segunda-feira, dezembro 31, 2007
Irvin Yalom - 3 livros a ler
Tenho aproveitado os últimos dias de férias para me dedicar à leitura de alguns livros de ficção e terminei a leitura dos 3 livros publicados pela Saída de Emergência de Irvin Yalom.
Irvin Yalom é psicoterapeuta e professor “Emeritus” de psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford e escreve sobre a sua actividade profissional.
Comecei por ler Quando Nietzsche Chorou. É uma história interessante: Irvin desenrola quase todo o romance centrando-se em conversas imaginadas (mas que remetem para situações descritas nos textos de Freud e Josef Breuer) entre Breuer e Nietzsche. O romance é muito cativante, com uma escrita fácil e absorvente.
A Cura de Schopenhauer faz uso da figura do célebre filósofo e de algumas das suas ideias principais para entrelaça-las com a dinâmica do trabalho semanal da grupanalise. Neste livro o psicoterapeuta, um dos personagens do livro, expõe ao leitor os seus “dramas” pessoais, as suas dúvidas, incertezas e a forma como ele próprio tenta lidar com a consciência de que vai morrer dentro de um ano (no inicio do livro é-lhe diagnosticado um tumor) e como se prepara para esse momento.
Por último em Mentiras no Divã, Irvin vai ainda mais longe e mostra como os psicoterapeutas e os psicanalistas são acima de tudo pessoas que se defrontam, como qualquer outras, com sentimentos de ciúme, inveja e ganância. Neste, mais do que nos outros romances, observa-se a exposição do psicoterapeuta/psicanalista enquanto pessoa e a alternância de papéis entre pacientes e psicanalistas. A mensagem que se destaca com mais impacto (pelo menos para mim) é a de que o psicanalista tem que estar atento para não deixar que a sua criatividade e autenticidade seja esmagada pelo peso do trabalho solitário e pela pressão do grupo de colegas de referência.
Recomendo vivamente a leitura de todos eles!
quinta-feira, dezembro 27, 2007
quarta-feira, dezembro 26, 2007
Peritos em Psicanálise Aplicada debateram os aspectos clínicos, sociais e culturais das manias, numas jornadas em Santiago de Compostela.
As manias são necessárias ao desenvolvimento normal do indivíduo já que geram “prazer e evasão da dor” e, por conseguinte só podem chegar a ser “muito danosas” se degenerarem numa patologia clínica, segundo psicólogos. Um dos peritos abordou “Ler Dom Quixote como cura”, já que tal como explicou Blanca Martínez, uma das psicólogas do comité organizador, este personagem literário reflecte de “forma brilhante algo que todos nós temos cá dentro”. Assim, argumentou que em cada indivíduo está presente o desejo e idealização da realidade que representa o cavaleiro da triste figura, para além de que também “os pés na terra” de Sancho, “ainda que no fundo todos nós quiséssemos ser Dom Quixote”.
Deste modo, outra das coordenadoras Maria da Cruz Cabada frisou que a mania é necessária ao desenvolvimento normal do indivíduo e a sua degeneração em patologia é uma questão de grau e intensidade da mesma.
O presidente de Gradiva, Eugénio Cornide, destacou que “o problema é que o facto de ser um dom ou gerar criatividade não é garantia de saúde”, enfatizando que a sua derivação em transtornos clínicos pode assumir as formas de bipolares ou de depressões, conjuntamente com estados latentes de excessiva de euforia com sentimentos de “grandiosidade”; hiperactividade; ou hipersexualidade, sendo que é imprescindível o recurso à farmacologia e psicoterapia para tratar os mesmos.
De qualquer das formas, estes peritos frisaram que as manias correspondem “à busca de prazer e do evitar da dor, que está presente em todos nós”, salientou Carnide. Deste modo, a psicóloga Maria da Cruz Cabada destacou o facto de que pode chegar a evitar suicídios pela ajuda e escape que proporcionam em momentos de intensa dor.
FONTE: EFE
Publicado em 16 de Novembro de 2007.
Deste modo, outra das coordenadoras Maria da Cruz Cabada frisou que a mania é necessária ao desenvolvimento normal do indivíduo e a sua degeneração em patologia é uma questão de grau e intensidade da mesma.
O presidente de Gradiva, Eugénio Cornide, destacou que “o problema é que o facto de ser um dom ou gerar criatividade não é garantia de saúde”, enfatizando que a sua derivação em transtornos clínicos pode assumir as formas de bipolares ou de depressões, conjuntamente com estados latentes de excessiva de euforia com sentimentos de “grandiosidade”; hiperactividade; ou hipersexualidade, sendo que é imprescindível o recurso à farmacologia e psicoterapia para tratar os mesmos.
De qualquer das formas, estes peritos frisaram que as manias correspondem “à busca de prazer e do evitar da dor, que está presente em todos nós”, salientou Carnide. Deste modo, a psicóloga Maria da Cruz Cabada destacou o facto de que pode chegar a evitar suicídios pela ajuda e escape que proporcionam em momentos de intensa dor.
FONTE: EFE
Publicado em 16 de Novembro de 2007.
Picture by Picasso.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
medo
O medo de voltar a sentir o medo que não se pode dizer nem chorar nem falar, nem lágrimas, nem palavras de dizer.
A guerra onde tudo se pode perder. Violência de mortes morridas muitas vezes.
O mundo acaba. Acaba sempre que pontes ficam sem lados norte e sul de pontes.
Momentos em que o medo e a raiva e o medo e a raiva, e a fúria, de gritar e não poder.E não saber e não poder.
O mundo acaba ali. De cada vez que a vez era uma vez de ser agora.
E nessa vez de fim de mundo - que só pode haver uma, mas muitas a prenunciavam - e de noite, num frio que é choro sozinho, de ninguém poder ouvir, uma mão fechada, outra mão fechada, pede e chora e pede e sente que tudo tem que ser mais.
E pede e chora e sente, que alguma coisa, alguém, surja e..... medo, silêncio, a noite que é a hora que os olhos cegam de tanto sentir dor, e pede e chora e sente, e fala todas as línguas que são línguas do mundo mas ninguém ouve, ninguém pode ouvir.
É silêncio de que se fala. É silêncio de ninguém vir, nem ver, nem nada.
O choro e o silêncio que pede.
E o olhar muito aberto na noite, que escurece mais ainda o que sempre será.
Vem, venham.
A guerra onde tudo se pode perder. Violência de mortes morridas muitas vezes.
O mundo acaba. Acaba sempre que pontes ficam sem lados norte e sul de pontes.
Momentos em que o medo e a raiva e o medo e a raiva, e a fúria, de gritar e não poder.E não saber e não poder.
O mundo acaba ali. De cada vez que a vez era uma vez de ser agora.
E nessa vez de fim de mundo - que só pode haver uma, mas muitas a prenunciavam - e de noite, num frio que é choro sozinho, de ninguém poder ouvir, uma mão fechada, outra mão fechada, pede e chora e pede e sente que tudo tem que ser mais.
E pede e chora e sente, que alguma coisa, alguém, surja e..... medo, silêncio, a noite que é a hora que os olhos cegam de tanto sentir dor, e pede e chora e sente, e fala todas as línguas que são línguas do mundo mas ninguém ouve, ninguém pode ouvir.
É silêncio de que se fala. É silêncio de ninguém vir, nem ver, nem nada.
O choro e o silêncio que pede.
E o olhar muito aberto na noite, que escurece mais ainda o que sempre será.
Vem, venham.
sexta-feira, dezembro 07, 2007
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Gente
Há gente que fica em nós, há gente que nos cobre e enche.
Há gente que nos inunda pelo que sentimos, pela ilusão que nos permite o respirar dos dias em nós.
Há gente que nos liga ao desejo de estar, poder, continuar, saudades, vem, vou, sim, espera. Lembrança que dói e faz sorrir, gente que fica em nós. Poder, continuar, sentir, estar com. Saudade.
Gente que nos olhou com os olhos mais doces e mais ternos. Gente que é braços quando pouco mais há a fazer.
Gente que é chão. Gente que se sente na saudade. Estar com. Doce. Não vou esquecer.
Percorro o labirinto que construo e perco-me, perco-me nas perdas que me vão consumindo.
Sei que há gente. Gente que é chão. Braços que me tomam. Gente que é chão em mim.
Há gente que nos inunda pelo que sentimos, pela ilusão que nos permite o respirar dos dias em nós.
Há gente que nos liga ao desejo de estar, poder, continuar, saudades, vem, vou, sim, espera. Lembrança que dói e faz sorrir, gente que fica em nós. Poder, continuar, sentir, estar com. Saudade.
Gente que nos olhou com os olhos mais doces e mais ternos. Gente que é braços quando pouco mais há a fazer.
Gente que é chão. Gente que se sente na saudade. Estar com. Doce. Não vou esquecer.
Percorro o labirinto que construo e perco-me, perco-me nas perdas que me vão consumindo.
Sei que há gente. Gente que é chão. Braços que me tomam. Gente que é chão em mim.
terça-feira, dezembro 04, 2007
Pequenos Grandes Consumidores
“Ocupar-se dos filhos não implica a quantidade de tempo. A qualidade da comunicação compensa a escassez de quantidade” (A. Naouri).
Estudo refere que apenas 6% dos pais portugueses brincam diariamente com os seus filhos, colocando assim Portugal no fim da tabela dos países da europa (fonte: telejornal).
Numa época onde a mulher, com a sua integração no mundo laboral, reduziu o tempo de dedicação aos filhos e onde o homem teve de envolver-se na educação dos mesmos, a quantidade e a qualidade de tempo privilegiado nas relações entre pais e filhos – momentos de brincadeira - está longe de ser o desejável.
A troca de tempo e de atenção dos pais por prendas e caprichos dá-nos algumas chaves sobre crianças que estam sempre a pedir coisas materiais.
Se acrescentar-mos a isto a televisão, que cumpre muito frequentemente as funções de companheira durante horas, e dos os anúncios que procuram astuciosamete seduzir as crianças de modo a que estas acabam por acreditar que têm necessidade de ter os objectos anunciados, teremos um panorama completo sobre as causas do consumismo infantil.
Os pais cobrem essas necessidades irreais e, na verdade, acabam por contribuir para transmitir a ideia de utilizar os outros como meio de alcançar os seus fins. Não se está a procurar a correcta socialização da criança.
Para “não traumatizar”, os pais não introduzem o “não” na linguagem dos filhos. É importante que desde uma fase precoce, as crianças sejam acostumadas a não terem tudo o que pedem, mesmo que economicamente seja possível. As crianças devem avaliar as coisas, aprender a esperar, a desejar o que querem, a esforçar-se para conseguir o que anseiam, e, a não ficarem frustradas quando não podem obtê-lo. De outro modo, começam a não dar volta as coisas e acabam por desvalorizar as pessoas.
A sociedade consumista não ajuda a criança a frustrar a sua omnipotência infantil, mas alimenta-a com a sua oferta para cobrir as suas necessidades e desejos, a ser possivel de maneira imediata. As crianças não estão a aprender a esperar para atinguir um objectivo, o que querem têm de obtê-lo “já”, no momento.
Hoje, os quartos das crianças estão repletos dos mais recentes brinquedos. Não se deve mergulhar as crianças em brinquedos, porque, além de as tornar incapazes de apreciar o valor de cada um, proporcionamos-lhe ansiedade e a interiorização de um premanente consumo.
O melhor dos brinquedos são pais disponíveis para brincar, amigos, um lugar para poder brincar com plasticina ou tintas sem medo de sujar.
Numa época em que o Natal se avizinha, e onde se verifica o “corre corre” dos pais e familiares junto das lojas de brinquedos em busca da satisfação dos intermináveis pedidos na carta ao Pai Natal, é importante reforçar que não se deve comprar complusivamente, nem deixar-se guiar unicamente pelas crianças, pois estas sofrem a pressão da publicidade. Por isso, é necessário moderá-las, pôr-lhes limites, fazê-las compreender.
É muito positivo fazê-las saber que há outras crianças que não têm brinquedos, como forma de semear a semente da solidariedade e de erradicar o egoísmo precoce.
A actividade lúdica é fundamental para o desenvolvimento global da criança. Os adultos têm de deixar que brinquem como querem e dotá-las, isso sim, de um ambiente seguro, e de amor.
O tempo e o carrinho não podem ser substituidos por nada.
Estudo refere que apenas 6% dos pais portugueses brincam diariamente com os seus filhos, colocando assim Portugal no fim da tabela dos países da europa (fonte: telejornal).
Numa época onde a mulher, com a sua integração no mundo laboral, reduziu o tempo de dedicação aos filhos e onde o homem teve de envolver-se na educação dos mesmos, a quantidade e a qualidade de tempo privilegiado nas relações entre pais e filhos – momentos de brincadeira - está longe de ser o desejável.
A troca de tempo e de atenção dos pais por prendas e caprichos dá-nos algumas chaves sobre crianças que estam sempre a pedir coisas materiais.
Se acrescentar-mos a isto a televisão, que cumpre muito frequentemente as funções de companheira durante horas, e dos os anúncios que procuram astuciosamete seduzir as crianças de modo a que estas acabam por acreditar que têm necessidade de ter os objectos anunciados, teremos um panorama completo sobre as causas do consumismo infantil.
Os pais cobrem essas necessidades irreais e, na verdade, acabam por contribuir para transmitir a ideia de utilizar os outros como meio de alcançar os seus fins. Não se está a procurar a correcta socialização da criança.
Para “não traumatizar”, os pais não introduzem o “não” na linguagem dos filhos. É importante que desde uma fase precoce, as crianças sejam acostumadas a não terem tudo o que pedem, mesmo que economicamente seja possível. As crianças devem avaliar as coisas, aprender a esperar, a desejar o que querem, a esforçar-se para conseguir o que anseiam, e, a não ficarem frustradas quando não podem obtê-lo. De outro modo, começam a não dar volta as coisas e acabam por desvalorizar as pessoas.
A sociedade consumista não ajuda a criança a frustrar a sua omnipotência infantil, mas alimenta-a com a sua oferta para cobrir as suas necessidades e desejos, a ser possivel de maneira imediata. As crianças não estão a aprender a esperar para atinguir um objectivo, o que querem têm de obtê-lo “já”, no momento.
Hoje, os quartos das crianças estão repletos dos mais recentes brinquedos. Não se deve mergulhar as crianças em brinquedos, porque, além de as tornar incapazes de apreciar o valor de cada um, proporcionamos-lhe ansiedade e a interiorização de um premanente consumo.
O melhor dos brinquedos são pais disponíveis para brincar, amigos, um lugar para poder brincar com plasticina ou tintas sem medo de sujar.
Numa época em que o Natal se avizinha, e onde se verifica o “corre corre” dos pais e familiares junto das lojas de brinquedos em busca da satisfação dos intermináveis pedidos na carta ao Pai Natal, é importante reforçar que não se deve comprar complusivamente, nem deixar-se guiar unicamente pelas crianças, pois estas sofrem a pressão da publicidade. Por isso, é necessário moderá-las, pôr-lhes limites, fazê-las compreender.
É muito positivo fazê-las saber que há outras crianças que não têm brinquedos, como forma de semear a semente da solidariedade e de erradicar o egoísmo precoce.
A actividade lúdica é fundamental para o desenvolvimento global da criança. Os adultos têm de deixar que brinquem como querem e dotá-las, isso sim, de um ambiente seguro, e de amor.
O tempo e o carrinho não podem ser substituidos por nada.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Vicissitudes da análise
Um leitor do Salpicos, Eduardo, enviou-nos um post muito interessante e o qual passo a transcrever:
Um sociólogo muito interessado em questões pós-modernas, Zygmunt Baumann (traduzido já entre nós), terá um dia afirmado que «os cientistas sociais não resolvem os problemas, cansam-se deles». Seja ou não verdade a afirmação, e a sua paternidade, ela foca um problema real, comum à psicanálise e às ciências sociais, de que pelo menos certos ramos da psicologia fazem parte: quando os problemas constantemente se renovam e a possibilidade de uma solução total e definitiva parece excluída, como é o caso dos problemas sociais (incluindo os individuais), ficamos perante uma alternativa sombria – a simples desistência da análise ou a medicamentação (uma outra forma de desistência, aliás). É um cenário também ele de ir às lágrimas, para evocar o tema de um post que causou aqui, recentemente, alguma controvérsia.
O que fazer quando nos sentimos cansados da análise interminável, mesmo quando terminada? A pergunta pode não ter resposta, mas terá interesse mesmo para não freudianos, suponho.
Obrigado, Eduardo.
Um sociólogo muito interessado em questões pós-modernas, Zygmunt Baumann (traduzido já entre nós), terá um dia afirmado que «os cientistas sociais não resolvem os problemas, cansam-se deles». Seja ou não verdade a afirmação, e a sua paternidade, ela foca um problema real, comum à psicanálise e às ciências sociais, de que pelo menos certos ramos da psicologia fazem parte: quando os problemas constantemente se renovam e a possibilidade de uma solução total e definitiva parece excluída, como é o caso dos problemas sociais (incluindo os individuais), ficamos perante uma alternativa sombria – a simples desistência da análise ou a medicamentação (uma outra forma de desistência, aliás). É um cenário também ele de ir às lágrimas, para evocar o tema de um post que causou aqui, recentemente, alguma controvérsia.
O que fazer quando nos sentimos cansados da análise interminável, mesmo quando terminada? A pergunta pode não ter resposta, mas terá interesse mesmo para não freudianos, suponho.
Obrigado, Eduardo.
domingo, dezembro 02, 2007
Desporto na prevenção da toxicodependência
Todos sabemos os benefícios da prática desportiva, sobretudo em adolescentes, mas porque surge ultimamente o desporto associado às campanhas de prevenção para a toxicodependência?
Interessa antes de mais pensarmos como a pratica do desporto e o consumo de drogas expressam formas tão distintas de nos relacionarmos connosco próprios e com o nosso corpo. Enquanto o desporto está sempre associado a uma atitude de construção, desenvolvimento, crescimento, o consumo das drogas espelha uma atitude de autodestruição, uma postura tóxica e corrosiva para a nossa saúde e desenvolvimento.
Tem existido nos últimos anos um esforço por parte dos governos, da sociedade e dos média no esclarecimento acerca desta realidade, e todos sabemos hoje, muito mais e melhor do que há uns anos, os malefícios dos consumos de droga e as consequências reais da dependência de drogas. Importa então saber o que leva os jovens de hoje – informados e esclarecidos -, a consumirem drogas?
Interessa antes de mais pensarmos como a pratica do desporto e o consumo de drogas expressam formas tão distintas de nos relacionarmos connosco próprios e com o nosso corpo. Enquanto o desporto está sempre associado a uma atitude de construção, desenvolvimento, crescimento, o consumo das drogas espelha uma atitude de autodestruição, uma postura tóxica e corrosiva para a nossa saúde e desenvolvimento.
Tem existido nos últimos anos um esforço por parte dos governos, da sociedade e dos média no esclarecimento acerca desta realidade, e todos sabemos hoje, muito mais e melhor do que há uns anos, os malefícios dos consumos de droga e as consequências reais da dependência de drogas. Importa então saber o que leva os jovens de hoje – informados e esclarecidos -, a consumirem drogas?
Parece-me evidente que existem questões ambientais e sociais que o propiciam ainda hoje estes consumos, mas por outro lado há também ainda uma desresponsabilização face às consequências dos consumos continuados e das dependências.
Dizer hoje a um jovem pré-adolescente ou adolescente, que com 30 anos terá problemas devido aos consumos de substâncias tóxicas não pode ser levado em consideração porque não há por parte do jovem um verdadeiro contacto com essa realidade, nem a possibilidade de elabora-la e integra-la no seu comportamento.
Dizer hoje a um jovem pré-adolescente ou adolescente, que com 30 anos terá problemas devido aos consumos de substâncias tóxicas não pode ser levado em consideração porque não há por parte do jovem um verdadeiro contacto com essa realidade, nem a possibilidade de elabora-la e integra-la no seu comportamento.
Também por isso houve uma adaptação das campanhas no sentido de focarem aspectos que de alguma forma tocam e comunicam com os adolescentes, daí as campanhas anti tabagistas adoptarem por uma linguagem dentro da linha “fumar não é cool”.
No entanto, quando praticamos desporto, as consequências dos consumos de drogas e da adopção de comportamentos tóxicos para o nosso corpo e para a nossa saúde, ficam evidentes no imediato, torna-se factor decisivo no nosso desempenho e na prática desportiva.
O desporto exige sempre uma postura positiva para com a vida, uma vontade de chegar mais longe, de fazer melhor, e só por si, a prática desportiva promove uma maior consciência corporal, uma maior vontade de cuidarmos de nós, através da adopção de comportamentos mais respeitadores do nosso corpo e da nossa saúde.
Por outro lado, numa visão social destes aspectos, a prática desportiva oferece aos jovens a integração num grupo. Como todos sabemos os consumos de drogas são um comportamento marginal (na medida em que são recusados pela sociedade) e são também normalmente recusados dentro de um grupo desportivo, que se caracteriza essencialmente por uma postura mais saudável para com a vida.
Mesmo que um jovem tenda a enveredar por comportamentos mais disruptivos, como os consumos de drogas, o grupo, tenderá a recusar esse tipo de comportamentos, tentando anula-los ou rejeita-los.
Mesmo que um jovem tenda a enveredar por comportamentos mais disruptivos, como os consumos de drogas, o grupo, tenderá a recusar esse tipo de comportamentos, tentando anula-los ou rejeita-los.
Os consumos de drogas surgem frequentemente no seio de estruturas familiares ou sociais fragilizadas, e a inserção no grupo oferece ainda um sentimento de acolhimento, de pertença e de igualdade, restabelece a capacidade de fazer face às dificuldades próprias de um período tão turbulento como a adolescência.
Num grupo desportivo alicerçam-se ainda laços de amizade que se constituem como o suporte para a vivência e a possibilidade de ultrapassar angustias, duvidas, inseguranças e incertezas individuais.
Num grupo desportivo alicerçam-se ainda laços de amizade que se constituem como o suporte para a vivência e a possibilidade de ultrapassar angustias, duvidas, inseguranças e incertezas individuais.
A adesão e integração num grupo fazem parte de uma das mais ricas e saudáveis experiências da adolescência. A estruturação da identidade e da individuação desenvolve-se no seio de uma dinâmica grupal, através da identificação com comportamentos, ideais, hábitos de determinados grupos. O grupo desportivo oferece uma espécie estrutura social onde predominam os hábitos saudáveis e as praticas individuais em prol do esforço comum.
Ainda assim, e porque continuam a existir consumos de drogas preocupantes entre os jovens, e porque o desporto é um aliado à prevenção da toxicodependência, mas não se constitui por si só como a solução para um problema tão complexo, reforço que: Não é novidade que o consumo de drogas é prejudicial, mas para abraçarmos esta realidade temos de perceber o que faz com que os jovens informados e esclarecidos não resistam ao contacto com uma realidade distorcida e a um humor disfórico, um falso frágil e efémero estado de ânimo.
domingo, novembro 25, 2007
Forum de ansiedade/fobia social
O Fórum de Ansiedade e Fobia Social nasceu em Janeiro deste ano e é um espaço onde todas as pessoas interessadas sobre este assuntos, técnicos e não técnicos, podem abertamente falar e trocar opiniões.
Não deixe de o visitar e de se inscrever:
http://fobiasocial.forumvila.com
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quinta-feira, novembro 22, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
WORKSHOP SONHOS E PSICODRAMA JUNGIANO
No dia 24 de Novembro decorrerá o Workshop SONHOS E PSICODRAMA JUNGUIANO com Wilma Scategni (9.30H-18H).
Este Workshop, que será dirigido em Inglês (com tradução em simultâneo), consiste numa oportunidade rara de vivenciar os principais conceitos da Psicologia Analítica de Jung no que se refere ao seu desenvolvimento e à sua aplicação específica na dinâmica de um grupo. Irá ser analisada a relação entre o inconsciente pessoal e o colectivo, a relação entre os conceitos de"duplo" em psicodrama e de "sombra" em Jung, entre o conceito de "papel" e o de "arquétipo". Jung escreveu que "o Sonho é um Drama" ("the dream is a drama"), em que o sonhador é tanto o actor, como o director como ainda o espectador. Neste trabalho teremos a possibilidade de partilhar e de dramatizar os sonhos com o objectivo de explorar os personagens internos que habitam a nossa mente e a mente colectiva. O Psicodrama Junguiano permite um encontro profundo entre os membros de um grupo e criará naturalmente fortes ligações entre os participantes no workshop.
DIDATA - Prof Dra WILMA SCATEGNI
Foi psiquiatra no Serviço Nacional de Saúde Italiano, durante 15 anos. Foi directora de uma unidade de psiquiatria num hospital público. É directora de psicodrama e dirige grupos terapêuticos num hospital de dia.
Especialista em psicologia analítica e em técnicas grupais de psicodrama. Analista credenciada e Docente no C.Jung Institute, Zurique pela CIPA (Centro Italiano de Psicologia Analítica) e pela COIRAG (Confedarazione Italiana Rice Ricerca ed Analisi sui Gruppi)
Membro Fundador e da Direcção da FEPTO (Federação Europeia de Psicodrama).
Presidente da GAJAP (Group psychotherapy and psychodrama Association de base em Psicologia Junguiana)-Accredited CEU(Continuing Education Unit)em Itália e no estrangeiro.
Presidente anterior na APRAGI (Association for Research and Training in Psychotherapy and Institutional Analysis), que é membro da IAGP, (International Association of Group Psychotherapy.and Group Processes).
Directora de revista Anamorphosys-Gruppi,Psicologia analitica,Psicodramma.
Autora de muitos artigos no tema da Psicologia Analítica, Psicoterapia de Grupo, Psicodrama e de um livro traduzido em Alemão,Italiano,Espanho e Inglês: Psychodrama, group processes and dreams-Archetypal Images of Individuation-Routledge,London,April 2002
.
Investimento:
Profissionais: 100 euros
Estudantes e Sócios SPP : 80 euros
(inclui documentação e coffee breaks)
Transferência bancária através do
NIB 0033 0000 00027989933 05
(Guarde o comprovativo)
Formação reconhecida pela Sociedade Portuguesa de Psicodrama com 6 horas de crédito na formação.
Inscrições
Envie um email para maciel.manuela@gmail.com
ou telefone para 962 862 962 ou 919 400 061
(nº de inscrições limitadas)
Local : Hotel Riviera, Praça do Junqueiro, Carcavelos
(Junto à praia de Carcavelos)
Organização: Sociedade Portuguesa de Psicodrama
Coordenação: Manuela Maciel
Este Workshop, que será dirigido em Inglês (com tradução em simultâneo), consiste numa oportunidade rara de vivenciar os principais conceitos da Psicologia Analítica de Jung no que se refere ao seu desenvolvimento e à sua aplicação específica na dinâmica de um grupo. Irá ser analisada a relação entre o inconsciente pessoal e o colectivo, a relação entre os conceitos de"duplo" em psicodrama e de "sombra" em Jung, entre o conceito de "papel" e o de "arquétipo". Jung escreveu que "o Sonho é um Drama" ("the dream is a drama"), em que o sonhador é tanto o actor, como o director como ainda o espectador. Neste trabalho teremos a possibilidade de partilhar e de dramatizar os sonhos com o objectivo de explorar os personagens internos que habitam a nossa mente e a mente colectiva. O Psicodrama Junguiano permite um encontro profundo entre os membros de um grupo e criará naturalmente fortes ligações entre os participantes no workshop.
DIDATA - Prof Dra WILMA SCATEGNI
Foi psiquiatra no Serviço Nacional de Saúde Italiano, durante 15 anos. Foi directora de uma unidade de psiquiatria num hospital público. É directora de psicodrama e dirige grupos terapêuticos num hospital de dia.
Especialista em psicologia analítica e em técnicas grupais de psicodrama. Analista credenciada e Docente no C.Jung Institute, Zurique pela CIPA (Centro Italiano de Psicologia Analítica) e pela COIRAG (Confedarazione Italiana Rice Ricerca ed Analisi sui Gruppi)
Membro Fundador e da Direcção da FEPTO (Federação Europeia de Psicodrama).
Presidente da GAJAP (Group psychotherapy and psychodrama Association de base em Psicologia Junguiana)-Accredited CEU(Continuing Education Unit)em Itália e no estrangeiro.
Presidente anterior na APRAGI (Association for Research and Training in Psychotherapy and Institutional Analysis), que é membro da IAGP, (International Association of Group Psychotherapy.and Group Processes).
Directora de revista Anamorphosys-Gruppi,Psicologia analitica,Psicodramma.
Autora de muitos artigos no tema da Psicologia Analítica, Psicoterapia de Grupo, Psicodrama e de um livro traduzido em Alemão,Italiano,Espanho e Inglês: Psychodrama, group processes and dreams-Archetypal Images of Individuation-Routledge,London,April 2002
.
Investimento:
Profissionais: 100 euros
Estudantes e Sócios SPP : 80 euros
(inclui documentação e coffee breaks)
Transferência bancária através do
NIB 0033 0000 00027989933 05
(Guarde o comprovativo)
Formação reconhecida pela Sociedade Portuguesa de Psicodrama com 6 horas de crédito na formação.
Inscrições
Envie um email para maciel.manuela@gmail.com
ou telefone para 962 862 962 ou 919 400 061
(nº de inscrições limitadas)
Local : Hotel Riviera, Praça do Junqueiro, Carcavelos
(Junto à praia de Carcavelos)
Organização: Sociedade Portuguesa de Psicodrama
Coordenação: Manuela Maciel
segunda-feira, novembro 19, 2007
Pedras e Perdas
Pedras que se perdem. Perde-se nos passos que a perseguem. Pedras que a seguem na paciência de uma calçada.
Pedras que se perdem, e perdas que se ganham, que se pisam num chão que não respira.
Pisa e pensa quem a terá seguido no caminho que faz perdida de medo e sonho, num chão que não respira.
‘Não tenho coração’.
Perde-se e perde todos nos labirintos que constrói para que nada a possa alcançar.
Perde o sentido das pedras, perdas que pisa para nunca chegar a lado nenhum.
O vento leva-a, coloca-a, mergulha-a no que não sabe de sentido.
‘Não tenho coração’.
Tem um muro que se constrói num espaço esquecido de paredes e pedras que a protegem e perde-se de si.
Sombras que se revelam na luz ténue de tudo que se apaga.
Pisa perdas, pedras que a confundem, caminha na paciência das calçadas que constrói.
Olha à volta. Chão, pés descalços de frio e sujo. Um atrás do outro, ou o primeiro na frente do segundo.
Não vai a lado nenhum, num chão que não respira, que não ousa pisar.
Pensa como pisa. Pisa como pensa. Descalça, quase nada. Muros que envolvem o coração que não tem.
Perde-se nas pedras que perdem sentido.
Pedras que se perdem, e perdas que se ganham, que se pisam num chão que não respira.
Pisa e pensa quem a terá seguido no caminho que faz perdida de medo e sonho, num chão que não respira.
‘Não tenho coração’.
Perde-se e perde todos nos labirintos que constrói para que nada a possa alcançar.
Perde o sentido das pedras, perdas que pisa para nunca chegar a lado nenhum.
O vento leva-a, coloca-a, mergulha-a no que não sabe de sentido.
‘Não tenho coração’.
Tem um muro que se constrói num espaço esquecido de paredes e pedras que a protegem e perde-se de si.
Sombras que se revelam na luz ténue de tudo que se apaga.
Pisa perdas, pedras que a confundem, caminha na paciência das calçadas que constrói.
Olha à volta. Chão, pés descalços de frio e sujo. Um atrás do outro, ou o primeiro na frente do segundo.
Não vai a lado nenhum, num chão que não respira, que não ousa pisar.
Pensa como pisa. Pisa como pensa. Descalça, quase nada. Muros que envolvem o coração que não tem.
Perde-se nas pedras que perdem sentido.
sexta-feira, novembro 16, 2007
Mediação de Conflitos
Hoje, bem cedinho pela manhã, ouvi uma notícia na rádio que falava sobre mediação de conflitos na escola.
Parece que esta é uma iniciativa recente e inovadora na Damaia, numa escola de 2º e 3º ciclo. É um novo curso que está a ser ministrado em 8 alunos, dotando-os de competencias para intervir ao nível da mediação de conflitos dentro do espaço escolar. Ajudam nas filas do refeitório, nos intervalos, e noutro tipo de tarefas, sempre numa perspectiva tutorial de mediação, eliminando possíveis conflitos.
São jovens entre os 11 e os 15 anos que não são propriamente uns azes da escola, mas que podem ser canalizados para outro tipo de conhecimentos, com conteúdos mais práticos.
Não conhecia esta iniciativa, e apenas ouvi uma parte do que parecia ser uma reportagem, mas certamente vou averiguar.
Este pequeno excerto fez-me recordar muito a pedagogia de João dos Santos, onde tentava adequar as matérias às vivências dos alunos, tentando produzir iniciativa para a exploração escolar. Aqui parece-me que estamos a funcionar neste mesmo sentido, tentando que o espaço escolar ofereça a estes jovens uma oportunidade de entendimento consigo mesmos e com os outros, funcionando em prol de comportamentos mais saudáveis e estruturantes.
Porque dentro deste espaço escolar congregam-se jovens com vivencias familiares similares, com processos a correr em tribunal, uns como agressores, outros como vítimas...
Parece que esta é uma iniciativa recente e inovadora na Damaia, numa escola de 2º e 3º ciclo. É um novo curso que está a ser ministrado em 8 alunos, dotando-os de competencias para intervir ao nível da mediação de conflitos dentro do espaço escolar. Ajudam nas filas do refeitório, nos intervalos, e noutro tipo de tarefas, sempre numa perspectiva tutorial de mediação, eliminando possíveis conflitos.
São jovens entre os 11 e os 15 anos que não são propriamente uns azes da escola, mas que podem ser canalizados para outro tipo de conhecimentos, com conteúdos mais práticos.
Não conhecia esta iniciativa, e apenas ouvi uma parte do que parecia ser uma reportagem, mas certamente vou averiguar.
Este pequeno excerto fez-me recordar muito a pedagogia de João dos Santos, onde tentava adequar as matérias às vivências dos alunos, tentando produzir iniciativa para a exploração escolar. Aqui parece-me que estamos a funcionar neste mesmo sentido, tentando que o espaço escolar ofereça a estes jovens uma oportunidade de entendimento consigo mesmos e com os outros, funcionando em prol de comportamentos mais saudáveis e estruturantes.
Porque dentro deste espaço escolar congregam-se jovens com vivencias familiares similares, com processos a correr em tribunal, uns como agressores, outros como vítimas...
"Control", o filme sobre Ian Curtis.
Control" versa sobre a vida do vocalista dos Joy Division, Ian Curtis, desde os seus dias de estudante em 1973 até à véspera da 1ª tourné da banda aos EU em 1980.
O filme explora as pressões que este sentiu, desde a sua epilepsia, ao seu casamento falhado, ao seu novo amor, a uma banda que confiava no seu talento; tudo numa tentativa de explicar a sua decisão de se enforcar aos 23 anos.
O filme baseou-se na biografia de Deborah Curtis "Touching from a Distance" e foi fortemente aclamado no Festival de Cannes em Maio de 2007.
Recomenda-se pela sua densidade...
O filme explora as pressões que este sentiu, desde a sua epilepsia, ao seu casamento falhado, ao seu novo amor, a uma banda que confiava no seu talento; tudo numa tentativa de explicar a sua decisão de se enforcar aos 23 anos.
O filme baseou-se na biografia de Deborah Curtis "Touching from a Distance" e foi fortemente aclamado no Festival de Cannes em Maio de 2007.
Recomenda-se pela sua densidade...
Website oficial do filme "Control":
quarta-feira, novembro 14, 2007
Desencontro de Fantasias III
E agora?
Chegou a altura de iniciar o processo de escolarização de crianças com deficiência. Para a escola, e desde o J.I. e até mesmo antes, existem serviços de Intervenção Precoce do Ministério da Educação que destaca educadores especializados para trabalhar com os meninos com deficiência, quer em casa (antes da escolarização), quer nos jardins infantis.
Depois, para cada tipo de deficiencia accionam-se técnicos para trabalhar com as crianças promovendo o quanto mais a sua autonomia, competencias emocionais, socias, actividades diárias...
Junto dos pais podem-se fazer planos de apoio à família permitindo perceber, com esta e através desta as expectativas, anseios, dificuldades e o que esperam que a criança adquira
Mas esta fase é uma fase deveras importante e os técnicos necessitam estar envolvidos e perceber as dificuldades destas famílias, pois por vezes, criam-se guetos difíceis de ultrapassar porque parece que as partes estão a correr em sentidos opostos, mas na realidade, todos tentam percorrer o mesmo caminho, a mesma estrada, tentam afastar os mesmos obstáculos...
É importante falar, escrever, pensar sobre estas coisas, pois por vezes, é difícil perceber alguns comportamentos e atitudes. Por um lado os pais, querem, esperam e necessitm de verificar as aprendizagens que os seus filhos fizeram, e quando estas fogem ao esperado, ao que todas as outras crianças adquiriram, lá vem novamente toda a frustração que até então parecia resolvida, ultrapassada,
Aqui o importante é que estes pais aprendam a se sentir valorizados através destes filhos e que os técnicos sirvam de elo de ligação entre as dificuldades e as competências e que contenham as frustrações destes pais e que com estas e através destas possam chegar a uma metodologia de trabalho, de enriquecimento curricular, de compensação narcísica e de reencontro familiar.
Porque todo o sucesso académico, familiar, depende da motivação da criança, da família e dos técnicos envolvidos
todas estas questões, de encontros e desencontros parentais, de vivencias frustradas e compensadas aparecem bem retradas num livro de Júlia Serpa Pimentel - Um bebé diferente.
E como o conto de que vos falei, se nunca deixarmos de pensar nos encantos da Holanda, das tulipas, dos Rembrandts, nunca poderemos apreciar as delícias da Itália...
Chegou a altura de iniciar o processo de escolarização de crianças com deficiência. Para a escola, e desde o J.I. e até mesmo antes, existem serviços de Intervenção Precoce do Ministério da Educação que destaca educadores especializados para trabalhar com os meninos com deficiência, quer em casa (antes da escolarização), quer nos jardins infantis.
Depois, para cada tipo de deficiencia accionam-se técnicos para trabalhar com as crianças promovendo o quanto mais a sua autonomia, competencias emocionais, socias, actividades diárias...
Junto dos pais podem-se fazer planos de apoio à família permitindo perceber, com esta e através desta as expectativas, anseios, dificuldades e o que esperam que a criança adquira
Mas esta fase é uma fase deveras importante e os técnicos necessitam estar envolvidos e perceber as dificuldades destas famílias, pois por vezes, criam-se guetos difíceis de ultrapassar porque parece que as partes estão a correr em sentidos opostos, mas na realidade, todos tentam percorrer o mesmo caminho, a mesma estrada, tentam afastar os mesmos obstáculos...
É importante falar, escrever, pensar sobre estas coisas, pois por vezes, é difícil perceber alguns comportamentos e atitudes. Por um lado os pais, querem, esperam e necessitm de verificar as aprendizagens que os seus filhos fizeram, e quando estas fogem ao esperado, ao que todas as outras crianças adquiriram, lá vem novamente toda a frustração que até então parecia resolvida, ultrapassada,
Aqui o importante é que estes pais aprendam a se sentir valorizados através destes filhos e que os técnicos sirvam de elo de ligação entre as dificuldades e as competências e que contenham as frustrações destes pais e que com estas e através destas possam chegar a uma metodologia de trabalho, de enriquecimento curricular, de compensação narcísica e de reencontro familiar.
Porque todo o sucesso académico, familiar, depende da motivação da criança, da família e dos técnicos envolvidos
todas estas questões, de encontros e desencontros parentais, de vivencias frustradas e compensadas aparecem bem retradas num livro de Júlia Serpa Pimentel - Um bebé diferente.
E como o conto de que vos falei, se nunca deixarmos de pensar nos encantos da Holanda, das tulipas, dos Rembrandts, nunca poderemos apreciar as delícias da Itália...
terça-feira, novembro 13, 2007
Para pensar!
Seminário em Cascais - O Corpo Adolescente
Vai realizar-se no próximo dia 19 de Novembro no Centro Cultural de Cascais um seminário intitulado O CORPO ADOLESCENTE.
Após a realização do 1º Seminário do Espaço S, "Adolescência em Perspectiva", dedicado à temática da Identidade na Adolescência, o Centro de Atendimento a Adolescentes (Espaço S) sedeado no concelho de Cascais e resultado do protocolo entre a Câmara Municipal de Cascais, Centro de Saúde de Cascais e a Associação de Planeamento Familiar - APF, vem propor mais uma reflexão conjunta em torno das problemáticas relativas a esta etapa da vida.
Sabemos que as alterações corporais, causadas pela puberdade, são o primeiro sinal visível do complexo processo biopsicosocial que é a adolescência. O corpo torna-se palco de preocupações existênciais, estéticas de aceitação e de rejeição, de atenções diversas, e por vezes, até alvo de agressões que põem em risco o próprio adolescente. A funão de harmonizar corpo e mente é o desejo de todos os jovens, sendo que tal tarefa uma vez conseguida os levará à construção de uma imagem de si mais consistente.
Este 2º Seminário do Espaço S, "O Corpo Adolescente", convida todos aqueles que se interessam e trabalham junto da população juvenil a partilhar os seus saberes, questionando de forma construtiva a implementação destes na prática do dia-a-dia.
Entrada Livre - Sujeita a Inscrição Prévia
Câmara Municipal de Cascais - Divisão da Juventude - Espaço S - Av. Valbom, nº 21, 2750 - Cascais FAX.: 21 483 91 94 ou email m.fatima.andrade@cm-cascais.pt
segunda-feira, novembro 12, 2007
Desencontro de Fantasias II
Após um até amanhã com uma semana de intervalo (questões que se prendem com a linha de internet) cá me encontro para acrescentar algumas questões sobre as vivencias parentais de crianças com deficiência, sua integração na vida escolar e seu desenvolvimento.
Acho pertinente falar sobre estas questões, mais num tom reflexivo, para que todos possamos pensar naquilo que está a ser dito, aquilo que os pais experienciam, aquilo que os técnicos conhecem ou desconhecem, pedem, exigem, ripostam....
Depois da consternação, do luto, da raiva, há um despertar para as reais necessidades dos seus bebés e o que é preciso por eles fazer. Há uma caminhada longa pelos médicos, terapeutas, técnicos de várias valencias, na tentativa, de para além de encontrar a razão para a deficiencia do seu filho, dar-lhe tudo o que ele necessita.
Passa-se de hospital em hospital, de consulta em consulta, de deslocação em deslocação em deslocação, alguns dias perdidos no trabalho, umas horas a mais noutros dias para compensar...
e lá estão os pais a aprender sobre os seus filhos, acerca do que eles sabem fazer, o que adquiriram, o que tem que adquirir, os pontos mais fortes, os mais fracos, mas a constante necessidade de um diagnóstico, uma explicação real para as dificuldades do seu filho
É o trabalhar com eles nas aquisições básicas, nas rotinas do dia-a-dia, como em qualquer criança, mas aqui, o trabalho tem que ser redobrado, contínuo
Cada pai vive internamente um dilema, uma dúvida constante, será que o meu filho é capaz de realizar estas actividades? será que puxo demais por ele e ele não é capaz de responder? será que estou a fazer bem? será que estas dificuldades são temporárias? porque será que não consegue fazer estas tarefas tão simples que as outras crianças fazem?
Cada dia é um desafio, cada aquisição é uma conquista, cada passo é uma incerteza, havendo porém a certeza que este filho lhes pertence e que existe muito a fazer por ele, e que ele é capaz de lhes oferecer tanto
...
mas por vezes vem algum abatimento, alguma frustração, a incapacidade para não conseguir dar ao filho o que acham que ele necessita, a pressão do trabalho, da vida diária...
pensemos, reflictamos um pouco sobre estes aspectos, que amanhã voltarei para pensarmos/falarmos sobre a entrada no jardim infantil, e como tudo é vivido/sentido
Até amanhã
Acho pertinente falar sobre estas questões, mais num tom reflexivo, para que todos possamos pensar naquilo que está a ser dito, aquilo que os pais experienciam, aquilo que os técnicos conhecem ou desconhecem, pedem, exigem, ripostam....
Depois da consternação, do luto, da raiva, há um despertar para as reais necessidades dos seus bebés e o que é preciso por eles fazer. Há uma caminhada longa pelos médicos, terapeutas, técnicos de várias valencias, na tentativa, de para além de encontrar a razão para a deficiencia do seu filho, dar-lhe tudo o que ele necessita.
Passa-se de hospital em hospital, de consulta em consulta, de deslocação em deslocação em deslocação, alguns dias perdidos no trabalho, umas horas a mais noutros dias para compensar...
e lá estão os pais a aprender sobre os seus filhos, acerca do que eles sabem fazer, o que adquiriram, o que tem que adquirir, os pontos mais fortes, os mais fracos, mas a constante necessidade de um diagnóstico, uma explicação real para as dificuldades do seu filho
É o trabalhar com eles nas aquisições básicas, nas rotinas do dia-a-dia, como em qualquer criança, mas aqui, o trabalho tem que ser redobrado, contínuo
Cada pai vive internamente um dilema, uma dúvida constante, será que o meu filho é capaz de realizar estas actividades? será que puxo demais por ele e ele não é capaz de responder? será que estou a fazer bem? será que estas dificuldades são temporárias? porque será que não consegue fazer estas tarefas tão simples que as outras crianças fazem?
Cada dia é um desafio, cada aquisição é uma conquista, cada passo é uma incerteza, havendo porém a certeza que este filho lhes pertence e que existe muito a fazer por ele, e que ele é capaz de lhes oferecer tanto
...
mas por vezes vem algum abatimento, alguma frustração, a incapacidade para não conseguir dar ao filho o que acham que ele necessita, a pressão do trabalho, da vida diária...
pensemos, reflictamos um pouco sobre estes aspectos, que amanhã voltarei para pensarmos/falarmos sobre a entrada no jardim infantil, e como tudo é vivido/sentido
Até amanhã
sábado, novembro 10, 2007
Entrar
Sentir que tudo nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Talvez um dia possa entrar na casa com chão precário e mexer nos papéis e nas fotos que espalham e espelham a confusão de dentro.
Quem serão estas caras, estes sonhos, estes olhos, estaria frio? Frio como este que junta o corpo, faz encolher, existir pouco, para que pouco tenha frio. Ou juntar tudo que resta e ser menos, e mais quente. Papéis velhos de tanto estarem a respirar e ser pó e peso, e lixo, e coisas que querem ser lidas e vistas, e sentir que nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Dói.
Fotografias, momentos maiores que o tempo, momentos no momento maior do tempo, que tempos, momentos, medem-se no sentir. Que nada foi é dói, tudo, nada será sentir que foi. Dói.
Entrar na sala com o chão precário, com chão que existe entre o ser ainda chão e não ser mais chão. Sentir que nada será sempre, tudo foi sempre, nada é foi. Nunca será.
Talvez quando o chão cair seja mais seguro. Dói como quando só se sente, sem poder dizer.
Quem serão estas caras, estes sonhos, estes olhos, estaria frio? Frio como este que junta o corpo, faz encolher, existir pouco, para que pouco tenha frio. Ou juntar tudo que resta e ser menos, e mais quente. Papéis velhos de tanto estarem a respirar e ser pó e peso, e lixo, e coisas que querem ser lidas e vistas, e sentir que nada é foi será sentir que nada tudo é foi. Dói.
Fotografias, momentos maiores que o tempo, momentos no momento maior do tempo, que tempos, momentos, medem-se no sentir. Que nada foi é dói, tudo, nada será sentir que foi. Dói.
Entrar na sala com o chão precário, com chão que existe entre o ser ainda chão e não ser mais chão. Sentir que nada será sempre, tudo foi sempre, nada é foi. Nunca será.
Talvez quando o chão cair seja mais seguro. Dói como quando só se sente, sem poder dizer.
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