domingo, março 31, 2013

O drama do desemprego. Parte V


Num país onde a taxa de desemprego está quase em 20% (há pior, como a Espanha e a Grécia), a questão da idade para quem está à procura de emprego põe-se de forma particularmente aguda. Mesmo a nível dos empregos em part-time, estes são raros em Portugal e as pessoas com mais de quarenta e muitos, cinquenta anos, têm dificuldade em encontrá-los.

Há cerca de dez anos, a Alemanha viu-se a braços com um défice muito superior ao desejado. Já ninguém se lembra, mas foi assim. A absorção da Alemanha Oriental, na sequência da queda do Muro de Berlim em 1989, foi complicada. Os alemães ocidentais tiveram de acomodar uma redução de salários, concertada com os sindicatos. É provável que o esforço que fizeram na altura contribua para serem agora tão intolerantes para com os países do Sul.

Uma das saídas para o problema do emprego foi, além da redução dos salários, a criação de empregos em part-time. Mal pagos, mas que vieram reduzir os números do desemprego.

Na situação em que Portugal se encontra, esta poderia ser uma saída. É doloroso aceitar isto, mas seja qual for a saída, o empobrecimento geral espera-nos. Já está a acontecer. É nisso que se traduz a queda no PIB. Cada vez teremos menos dinheiro. Cada vez teremos de ser mais selectivos nos gastos. Cada vez será mais importante saber gastar no que realmente é importante para a nossa qualidade de vida.

O nosso país sofre de distorções bizarras. Sabiam que a percentagem de casa própria é superior à da Alemanha? Parece uma coisa boa, mas não sei se é, no fundo. Reduz a mobilidade das pessoas, porque as amarra a uma hipoteca e a uma localização.

Voltando à questão da idade, não há idade para se exercer uma profissão (excepto, claro, as que exijam uma forma física própria de um jovem). Numa época em que a esperança de vida ultrapassa os 80 anos, podem ter-se várias profissões ao longo da vida. O que nos deveria preocupar ainda mais, talvez, é o que iremos fazer a partir do momento em que já não possamos trabalhar e tenhamos despesas crescentes de saúde. Mas voltarei a esse assunto.

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