Uma investigação recente - Junho de 2013 ("Stress-induced negative mood moderates the relation between oxytocin administration and trust: Evidence for the tend-and-befriend response to stress?") - testou a influência do uso de um spray nasal contendo uma hormona humana, a oxitocina, nos sentimentos relacionais-afiliativos.
A oxitocina, também chamada "hormona do amor" (assim como a prolactina, a sua concentração aumenta 40% depois do orgasmo), desempenha um papel fundamental em processos anatomofisiológicos como o parto e o aleitamento de um bebé, mas também em processos psicológicos envolvidos na vinculação e cuidados maternos.
Desde a última década que tem sido investigada de forma mais intensiva, nomeadamente, manipulando-se a sua administração através de um spray nasal. Estudos usando a administração nasal de oxitocina mostraram, por exemplo, que esta aumenta o reconhecimento de expressões faciais de emoções, aumenta a confiança nos congéneres, pode ter uma função ansiolítica e aumenta a preocupação empática pelos outros.
No sentido de aprofundar e confirmar o efeito relacional-afiliativo desta hormona, este estudo recente publicado na revista "Psychoneuroendocrinology", avaliou o efeito da oxitocina na auto-confiança de sujeitos após terem sido expostos a uma situação de rejeição social. Os resultados mostraram que os sujeitos com níveis elevados de humor negativo após rejeição social foram os que mais beneficiaram de um aumento significativo da auto-confiança, quando comparados com o grupo controlo (administrados com um spray placebo).
A conclusão do estudo foi a de que a oxitocina pode promover a aquisição de suporte social em situações de stress social, através do aumento da auto-confiança.
Outros estudos efetuados com o uso desta hormona, por exemplo, em populações com patologias psiquiátricas (depressão, ansiedade, pertubação pós-stress traumático, autismo, etc.) mostram resultados ténues na comparticipação desta substância na cura destas problemáticas. Parece haver apenas um efeito de atenuação dos sintomas, ainda assim, de forma pouco sistemática. Outras variáveis como experiências infantis negativas ou vinculações inseguras, mas também variáveis de personalidade e contexto, têm um papel importante na moderação do efeito da administração desta hormona.
Algum destaque para o que se verificou serem melhorias significativamente positivas para indivíduos diagnosticados com perturbações do espetro do autismo, no que respeita às suas capacidades socio-comunicativas, aquando do uso (conjugado) da oxitocina.
Em suma, as investigações que têm sido feitas sugerem que a oxitocina não é uma droga panaceia que promove relações, comportamentos e sentimentos positivos, independentemente do contexto, personalidade e da história pessoal. A "hormona do amor" pode ter algum efeito ansiolítico e pode facilitar a criação e manutenção das relações, mas fatores como a história pessoal podem mitigar estes efeitos potencialmente benéficos.
Para informações detalhadas consultar artigos:
Sem comentários:
Enviar um comentário