Para quem tem pouco tempo, aqui fica a sugestão cultural do Teatro Rápido que me parece bastante interessante e inovadora. Espetáculos de improvisação, exposições e o conceito de microteatro, em que o público é "apanhado no meio da acção, partilhando sensações com os personagens que lhe são apresentados". Uma excelente alternativa em época de crise financeira e de disponibilidade de tempo.
http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2450128
http://teatrorapido.blogspot.pt/
quinta-feira, julho 19, 2012
quarta-feira, julho 18, 2012
Esperança no futuro
Na última edição de 'Janela discreta', na Antena 1 - que pode ouvir na íntegra em http://www.rtp.pt/programa/radio/p5257/c87543 -, Carlos Amaral Dias à conversa com Margarida Mercês de Mello parte da reflexão acerca da anestesia e dor, a propósito de um livro recentemente lançado sobre o tema, afirmando:
“Crescer dar dor, não crescer dá dor (do ponto de
vista mental). Agora escolha a dor que quer”.
A tendência para nos anestesiarmos do mundo ou, por outras palavras, para nos alienarmos, encontra suporte numa "sociedade química ou
fármaco-excessiva", que favorece a fantasia de tudo ser resolúvel através do consumo de
substâncias.
No plano identitário dos portugueses, e dando como exemplo alguns acontecimentos recentes, para Amaral Dias é evidente a maior resignação dos portugueses, comparativamente aos espanhóis ou aos gregos.
Guerra Junqueiro, há mais de um século falava assim de Portugal e dos portugueses:
- "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
- Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
- (...)
- Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
E a resignação, que não promove o crescimento ou a mudança, é muito diferente da esperança. Muitas coisas estão a mudar no nosso tempo, visível e invisivelmente, mais lenta ou aceleradamente, como é o caso da sociedade de consumo e da abundância.
E “a esperança é absolutamente fundamental para que nós tenhamos a possibilidade de organizar a relação com os nossos desejos e o tempo necessário à realização dos nossos desejos."
E "do ponto de vista mental enquanto há esperança é que há vida", e não vice-versa, como nos diz o provérbio.
Por outro lado, se "o futuro deve manter a capacidade de dar-nos esperança", acrescento, somos nós que precisamos de desenvolver a capacidade de ter esperança no futuro, reflectindo e intervindo, manifestando-nos e apontando novas possibilidades, correndo o risco de não ser o 'português suave' ou o menino bem comportado da Europa.
terça-feira, julho 17, 2012
Facebook friends
Já não é a primeira vez que escrevo post´s acerca das novas tecnologias e sobre as suas potencialidades e/ou vieses. Hoje lembrei-me porque há relativamente poucos dias surgiu mais uma notícia que falava sobre matrimónio e facebook.
Importa lembrar que, para além das potencialidades que enceta, esta janela para o mundo encerra em si uma série de outras dificuldades; se por um lado promove amizades, namoros, divórcios, ... por outro inibe (ou pode inibir) competências sociais, o face to face, o saber conversar olhos nos olhos, o acordar ou discordar lado a lado, sem mediadores, nem protetores...
Quando observamos as coisas por este prisma, vale pensar na adolescência e nas possíveis ameaças que pode trazer.
Cada vez mais tenho assistido a queixas de pais acerca dos seus filhos e o uso do pc. Referem que só querem estar ao computador, que não saem para lado nenhum, que se relacionam pouco com os colegas, e que jamais encentam algo para sair de casa - pelo que vale pensar um pouco neste tipo de sintomas.
Há uns anos atrás assisti a uma reportagem de um sr. americano, creio que estava em Portugal a divulgar dados de um estudo sobre o hi5, ou melhor, acerca dos relacionamentos. Alguns dados por si apontados referiam que quem não tivesse 500 amigos não era considerado cool, não era socialmente aceite e era considerado desinteressante e que era alvo de alguma chacota, pois ter poucos amigos era sinal de que não era popular e de que ninguém dele gostava.
Trabalhou então junto dos jovens alterando a sua noção de amigo, referindo que a partir de um certo número (a partir dos 50) já não se poderia considerar amigo na verdadeira aceção da palavra, e que os jovens corriam muitos riscos para conseguir o objetivo de ter 500, 1000 ou 2000 amigos.
Este cartoon coloca a tónica exatamente nisso! Seremos nós menos populares se tivermos menos likes? se restringirmos a acesso às nossas questões mais privadas? se não tivermos tantos amigos?
Vale recordar que a adolescência usa e abusa (ou pode usar e abusar) de excessos para se sentir integrado, para se sentir popular, bem visto por entre os companheiros, sexy, atraente, and so one...
Não foi por acaso que há uns anos atrás surgiu uma campanha cujo mote era: "Think before you post"
Importa lembrar que, para além das potencialidades que enceta, esta janela para o mundo encerra em si uma série de outras dificuldades; se por um lado promove amizades, namoros, divórcios, ... por outro inibe (ou pode inibir) competências sociais, o face to face, o saber conversar olhos nos olhos, o acordar ou discordar lado a lado, sem mediadores, nem protetores...
Quando observamos as coisas por este prisma, vale pensar na adolescência e nas possíveis ameaças que pode trazer.
Cada vez mais tenho assistido a queixas de pais acerca dos seus filhos e o uso do pc. Referem que só querem estar ao computador, que não saem para lado nenhum, que se relacionam pouco com os colegas, e que jamais encentam algo para sair de casa - pelo que vale pensar um pouco neste tipo de sintomas.
Há uns anos atrás assisti a uma reportagem de um sr. americano, creio que estava em Portugal a divulgar dados de um estudo sobre o hi5, ou melhor, acerca dos relacionamentos. Alguns dados por si apontados referiam que quem não tivesse 500 amigos não era considerado cool, não era socialmente aceite e era considerado desinteressante e que era alvo de alguma chacota, pois ter poucos amigos era sinal de que não era popular e de que ninguém dele gostava.
Trabalhou então junto dos jovens alterando a sua noção de amigo, referindo que a partir de um certo número (a partir dos 50) já não se poderia considerar amigo na verdadeira aceção da palavra, e que os jovens corriam muitos riscos para conseguir o objetivo de ter 500, 1000 ou 2000 amigos.
Este cartoon coloca a tónica exatamente nisso! Seremos nós menos populares se tivermos menos likes? se restringirmos a acesso às nossas questões mais privadas? se não tivermos tantos amigos?
Vale recordar que a adolescência usa e abusa (ou pode usar e abusar) de excessos para se sentir integrado, para se sentir popular, bem visto por entre os companheiros, sexy, atraente, and so one...
Não foi por acaso que há uns anos atrás surgiu uma campanha cujo mote era: "Think before you post"
segunda-feira, julho 16, 2012
CASULO CÓSMICO
Explodiu uma supernova. A onda de choque atravessou o casulo cósmico.
As imagens falam por si.
(photo: NASA)
As imagens falam por si.
(photo: NASA)
sábado, julho 14, 2012
O cavalo de Turim
um filme seco que fala da seca
um filme duro que fala da dureza
um filme árido que fala da aridez
um filme desolado que fala da desolação
um filme longo que fala do tempo sempre igual
um filme sem palavras e sem cor
um filme que fala da vida que se esgota como a água num poço
sexta-feira, julho 13, 2012
MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA E INTRÍNSECA
A questão da motivação, da vontade (ou da falta dela) de fazer coisas, é um tópico que surge sempre, quer nas sessões de psicoterapia quer de coaching.
Podemos ser empurrados para as coisas, arrastados pela corrente (motivação extrínseca). Mas também podemos fazer as nossas escolhas, perceber o que de facto queremos, distinguir os valores importantes para nós do que nos é imposto de fora, agir em conformidade (motivação intrínseca). Sem acção não é possível testar os nossos objectivos.
Uma coisa é reflectir antes de agir, outra é ficar paralisado e nada fazer. A in-acção é também uma forma de acção - mas pela negativa, pela passividade.
Não será melhor fazermos as nossas escolhas e agir, antes que outros nos obriguem, como quando éramos crianças?
Podemos ser empurrados para as coisas, arrastados pela corrente (motivação extrínseca). Mas também podemos fazer as nossas escolhas, perceber o que de facto queremos, distinguir os valores importantes para nós do que nos é imposto de fora, agir em conformidade (motivação intrínseca). Sem acção não é possível testar os nossos objectivos.
Uma coisa é reflectir antes de agir, outra é ficar paralisado e nada fazer. A in-acção é também uma forma de acção - mas pela negativa, pela passividade.
Não será melhor fazermos as nossas escolhas e agir, antes que outros nos obriguem, como quando éramos crianças?
mente sana in corpore sano
terça-feira, julho 10, 2012
PARENTALIDADE E DIFICULDADES NA RELAÇÃO PRECOCE
Ao nascer, o bebé está muito centrado no próprio corpo, nas
informações que os sentidos lhe dão, sobretudo a partir do toque e da voz da
mãe. Há nesta altura uma espécie de indissociação, em que mãe e bebé funcionam
quase como um só. Numa relação precoce saudável, a mãe responderá de forma
ajustada às necessidades do bebé, alimentando, acalmando, estimulando
suavemente e dando segurança para que o bebé se torne num ser individualizado,
apesar das necessidades parentais de que necessitará ainda durante muito tempo.
Em alguns casos, esta relação não decorre exatamente assim.
Mães com fragilidades emocionais graves, poderão não ter disponibilidade afetiva
suficiente para serem sensíveis às necessidades e aos ritmos do bebé. Podem
falhar na supressão das necessidades mais básicas e também no grau de
estimulação. Por vezes podem ter um registo que oscila entre o afastamento e a
relação sufocante. Se o bebé é sobre-estimulado numa altura em que precisa de
ser acalmado, acaba por mobilizar mecanismos que o ajudam a defender-se da
sobrecarga, nomeadamente “desligando”. Se quando necessita de resposta
(emocional, fisiológica), esta não surge, a ausência e a sensação de desamparo
desencadeiam igualmente mecanismos de defesa. Quando a mãe se afasta, o
sentimento de abandono é grande e ânsia de conforto, maior ainda. Quando a mãe
sufoca, não só é demasiado suportar a proximidade excessiva, como o sentimento
de que a qualquer momento a mãe se vai voltar a afastar obriga a um novo
(des)ajustamento por parte da criança.
E assim esta criança, que mais tarde
será adulta, poderá aprender que as
relações não são seguras nem previsíveis. Se por um lado a relação nunca
preenche suficientemente o vazio, por outro lado a proximidade e o afeto podem
tornar-se demasiado assustadores, pelo medo da dependência e da perda, aspetos
que poderão instalar-se de tal forma que condicionarão os vários tipos de
relacionamento.
Daí que o papel do pai seja extremamente importante para o
equilíbrio e para a possibilidade de estabelecer uma relação mais segura e
previsível. Por outro lado, do mesmo modo que os pais consultam o pediatra em
etapas fundamentais do desenvolvimento, defendo a importância da observação
psicológica nos mesmos moldes. A avaliação da relação pais-bebé nas etapas mais
precoces do desenvolvimento emocional é essencial para a prevenção e/ou o
despiste de situações potencialmente comprometedoras da construção de bases
sólidas da personalidade e da saúde mental. Ao mesmo tempo, será um espaço onde
os pais podem partilhar as suas angústias, os seus receios, as suas alegrias e
as suas expetativas em relação ao bebé, mas também no que respeita às
alterações na dinâmica do casal e nos papéis de cada um.
BLOGAR COM MAIS FACILIDADE
Foto: NASA
Descobri uma nova aplicação que permite postar com mais alguma facilidade a partir do iPad. Talvez agora até consiga pôr fotografias. Vou fazer a experiência.
Esta é duma estrela moribunda, a U CAM. De vez em quando (de mil em mil anos...) expele uma bolha de gás. Não sei para quando será o estertor final. Mas vai levar muito tempo até morrer. Já cá nao estaremos. Refiro-me à humanidade.
sexta-feira, julho 06, 2012
Escala e escalada - lutando para manter os pés assentes na terra
Os avanços tecnológicos estão a criar autênticas
revoluções a nível da relação espaço-tempo nas nossas sociedades ocidentais
globalizadas (ver post sobre artigo de Michel Serres para mais informação sobre
o tema). Parece que quase tudo na vida se tem vindo a tornar fácil e imediato:
o adiamento da frustração, assim como, os limites à gratificação associados ao
modo ”ter” (por contraste ao “ser”), tendem a esbater-se. A nível da vivência
subjetiva do tempo passamos a ter tendência a viver desfazados do “tempo da
realidade” – o tempo presente, onde o principal e o verdadeiro acontece.
Passa-se pois a viver no passado, por exemplo, na busca contínua e repetitiva
do experienciado gratificante e seguro, mas também num futuro, promessa
megalómana da realização dos nossos sonhos (os Bancos são os nossos gurus a
esse nível!).
E com tudo isto o presente estreita-se e fica vazio,
cada vez mais vazio. É preciso preenchê-lo com sensações e experiências excitantes
e alienantes (das realidades virtuais, dos reality shows, da vida dos heróis e
ídolos da nação...): é a substituição do espaço-tempo da realidade próxima que
nos cerca, por várias outras que, quando acabam, saem de cena abruptamente
deixando um vácuo no seu lugar.
O “ter” é cada vez mais possível e, por isso
mesmo, tem tomado cada vez mais o lugar compensatório do “ser”, em défice – é
que a facilidade e conforto de vida não podem nem compensam nunca a experiência
irredutível da relação humana e dos vínculos humanizantes que a caracteriza no
seu melhor. A este nível são os por-menores que alimentam o “ser”, momento a
momento; é a entoação ternurenta e altruista de uma palavra banal, um gesto
atento mas totalmente gratuito ou um cliché pronunciado com todo o coração. É
pois numa relação sanígena, de dádiva, reconhecimento e valorização que o vazio
pode ser preenchido com vitalidade, entusiasmo e amor, dispensadores da busca
angustiada de um sentido da vida.
É também esta a lógica da relação terapêutica: a
atenção aos detalhes e aos processos emocionais, que muitas vezes passam
despercebidos, por serem automáticos, ficando ofuscados pelos “por-maiores”
sensacionalistas das nossas vidas...
A impaciência terapêutica e a resistência das famílias?
Enquanto psicóloga e terapeuta familiar e de casal, tenho ouvido frequentemente falar de resistência das famílias, resistência dos pacientes, termo que penso ter sido banalizado e mal utilizado, muitas vezes para justificar a impaciência dos terapeutas. Porém, quando Freud inventou esta noção referia-se a mecanismos inconscientes.
A este propósito, concordo com Ausloos, terapeuta familiar, ao referir que isto nos leva a entender as nossas teorias como dogmas, a crer que as nossas soluções é que são boas, impedindo que as famílias encontrem as suas auto-soluções.
Serão os pacientes e famílias resistentes, ou serão prudentes e têm razão para o ser? Parecem existir famílias prudentes porque estão ressentidas e têm necessidade de tempo para experimentar, avaliar, para encontrarem as suas auto-soluções. Estaremos nós a ser incapazes de ver o potencial evolutivo, a não saber esperar, a não respeitar o movimento intrínseco e a sua dinâmica autónoma?
Talvez os pacientes e as famílias tenham sim... necessidade de tempo...
sábado, junho 30, 2012
Frase do(de) (um outro) dia
Se estás
aflito por alguma coisa externa, não é ela que te perturba, mas o juízo que
dela fazes. E está em teu poder dissipar esse juízo. Mas se a dor provém da tua
disposição interior, quem te impede de a corrigir? E se sofres particularmente
por não estares a fazer algo que te parece certo, por que não ages, em vez de
te lamentares? Um obstáculo insuperável te o impede? Não te aflijas, então,
pois a causa de não o estares a fazer não depende de ti. Não vale a pena viver
se não o puderes fazer? Parte, então, desta vida satisfeito, como partirias se
tivesses logrado êxito no que pretendias fazer, mas sem cólera contra o que se
te opôs.
Marco Aurélio (Imperador Romano), in 'A Fortaleza Interior', há 2000 anos
Marco Aurélio (Imperador Romano), in 'A Fortaleza Interior', há 2000 anos
quinta-feira, junho 28, 2012
Toda a Criança
"Toda a criança, para um desenvolvimento afectivo normal, precisa de amor, consideração e apreço. Lá, onde ficaram carências precoces ou perdas infantis, fica também um prognóstico sombrio - uma patogenicidade marcada."
António Coimbra de Matos
terça-feira, junho 26, 2012
A VIDA SECRETA DO CÉREBRO
Aqui fica um fantástico compacto de documentários sobre os mistérios do cérebro, percorrendo as suas especificidades ao longo da vida:
domingo, junho 24, 2012
Cosmopolis de David Cronenberg
Fui ver
Estranho
Nem sei o que dizer
Parecia teatro
Acho que tenho que o ver segunda vez
gosta de ouvir/ler comentários sobre este filme
Estranho
Nem sei o que dizer
Parecia teatro
Acho que tenho que o ver segunda vez
gosta de ouvir/ler comentários sobre este filme
sábado, junho 23, 2012
SEXUALIDADE FEMININA
Os problemas da sexualidade, neste caso da feminina, parecem estar a passar para o cinema ultimamente. Tivemos há tempo oportunidade de ver "Um Método Perigoso", de D. Cronenberg, sobre a relação extra-conjugal entre o psicanalista suiço Jung e Sabina Spielrein, que acabou também por envolver, a contragosto, Freud.
O filme cuja fotograma publico nese post ainda nao estreou, mas debruça-se sobre um dos velhos tabus da sexualidade: a masturbação.
De acordo com o link que se segue, os médicos do Sec XIX aplicavam-se na obtenção da cura das mulheres "histéricas". Tanta aplicação resultou na mecanização do método curativo, com a invençao do vibrador, como poderão ler no artigo. O Sec XIX tinha contradições espantosas. Muitas delas foram justamente objecto de estudo por parte de Freud, tanto psicologicamente como sociologicamente.
Os anos sessenta do Sec XX, na sequência da invenção da pílula, foram supostamente o momento da libertação. Com exageros, é certo, e que terão banalizado de tal forma o assunto que se corre o risco da des-erotizaçao das relações. Mas no que respeita à masturbação, tenho dúvidas de que os tabus tenham desaparecido. Veremos pelas reacções ao tema.
http://www.youbeauty.com/relationships/vibrators?utm_source=Sailthru&utm_medium=email&utm_term=Newsletter%20Full%20List&utm_campaign=Sex%20Box%20Contest%20-%206%2F21%2F12%20-%20NEW%20TEMPLATE&utm_content=Final
O filme cuja fotograma publico nese post ainda nao estreou, mas debruça-se sobre um dos velhos tabus da sexualidade: a masturbação.
De acordo com o link que se segue, os médicos do Sec XIX aplicavam-se na obtenção da cura das mulheres "histéricas". Tanta aplicação resultou na mecanização do método curativo, com a invençao do vibrador, como poderão ler no artigo. O Sec XIX tinha contradições espantosas. Muitas delas foram justamente objecto de estudo por parte de Freud, tanto psicologicamente como sociologicamente.
Os anos sessenta do Sec XX, na sequência da invenção da pílula, foram supostamente o momento da libertação. Com exageros, é certo, e que terão banalizado de tal forma o assunto que se corre o risco da des-erotizaçao das relações. Mas no que respeita à masturbação, tenho dúvidas de que os tabus tenham desaparecido. Veremos pelas reacções ao tema.
http://www.youbeauty.com/relationships/vibrators?utm_source=Sailthru&utm_medium=email&utm_term=Newsletter%20Full%20List&utm_campaign=Sex%20Box%20Contest%20-%206%2F21%2F12%20-%20NEW%20TEMPLATE&utm_content=Final
sexta-feira, junho 22, 2012
Bo(c)as intenções há muitas!
Moral da história: muitas vezes é mais fácil pôr uma pedra em cima de um assunto complicado do que se empenhar realmente em resolvê-lo - e às vezes é mesmo preciso ir chamar alguém especializado!
segunda-feira, junho 18, 2012
QUANDO É O CORPO QUE FALA OU ALGUMAS LINHAS SOBRE PSICOSSOMÁTICA
Muito
se tem falado sobre psicossomática nos últimos anos. A velha distinção entre
mente e corpo está finalmente ultrapassada e hoje já não se dúvida das
estreitíssimas relações entre um e outro. E felizmente já é com alguma frequência
que os médicos encaminham os pacientes para tratamento psicológico. Por vezes
perante a perplexidade dos próprios, que pensam ou comentam - mas isto dói ou,
mas isto vê-se e os exames/análises mostram que está lá, como pode ser
psicológico?!
Primeiro é importante distinguir entre aquilo que é uma manifestação física de uma ansiedade ou problemática psicológica, mas onde não existe lesão física, como por exemplo certas paralisias de membros, a dita cegueira psicológica, algumas dores de costas, os ataques de pânico, entre outras, daquilo que são doenças em que existe lesão física mas a influência psicológica é evidente observando-se alterações de melhoria ou agravamento do quadro em função da vivência emocional do paciente, e aqui falamos da diabetes, da asma, de certas doenças de pele como a psoriase ou as dermatites, das gastrites, das úlceras, das colites, entre muitas outras.
Portanto,
ter uma doença psicossomática não quer dizer que a dor não exista, quer apenas
dizer que esta dor para além da parte física traduz também um outro sofrimento,
mais silencioso, o qual passou despercebido ao próprio e precisamente por ter
passado despercebido passou para o corpo e é o corpo que é portador da
mensagem. É como se fosse o corpo que falasse em vez do paciente, pois por
algum motivo aquele problema não pôde ser mentalizado, ou seja, trazido à
consciência.
O
tratamento passa por tentar identificar o mal estar original, trazê-lo para
“cima da mesa”, olhá-lo, analisá-lo, enfim, permitir que o paciente o descubra
e o possa expressar, pois só assim o corpo se poderá silenciar, ou por outras
palavras, com a expressão genuína da emoção de base o corpo deixa de precisar
de descarregar esse afeto pela via da expressão física.
sexta-feira, junho 15, 2012
SER E EXISTIR... NA RELAÇÃO
O re-conhecimento e o co-conhecimento são 2 modos de
nos realizarmos pessoalmente. Realização sempre insaciável e cada vez mais
sedenta de mais e melhores realizações. É o fundamento do prazer de viver:
sentir-se existir no movimento criativamente oscilante entre o encontro e o
desencontro com o outro, entre o ponto e o contra-ponto de 2 subjetividades
unidas pela empatia e contrastadas pela complementaridade; é o vai-e-vem
relacional fundador da co-existência distinta de dois seres.
Da relação nasce a relatividade
criadora da minha subjetividade e morre a minha omnipresença absoluta, que nada
é porque tudo abarca.
É ainda a existência pela positiva, pelo que de
semelhante existe entre dois seres; é a existência através do reconhecimento
empático que o outro faz de mim e que me permite, por seu turno, re-conhecer
também o outro.
É a redescoberta e
reinvenção contínua do meu ser na expressão, a cada momento única, do encontro
singular entre um eu e um mundo.
quarta-feira, junho 13, 2012
Liberdade! e Futuro!
Enquanto sociedade “Não podemos prescindir nem da liberdade, nem do futuro” disse há poucos dias o Professor António Sampaio da Nóvoa num arguto discurso no âmbito das comemorações do 10 de Junho dobre educação, ciência, sociedade e solidariedade.
Se o direito à liberdade e a um futuro são direitos inalianáveis das pessoas, na sua vida em sociedade --numa sociedade democrática que precisamente se funda na ideia da liberdade dos cidadãos--, este direito implica o uso da sua liberdade individual de pensamento, e a afirmação da liberdade interior dos membros da sociedade.
Podemo-nos perguntar se o seu uso é democrático, e como se desenvolve e faz uso desta liberdade interior e da vontade individual ? A resposta passa seguramente pela educação formal e informal que a sociedade oferece aos seus membros, e a qualidade desta favorecerá e fortalecerá certamente a emergência de indivíduos com mais conhecimento, maior liberdade de pensamento e maior vontade de intervenção na sociedade. Por outro lado se, como sustentava Espinoza. a vontade da sociedade é igual à vontade dos seus membros, podemos perguntarmo-nos também se a falta de clareza dessa vontade da sociedade não nos remete para a falta de clareza da vontade individual.
E outras questões emergem, entre as quais se todas as pessoas se sentem real e igualmente possuidoras, hoje, desse bem, desse direito, como se diz inalianável, de liberdade. Se as pessoas se sentem donas das suas escolhas, seguras de uma capacidade de pensar autónoma e livre, e se lidam realisticamente com os seus medos e ansiedades. Aqui, creio eu, as diferenças abundam, e uma sociedade cuja direcção, cujos valores, cuja vontade vacila, cuja economia vacila, cria muitas e inesperadas tensões e desigualdades que afectam a capacidade de pensar, a capacidade de exercer a liberdade individual, e aumentam as desigualdades e os conflitos manifestos e latentes. E a qualidade da sua saúde mental.
Future, Agim Sulaj, 2009 |
O futuro, somos nós, é uma frase ouvida, é uma frase sentida. E a confiança no futuro depende em primeira mão na confiança que sentimos, individualmente, em nós próprios. Na vontade que temos. Na capacidade de sugerir ideias novas. Na capacidade de intervir, e de não ficar à espera que os ventos mudem a nosso favor ou, como ecoa na célebre frase do discurso de Kennedy, creio que da sua tomada de posse, “Não te perguntes o que é que o teu país pode fazer por ti, pergunta-te antes o que é que podes fazer por ele”.
Proactividade e iniciativa, auto-confiança, resiliência, estão implícitas neste movimento, e são igualmente características de pessoas com uma evidente robustez psicológica.
Tendo em conta que o contexto social, económico e político em que vivemos nos afecta enquanto seres humanos, na nossa vida familiar, comunitária, profissional, entende-se que se multipliquem vulnerabilidades, aumentem conflitos internos, aconteçam desequilíbrios. E que estas características pessoais tão desejadas, e associadas ao fazer acontecer a liberdade e o futuro esmoreçam. E a acção livre fica tantas vezes bloqueada. E neste quadro, procurar ou sugerir ajuda psicológica ou psicoterapêutica urge, para fazer acontecer a mudança individual, favorecer o fortalecimento da identidade e da liberdade individual. Aja. Por si. Por si e para os outros.
Por um presente que se vive com mais plenitude, com porta aberta para o futuro.
Isabel Botelho
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