sábado, janeiro 12, 2013

Economia Parte III: a Economia ainda é uma ciência social?

Até aos anos70-80 do século XX, a Economia tinha pergaminhos como ciência humana e social. Estudava-se, durante o curso, direito, ciência política, sociologia, história. Tinha-se uma visão mais integrada da sociedade e do modelo económico seguido. Hoje, o curso tem um conteúdo muito mais quantitativo e abstracto.
Outras cartilhas se impuseram nos últimos trinta anos. Se é verdade que o estado entretanto engordou obscenamente, transformado numa espécie de porquinha que tem alimentado uma clientela insaciável e dependente (empresas, bancos, fundações, partidos, grupos de interesses, pessoas), é de recear que estejamos a assistir a uma matança cega do animal. Os dois ou três economistas que no essencial nos governam, mais os técnicos internacionais, desferem golpes cegos com as suas facas de talhante. Têm mentalidade de contabilistas, privilegiam a óptica monetária sobre a económica, ignoram as complexidades da ciência social.
Os portugueses, votantes de vez em quando e sempre contribuintes, cerram os dentes e vão apertando o cinto. O clima é deprimente, desolador, sem esperança. Velhos à míngua, quando já pouco podem esperar da vida, jovens sem qualquer esperança de fazer uma vida normal. Precários, desempregados, com um futuro muito problemático.
Que podemos fazer por nós próprios nestas circunstâncias?
Autonomia, criatividade, trabalho, persistência, resiliência. Não somos apenas um número no papel do IRS, implacavelmente espremidos todos os dias, por um estado ineficaz no resto (quando não corrupto). Temos de tomar melhor conta das nossas vidas. Chegámos a este estado de coisas porque temos sido apáticos no que respeita à má governação. Não quisemos saber, fechámos os olhos, deixámo-nos, salvo excepções, comprar com crédito fácil e promessas, mais promessas.
Que ao menos esta terrível situação sirva para nos tornarmos melhores e mais capazes cidadãos. Para isso é preciso trabalho e disposição. O que não é fácil quando se anda a assegurar a cada vez mais difícil sobrevivência. Precisamos de saber tratar de nós a nível mental e físico. Temos de ser mais fortes e mais exigentes.

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