quarta-feira, agosto 16, 2006

Psicologia Clínica

Definir de forma clara o âmbito e as especificidades da psicologia clínica não é fácil.

A Psicologia Clínica é uma especialidade da Psicologia Geral relativamente recente, só em 1947 é que foi constituída uma comissão da APA com o intuito de pensar a psicologia clínica como uma área autónoma. (American Psychological Association).

Sob o termo “psicologia clínica” escondem-se vários sentidos distintos. É, por um lado, uma actividade prática com um método próprio (o método clínico e o estudo de caso) e, por outro, um conjunto de conhecimentos (um corpus teórico) próprios, mas intimamente dependente de outros ramos da psicologia, como sejam a Psicologia Cognitiva, a Psicanálise, a Psicopatologia, etc.

A psicologia clínica e os outros ramos da psicologia entrecruzam-se, apesar de serem claramente distintos entre si. A psicologia clínica faz uso da psicopatologia, da psicanálise, da psicologia cognitiva, da psicologia experimental entre outras, e com o uso particular que faz desses conhecimentos, contribui para que essas diferentes modalidades cresçam enquanto corpus de conhecimento separados. Contudo, a psicologia clínica não se restringe a nenhum destes campos, ela investiga o normal e o patológico, o consciente e o inconsciente, faz uso de técnicas subjectivas e objectivas.

Psicologia Clínica define-se pela especificidade do seu domínio e método, que é clínico. Por método clínico entende-se o conjunto de técnicas utilizadas no quadro da prática dos clínicos, que visam produzir informação concreta sobre a pessoa ou situação que põe um problema e/ou revela a existência de sofrimento. O trabalho do psicólogo clínico tem como objecto o indivíduo, o seu psiquismo, pelo que o estudo de caso é um método privilegiado.

Jean-louis Pedinielli
no seu livro Introdução à psicologia Clínica define da seguinte forma o método clínico:

“O método clínico insere-se numa actividade prática que visa o reconhecimento e a nominação de certos estados, aptidões e comportamentos, com a finalidade de propor uma terapêutica (psicoterapia, por exemplo), uma medida de ordem social ou educativa, ou uma forma de conselho que permita uma modificação positiva do indivíduo. Ela procura criar uma situação, com um fraco grau de constrangimento, tendo em vista a recolha de informações que ela deseja que seja a mais ampla e o menos artificial possível, deixando ao sujeito a possibilidade de expressão. A especificidade deste método reside no facto de recusar isolar estas informações e tentar agrupá-las, inserindo-as na dinâmica individual.”

Parece-me uma definição bastante interessante.

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