É bem comum, quando se é Psicólogo, ouvir este questionamento vindo 
de pessoas conhecidas, como parentes e amigos: “Mas por que você não 
pode me atender?” ou ainda: “Você que é Psicólogo, o que você acha sobre
 esse assunto, como podemos resolver isso?” ou “O que você acha que eu 
tenho?”.
São muitas as situações em que os psicólogos são “convocados” a dar 
sua “opinião de especialista” 
para ajudar a resolver conflitos 
familiares ou cotidianos.
O Código de Ética dos Psicólogos não proíbe claramente que sejam 
atendidos familiares ou amigos, a decisão sobre atender ou não vai de 
acordo com o bom senso do profissional.
O que se acredita que pode interferir negativamente no sucesso do 
processo terapêutico é justamente a intimidade e proximidade que existe 
entre o psicólogo e o paciente fora do consultório. Durante os 
atendimentos, para se chegar a um objetivo, o psicólogo precisa explorar
 muitos aspectos da história do indivíduo, fazer questões que muitas 
vezes adentram a sua intimidade e suas particularidades, o que pode 
prejudicar de alguma forma o relacionamento de amizade ou familiar. E o 
contrário também ocorre, pois muitas vezes o paciente pode optar por não
 revelar determinadas questões sobre si mesmo por não se sentir à 
vontade o suficiente com o psicólogo e mesmo por medo de expor suas 
intimidades e ter sua relação fora do consultório afetada. Assim, o 
processo terapêutico fica comprometido. E por parte do Psicólogo, também
 pode haver pré-concepções sobre o paciente (pois estes já se conhecem),
 que poderão afetar o processo. O terapeuta não é isento de sentimentos e
 emoções, que o fazem correr o risco de deposita-los de forma incorreta 
no paciente já conhecido, envolvendo opiniões pessoais e não somente 
profissionais na terapia.
E é claro que ao psicólogo não fica vedado o direito de dar sua 
opinião profissional acerca de conflitos e questões familiares ou de 
amigos. Aqui entra novamente o bom senso, pois não se pode fornecer um 
“diagnóstico” fora do setting terapêutico, ou seja, ausente do 
ambiente de atendimento e sem analisar todo um histórico e demais 
fatores que interferem em determinada questão (o que não se pode fazer 
em alguns minutos apenas, no churrasco de domingo). O psicólogo pode 
contribuir e auxiliar nestas questões específicas até o momento que lhe 
couber, com base nos princípios éticos que regem a profissão, visando 
sempre o cuidado e o bem estar do outro.
Fonte:
Ane Caroline Janiro
http://psicologiaacessivel.net/ 

 
 
 
 
 
 
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