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domingo, fevereiro 21, 2016

Experiências Adversas na Infância - Calcule o seu índice ACE


Deixamos aqui mais um artigo sobre as Experiências Adversas de Infância, enquanto síntese,  oferecendo-lhe agora, no final do artigo, a possibilidade de cálculo do seu índice ACE - Adverse Childhood Experiences.

O estudo sobre as Experiências Adversas de Infância é uma investigação megalómana conduzida no âmbito da avaliação da relação entre, por um lado, maus tratos na infância e, por outro lado, saúde e qualidade de vida ao longo da vida.

A agressão e negligência física ou emocional precoce muda literalmente quem nós somos. Porém, a psicoterapia pode ajudar.

Se alguma vez se perguntou porque se têm debatido tanto durante tanto tempo com problemas crónicos de saúde física e emocional que simplesmente não desaparecem, sentindo-se como se estivesse a nadar contra uma corrente invisível que nunca cessa, então esta área da pesquisa científica pode oferecer esperança, respostas e perspetivas de cura.

Este estudo epidemiológico em larga escala visou sondar as histórias de 17.000 crianças e adolescentes, comparando as suas experiências de infância com os seus registos de saúde mais tarde na vida adulta. Os resultados foram chocantes: Quase dois terços dos indivíduos tinham sofrido uma ou mais experiências adversas de infância. Estas Experiências Adversas de Infância - ACE - compreendem situações crónicas, imprevisíveis e indutoras de stress que algumas crianças enfrentam. Estas formas de trauma emocional ultrapassam os desafios típicos do crescimento.
 
Este estudo (replicado em vários paises), demonstrou que o índice de ACE de cada individuo predizia com precisão surpreendente a quantidade de cuidados médicos que essa pessoa iria necessitar enquanto adulta.

  • Pessoas com um índice ACE de 4 ou mais apresentavam duas vezes maior probabilidade de diagnóstico de cancro em comparação com as pessoas que não apresentavam historial de ACE.

  • Para cada ACE uma mulher apresentava um risco acrescido de 20% relativo à necessidade de hospitalização devido a doença autoimune.

  • Alguém com um historial de 4 ACE apresentava 460% maior propensão a sofrer de depressão que alguém sem historial de ACE.

  • Um índice de 6 ou mais ACE demonstrou reduzir a vida da pessoa por quase 20 anos.

Este estudo demonstra que a vivência de stress tóxico imprevisível e crónico na infância nos predispõe a uma constelação de condições crónicas na adultícia.

Cálculo do índice ACE

Aconselhamos uma reflexão cuidada e ponderada antes de responder a cada item (por exemplo, responder ao questionario quando estiver sozinho(a), refletindo 2-3 minutos em cada ponto ou subponto).

Antes dos seus 18 anos:

1. Algum dos pais ou outro adulto em casa frequentemente ou muito frequentemente

  • A(o) ofendia, a(o) insultava, a(o) menosprezava, a(o) humilhava?
          ou
  • Agiam de tal forma que a(o) faziam recear ser fisicamente agredida(o)?

2. Algum dos pais ou outro adulto em casa frequentemente ou muito frequentemente

  • A(o) empurrava, agarrava, esbofeteava ou atirava objetos contra si?
          ou
  • Alguma vez lhe bateu de tal forma que gerou marcas ou danos físicos?

3. Algum adulto ou pessoa pelo menos 5 anos mais velha alguma vez

  • A(o) tocou ou acariciou ou a(o) levou a tocar o corpo deles de forma sexual
          ou
  • Tentou ter ou teve relações sexuais orais, anais ou vaginais consigo?

4. Sentia frequentemente ou muito frequentemente que

  • Ninguém na sua família a(o) amava ou pensava que você era importante ou especial?
          ou
  • Os membros da sua família não se preocupavam pelo bem estar de cada um, se sentiam próximos uns dos outros, ou se apoiavam uns aos outros?

5. Sentia frequentemente ou muito frequentemente que

  • Não tinha o suficiente para comer, tinha de usar roupas sujas, e não tinha ninguém que (a)o protegesse?
          ou
  • Os seus pais estavam demasiado embriagados ou sobre o efeito de drogas para cuidar de si ou leva-lo ao médico caso precisasse?

6. Alguma vez os seus pais se separaram ou divorciaram?

7. A sua mãe ou madrasta

  • Era frequentemente ou muito frequentemente empurrada, agarrada, esbofeteada, ou lhe atiravam objetos contra ela?
          ou
  • Era algumas vezes, frequentemente ou muito frequentemente pontapeada, mordida, batida com murros, ou atingida com objetos pesados?

8. Viveu com alguém que sofressem de problemas de bebida ou alcoolismo, ou que usasse drogas ilícitas?

9. Algum dos membros de família sofria de depressão ou perturbações psicológicas, ou algum dos membros de família teve tentativas de suicídio?

10. Algum dos membros da família foi preso?

A Soma das suas respostas positivas é o seu índice de Experiências Adversas de Infância (ACE).
 
Fonte ACE Study
CDC Violence Prevention

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Como perceber o que se passa comigo?

 
Todos nós ao longo das nossas vidas sofremos pelo menos em algum momento. Por vezes esse momento prolonga-se mais do que gostariamos e interfere com a nossa vida. Por vezes são ocorrências isoladas, mas com efeitos a longo prazo, ou que parecem nunca ter desaparecido. Por vezes estes momentos e ocorrências são vários na nossa vida. Outras vezes são tantos que parecem nunca terminar e definir mesmo a nossa existência.

Algumas vezes perguntamo-nos se deveriamos ir ao psicólogo fazer um "check up", ou procurar ajuda ou orientação. Muitos acabamos por não o fazer e esperar que as coisas se resolvam por si ou que "a vida" as resolva. Alguns de nós fazemos como que um compromisso entre estas duas coisas e procuramos informação pela internet ou através dos livros, na esperança de encontrarmos nomes, descrições ou alguma compreensão para qualquer coisa que não sabemos ainda o que é. Alternativamente há ainda aqueles de nós que descobrem resposta a grande parte dessas questões precisamente nas aulas de psicopatologia dos cursos de formação em psicologia clínica.

Assim sendo, deixamos hoje a sugestão de duas obras muito úteis a quem procura perceber mais sobre si (e sobre os outros à sua volta e aqueles marcaram as nossas vidas), nomeadamente sobre os aspetos internos mais problemáticos ou problematizantes de cada um de nós. São também obras muito úteis e fundamentais para estudantes de psicologia clínica, psiquiatria e psicoterapeutas.

São obras rigorosas que identificam e descrevem as várias perturbações de personalidade conhecidas (das quais a maioria de nós tem habitualmente um, outro ou mais traços desta ou daquela categoria). Elas detalham sobre organização e estrutura de personalidade, lançando luz sobre o funcionamento psíquico concreto e diferenciado próprio de cada um dos tipos de personalidade. Abordam as origens destas perturbações, os conflitos do desenvolvimento (e não só) que lhes estão por detrás e os mecanismos psíquicos de defesa específicos que as caracterizam. Falam sobretudo daquilo que as pessoas são, e não daquilo que as pessoas têm. Falam sobre o que se entende clínicamente hoje em dia por saúde mental e o que se entende por psicopatologia. Falam detalhadamente sobre funções mentais e sobre os vários níveis em que cada um de nós funciona dentro destas categorias, desde os níveis mais adaptativos até aos mais desadaptativos/patológicos. Falam de plenitude e maturidade, e de sofrimento e impossíbilidade de progressão.


A obra Psychoanalytic Diagnosis (na foto; disponível a tradução brasileira para a segunda revisão da obra lançada mais recentemente) da autora Nancy McWilliams é relativamente acessível, conta com muitos exemplos de casos e oferece muitas referências para outros autores (para aqueles que desejem aprofundar conhecimentos). O Psychodynamic Diagnostic Manual (PDM) (na foto) é fundamentalmente o que o próprio título descreve, um manual de diagnóstico, extendendo-se também à adolescência e infância e contando com algumas ilustrações de caso. O PDM resulta de um esforço conjunto por parte das mais proeminentes associações de psicologia clínica psicanalítica do mundo (Nancy McWilliams é membro da comissão organizadora do PDM Task Force).

Como nota final, ainda que qualquer um destes livros possa oferecer alguma luz ou ajuda, eles não dispensam a consulta presencial de avaliação e diagnóstico com um técnico rigorosamente formado e treino clínico ao longo de anos no exercício do diagnóstico e da psicoterapia clínica.

Boas leituras!

http://www.psicronos.pt/consultas/primeira-consulta_1