O caminho para a verdade interior é um caminho longo, que leva
toda uma vida a ser trilhado. É um caminho repleto de auto-ilusões e
auto-boicotes, onde as verdades profundas interiores se desvendam, umas vezes
subitamente, outras vezes a custo de muitos anos de trabalho.
Tanto para o peregrino (o paciente) da psicoterapia psicanalítica
ou da psicanálise, como para o seu guia (o psicoterapeuta), cada sessão é um
passo em direção a uma nova e mais profunda verdade interior, onde cada verdade
desvela novos caminhos e sinuosidades.
Que verdades interiores serão essas que dentro de si, leitor(a),
esperam ser desvendadas?
Será esse um caminho que se atreverá a trilhar?
E como imagina que poderia ser o seu guia?
Talvez lhe surja subitamente a imagem de alguém verdadeiramente
interessado em conseguir ajuda-lo(a), que respeitaria pacientemente a sua
necessidade de caminhar ao seu ritmo, procurando ao mesmo tempo encorajá-lo(a)
a dar o próximo passo e demonstrando estar lá para si enquanto luz orientadora
para quando se sentisse perdido(a) ou ajudando-o(a) a levantar-se depois uma
queda…?
Talvez lhe surja a imagem de alguém que o(a) achará pouco
interessante, que sentirá pena de si, ou que o(a) fará sentir-se
envergonhado(a) ou culpado(a) pelas suas angústias, aproveitando cada
oportunidade para acentuar a sua culpa e vergonha…? Ou talvez alguém que de um
modo ou de outro acabará por desiludi-lo(a)…?
Será que perceber que tipo de guia surge na sua fantasia pode ser
por si só um importante início ou um mergulho em profundidade sobre si
mesmo(a)…
Auto-ilusões e auto-boicotes, juntamente com um mundo interior
inconsciente ou dissociado, misturado ainda com aquilo que não pode ainda ser
pensado – o que depende do amadurecimento do aparelho de pensar -
configuram muitas vezes angústias, medos e ansiedades, sintomas e
psicopatologia. São sinais de um mundo interior que não está ou não pode ainda
tornar-se cogniscível.
1. Imagine que alguém escreve uma
notícia sobre si.
a) Quais as 3 coisas que jamais iria
querer que fossem ditas sobre si?
b) Serão essas coisas verdadeiras?
c) Se não o são, será que ao
longo da vida e através das pessoas de quem se rodeou, dos seus familiares e
dos seus amigos, foi aprendendo que essas eram o tipo de coisas que as pessoas
não deveriam ser, e logo rejeita-as hoje em si?
2. O que é que o(a) irrita mais nas pessoas (atitudes, comportamentos, aspetos de personalidade, etc)?
3. Sente ansiedade quando está no meio de pessoas, seja na rua, na
escola, no trabalho, etc., e/ou procura mesmo evitar em maior ou menor grau contactos
sociais? Imagine que se coloca nos “sapatos” dessas outras pessoas ao olhar para
si, o que estariam essas pessoas a ver sobre si ? Como surge você perante o
olhar e a apreciação dos outros e o que sentem esses outros em relação a si? E
aqueles que lhe são mais próximos, os seus amigos, companheiros e sobretudo os
seus familiares?
Nem todas estas perguntas
garantem revelações, como nem todas estas perguntas podem ser de fácil ou rápida
resposta. Quiça possam agitar algo dentro de si...