Obsessões e compulsões são sintomas
relativamente comuns em todos nós. O bypass defensivo de emoções
difíceis por via do isolamento do afeto e da intelectualização são comuns, em
especial nas pessoas mais cerebrais ou perfecionistas. São por vezes mecanismos
úteis, como por exemplo no caso do cirurgião que consegue desempenhar
adequadamente a sua função quando por via do isolamento do afeto opera o seu
paciente meticulosamente e de "cabeça fria", remetendo para fora da
consciência a ansiedade ligada à responsabilidade pela vida que tem entre mãos
e o medo de feri-lo, bem como a culpa por faze-lo (ainda que se trate de um
ferir para curar/reparar).
Como a parentalidade e a educação
das crianças se tem tornado ao longo do tempo menos autoritária, menos pessoas
se debatem com problemas de auto controlo e de retidão moral, que são os
problemas centrais na psicologia obsessiva-compulsiva.
Como os traços obsessivos e
compulsivos também existe em outras personalidades (psicologias narcísicas e
depressivas-introjetivas), é necessário apurar a natureza da experiência
interna da pessoa, e não apenas o comportamento observável, de modo a
diagnosticar devidamente esta perturbação de personalidade.
Um aspeto central da psicologia
obsessivo-compulsiva é a relutância em sentir emoções, o que é frequentemente
associado a "perder o controlo". As origens da psicologia
obsessiva-compulsiva remetem para conflitos nas relações precoces entre a
criança e os cuidadores, nomeadamente lutas de poder precoces em torno do
largar as fraldas, e/ou mais tarde em torno da hora das refeições, da
sexualidade e da obediência geral. Outro aspeto característico é a aparente
identificação da pessoa obsessivo-compulsiva com cuidadores que na altura
esperavam de parte da criança maior maturidade que aquilo que era
realisticamente possível. Assim, as pessoas obsessivo-compulsivas consideram as
expressões de subjetividade e de afeto como "imaturas", sobrevalorizam
a racionalidade e sofrem humilhação quando sentem que agiram de forma infantil.
Contudo aceitam sentir algumas emoções (como a zanga aquando da injustiça)
quando tal é logicamente ou moralmente "justificado".
Ainda que a psicologia
obsessivo-compulsiva esteja centrada em questões do "Eu" mais que em
questões da relação com os outros, existe uma dinâmica psicológica
obsessivo-compulsiva mais relacional, que é aquela em que a pessoa compulsiva
que vive no medo angustiante de poder ofender alguém através de algum
comportamento inapropriado.
A pesquisa e investigação
clínica sugere que as pessoas obsessivo-compulsivas têm medo de perder o
controlo dos seus impulsos, nomeadamente daqueles de natureza agressiva. A
maior parte dos pensamentos e atos compulsivos envolve esforços para desfazer e
anular impulsos de destrutividade, de avareza, e aqueles com relação com a
desorganização ou com a sujidade.
A consciência da pessoa
obsessivo-compulsiva é rígida e punitiva, o que resulta da culpa acentuada
sobre desejos inaceitáveis. A autocrítica é dura. Tais pessoas medem-se a elas
próprias e aos outros relativamente a padrões perto do perfecionismo. Seguem as
regras literalmente, perdem-se nos detalhes, e têm problemas em tomar decisões
porque querem tomar a decisão perfeita. São escrupulosos, mas têm problema em
relaxar, em se divertirem e em conseguir verdadeira intimidade com os outros devido
a tudo o que suprimem dentro de si.
As qualidades obsessivas e
compulsivas tendem a surgir juntas pois resultam das mesmas fantasias
inconscientes. Contudo algumas pessoas são mais obsessivas e outras mais compulsivas.
As pessoas obsessivas estão cronicamente "nas suas cabeças": pensar,
chegar à razão, julgar e duvidar. As pessoas compulsivas estão cronicamente
" a fazer e a desfazer": limpar, colecionar, aperfeiçoar.
A ansiedade excessiva na pessoa obsessivo-compulsiva pode causar episódios persistentes em que ideias, desejos ou impulsos estranhos ou indesejáveis se impõe à consciência ou a obrigatoriedade de cumprir certas tarefas ou rituais específicos que interferem no funcionamento normal do quotidiano ou de algum modo consomem tempo excessivo ou são de algum modo tarefas estranhas ou pouco adequadas, ainda que a sua execução seja como que mandatória e obrigatória (compulsiva).
A ansiedade excessiva na pessoa obsessivo-compulsiva pode causar episódios persistentes em que ideias, desejos ou impulsos estranhos ou indesejáveis se impõe à consciência ou a obrigatoriedade de cumprir certas tarefas ou rituais específicos que interferem no funcionamento normal do quotidiano ou de algum modo consomem tempo excessivo ou são de algum modo tarefas estranhas ou pouco adequadas, ainda que a sua execução seja como que mandatória e obrigatória (compulsiva).
São pessoas que em psicoterapia
procuram ser cooperativas mas que resistem muito aos esforços do terapeuta em
explorar o mundo afetivo. Podem tornar-se subtilmente negativistas, expressando
oposição inconsciente através de chegarem atrasados às sessões, esquecerem-se
de pagar e prefaciar respostas ao terapeuta com "sim, mas...".
As terapias
cognitivo-comportamentais e a medicação podem ajudar com os sintomas nas
perturbações obsessivo-compulsivas, contudo melhorar a autoestima e enriquecer
a vida emocional destas pessoas requer um trabalho mais prolongado com alguém
disposto a ajudar na exploração e expressão daqueles aspetos das suas
personalidades que são alvo de enormes dispêndios de energia no sentido
de serem dominados.
Preocupação/tensão central: Submissão a / revolta contra autoridades controladoras
Afetos centrais: Zanga, culpa, vergonha, medo
Crença patogénica característica
sobre si próprio(a): A minha agressividade é perigosa e
tem de ser controlada
Crença patogénica sobre os outros: Os outros tentam exercer controlo, a que eu devo resistir
Subtípos:
Personalidade Obsessiva
Ruminativa, cerebral; a autoestima depende do pensar, de realizações intelectuais
Personalidade Compulsiva
Ocupada, meticulosa, perfecionista; a autoestima depende do fazer, de realizações práticas
Fonte: PDM - Psychodynamic Diagnostic Manual
Subtípos:
Personalidade Obsessiva
Ruminativa, cerebral; a autoestima depende do pensar, de realizações intelectuais
Personalidade Compulsiva
Ocupada, meticulosa, perfecionista; a autoestima depende do fazer, de realizações práticas
Fonte: PDM - Psychodynamic Diagnostic Manual