sábado, julho 26, 2014
Palavras e imagens 3
quinta-feira, julho 24, 2014
Nomofobia
Medo de viver sem telemóveis está a transformar-se
numa patologia
Novo medo afecta cerca de 66% dos jovens adultos
domingo, julho 20, 2014
Mais uma vez a questão da felicidade
quinta-feira, julho 17, 2014
A "ATENSÃO"
O que é estar atento? Até que ponto é importante?
Estar atento implica estar presente, consciente e disponível. Implica um estado de tranquilidade, de acalmia: um estado de "a-tensão" que permita que o sujeito não esteja distraído, ou seja, um estado em que não hajam demasiados focos de atenção a competirem (em "tensão") uns com os outros.
Estar atento implica um sentido de quietude recetiva.
Quando algo não corre como gostaríamos ou nos magoa (física e/ou psicológicamente), sofremos. O que fazer? Como lidar da melhor maneira com as dores da vida (umas breves outras crónicas)?
A este nível, as crianças ajudam-nos a perceber o que fazer: quando sofrem, o que precisam quase sempre é - sobretudo - de ATENÇÃO. Querem muitas vezes "coisas", brinquedos, prendas, dinheiro; mas o que realmente "querem" e precisam é de atenção, uma atenção que reifique/valide o valor da sua existência ("ser o centro das atenções"). Ser o centro das atenções devolve um sentido de existência plena e preciosa a quem é alvo dela. Dar atenção a uma criança que sofre, uma atenção plena e empática, é ter espaço interno para acolher as suas dores. Dar atenção às "dores" é não lutar com elas, não as rejeitar (uma vez que elas se impõem independentemente da nossa vontade); é, pelo contrário, uma espécie de rendição, aceitação em relação "ao que é" que pacifica, não as dores, mas o nosso sofrimento em relação a elas.
É pois um estado de A-TENSÃO em relação à realidade. Podemos e devemos fazê-lo connosco mesmos mas por vezes (ou muitas vezes!) a atenção de um nosso semelhante é uma preciosa ajuda.
domingo, julho 13, 2014
Palavras e imagens 1
Vi há dias um filme de Fred Schepisi, com o Clive Owen e a Juliette Binoche, cujo título é "Words and Pictures". Está traduzido em português como "Por falar de amor", um título completamente a despropósito e que desvirtua a questão essencial do filme. Sendo formalmente uma comédia romântica, o tema tem a ver com o valor e peso das palavras vs as imagens. Esta é uma questão muito importante para nós, psicoterapeutas, que trabalhamos com a palavras mas também com metáforas. Uma metáfora bem conseguida pode ser preciosa, mas por outro lado, a palavra....
Apesar da "guerra" entre a Juliette Binoche e o Clive Owen, gosto da palavra e gosta da imagem e acho que ambas podem ter grande impacto. Proponho-me postar uma ou outra a cada fim de semana.
Como "a princípio era o verbo", vou começar pela palavra:
When I was a boy of 14, my father was so ignorant I could hardly stand to have the old man around. But when I got to be 21, I was astonished at how much the old man had learned in seven years.
Mark Twain
quarta-feira, julho 09, 2014
Sigmund Freud e Carl Jung: Divergências, tensão e fim de uma relação
Originalmente Freud considerava Jung um possível sucessor que poderia vir a liderar o movimento da psicanálise no futuro. Contúdo as divergências teoricas e tensões pessoais entre ambos conduziram à deterioração da relação que mantinham, o que resultou finalmente no fim da relação por meio da célebre carta que Freud dirigiu a Jung em 1913 (na foto).
Nesta carta Freud alega ser "demonstrávelmente falso" o facto de o próprio tratar os seus seguidores como pacientes, ainda que na mesma carta Freud faça alusão à "doença" de Jung.
Citando um exerto (traduzido) desta carta, Freud diz:
"A sua alegação de que o trato que dou aos meus seguidores é de os considerar enquanto pacientes é demonstrávelmente falsa... Trata-se de uma convenção entre nós analistas o facto de nenhum de nós necessitar de se sentir envergonhado pela sua própria neurose. Contúdo, um de nós (referindo-se a Jung), que ao mesmo tempo que se comporta de forma anómala também reivindica continuamente a sua normalidade, gera entre nós margem para suspeita de que ele próprio carece de insight relativamente à sua doença. Em consonância com este facto, proponho que abandonemos completamente as nossas relações pessoais."
"Não perderei nada à luz da presente decisão", continua Freud, "pois meu único laço emocional consigo tem sido de caráter frágil - o efeito lento e cumulativo de desilusões passadas - e você tem tudo a ganhar, de acordo com o comentário que fez recentemente sobre como a sua relação ínitma com determinado homem inibia a sua liberdade científica."
Freud e Jung relacionavam-se desde 1906. As diferenças profissionais e intelectuais, tão profundas quanto mais tarde se tornaram, possivelemente não teriam por si só conduzido ao fim drástico da relação entre ambos. Os conflitos pessoais que existiam na relação entre Freud e Jung, e que facilmente os conduziam a adotar falsas atitudes e tons ambigúos entre eles, parecem ter reforçado a tendência de alienação mútua.