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quarta-feira, março 11, 2015

||Perturbações de Personalidade|| - Personalidade Dependente


As pessoas que sofrem de dependência caracterológica definem-se sobretudo em relação aos outros e procuram segurança e satisfação predominantemente em contextos interpessoais - "Sou a esposa do Luís, e estou bem quando as coisas estão bem com ele.". Os sintomas psicológicos podem surgir quando algo falha numa relação primária.

A procura de tratamento tende a surgir no meio da vida ou mais tarde, após a morte do(a)
companheiro(a) ou divórcio.

Apesar de aparentemente as mulheres serem mais propensas à dependência patológica, tal pode dever-se simplesmente a uma maior facilidade por parte das mulheres para reconhecer a dependência.

Alguns estudos situam as origens desta patologia em cuidados parentais de sobreproteção ou autoritaristas, um processo de socialização ligado ao desempenho de papéis de género pré-determinados e/ou a atitudes culturais relacionadas com a orientação para o sucesso versus a orientação para as relações.

São pessoas que se sentem ineficazes quando estão por conta própria e tendem a considerar os outros poderosos e eficazes.

Tipicamente a vida das pessoas com uma perturbação dependente de personalidade é organizada com vista à manutenção de relações de cuidados e de apoio (emocional, financeiro, parental, académico, profissional, identitário, etc.) nas quais elas são submissas. Quando conseguem desenvolver este tipo de relações tendem a sentir-se satisfeitas, ao passo que quando não o conseguem vivem um transtorno agudo.

As preocupações emocionais destas pessoas envolvem frequentemente ansiedade de desempenho e medo de serem criticadas e abandonadas.

Preocupação/tensão central: Manter/perder a relação
Afetos centrais: Prazer quando vinculado(a) de forma segura; tristeza e medo quando sozinho(a)
Crença patogénica característica sobre si próprio(a): Sou inadequado(a), preciso de ajuda alheia, sou impotente
Crença patogénica sobre os outros: Os outros são poderosos e preciso do cuidado deles.

Fonte: PDM - Psychodynamic Diagnostic Manual

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Como perceber o que se passa comigo?

 
Todos nós ao longo das nossas vidas sofremos pelo menos em algum momento. Por vezes esse momento prolonga-se mais do que gostariamos e interfere com a nossa vida. Por vezes são ocorrências isoladas, mas com efeitos a longo prazo, ou que parecem nunca ter desaparecido. Por vezes estes momentos e ocorrências são vários na nossa vida. Outras vezes são tantos que parecem nunca terminar e definir mesmo a nossa existência.

Algumas vezes perguntamo-nos se deveriamos ir ao psicólogo fazer um "check up", ou procurar ajuda ou orientação. Muitos acabamos por não o fazer e esperar que as coisas se resolvam por si ou que "a vida" as resolva. Alguns de nós fazemos como que um compromisso entre estas duas coisas e procuramos informação pela internet ou através dos livros, na esperança de encontrarmos nomes, descrições ou alguma compreensão para qualquer coisa que não sabemos ainda o que é. Alternativamente há ainda aqueles de nós que descobrem resposta a grande parte dessas questões precisamente nas aulas de psicopatologia dos cursos de formação em psicologia clínica.

Assim sendo, deixamos hoje a sugestão de duas obras muito úteis a quem procura perceber mais sobre si (e sobre os outros à sua volta e aqueles marcaram as nossas vidas), nomeadamente sobre os aspetos internos mais problemáticos ou problematizantes de cada um de nós. São também obras muito úteis e fundamentais para estudantes de psicologia clínica, psiquiatria e psicoterapeutas.

São obras rigorosas que identificam e descrevem as várias perturbações de personalidade conhecidas (das quais a maioria de nós tem habitualmente um, outro ou mais traços desta ou daquela categoria). Elas detalham sobre organização e estrutura de personalidade, lançando luz sobre o funcionamento psíquico concreto e diferenciado próprio de cada um dos tipos de personalidade. Abordam as origens destas perturbações, os conflitos do desenvolvimento (e não só) que lhes estão por detrás e os mecanismos psíquicos de defesa específicos que as caracterizam. Falam sobretudo daquilo que as pessoas são, e não daquilo que as pessoas têm. Falam sobre o que se entende clínicamente hoje em dia por saúde mental e o que se entende por psicopatologia. Falam detalhadamente sobre funções mentais e sobre os vários níveis em que cada um de nós funciona dentro destas categorias, desde os níveis mais adaptativos até aos mais desadaptativos/patológicos. Falam de plenitude e maturidade, e de sofrimento e impossíbilidade de progressão.


A obra Psychoanalytic Diagnosis (na foto; disponível a tradução brasileira para a segunda revisão da obra lançada mais recentemente) da autora Nancy McWilliams é relativamente acessível, conta com muitos exemplos de casos e oferece muitas referências para outros autores (para aqueles que desejem aprofundar conhecimentos). O Psychodynamic Diagnostic Manual (PDM) (na foto) é fundamentalmente o que o próprio título descreve, um manual de diagnóstico, extendendo-se também à adolescência e infância e contando com algumas ilustrações de caso. O PDM resulta de um esforço conjunto por parte das mais proeminentes associações de psicologia clínica psicanalítica do mundo (Nancy McWilliams é membro da comissão organizadora do PDM Task Force).

Como nota final, ainda que qualquer um destes livros possa oferecer alguma luz ou ajuda, eles não dispensam a consulta presencial de avaliação e diagnóstico com um técnico rigorosamente formado e treino clínico ao longo de anos no exercício do diagnóstico e da psicoterapia clínica.

Boas leituras!

http://www.psicronos.pt/consultas/primeira-consulta_1