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terça-feira, novembro 12, 2013

Bebé Emocionado: Empatia ou Desamparo?


Este vídeo tem circulado nas redes sociais ao longo das últimas semanas, gerando inúmeros comentários emocionados relativamente à resposta do bebé à voz da mãe enquanto canta. A maior parte das pessoas parece deliciada com a forma como o bebé parece reagir com empatia à tristeza transmitida pelo tom de voz e pela melodia. Talvez por isso me tenha abstido de comentar este vídeo antes e só o faço agora em resposta ao desafio lançado pela Dra Ana Almeida.

Assumo que este vídeo me causou desconforto desde a primeira vez que o vi. Desde cedo, talvez ainda dentro da barriga da mãe, o bebé parece ser capaz de discriminar os estados emocionais da mãe. Neste vídeo, parece haver uma reposta bastante rápida a um possível estado de tristeza por parte da mãe. Na minha opinião, talvez haja uma reação empática numa primeira fase, mas que depois se transforma numa vivência de desamparo, que faz lembrar a resposta (ou ausência dela) das mães deprimidas aos seus bebés. 

Parece-me que o bebé fica verdadeiramente angustiado com a suposta tristeza da mãe (e provavelmente com o tom de voz que pode ser sensorialmente insuportável nesta idade), parecendo tranquilizar-se nos segundos de pausa em que provavelmente espera o conforto da mãe, voltando a sentir a sua indisponibilidade quando volta a cantar. Imagino até, e aqui é pura fantasia, que a mãe esteja de olhos fechados enquanto canta, e que o contacto ocular se dê nestes momentos de pausa em que o bebé parece tranquilizar-se (suspirando até) por ter a mãe de volta. Suspiro eu de alívio quando é finalmente a mãe a revelar empatia pela angústia do filho, contendo-o com grande afetividade e fazendo-o perceber que está ali para ele, disponível e intacta, o que acontece de forma muito inconsistente no caso das mães deprimidas.
Gostava de conhecer mais opiniões acerca deste tema.


Alexandra Barros
Psicóloga e Psicoterapeuta
Diretora do Departamento de Infância e responsável pela Consulta do Bebé e da Parentalidade

geral@psicronos.pt