mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
quinta-feira, setembro 11, 2014
FOME DE AMOR
mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
quinta-feira, setembro 04, 2014
Tráfego de mulheres para prostituição: Uma reflexão
È um vazio interior persistente - frequentemente abafado ou curto-circuitado por outras preocupações do quotidiano, que servem uma função defensiva contra esta forma particular de dor interior. É, por exemplo, a percepção de que não se pode parar, que há muita tarefa para fazer, que a vida não permite o parar para refletir, para sentir. No fundo é a necessidade defensiva da própria pessoa organizar a sua vida de tal forma que acaba por criar essa mesma percepção da realidade. Mas por vezes não há mesmo a capacidade para se elaborar a experiencia em termos de sentimentos e pensamentos, como se o aparelho psiquico nunca tivesse sido particularmente utilizado nesse sentido, pela própria ausencia de alguém, um cuidador, que cuida pela sensibilidade e pela preocupação em ajudar a gerir as emoções dificieis e a organizar o pensamento.
Esse vazio, enquanto ausência interna de uma figura cuidadora (e da respetiva capacidade de cuidar), implica também a relativa despreocupação face a nós mesmos, face à nossa saúde, e ligado a tal, a dificuldade ou incapacidade de nos termos profundamente em consideração, de cuidarmos devidamente de nós mesmos. Não nos autoconsideramos de forma natural, espontânea e suficiente. Essa consideração sobre nós mesmos, essa autoestima, é baixa. Por outras palavras, como se a possibilidade e função de cuidarmos genuinamente de nós mesmos e de nos protegermos (assim como uma mãe cuida do seu bebé, na sua dependência e vulnerabilidade) estivesse ausente, ou existindo, surgisse enquanto algo muito forçado, penoso ou não natural, não interiorizado. Como o médico que insiste contínuamente para que o seu paciente cuide melhor de si. São com frequência os cuidados do médico - a sua sensibilidade, a sua disponibilidade, a sua preocupação e o seu interesse pelo paciente - que capacitam o próprio paciente a cuidar melhor de si, nomeadamente quando o médico, ou o cuidador, não estão presentes (e dado que se consiga receber internamente esses cuidados e os mesmos possam sobrevivier à ausência ou separação física em relação ao cuidador).
Um vazio é também o sentimento de não existir ninguem no mundo genuinamente preocupado connosco e suficientemente interessado em nós. Alguém que para nós seja especial e fundamental, e para quem sintamos que somos importantes, não porque temos esta ou outra qualidade ou aspeto que suscita interesse, mas apenas e simplesmente porque existimos e porque somos nós mesmos. Assim como uma mãe e também um pai são no incio da vida o centro do mundo de uma criança, tal como a criança é centro das atenções dessa mãe e desse pai.
Para muitas das mulheres vitimas de tráfego humano, a imagem de alguém que lhes promete proteção e abrigo acaba por ser irresistível, pois apela a algo que no fundo se sentiu que nunca se teve e se necessita muito.
Sucumbindo à sedução, no contexto desta enorme fragilidade constituicional do Eu e da promessa de dinheiro/sustento rápido - ainda que não necessáriamente fácil(!)-, estas mulheres rápidamente se permitem ser arrastadas para uma situação de perda total de controle sobre a situação, deparando-se com perda da autonomia e livre arbitrio perante aqueles (frequentemente idealizados no inicio) sobre quem depositaram toda a confiança. Instalada esta dependência total onde a vitima está agora desprotegida e frequentemente se econtra num pais diferente sem possiblidade financeira de voltar, surgem os abusos e as ameaças, diretos ou indiretos (feitos a colegas que servem enquanto "exemplos" do que pode acontecer a estas mulheres caso desobedeçam).
Tal pode mesmo configurar a situação de poder desmedido ou situação de mestre/escravo descrita no artigo anterior sobre o sindrome de Estocolmo.
terça-feira, setembro 02, 2014
Sindrome de Estocolmo: 41 Anos
terça-feira, agosto 26, 2014
Homossexualidade e Budismo
Visão do budismo sobre a homossexualidade
Esta história foi retirada do facebook de um aluno que presenciou a partilha de opinião sobre a homosexualidade do Precioso Senhor da Dança, S.Ema. Chagdud Tulku Rinpoche.
Ele respondeu ”Isso é errado”, ”É violar direitos humanos. Se duas pessoas realmente se sentem bem dessa maneira e ambos os lados concordam totalmente, então tudo bem”, Dalai Lama
domingo, agosto 24, 2014
segunda-feira, agosto 18, 2014
Palavras e Imagens
sexta-feira, agosto 15, 2014
FÉRIAS
A resposta mais óbvia refere-se ao período em que não se trabalha. É portanto um espaço-tempo mais livre onde podemos utilizar o tempo de outras maneiras e desfrutar de experiências gratificantes.
Para os emigrantes, as férias são muitas vezes sinónimo de reencontro com as famílias, de regresso ao país de origem e à cultura onde foram criados.
Mas consoante as condições, a personalidade e os gostos pessoais, cada pessoa escolhe à sua maneira como quer passar as suas férias. Estas podem então significar viajar, fazer praia, ir a festivais, fazer hobbies, iniciar novos projetos, fazer outros trabalhos (de verão), juntar a família, juntar amigos ou não fazer nada.
Chamo a atenção para esta última sugestão, "não fazer nada"; basicamente "PARAR". Parar como uma forma não estruturada de meditar: não fazer nada na medida do possível. É portanto relativo: pode querer dizer estar imóvel ou fazer algo que requeira pouca energia ou até algo que de que se goste muito.
Pode ser durante um grande período de tempo (ex. dias) ou pequenos intervalos de minutos. A sua essência? Respirar fundo, auscultar-se, lembrar quem é e o que quer (os seus valores).
Para quê PARAR? Para melhor prosseguir; para me recentrar, reconectar mais e melhor comigo e com o mundo à minha volta; para refletir sobre algo ou simplesmente fazer o ponto da situação ou reganhar o sentido e a vitalidade. As questões mais importantes das nossas vidas (prático-filosóficas) só as podemos encontrar dentro de nós com a serenidade que permite escutar as verdades difíceis e com a lentidão - atenção, dedicação, consciencialização -que preciso para me aperceber delas.
PARAR é deixar a vida acontecer. Não fazer nada é algo de muito profundo; é deixar de reagir compulsivamente ao mundo. É alimentar a ação (centrada e criativa) e diminuir a reatividade (automática e repetitiva).
domingo, agosto 10, 2014
Palavras e Imagens para o fim de semana
quinta-feira, agosto 07, 2014
O pensador e o pensamento
Existe alguma relação entre o pensador e seu pensamento, ou existe apenas pensamento e não um pensador?
Se não houver pensamentos não há pensador.
Quando você tem pensamentos, existe um pensador?
Percebendo a impermanência dos pensamentos, o próprio pensamento cria o pensador que lhe confere permanência; então o pensamento cria o pensador; e o pensador se estabelece como uma entidade permanente apartada dos pensamentos que estão sempre em estado de fluxo. Assim, o pensamento cria o pensador e não o contrário.
O pensador não cria o pensamento, pois se não houver pensamentos, não há pensador. O pensador se separa de sua origem e tenta estabelecer uma relação, uma relação entre o chamado permanente, que é o pensador criado pelo pensamento, e o impermanente ou transitório, que é o pensamento. Então, ambos são realmente transitórios. Vá investigar o pensamento completamente até seu fim. Reflita nele inteiramente, sinta-o e descubra por si mesmo o que acontece. Descobrirá que não existe absolutamente pensador. Pois quando o pensamento cessa, o pensador não existe.
Nós pensamos que existem dois estados, o pensador e o pensamento. Estes dois estados são fictícios, irreais. Existe apenas pensamento, e o fardo de pensamento cria o “eu”, o pensador. -
Krishnamurti, What Are You Doing with Your Life?
sábado, agosto 02, 2014
A tirania da felicidade
sexta-feira, agosto 01, 2014
Referência a algumas perturbações psiquiátricas graves
Algumas destas perturbações podem também indiciar lesões neurológicas, podendo simultâneamente ter uma origem ou componente psicogénica.
sábado, julho 26, 2014
Palavras e imagens 3
quinta-feira, julho 24, 2014
Nomofobia
Medo de viver sem telemóveis está a transformar-se
numa patologia
Novo medo afecta cerca de 66% dos jovens adultos
domingo, julho 20, 2014
Mais uma vez a questão da felicidade
quinta-feira, julho 17, 2014
A "ATENSÃO"
O que é estar atento? Até que ponto é importante?
Estar atento implica estar presente, consciente e disponível. Implica um estado de tranquilidade, de acalmia: um estado de "a-tensão" que permita que o sujeito não esteja distraído, ou seja, um estado em que não hajam demasiados focos de atenção a competirem (em "tensão") uns com os outros.
Estar atento implica um sentido de quietude recetiva.
Quando algo não corre como gostaríamos ou nos magoa (física e/ou psicológicamente), sofremos. O que fazer? Como lidar da melhor maneira com as dores da vida (umas breves outras crónicas)?
A este nível, as crianças ajudam-nos a perceber o que fazer: quando sofrem, o que precisam quase sempre é - sobretudo - de ATENÇÃO. Querem muitas vezes "coisas", brinquedos, prendas, dinheiro; mas o que realmente "querem" e precisam é de atenção, uma atenção que reifique/valide o valor da sua existência ("ser o centro das atenções"). Ser o centro das atenções devolve um sentido de existência plena e preciosa a quem é alvo dela. Dar atenção a uma criança que sofre, uma atenção plena e empática, é ter espaço interno para acolher as suas dores. Dar atenção às "dores" é não lutar com elas, não as rejeitar (uma vez que elas se impõem independentemente da nossa vontade); é, pelo contrário, uma espécie de rendição, aceitação em relação "ao que é" que pacifica, não as dores, mas o nosso sofrimento em relação a elas.
É pois um estado de A-TENSÃO em relação à realidade. Podemos e devemos fazê-lo connosco mesmos mas por vezes (ou muitas vezes!) a atenção de um nosso semelhante é uma preciosa ajuda.
domingo, julho 13, 2014
Palavras e imagens 1
Vi há dias um filme de Fred Schepisi, com o Clive Owen e a Juliette Binoche, cujo título é "Words and Pictures". Está traduzido em português como "Por falar de amor", um título completamente a despropósito e que desvirtua a questão essencial do filme. Sendo formalmente uma comédia romântica, o tema tem a ver com o valor e peso das palavras vs as imagens. Esta é uma questão muito importante para nós, psicoterapeutas, que trabalhamos com a palavras mas também com metáforas. Uma metáfora bem conseguida pode ser preciosa, mas por outro lado, a palavra....
Apesar da "guerra" entre a Juliette Binoche e o Clive Owen, gosto da palavra e gosta da imagem e acho que ambas podem ter grande impacto. Proponho-me postar uma ou outra a cada fim de semana.
Como "a princípio era o verbo", vou começar pela palavra:
When I was a boy of 14, my father was so ignorant I could hardly stand to have the old man around. But when I got to be 21, I was astonished at how much the old man had learned in seven years.
Mark Twain
quarta-feira, julho 09, 2014
Sigmund Freud e Carl Jung: Divergências, tensão e fim de uma relação
Originalmente Freud considerava Jung um possível sucessor que poderia vir a liderar o movimento da psicanálise no futuro. Contúdo as divergências teoricas e tensões pessoais entre ambos conduziram à deterioração da relação que mantinham, o que resultou finalmente no fim da relação por meio da célebre carta que Freud dirigiu a Jung em 1913 (na foto).
Nesta carta Freud alega ser "demonstrávelmente falso" o facto de o próprio tratar os seus seguidores como pacientes, ainda que na mesma carta Freud faça alusão à "doença" de Jung.
Citando um exerto (traduzido) desta carta, Freud diz:
"A sua alegação de que o trato que dou aos meus seguidores é de os considerar enquanto pacientes é demonstrávelmente falsa... Trata-se de uma convenção entre nós analistas o facto de nenhum de nós necessitar de se sentir envergonhado pela sua própria neurose. Contúdo, um de nós (referindo-se a Jung), que ao mesmo tempo que se comporta de forma anómala também reivindica continuamente a sua normalidade, gera entre nós margem para suspeita de que ele próprio carece de insight relativamente à sua doença. Em consonância com este facto, proponho que abandonemos completamente as nossas relações pessoais."
"Não perderei nada à luz da presente decisão", continua Freud, "pois meu único laço emocional consigo tem sido de caráter frágil - o efeito lento e cumulativo de desilusões passadas - e você tem tudo a ganhar, de acordo com o comentário que fez recentemente sobre como a sua relação ínitma com determinado homem inibia a sua liberdade científica."
Freud e Jung relacionavam-se desde 1906. As diferenças profissionais e intelectuais, tão profundas quanto mais tarde se tornaram, possivelemente não teriam por si só conduzido ao fim drástico da relação entre ambos. Os conflitos pessoais que existiam na relação entre Freud e Jung, e que facilmente os conduziam a adotar falsas atitudes e tons ambigúos entre eles, parecem ter reforçado a tendência de alienação mútua.