"O coração tem razões que a própria razão desconhece" (Pascal)...! Mas que pode conhecer se houver um trabalho mais profundo de auto-conhecimento (e, já agora, do conhecimento das relações), diria o psicólogo.
Esta frase "não tens razão para estar triste" é muitas vezes expressa, de diferentes maneiras e em diferentes contextos; tem um cariz culpabilizante e muitas vezes não ajuda a pessoa alvo desta mensagem/acusação.
Desde já, encerra uma contradição em si mesma: como pode algo existir sem causas prévias que lhe deram origem? Neste caso, se existe tristeza a questão não é saber se existem razões ou não para a sua existência, mas quais são, de onde vêm.
Desde já, encerra uma contradição em si mesma: como pode algo existir sem causas prévias que lhe deram origem? Neste caso, se existe tristeza a questão não é saber se existem razões ou não para a sua existência, mas quais são, de onde vêm.
Claro que a intenção de quem formula esta frase é frequentemente boa e pretende estimular a pessoa entristecida a olhar para os aspetos positivos da sua vida por forma a arrebitar. Às vezes funciona. A questão está na "taxa de esforço", diretamente proporcional à dificuldade emocional, que a pessoa tem de gerir para melhorar. Em situações mais ligeiras e em que existem bons recursos para lidar e ultrapassar problemas, incentivos deste tipo até podem ajudar. Ou seja, um empurrãozinho é útil quando a outra pessoa está quase, quase lá! Quando está desequilibrada um empurrãozinho só vai desestabilizar ainda mais...
Nestes casos, será então importante enfrentar os sentimentos penosos e tentar perceber o seu aparecimento e proveniência. Em processos psicoterapeuticos assiste-se, não raras vezes, a casos onde é precisamente quando tudo está bem (no exterior) que tudo fica mal (no interior). Numa situação de transbordo emocional que pode durar anos e anos nos piores casos, é como se a pessoa tivesse suspendido a respiração, limitando-se a sobreviver no modo "piloto automático".
Mais tarde, alcançada a segurança de uma situação onde aparentemente tudo está bem, pode a pessoa voltar a "respirar". Nestes casos, o voltar a respirar significa um abaixamento das defesas psicológicas que permite que memórias problemáticas do passado emerjam reclamando uma "digestão emocional" que até então não fora possível.
Nestes casos, será então importante enfrentar os sentimentos penosos e tentar perceber o seu aparecimento e proveniência. Em processos psicoterapeuticos assiste-se, não raras vezes, a casos onde é precisamente quando tudo está bem (no exterior) que tudo fica mal (no interior). Numa situação de transbordo emocional que pode durar anos e anos nos piores casos, é como se a pessoa tivesse suspendido a respiração, limitando-se a sobreviver no modo "piloto automático".
Mais tarde, alcançada a segurança de uma situação onde aparentemente tudo está bem, pode a pessoa voltar a "respirar". Nestes casos, o voltar a respirar significa um abaixamento das defesas psicológicas que permite que memórias problemáticas do passado emerjam reclamando uma "digestão emocional" que até então não fora possível.
1 comentário:
Olá João
Muito obrigado pelo seu post. Um bom post, como sempre :-).
Acho que quando pensamos que não temos razões para estar tristes e nos descobrimos tristes, estamos a pensar em razões de monta, razões objetivas, concretas, grandes, pesadas... e muitas vezes a tristeza invade-nos por razões subjetivas, por pequenas razões, por sensações subtis de insatisfação, desconfianças, de sentimentos de menor valor, por ficarmos desapontados em relação às nossas expetativas, etc.
A subtileza das nossas emoções e das razões que a assistem (e tal como o João diz, há sempre uma razão)é algo que exige atenção e interesse para ser descoberto.
Também acho João que existe um sentimento ao qual a psicologia tem dado pouca atenção e que, na minha opinião, é de importância capital e que por vezes se confunde com tristeza, o tédio. Acho que, nos tempos atuais,existe uma epidemia de tédio.
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