para a prevenção e/ou o
despiste de situações potencialmente comprometedoras da construção de bases
sólidas da personalidade e da saúde mental. Ao mesmo tempo, será um espaço onde
os pais podem partilhar as suas angústias, os seus receios, as suas alegrias e
as suas expetativas em relação ao bebé, mas também no que respeita às
alterações na dinâmica do casal e nos papéis de cada um.
BLOGAR COM MAIS FACILIDADE
Foto: NASA
Descobri uma nova aplicação que permite postar com mais alguma facilidade a partir do iPad. Talvez agora até consiga pôr fotografias. Vou fazer a experiência.
Esta é duma estrela moribunda, a U CAM. De vez em quando (de mil em mil anos...) expele uma bolha de gás. Não sei para quando será o estertor final. Mas vai levar muito tempo até morrer. Já cá nao estaremos. Refiro-me à humanidade.
sexta-feira, julho 06, 2012
Escala e escalada - lutando para manter os pés assentes na terra
Os avanços tecnológicos estão a criar autênticas
revoluções a nível da relação espaço-tempo nas nossas sociedades ocidentais
globalizadas (ver post sobre artigo de Michel Serres para mais informação sobre
o tema). Parece que quase tudo na vida se tem vindo a tornar fácil e imediato:
o adiamento da frustração, assim como, os limites à gratificação associados ao
modo ”ter” (por contraste ao “ser”), tendem a esbater-se. A nível da vivência
subjetiva do tempo passamos a ter tendência a viver desfazados do “tempo da
realidade” – o tempo presente, onde o principal e o verdadeiro acontece.
Passa-se pois a viver no passado, por exemplo, na busca contínua e repetitiva
do experienciado gratificante e seguro, mas também num futuro, promessa
megalómana da realização dos nossos sonhos (os Bancos são os nossos gurus a
esse nível!).
E com tudo isto o presente estreita-se e fica vazio,
cada vez mais vazio. É preciso preenchê-lo com sensações e experiências excitantes
e alienantes (das realidades virtuais, dos reality shows, da vida dos heróis e
ídolos da nação...): é a substituição do espaço-tempo da realidade próxima que
nos cerca, por várias outras que, quando acabam, saem de cena abruptamente
deixando um vácuo no seu lugar.
O “ter” é cada vez mais possível e, por isso
mesmo, tem tomado cada vez mais o lugar compensatório do “ser”, em défice – é
que a facilidade e conforto de vida não podem nem compensam nunca a experiência
irredutível da relação humana e dos vínculos humanizantes que a caracteriza no
seu melhor. A este nível são os por-menores que alimentam o “ser”, momento a
momento; é a entoação ternurenta e altruista de uma palavra banal, um gesto
atento mas totalmente gratuito ou um cliché pronunciado com todo o coração. É
pois numa relação sanígena, de dádiva, reconhecimento e valorização que o vazio
pode ser preenchido com vitalidade, entusiasmo e amor, dispensadores da busca
angustiada de um sentido da vida.
É também esta a lógica da relação terapêutica: a
atenção aos detalhes e aos processos emocionais, que muitas vezes passam
despercebidos, por serem automáticos, ficando ofuscados pelos “por-maiores”
sensacionalistas das nossas vidas...
A impaciência terapêutica e a resistência das famílias?
Enquanto psicóloga e terapeuta familiar e de casal, tenho ouvido frequentemente falar de resistência das famílias, resistência dos pacientes, termo que penso ter sido banalizado e mal utilizado, muitas vezes para justificar a impaciência dos terapeutas. Porém, quando Freud inventou esta noção referia-se a mecanismos inconscientes.
A este propósito, concordo com Ausloos, terapeuta familiar, ao referir que isto nos leva a entender as nossas teorias como dogmas, a crer que as nossas soluções é que são boas, impedindo que as famílias encontrem as suas auto-soluções.
Serão os pacientes e famílias resistentes, ou serão prudentes e têm razão para o ser? Parecem existir famílias prudentes porque estão ressentidas e têm necessidade de tempo para experimentar, avaliar, para encontrarem as suas auto-soluções. Estaremos nós a ser incapazes de ver o potencial evolutivo, a não saber esperar, a não respeitar o movimento intrínseco e a sua dinâmica autónoma?
Talvez os pacientes e as famílias tenham sim... necessidade de tempo...
sábado, junho 30, 2012
Frase do(de) (um outro) dia
Se estás
aflito por alguma coisa externa, não é ela que te perturba, mas o juízo que
dela fazes. E está em teu poder dissipar esse juízo. Mas se a dor provém da tua
disposição interior, quem te impede de a corrigir? E se sofres particularmente
por não estares a fazer algo que te parece certo, por que não ages, em vez de
te lamentares? Um obstáculo insuperável te o impede? Não te aflijas, então,
pois a causa de não o estares a fazer não depende de ti. Não vale a pena viver
se não o puderes fazer? Parte, então, desta vida satisfeito, como partirias se
tivesses logrado êxito no que pretendias fazer, mas sem cólera contra o que se
te opôs.
Marco Aurélio (Imperador Romano), in 'A Fortaleza Interior', há 2000 anos
Marco Aurélio (Imperador Romano), in 'A Fortaleza Interior', há 2000 anos
quinta-feira, junho 28, 2012
Toda a Criança
"Toda a criança, para um desenvolvimento afectivo normal, precisa de amor, consideração e apreço. Lá, onde ficaram carências precoces ou perdas infantis, fica também um prognóstico sombrio - uma patogenicidade marcada."
António Coimbra de Matos
terça-feira, junho 26, 2012
A VIDA SECRETA DO CÉREBRO
Aqui fica um fantástico compacto de documentários sobre os mistérios do cérebro, percorrendo as suas especificidades ao longo da vida:
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