Já temos abordado alguns problemas que surgem com esta mudança revolucionária de apenas escassas décadas, mas desta vez iremos focar o que parece ser uma forma curiosa e benéfica de utilizar a realidade virtual no melhoramento de pessoas com esquizofrenia grave.
O estudo empírico é deste ano de 2013, publicado na revista "British Journal of Psychiatry" e tem como título "Computer-assisted therapy for medication-resistant auditory hallucinations: proof-of-concept study", ou seja, é uma investigação que pretende determinar o efeito de uma intervenção terapeutica assistida por computador, em pacientes com alucinações auditórias resistentes à medicação.
A pertinência deste estudo é sobretudo atribuída à existência de uma prevalência ainda significativa de pacientes com esquizofrenia que respondem mal ao tratamento psicofarmacológico, continuando a ser perseguidos por alucinações auditivas (1 em cada 4).
A equipa de investigadores desenvolveu um sistema computorizado que permite ao paciente criar um avatar do seu "perseguidor", encorajando-o de seguida a entrar em diálogo com ele através do terapeuta (que o controla). O objetivo é fazer com que o avatar vá ficando cada vez mais sob o controlo do paciente, através da manipulação do avatar pelo terapeuta, em diálogo com o paciente, quer como terapeuta, quer na figura e voz do avatar.
Para testar a eficácia desta intervenção comparou-se uma amostra de 12 pacientes que participaram neste dispositivo inovador de tratamento, com 14 pacientes igualmente resistentes ao tratamento médico acompanhados com uma psicoterapia de apoio que incentivava estes pacientes a ignorar as vozes alucinatórias e a não dialogarem com elas.
Os resultados foram positivos para o grupo experimental (vs grupo de controlo), tendo os pacientes do primeiro grupo apresentado mais melhorias, nomeadamente, ao nível da redução da frequência e intensidade das alucinações, bem como, ao nível de uma diminuição do medo e dificuldade em controlá-las.
Para testar a eficácia desta intervenção comparou-se uma amostra de 12 pacientes que participaram neste dispositivo inovador de tratamento, com 14 pacientes igualmente resistentes ao tratamento médico acompanhados com uma psicoterapia de apoio que incentivava estes pacientes a ignorar as vozes alucinatórias e a não dialogarem com elas.
Os resultados foram positivos para o grupo experimental (vs grupo de controlo), tendo os pacientes do primeiro grupo apresentado mais melhorias, nomeadamente, ao nível da redução da frequência e intensidade das alucinações, bem como, ao nível de uma diminuição do medo e dificuldade em controlá-las.
2 comentários:
Interessantîssimo, João.
A tendência é pensarmos que o uso da internet pode acentuar algumas patologias, designadamente a esquizoide (eu própria escrevi um artigo sobre isso há uns anos atrás), mas esta é uma aplicação verdadeiramente inovadora.
Obrigada pela divulgação. Gostava de saber como reagem os nossos psiquiatras.
É Clara, também achei muito interessante. Ao fim e ao cabo, parece ser uma forma de psicodrama virtual, partindo através de uma aliança com as defesas projetivas dos pacientes (em vez de as reprimir), para depois tornar mais fácil o processo de re-integração introjetiva de partes do self alienadas (sob a forma de alucinações auditivas).
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