Será que as pessoas que procuram ajuda psicológica são mais doentes do que as que não procuram?
Esta pequena BD pode sugerir que "nem sempre". Para que uma pessoa procure ajuda, normalmente existem pelo menos 2 condições: a) patologia ou sofrimento psicológico e b) consciência disso (a chamada "consciência mórbida").
Quando uma pessoa cresceu e se desenvolveu num mundo bi-color até pode estar amargurada mas como é tudo o conhece, tenta resignar-se e viver o melhor possível nesse mundo: afinal de contas o mal não é da pessoa mas do próprio mundo que é todo em tons de cinzento (pelo menos é provável que assim o pense). Outras vezes, nem sequer existe amargura explícita; apenas algum aborrecimento, cansaço, dores musculares, insónias ou uma grande vontade de dormir, de comer ou de se entregar frenética/obcecadamente a alguma atividade.
Um dia, esse modo de funcionar, em paralelo com os mecanismos de defesa para lidar com aquilo com que não sabemos lidar, entra em crise: há uma descontinuidade na nossa vida que põe a nu determinada falha ou incapacidade (ex. rotura amorosa, ambiente de trabalho exigente, aumento da responsabilidade, nascimento de um filho...). Aí pode ser um dos momentos em que somos violentamente confrontados com o pseudo-leque de soluções da nossa vida: os muitos tons de cinzento tornam-se apenas isso, preto e branco numa palete vislumbrada de cores que ameaçam o status quo e a estabilidade da vida, ao mesmo tempo que abrem um novo horizonte - um admirável mundo novo...
2 comentários:
Muito bom post. (vou referir no esqueci a ana com link)
Obrigado ex ana. Seria interessante também ouvir a sua opinião :)
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