Contenção da ansiedade, transformação e devolução sob forma de cuidados e afeto |
Estados emocionais/mentais de propensão ao conflito destrutivo em casal
- Perda interna do
contacto com o bem-querer e com o amor da outra pessoa em relação a nós
- Perda interna do
contacto com as boas coisas que recebemos e vivemos com a outra pessoa
- Perda interna do
contacto com o nosso bem-querer e amor pela outra pessoa
- Precipitação ao
encontro confrontativo com a outra pessoa (no real ou na fantasia)
- Estado de grande excitabilidade
e/ou zanga interior
- Propensão forte para
culpar, criticar ou "sentenciar"
- Perda interna do
contacto com a própria quota parte de responsabilidade
- Impermeabilidade aos argumentos da outra pessoa, por vezes sentidos como fuga à responsabilidade ("saltitar" de tema em tema sem serem aceitas argumentos ou resoluções válidas, trazer outros assuntos ao de cima não relacionados diretamente com o assunto atual)
- Impermeabilidade aos argumentos da outra pessoa, por vezes sentidos como fuga à responsabilidade ("saltitar" de tema em tema sem serem aceitas argumentos ou resoluções válidas, trazer outros assuntos ao de cima não relacionados diretamente com o assunto atual)
- Ausência de
culpabilidade ou remorso pelos ataques inflingidos
O que nunca fazer
durante uma zanga de casal
Culpabilizar ou
criticar
Todo o cerne da
discussão que se transforma em zanga acesa está alicerçado num estado emocional
em que a ansiedade não pode ser tolerada naquele momento, por uma ou ambas as partes. Culpabilizar,
responsabilizar ou sentenciar é o equivalente a atirar gasolina para a fogueira.
Antes, cada um dos parceiros deve expor os seus sentimentos, de modo a deixar que a outra parte possa perceber por si mesma o efeito das suas atitudes e comportamentos sobre a relação ou sobre o outro, sem que isso seja atirado violentamente. Caso contrário tal irá resultar numa rejeição imediata e num atirar as culpas de volta, mesmo que os argumentos sejam totalmente válidos. O que está em causa não é a veracidade de argumentos, mas a própria capacidade da mente de tolerar, processar e integrar essas responsabilidades, que por vezes fica comprometida e necessita ser recuperada antes que se possa chegar a um qualquer entendimento entre duas pessoas.
Antes, cada um dos parceiros deve expor os seus sentimentos, de modo a deixar que a outra parte possa perceber por si mesma o efeito das suas atitudes e comportamentos sobre a relação ou sobre o outro, sem que isso seja atirado violentamente. Caso contrário tal irá resultar numa rejeição imediata e num atirar as culpas de volta, mesmo que os argumentos sejam totalmente válidos. O que está em causa não é a veracidade de argumentos, mas a própria capacidade da mente de tolerar, processar e integrar essas responsabilidades, que por vezes fica comprometida e necessita ser recuperada antes que se possa chegar a um qualquer entendimento entre duas pessoas.
Procurar resolver
por SMS
Toda a dinâmica da contenção
assenta na necessidade de existir alguém que possa permanecer relativamente tranquilo (mas
não necessariamente indiferente) face à ansiedade e conteúdos de outra pessoa,
que naquele momento não consegue conter ou transformar internamente essas
ansiedades. O tom de voz tranquilo que veicula a paciência compreensiva é a
base desta contenção. O SMS é o seu antípoda. Ou seja, a pessoa zangada pode projetar facilmente a ansiedade e zanga no SMS (que representa a outra pessoa, mas não é
a pessoa). Assim, salvo exceções, o SMS tenderá a ser percebido e recebido de acordo com os mesmos tons emocionais negativos em que a pessoa ansiosa e zangada se encontra.
Novamente, gasolina para a fogueira.
Descurar a
responsabilidade pessoal sobre o assunto ou assuntos entre mãos
Um casal é uma união
entre duas pessoas. Um problema de casal é um problema de duas partes e se há
conflitos então há responsabilidades partilhadas e/ou assuntos que necessitam
ser melhor esclarecidos.
Sair abruptamente
da presença da outra pessoa
Algumas pessoas
evitam o confronto sistematicamente enquanto forma padrão de resolver
problemas, pelo que na verdade nada se resolve, antes pelo contrário, os
problemas acumulam e levam inevitavelmente a novas situações de confronto.
Adiar o conflito é
por vezes uma importante atitude de auto-preservação quando somos apanhados de
surpresa, quando a outra pessoa se mostra inflexível, demasiado agressiva, ou não
está de modo nenhum recetiva à resolução do problema. É também importante
procurar transmitir à outra pessoa quando percebemos que não estamos em
condições de abordar determinados assuntos em determinados momentos, o
que se prende com o conhecimento e respeito pelos nossos limites e está em
linha com o nosso intuito de abordarmos assuntos mais sensíveis num momento
mais propício a que se possam resolver da melhor forma possível.
Acontece também
algumas vezes que a primeira pessoa tenha mais dificuldade em adiar o confronto
para um momento mais propício, pela zanga e pela dificuldade na contenção
naquele momento. Ainda assim, assuntos sensíveis devem sempre ser abordados de
forma assertiva e sempre no momento em que ambas os companheiros se sintam mais
capazes para lidar com eles. Caso contrário o potencial para a destrutividade é
muito elevado.
Em suma, quando duas
pessoas numa relação íntima iniciam uma discussão que aumenta gradualmente de
intensidade, então das duas, uma: ou há um "time-out",
fundamental para que ambos se tranquilizem e consigam regressar a um estado de
maior integração, ou então pelo menos uma das pessoas deve conseguir manter
alguma calma, recetividade e paciência compreensiva, de modo a conter a
ansiedade e os conteúdos da outra pessoa e ajuda-la a acalmar-se, sem
responsabilizar, culpar, retaliar ou abandonar.
No caso do time-out,
os amigos e familiares são fundamentais para nos ajudarem a desintoxicar
estados pesados de ansiedade, quando não conseguimos faze-lo sozinhos, ou
quando por algum motivo a comunicação imediata com o companheiro não é possível
ou não é prudente.
Quando as relações
são marcadas pelas discussões persistentes, pela incapacidade de um ou ambos os
companheiros se acalmarem mutuamente e sobretudo a si próprios, então a
psicoterapia (individual ou de casal) deve ser considerada.