Após ter adiado sucessivamente escrever este post. Resolvi escrever justamente acerca disso... o adiar sucessivamente.
Recorri ao meu velho dicionário de psicologia, mas sem êxito. A procrastinação é uma definição recente, assim recorri aos dicionários virtuais para obter uma boa definição do problema.
O termo vem do latim procrastinatus, em que pro (à frente) e crastinus (de amanhã). Ora o amanhã que se apresenta á nossa frente não seria um problema se não apontasse-mos tudo para essa data... amanhã!
Amanhã também é a data em que começam 90%, ou mais, das dietas, programas de exercício físico, pagamentos de dividas ao fisco entre outras!
Já diz o povo “Pagar e morrer quanto mais tarde melhor”. Pergunto-me se os povos do sul da Europa tem mais enraizado na sua cultura o adiar sucessivo das tarefas?
Por outro lado, alguns poetas dizem que “hoje é o primeiro dia do resto da minha vida!”
Agora estou baralhado... será que ao viver hoje como o primeiro dia podemos deixar algumas coisas chatas para amanhã? Ou se, não tivermos a certeza que amanhã cá estamos, o que fazer hoje?
Este parágrafo também não deve ter ajudado muito para os leitores... ou talvez sim? Pois depende como vemos a vida. Como um acumular de dias, ou como um subtrair de dias. Lá vamos nós para história da garrafa meia cheia ou meia vazia... Tudo depende! Se que queremos beber mais ou se já bebemos o suficiente.
Se uns adiam as tarefas para estar com os amigos, visto que amanhã pode acontecer uma desgraça e assim foi gozar a vida até ao fim. Outros vão deixar de estar socialmente porque amanhã podem acabar aquilo que começaram hoje mas que não ficou feito por causa de não saber ao certo qual o propósito ou a importância pessoal da tarefa.
Para rematar este texto que corre o risco de se tornar longo e maçador. Lanço um desafio aos que me lêem: “ O que é verdadeiramente importante na vida de cada um?”
Se a vossa resposta estiver de acordo com as tarefas que tem para fazer, então calculo que não as adiar muito.
Se mesmo assim as coisas não fluem... isso poderá dizer que as vossas tarefas não estão de acordo com o que é verdadeiramente importante. Neste caso poderão rever as frases que a palavra “devia” está inserida, e substituir por “queria”. Eu vou dar um exemplo:
“Eu devia trabalhar mais, mesmo que passe menos tempo com a família!”
“Eu queria trabalhar mais, mesmo que passe menos tempo com a família!”
Se muitos dizem a primeira frase, poucos dizem a segunda... a não ser que desejem divorciar-se... mas atenção! Se fazem isto sem dar conta é porque não responderam á pergunta “O que é verdadeiramente importante na minha vida?”
Para mim agora o importante é fazer uma faísca na vossa mente que vos permita pensar, para que possam viver com a sensação de plenitude que todos merecem.
Claro está que podia fazer mais pesquisa, refazer este texto vezes sem conta para atingir um estado de perfeição minimamente aceitável... mas isso seria simplesmente mais uma forma de adiar a tarefa!
terça-feira, novembro 06, 2007
segunda-feira, novembro 05, 2007
Desencontro de Fantasias
Tal como o próprio nome indica, uma fantasia está arreigada ao mundo fantástico, imaginário . Fantasiar faz com que a nossa vida seja pautada de desejos, de vontades, de avanços, tal como a célebre frase "quando o homem sonha o mundo pula e avança", fantasiar, sonhar, leva-nos a patamares de vontades, de alegrias, de emoções que depois precisam de ser ajustadas ou re-ajustadas.
Ao colocar o título a este post "Desencontro de Fantasias" estava a pensar no nascimento de um bebé diferente, que foge em larga medida das fantasias da gravidez.
Tal como em qualquer gravidez existem fantasias associadas ao nosso bebé, como será ele, se é menino ou menina (caso não saiba o sexo à priori) se terá olhos azuis, verdes, castanhos, se cabelo claro ou escuro, liso ou encaracolado, se sai ao pai á mãe... e aquando do nascimento do bebé real, há que fazer o encontro entre o bebé real e o bebé imaginário, fazendo o luto das fantasias associadas à gravidez.
E quando nasce um bebé com diferença? que foge por completo às fantasias dos pais? que não vai minimamente de encontro ao idealizado? mas que assim que nasce está àvido de carinho, de afecto, de contacto, e a mãe, sem ter tempo para fazer o seu luto, de viver o seu desapontamento, de tentar perceber o que se passou, tem que de imediato entrar na reciprocidade com o seu bebé.
Como é pensar desta forma? Como é que se faz este movimento? Quais os mecanismos que se têm que accionar de imediato? Como é isto de ter um bebé diferente? Como é que aconteceu? O que falhou? Quem são os culpados? É hereditário? Foi à nascença? Fomos nós pais?
Estas são muitas das questões que assolam o pensamento dos pais que se deparam com um bebé com diferença. Tal como em outros post's onde referenciei o que é a diferença ilustrado por contos, por histórias que retratam as vivências parentais, há que haver um período de consternação, de zanga, de raiva, mas depois tem que haver um movimento contrário, de encontro com o bebé, ainda que diferente, um bebé com capacidades próprias, com características específicas, capaz de entrar na reciprocidade parental, de receber e dar carinho; o que tem que existir é um enquadramento na forma como aquela criança, aquele bebé nos dá carinho, amor, se desenvolve e cresce.
Deixo estas pequenas /grandes palavras, questões para que possamos reflectir um pouco, e amanhã continuarei...
Até amanhã
Ao colocar o título a este post "Desencontro de Fantasias" estava a pensar no nascimento de um bebé diferente, que foge em larga medida das fantasias da gravidez.
Tal como em qualquer gravidez existem fantasias associadas ao nosso bebé, como será ele, se é menino ou menina (caso não saiba o sexo à priori) se terá olhos azuis, verdes, castanhos, se cabelo claro ou escuro, liso ou encaracolado, se sai ao pai á mãe... e aquando do nascimento do bebé real, há que fazer o encontro entre o bebé real e o bebé imaginário, fazendo o luto das fantasias associadas à gravidez.
E quando nasce um bebé com diferença? que foge por completo às fantasias dos pais? que não vai minimamente de encontro ao idealizado? mas que assim que nasce está àvido de carinho, de afecto, de contacto, e a mãe, sem ter tempo para fazer o seu luto, de viver o seu desapontamento, de tentar perceber o que se passou, tem que de imediato entrar na reciprocidade com o seu bebé.
Como é pensar desta forma? Como é que se faz este movimento? Quais os mecanismos que se têm que accionar de imediato? Como é isto de ter um bebé diferente? Como é que aconteceu? O que falhou? Quem são os culpados? É hereditário? Foi à nascença? Fomos nós pais?
Estas são muitas das questões que assolam o pensamento dos pais que se deparam com um bebé com diferença. Tal como em outros post's onde referenciei o que é a diferença ilustrado por contos, por histórias que retratam as vivências parentais, há que haver um período de consternação, de zanga, de raiva, mas depois tem que haver um movimento contrário, de encontro com o bebé, ainda que diferente, um bebé com capacidades próprias, com características específicas, capaz de entrar na reciprocidade parental, de receber e dar carinho; o que tem que existir é um enquadramento na forma como aquela criança, aquele bebé nos dá carinho, amor, se desenvolve e cresce.
Deixo estas pequenas /grandes palavras, questões para que possamos reflectir um pouco, e amanhã continuarei...
Até amanhã
domingo, novembro 04, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
“Insatisfação, Vazio Mental e Mal Estar”, 1º Encontro do Centro de Estudos Psicanalíticos de Coimbra.
Vai realizar-se nos próximos dias 9 e 10 de Novembro o 1º Encontro do Centro de Estudos Psicanalíticos de Coimbra sobre o tema "Insatisfação, Vazio Mental e Mal Estar", no Auditório do Instituto da Juventude de Coimbra.
O programa consta do seguinte:
Sexta-feira, dia 9 de Novembro
"O Vazio Psíquico contra a depressão: Agir, Futilidade e Falha na Representação de si"
Carlos Farate
Comentador: Rui Coelho
"Vazio e Funcionamento Mental"
Moderador: José Augusto Dória
Participantes: Carlos Vieira, Ana Pais, Rosina Pereira
"Mal Estar e Violência"
Luísa Vicente
Comentador: Fernanda Alexandre
"Novas (Velhas) Patologias"
Moderador: António Mendonça
Participantes: Conceição Almeida, Sónia Coelho, Nelson Barros
Sábado, 10 de Novembro
"Mal Estar na Civilização"
Carlos Amaral Dias
Comentador: José C. Coelho Rosa
"Sempre a Abrir: o Agir como Forma de Vida"
Moderador: Fátima Sequeira
Participantes: Jorge Câmara, Fátima Neves, Rui Aragão
"Psicossomática Estrutural"
Jaime Milheiro
Comentador: Jorge Bouça
"O Corpo é que Paga: Lacunas de Mentalização"
Moderador: Teresa Nunes Vicente
Participantes: Mendes Pedro, Rosa Rebelo, João Santana
Informações e Secretariado
Rua Oliveira Matos, 17
3000 - 305 Coimbra
Telf. 239824557
Email: edite@ismt.pt
O programa consta do seguinte:
Sexta-feira, dia 9 de Novembro
"O Vazio Psíquico contra a depressão: Agir, Futilidade e Falha na Representação de si"
Carlos Farate
Comentador: Rui Coelho
"Vazio e Funcionamento Mental"
Moderador: José Augusto Dória
Participantes: Carlos Vieira, Ana Pais, Rosina Pereira
"Mal Estar e Violência"
Luísa Vicente
Comentador: Fernanda Alexandre
"Novas (Velhas) Patologias"
Moderador: António Mendonça
Participantes: Conceição Almeida, Sónia Coelho, Nelson Barros
Sábado, 10 de Novembro
"Mal Estar na Civilização"
Carlos Amaral Dias
Comentador: José C. Coelho Rosa
"Sempre a Abrir: o Agir como Forma de Vida"
Moderador: Fátima Sequeira
Participantes: Jorge Câmara, Fátima Neves, Rui Aragão
"Psicossomática Estrutural"
Jaime Milheiro
Comentador: Jorge Bouça
"O Corpo é que Paga: Lacunas de Mentalização"
Moderador: Teresa Nunes Vicente
Participantes: Mendes Pedro, Rosa Rebelo, João Santana
Informações e Secretariado
Rua Oliveira Matos, 17
3000 - 305 Coimbra
Telf. 239824557
Email: edite@ismt.pt
quinta-feira, novembro 01, 2007
Percursos com António Coimbra de Matos
No dia 5 de Novembro pelas 21:00h no Teatro Municipal de São Luís ao Chiado vai realizar-se o lançamento do livro "Percursos com António Coimbra de Matos" exibição do documentário com o mesmo titulo.
Esta iniciativa, será prestigiada com a participação do Prof. Doutor António Coimbra de Matos e do Dr. Carlos Vaz Marques (apresentação), a entrada será livre, sendo servido um Porto de Honra no início do programa (cerca das 20h30).
Para mais informações e visionamento do trailer vá ao site da Climepsi
quarta-feira, outubro 31, 2007
Transferência e contra-transferência em Avaliação Psicológica!
É frequente falarmos de transferência e contra-transferência num contexto psicoterapêutico, mas é menos frequente pensarmos nos aspectos da transferência quando fazemos avaliação psicológica.
Ainda que pensemos nesse factor quando interpretamos os dados da entrevista, raramente o fazemos no que diz respeito aos resultados das provas, e até à forma como elaboramos o relatório.
A transferência influencia-nos desde a escolha das provas e pode interferir significativamente nos resultados.
Se uma avaliação psicológica é um método que procura a exactidão, nós, técnicos envolvidos devemos estar também atentos à subjectividade e considerar a interferência destes aspectos.
Não quero com isto dizer que devemos analisar e utilizar a transferência como mais um método de avaliação e de diagnóstico, mas sim atender à sua influência no nosso trabalho, que se pretende que seja rigoroso e exacto.
Ainda que pensemos nesse factor quando interpretamos os dados da entrevista, raramente o fazemos no que diz respeito aos resultados das provas, e até à forma como elaboramos o relatório.
A transferência influencia-nos desde a escolha das provas e pode interferir significativamente nos resultados.
Se uma avaliação psicológica é um método que procura a exactidão, nós, técnicos envolvidos devemos estar também atentos à subjectividade e considerar a interferência destes aspectos.
Não quero com isto dizer que devemos analisar e utilizar a transferência como mais um método de avaliação e de diagnóstico, mas sim atender à sua influência no nosso trabalho, que se pretende que seja rigoroso e exacto.
domingo, outubro 28, 2007
Reflexo
Sem querer tirar o mérito a Nuno Júdice, acrescentaria ao seu título Reflexo, ou o Mito de Narciso, pois as suas palavras retratam o sentimento de frustração e exclusão daquele que vive uma relação onde não há lugar para o outro.
"Sem nada para fazer, olha-se no espelho do quadro, procurando uma resposta. Ou será o contrário, sendo ela uma projecção da sua própria imagem? No fundo, é o movimento do olhar que vai de uma para outra que impede uma certeza: se é no horizonte do quadro, de cuja perspectiva ela faz parte, que se encontra a realidade, ou se é no pensamento da mulher que vê o seu reflexo que o mundo se descobre, para que ambas se reconheçam a mesma?
Olho-as: e também eu não sei a que espaço pertenço, quando a janela está aberta, e a luz que entra me empurra para fora, onde uma primavera é possível. Elas, no entanto, não querem saber disto; e é como se a mulher que se ajoelha, na cadeira, esperasse o milagre que a faça sair do quadro, e avançar pelo dia, como a luz avança pela sala onde nada acontece, a não ser este olhar que as prende uma à outra, e me deixa de fora."
Olho-as: e também eu não sei a que espaço pertenço, quando a janela está aberta, e a luz que entra me empurra para fora, onde uma primavera é possível. Elas, no entanto, não querem saber disto; e é como se a mulher que se ajoelha, na cadeira, esperasse o milagre que a faça sair do quadro, e avançar pelo dia, como a luz avança pela sala onde nada acontece, a não ser este olhar que as prende uma à outra, e me deixa de fora."
sábado, outubro 27, 2007
Sobre Respirar
E diminui, diminui o que sente, o que pensa, recolhe-se como se recolhem os homens secos e tristes e secos, e mortos, fica no fundo do escuro, e escuta, espera, o dia em que possa sair. Espera atento, e escuro, e escuta, e pensa o dia em que possa sair. Morre, riam-se, torçam-se linhas do destino. Guarda-se e protege-se, morre, escuta, escuro. E se o que escuta for escuro, e nada mais... e se nada. E se, não. Não. Espera, escuta, escuro, escreve. Desejo, deseja-se. Quer. Quer-se. Escuta. Amor.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Violência Sexual - Psicopatologia
No dia 27 de Novembro, pelas 21:00h vai realizar-se na Faculdade de Medicina de Lisboa uma conferência intitulada "Maus Tratos na Criança e no Adolescente - Violência Sexual: Psicopatologia" será proferida pelo Prof. Doutor Juan Eduardo Tesone e comentada pelo Prof. Coimbra de Matos. A Entrada é livre.
Na sequência desta conferencia vai também realizar-se um curso sobre a mesma temática nos dias 27, 28, 29 e 30 igualmente em Novembro.
O Prof. Juan Eduardo Tesone é Professor na Faculdade de Medicina de Pitié-Salpêtroère; da Universidade de Paris VI; na Faculdade de Psicologia da Universidade de Ciências Empresariais e Sociais de Buenos Aires; Psiquiatra na Universidade de Paris XII; Membro da Sociedade Psicanalítica de Paris e da Associação Psicanalítica Argentina.
terça-feira, outubro 23, 2007
Sobre Vigorexia
Descrita pela primeira vez em 1993, por Harrisom Pope como anorexia reversa, e posteriormente como "complexo de adônis", a vigorexia é uma das mais recentes patologias emocionais estimuladas pela cultura.
Mais comum no sexo masculino, esta patologia caracteriza-se por uma preocupação excessiva em ficar forte. Os portadores dedicam muito tempo à actividade de modelação física, resultando em algum prejuízo sócio-ocupacional. Geralmente mantêm uma dieta rigorosa – comem de forma atípica e exagerada, acompanhada por complementos vitamínicos, hormonais e anabolizantes - para conseguirem o seu objetivo.
Os vigoréticos têm uma preocupação patológica em se tornarem o protótipo do homem moderno, supostamente desejável pelas mulheres. Há uma busca obsessiva no modelo de homem, com um corpo fibroso, definido e musculoso.
Próxima da anorexia nervosa, a vigorexia é uma patologia ligada à perda de controlo de impulsos narcisistas. Em ambas se verifica uma distorção da imagem que os indviduos têm sobre si mesmos: os vigoréxicos nunca se acham suficientemente musculosos, os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros.
Entre os vigoréxicos, encontramos individuos com personalidade introvertida, cuja timidez ou retraimento social favorecem uma busca do corpo perfeito como compensação aos sentimentos de inferioridade. A obsessão com o próprio corpo é identico ao observado na anorexia nervosa.
Esta patologia tem como pricipais sintomas: insônia, falta de apetite, irritabilidade, desinteresse sexual, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração entre outras.
Apesar de não estar incluida nas classificações tradicionais de transtornos mentais (CID.10 e DSM.IV), o quadro descrito mais associado é a Dismorfia Muscular (ou Transtorno Dismórfico Muscular), patologia psíquica dos individuos excessivamente preocupadas com a própria aparência, constantemente insatisfeitos com os seus músculos e que se encontram continuamente em busca da perfeição corporal.
Podemos encontrar várias características comuns entre a vigorexia e a anorexia nervosa:
- Preocupação exagerada com o próprio corpo
- Baixa autoestima
- Personalidade Introvertida
- Factores sócio-culturais comuns
- Tendência a auto-medicação
- Idade de aparecimento (adolescência)
- Modificações da dieta
Como diferenças básicas podemos destacar: na vigorexia encontramos geralmente individuos do sexo masculino, com uma auto-imagem de fraco e que utiliza o recurso a anabolizantes; na anorexia nervosa encontramos individuos do sexo feminino, com uma auto-imagem de obeso e que utiliza o recurso a laxantes e diuréticos.
Embora não tão popularizada como a anorexia nervosa, a vigorexia é uma patologia que pode igualmente causar graves problemas fisícos aos seus portadores, muitos dos quais irreversiveis, por este motivo todos devem estar atentos a este novo fenómeno cultural.
GEORGE STEINER EM LISBOA
Georges Steiner, talvez o maior pensador actual, faz uma conferência na Gulbenkian, quinta, dia 25 às 10.30 (Auditório 2), sobre os limites da ciência.
Steiner tem vários livros publicados em português: A Ideia de Europa, A Barbárie da Ignorância, As Lições dos Mestres, O Silêncio dos lIvros, A torre de Babel, Nostalgia do Absoluto, 4 Entrevistas com George Steiner, etc. Todos eles excelentes.
Será talvez a última portunidade de o ouvir, dado que já tem bastante idade.
E sempre poderemos contar aos nossos filhos ou netos!
Steiner tem vários livros publicados em português: A Ideia de Europa, A Barbárie da Ignorância, As Lições dos Mestres, O Silêncio dos lIvros, A torre de Babel, Nostalgia do Absoluto, 4 Entrevistas com George Steiner, etc. Todos eles excelentes.
Será talvez a última portunidade de o ouvir, dado que já tem bastante idade.
E sempre poderemos contar aos nossos filhos ou netos!
sábado, outubro 20, 2007
Saber Dizer
Não saber dizer amo, odeio, sofro, paixão, amor, ódio, sinto. Não dizer, sinto, não dizer sinto. Fecha-se num quarto demasiado pequeno para o que não é. Para o que não sonha, nem sente, nem, nem, enm enem enem,en enmn nem é. Não pede, não desiste, está, num quarto demasiadamente pequeno para o que não é. As pernas começam a enrolar-se sobre si próprio, fecha-se também por fora. Não respira um ar fora de si há demasiados sopros que o sufocam. Sabe pouco, a não ser o que repete sempre para não esquecer, mas o que repete, o que é, e que sabe é pouco. Sabe que o mundo ficou pequeno fechado, sufocado, parado. Rola na cama como quem rola numa nuvem de vida e ar. Mas a cama queima, o lençol queima de gelo de o ter sempre e todos os dias. O mundo é seu, e não é nada. Tudo vai deslizando de si próprio, das mãos que é, treme, abre-se a carne no que resta de um corpo com forma. O lençol entra dentro de si. Rola como se este fosse o seu movimento máximo, como andam as pessoas no metro, a pé, de carro. Rola. Conta os anos que tem e que não sabe. Tem medo de não morrer. Tem medo de amanhã acordar de novo. Não saber dizer amo, odeio, sofro, não saber dizer quem é, o que é. Sabe contar com os dedos os anos que passaram. Duas mãos mais um dedo. Este dedo, que espera que não sejam dois, nem um de dia, quanto mais um dedo de ano. Não saber dizer.
sexta-feira, outubro 19, 2007
Time Out
A Time Out é das revistas mais emblemáticas de London. A primeira coisa que se faz chegando a Londres, ainda com a bagagem às costas, com os casacos pendurados, é comprar a Time Out. Num ápice ficamos a saber tudo o que de cultural há para ver, fazer, cheirar na cidade. Há de tudo, para todas as idades, para todos os gostos.
Em Lisboa saiu agora a Time Out Lisboa. O género é semelhante ao de Londres; os contéudos são lisboetas e a língua é a nossa. Neste caso, manter o estilo é manter a qualidade. Nada a opor, pelo contrário, só a favor.
Leiam e divirtam-se. Time Out!
quinta-feira, outubro 18, 2007
Maternidade e narcisismo.
Nancy Mcwilliams, no seu livro "Diagnóstico Psicanalítico", e acerca do Narcisismo, utiliza esta citação de uma amiga para expressar uma posição marcadamente não narcisica de uma mãe face à maternidade.
"Cada vez que eu engravidava, eu chorava. Perguntava-me de onde viria o dinheiro, como iria cuidar daquela criança e tudo o mais. Mas, por volta do quarto mês, começava a sentir a vida e ficava completamente excitada a pensar: Mal posso esperar que nasças e eu descobra quem tu és!"
Nancy reforça que esta postura contrasta com os sentimentos de um progenitor que "já sabe" o que a criança vai ser, alguém que realize as ambições falhadas da família.
É uma citação bonita, e a psicanálise também tem destas coisas...! ;)
"Cada vez que eu engravidava, eu chorava. Perguntava-me de onde viria o dinheiro, como iria cuidar daquela criança e tudo o mais. Mas, por volta do quarto mês, começava a sentir a vida e ficava completamente excitada a pensar: Mal posso esperar que nasças e eu descobra quem tu és!"
Nancy reforça que esta postura contrasta com os sentimentos de um progenitor que "já sabe" o que a criança vai ser, alguém que realize as ambições falhadas da família.
É uma citação bonita, e a psicanálise também tem destas coisas...! ;)
domingo, outubro 14, 2007
Para amantes de ópera.
DE VIENA À
BROADWAY
AUDITÓRIO DA
REITORIA DA
UNIVERSIDADE NOVA
DE LISBOA
16 Outubro 2007
19:00h – Entrada livre
O Teatro Nacional de São Carlos e a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa renovam a sua parceria para 2007.08.
O programa De Viena à Broadway, a 16 de Outubro, será o primeiro de três espectáculos programados entre Outubro e Dezembro de 2007.
A 21 deNovembro está agendada a interpretação de Ein Deutsches Requiem, de Brahms, e 14 de Dezembroo Coro Feminino do São Carlos interpreta um programa de Árias de Ópera.
BROADWAY
AUDITÓRIO DA
REITORIA DA
UNIVERSIDADE NOVA
DE LISBOA
16 Outubro 2007
19:00h – Entrada livre
O Teatro Nacional de São Carlos e a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa renovam a sua parceria para 2007.08.
O programa De Viena à Broadway, a 16 de Outubro, será o primeiro de três espectáculos programados entre Outubro e Dezembro de 2007.
A 21 deNovembro está agendada a interpretação de Ein Deutsches Requiem, de Brahms, e 14 de Dezembroo Coro Feminino do São Carlos interpreta um programa de Árias de Ópera.
sexta-feira, outubro 12, 2007
O sonho depois de acordar
Acorda. O braço responde. Ninguém chora do outro lado da porta. O dia é noite escura de uma lua cansada de muitos milhões de luares. Antes de os olhos se habituarem à escuridão que envolve, o cheiro a alfazema. A almofada segura a cabeça, a solidão ainda dorme numa cama demasiadamente grande para um só corpo, mas dá esperança, e medo, e ódio, e zanga, e sopro, e fúria, e sangue e medo, e nada, não há movimento. Olha a janela, cimento. Olha a porta, cimento. Olha para dentro dela, morte que é desejo de não mais viver. A mesa de cabeceira. Não há luz. O braço que mexe quer pegar nalguma coisa. Muito baixinho, sem acordar a solidão que a abraçaria, pega numa imagem de um anjo. Cabe-lhe na palma da mão, mas enche-a por dentro. Pede, pensa, reza, imagina. Um sonho sem paredes, um sonho onde as coisas simples voltam. Não consegue. Mexe-se de mais, a solidão acordou. Tudo fica mais em silêncio. Ouve sente, alguém que chora do outro lado do cimento. Uma mão agarra a almofada. Alfazema. Fecha os olhos. Larga o anjo. Alfazema. Silêncio. As paredes sangram cimento. Morre. Alfazema. O anjo no chão. O choro de alguém que chora encostado à porta. Chora uma lágrima que lhe borra o rouge. Cimento, rouge, alfazema. Alfazema.
quinta-feira, outubro 11, 2007
Seminário Dislexia!
quarta-feira, outubro 10, 2007
Pena de morte.
Saiu hoje no Publico, um artigo sobre a pena de morte e os métodos utilizados nos diferentes países para a execução dos condenados.
Para mim este assunto é sempre chocante e levanta-me sempre tantas questões...
Hoje ficou-me esta questão:
Em que mundo vivemos nós para que não possamos praticar a Eutanásia mas possamos matar nestas situações e com estas condições?
O link da notícia: http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain%2Easp%3Fdt%3D20071010%26page%3D5%26c%3DC
Para mim este assunto é sempre chocante e levanta-me sempre tantas questões...
Hoje ficou-me esta questão:
Em que mundo vivemos nós para que não possamos praticar a Eutanásia mas possamos matar nestas situações e com estas condições?
O link da notícia: http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain%2Easp%3Fdt%3D20071010%26page%3D5%26c%3DC
segunda-feira, outubro 08, 2007
Ciclo de Cinema e Saude Mental
II CICLO DE CINEMA DE SAÚDE MENTAL.
LOCAL: Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro – Antigo Solar da Nora, Estrada de Telheiras, 146, 1600-772 Lisboa.
ENTRADA LIVRE
PROGRAMA
Dia 09 de Outubro – 20h45 – "SPIDER" de David Cronenberg
Comentários: João Lopes – Crítico de Cinema na imprensa escrita e televisão.
Jorge Câmara – Psiquiatra e Psicanalista
Dia 16 de Outubro – 20h45 – "Volver" de Pedro Almodóvar
Comentários: Álvaro de Carvalho – Psiquiatra
Carlos Vaz Marques – Jornalista TSF
Deolinda Santos Costa – Psicanalista
Dia 24 de Outubro – 20h45 – "SARABAND" de Ingmar Bergman
Comentário: Carlos Amaral Dias – Psiquiatra e Psicanalista
Promete! Recomendo vivamente.
LOCAL: Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro – Antigo Solar da Nora, Estrada de Telheiras, 146, 1600-772 Lisboa.
ENTRADA LIVRE
PROGRAMA
Dia 09 de Outubro – 20h45 – "SPIDER" de David Cronenberg
Comentários: João Lopes – Crítico de Cinema na imprensa escrita e televisão.
Jorge Câmara – Psiquiatra e Psicanalista
Dia 16 de Outubro – 20h45 – "Volver" de Pedro Almodóvar
Comentários: Álvaro de Carvalho – Psiquiatra
Carlos Vaz Marques – Jornalista TSF
Deolinda Santos Costa – Psicanalista
Dia 24 de Outubro – 20h45 – "SARABAND" de Ingmar Bergman
Comentário: Carlos Amaral Dias – Psiquiatra e Psicanalista
Promete! Recomendo vivamente.
sábado, outubro 06, 2007
Os psicólogos também choram!
Por vezes ouço coisas que me fazem pensar. Uns dizem que os psicólogos não deviam isto, ou que não fazem aquilo… enfim uma balbúrdia de preconceitos que por vezes nos afectam mais que nós pensamos!
No meio desta balbúrdia, que pouco ou nada ajuda ao desenvolvimento pessoal do psicólogo, há um tema que raramente é abordado, o choro do psicólogo em sessão.
Claro que nós todos choramos fora das sessões, aliás alguns clientes estão em terapia porque não se conseguem emocionar, mas em sessão?
Será suposto um psicólogo chorar em sessão?
Eu acho que sim, sei outros também acham e que alguns o defendem como parte do processo terapêutico.
Outros dirão, “mas o psicólogo não pode chorar em sessão, senão perde o controlo!”
Mas desde quando chorar é perder o controlo?
Este preconceito de perda de controlo com o choro, impede as pessoas de viverem a tristeza e muitas delas acabam por deprimir.
Será que ao ouvir a tristeza dos outros não temos o “direito”, para não dizer o “dever” de chorar com o cliente?
Será que ao mostrar a expressão da tristeza vamos, não só validar o sofrimento do outro mas também dar espaço na relação para que o outro o faça?
No meio desta balbúrdia, que pouco ou nada ajuda ao desenvolvimento pessoal do psicólogo, há um tema que raramente é abordado, o choro do psicólogo em sessão.
Claro que nós todos choramos fora das sessões, aliás alguns clientes estão em terapia porque não se conseguem emocionar, mas em sessão?
Será suposto um psicólogo chorar em sessão?
Eu acho que sim, sei outros também acham e que alguns o defendem como parte do processo terapêutico.
Outros dirão, “mas o psicólogo não pode chorar em sessão, senão perde o controlo!”
Mas desde quando chorar é perder o controlo?
Este preconceito de perda de controlo com o choro, impede as pessoas de viverem a tristeza e muitas delas acabam por deprimir.
Será que ao ouvir a tristeza dos outros não temos o “direito”, para não dizer o “dever” de chorar com o cliente?
Será que ao mostrar a expressão da tristeza vamos, não só validar o sofrimento do outro mas também dar espaço na relação para que o outro o faça?
Claro que não estou a falar de um pranto aflitivo de choro do psicólogo... apenas algumas lágrimas!!!
Existem outros meios para mostrar que estamos na relação e que contemos a tristeza do outro, mas serão tão próximos como mostrar a mesma emoção?
Sinto que ao falar de um ponto, falei de muitos outros e que todos estão ligados ao cerne da terapia … mas afinal qual é o cerne da terapia?
Existem outros meios para mostrar que estamos na relação e que contemos a tristeza do outro, mas serão tão próximos como mostrar a mesma emoção?
Sinto que ao falar de um ponto, falei de muitos outros e que todos estão ligados ao cerne da terapia … mas afinal qual é o cerne da terapia?
sábado, setembro 29, 2007
Blog sobre Saúde Mental e Adolescência
Recomendo uma visita ao Blog:
http://psiadolescentes.wordpress.com
Nas palavras de um dos seu autores,
"Trata-se de um site generalista sobre a saúde mental na adolescência. Para que os adolescentes das nossas consultas (e não só) fiquem informados sobre as suas doenças, tratamentos, fases da adolescência, etc."
sexta-feira, setembro 28, 2007
Maus tratos ao idoso
O aumento do número de idosos no mundo é visto como algo preocupante para OMS no que concerne ao agravamento das situações de violência relacionadas principalmente com a ruptura de laços tradicionais entre gerações e com o enfraquecimento dos sistemas de protecção social. Prevê-se que o número de pessoas com mais de 60 anos duplique até 2025, passando de 542 milhões em 1995 para 1200 milhões nessa data, dos quais 850 milhões em países em desenvolvimento onde a preocupação fundamental é com a força de trabalho activa e não com a força de trabalho já consumida, como é o caso dos idosos. Segundo a OMS somente 30 % dos idosos do mundo inteiro estão actualmente a receber pensões de reforma ou subsídios de velhice e invalidez, o que torna muito precárias as suas condições de vida acabando por expô-los a riscos acrescidos de violência que tanto pode ser exercida em ambiente familiar como institucional ou social.
Segundo o Conselho da Europa, a violência está presente em qualquer acto de comissão ou omissão que seja levado a cabo contra a vida, a integridade física e/ou psicológica ou a liberdade da pessoa que compromete seriamente o desenvolvimento da mesma.
A declaração de Toronto, assinada pelos países membros da ONU em 2002 definiu “maus tratos ao idoso” como sendo qualquer acto isolado ou repetido, ou a ausência de acção apropriada, que ocorre em qualquer relacionamento em que haja uma expectativa de confiança, e que cause dano, ou incómodo a uma pessoa idosa.
Estes actos podem ser de vários tipos, segundo a classificação proposta pelo comité nacional de abuso de idosos nos Estados Unidos (Nacional Centre on Elder Abuse, 1998):
● Abuso físico – o uso não acidental da força física que pode resultar em ferimentos corporais, em dor física ou em incapacidade. As punições físicas de qualquer tipo são exemplos de abuso físico. A sub medicação ou sobre medicação também se incluem nesta categoria.
● Abuso emocional ou psicológico – inflicção de angústia, dor ou aflição, por meios verbais ou não verbais; a humilhação, a infantilização ou ameaças de qualquer tipo incluem-se nesta categoria.
● Exploração material ou financeira – uso ilegal ou inapropriado de fundos, propriedades ou bens do idoso.
● Abandono – a deserção de ao pé de uma pessoa idosa por parte de um indivíduo que tinha a sua custódia física ou que tinha assumido a responsabilidade de lhe fornecer cuidados.
● Negligência – recusa ou ineficácia em satisfazer qualquer parte das obrigações ou deveres para com o idoso.
● Auto-negligência – comportamentos de uma pessoa idosa que ameaçam a sua própria saúde ou segurança. A definição de auto-negligência exclui situações nas quais uma pessoa idosa mentalmente capaz (que compreende as consequências das suas decisões) toma decisões conscientes e voluntárias de se envolver em actos que ameaçam a sua saúde ou segurança.
Segundo o Conselho da Europa, a violência está presente em qualquer acto de comissão ou omissão que seja levado a cabo contra a vida, a integridade física e/ou psicológica ou a liberdade da pessoa que compromete seriamente o desenvolvimento da mesma.
A declaração de Toronto, assinada pelos países membros da ONU em 2002 definiu “maus tratos ao idoso” como sendo qualquer acto isolado ou repetido, ou a ausência de acção apropriada, que ocorre em qualquer relacionamento em que haja uma expectativa de confiança, e que cause dano, ou incómodo a uma pessoa idosa.
Estes actos podem ser de vários tipos, segundo a classificação proposta pelo comité nacional de abuso de idosos nos Estados Unidos (Nacional Centre on Elder Abuse, 1998):
● Abuso físico – o uso não acidental da força física que pode resultar em ferimentos corporais, em dor física ou em incapacidade. As punições físicas de qualquer tipo são exemplos de abuso físico. A sub medicação ou sobre medicação também se incluem nesta categoria.
● Abuso emocional ou psicológico – inflicção de angústia, dor ou aflição, por meios verbais ou não verbais; a humilhação, a infantilização ou ameaças de qualquer tipo incluem-se nesta categoria.
● Exploração material ou financeira – uso ilegal ou inapropriado de fundos, propriedades ou bens do idoso.
● Abandono – a deserção de ao pé de uma pessoa idosa por parte de um indivíduo que tinha a sua custódia física ou que tinha assumido a responsabilidade de lhe fornecer cuidados.
● Negligência – recusa ou ineficácia em satisfazer qualquer parte das obrigações ou deveres para com o idoso.
● Auto-negligência – comportamentos de uma pessoa idosa que ameaçam a sua própria saúde ou segurança. A definição de auto-negligência exclui situações nas quais uma pessoa idosa mentalmente capaz (que compreende as consequências das suas decisões) toma decisões conscientes e voluntárias de se envolver em actos que ameaçam a sua saúde ou segurança.
Estudos publicados apontam para uma prevalência entre 1 e 5% de idosos abusados. Estima-se que praticamente 2 terços dos perpetradores de abusos de idosos são membros da família, com muita frequência o cônjuge/companheiro (34,6%) ou filho adulto da vítima (33,5%), contudo netos, noras, genros, vizinhos também se encontram entre os abusadores. Usualmente a pessoa que abusa do idoso está a explorar uma relação de confiança. Segundo dados da APAV de 2006 os abusadores são usualmente homens (73%) e as vítimas de abuso são na sua maioria mulheres (80%). Em 57% dos casos o agressor vive na mesma casa que o idoso.
Sendo preocupante a frequente ausência de denúncias de muitos destes abusos que se prende com o facto do idoso estar frequentemente unido por laços de consanguinidade ao abusador, não tendo por isso coragem para denunciar estas situações por sentimentos de culpa, vergonha, medo das represálias (perda da autonomia, alteração do local em que habita nomeadamente ser colocado numa instituição, perda do cuidador mesmo sendo este o abusador, medo de ficar só sem alguém que dele cuide, entre outras), ninguém acreditar no abuso, baixa auto-estima (do idoso).
Face a este cenário o que será necessário fazer para impulsionar a procura de ajuda por parte desta franja da população vítima destes abusos? O que nos cabe a nós, psicólogos/psicoterapeutas, fazer? Deixo o alerta e aberto o debate!
Sendo preocupante a frequente ausência de denúncias de muitos destes abusos que se prende com o facto do idoso estar frequentemente unido por laços de consanguinidade ao abusador, não tendo por isso coragem para denunciar estas situações por sentimentos de culpa, vergonha, medo das represálias (perda da autonomia, alteração do local em que habita nomeadamente ser colocado numa instituição, perda do cuidador mesmo sendo este o abusador, medo de ficar só sem alguém que dele cuide, entre outras), ninguém acreditar no abuso, baixa auto-estima (do idoso).
Face a este cenário o que será necessário fazer para impulsionar a procura de ajuda por parte desta franja da população vítima destes abusos? O que nos cabe a nós, psicólogos/psicoterapeutas, fazer? Deixo o alerta e aberto o debate!
segunda-feira, setembro 24, 2007
"Childre See, Children Do" (?)
A "Aprendizagem por Modelação ou Observação" foi como nos habituámos ler nos manuais aquilo que neste filme se apresenta de uma forma caricatural. É, segundo sei, da autoria da "Childfriedly.org" e corre pela Internet há já algum tempo. Fala por si.
quinta-feira, setembro 20, 2007
"Barreira de Contacto"
Nasceu em Julho um novo blog sobre psicologia e psicanálise, organizado por um amigo e colega, o Dr. João Balrôa. Parabéns João.
Aconselho a todos os que se interessam por estes temas a estarem atentos a este blog que já é muito interessante e tornar-se-á ainda mais com o nosso incentivo. Vão lá ver!
barreiradecontacto.blogspot.com
Aconselho a todos os que se interessam por estes temas a estarem atentos a este blog que já é muito interessante e tornar-se-á ainda mais com o nosso incentivo. Vão lá ver!
barreiradecontacto.blogspot.com
sexta-feira, setembro 14, 2007
Conferencia na Faculdade de Medicina de Lisboa
A Faculdade de Medicina de Lisboa, tem o prazer de o convidar a assistir à conferência intitulada “O Papel do Psicanalista no Processo de Cura” proferida por Bernard Penot, no âmbito do Mestrado de “Vitimização da Criança e do Adolescente”.
A conferência terá lugar na Aula Magna da FML no dia 14 de Setembro (sexta-feira - 21 horas), e será comentada por Carlos Amaral Dias e contará com as participações de António Coimbra de Matos, Luísa Branco Vicente e Pedro Luzes (entrada livre).
A conferência terá lugar na Aula Magna da FML no dia 14 de Setembro (sexta-feira - 21 horas), e será comentada por Carlos Amaral Dias e contará com as participações de António Coimbra de Matos, Luísa Branco Vicente e Pedro Luzes (entrada livre).
O Amor Virtual
Sabemos que é cada vez mais frequente o número de pessoas que se conhecem pela Internet, que marcam encontro e, algumas acabam por casar.
As transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas levaram ao aparecimento de novas formas de relacionamento que exigem novos olhares de compreensão e reflexão. Antes da Internet já tínhamos os serviços telefónicos como o telessexo, programas televisivos, e agências matrimoniais em que as pessoas vão em busca de namoro e casamento.
Quais as razões que levam as pessoas a procurarem estes recursos em busca do amor? Podemos evocar a solidão mas parece-me demasiado simplista e não abrange a complexidade da sua ocorrência.
O que tem chamado mais a atenção é o fenómeno virtual em que o internauta com quem se estabelece um relacionamento não é conhecido. As relações amorosas passaram a fazer parte das passibilidades dos internautas, pois, “para eles nada é mais lógico do que o estabelecimento de relações virtuais, uma vez que o computador passa a ser uma verdadeira realidade pessoal” (Angerami, 2006, p.108). Estabelecem o vínculo de namoro, assumem o compromisso, mas não se conhecem presencialmente.
Merleau-Ponty (1999) diz que “a sexualidade se difunde em imagens que só retêm dela certas relações típicas, certa fisionomia afectiva. O internauta cria no seu imaginário constitutivos idealizados de amor e da pessoa com quem se relaciona. A vivência da Internet não o remete à necessidade de vivências reais; a sua necessidade de amor é algo que não pode ser compreendido por padrões de amor que implicam o toque corpóreo” (cit. in Angerami, 2006, p. 110).
E por mais insólito que possa parecer aos que acreditam no pulsar da emoção, no brilho do olhar, a palpitação do coração, as palavras de todos os poetas que escrevem sobre o amor e a paixão, as pessoas podem estar satisfeitas com relacionamentos estabelecidos virtualmente. Estas novas modalidades de relação desafiam qualquer tipo de reflexão teórica-filosófica, sendo difícil contemplar estas mudanças à luz das publicações sobre a psicologia do desenvolvimento.
Angerami coloca, a meu ver, uma questão pertinente: será necessária uma reformulação nos conceitos actuais de estudos da condição humana para que possamos atingir em algum nível o seu verdadeiro dimensionamento?
As transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas levaram ao aparecimento de novas formas de relacionamento que exigem novos olhares de compreensão e reflexão. Antes da Internet já tínhamos os serviços telefónicos como o telessexo, programas televisivos, e agências matrimoniais em que as pessoas vão em busca de namoro e casamento.
Quais as razões que levam as pessoas a procurarem estes recursos em busca do amor? Podemos evocar a solidão mas parece-me demasiado simplista e não abrange a complexidade da sua ocorrência.
O que tem chamado mais a atenção é o fenómeno virtual em que o internauta com quem se estabelece um relacionamento não é conhecido. As relações amorosas passaram a fazer parte das passibilidades dos internautas, pois, “para eles nada é mais lógico do que o estabelecimento de relações virtuais, uma vez que o computador passa a ser uma verdadeira realidade pessoal” (Angerami, 2006, p.108). Estabelecem o vínculo de namoro, assumem o compromisso, mas não se conhecem presencialmente.
Merleau-Ponty (1999) diz que “a sexualidade se difunde em imagens que só retêm dela certas relações típicas, certa fisionomia afectiva. O internauta cria no seu imaginário constitutivos idealizados de amor e da pessoa com quem se relaciona. A vivência da Internet não o remete à necessidade de vivências reais; a sua necessidade de amor é algo que não pode ser compreendido por padrões de amor que implicam o toque corpóreo” (cit. in Angerami, 2006, p. 110).
E por mais insólito que possa parecer aos que acreditam no pulsar da emoção, no brilho do olhar, a palpitação do coração, as palavras de todos os poetas que escrevem sobre o amor e a paixão, as pessoas podem estar satisfeitas com relacionamentos estabelecidos virtualmente. Estas novas modalidades de relação desafiam qualquer tipo de reflexão teórica-filosófica, sendo difícil contemplar estas mudanças à luz das publicações sobre a psicologia do desenvolvimento.
Angerami coloca, a meu ver, uma questão pertinente: será necessária uma reformulação nos conceitos actuais de estudos da condição humana para que possamos atingir em algum nível o seu verdadeiro dimensionamento?
terça-feira, agosto 28, 2007
quinta-feira, agosto 23, 2007
Pais à porta
Partilho convosco uma nova tendência em Londres: o clube de adolescentes – Underage Club (clube para menores de idade), em que maiores de 18 anos não entram, e que funciona durante a tarde. A ideia surgiu de um adolescente de 15 anos – Sam Kilcoyne, cansado de não conseguir entrar em clubes para assistir a concertos, por ser menor de idade. Quem toca no Underage são bandas de adolescentes, não são servidas bebidas alcoólicas, apenas refrigerantes e os pais poderão transportar os instrumentos mas ficarão à porta!
O sucesso do clube e das bandas levou a que se organizasse um festival de música que foi realizado há duas semanas em Londres. Foram mais de 5 mil adolescentes que assistiram e apesar da insistência de alguns pais para acompanharem os filhos, foram obrigados a esperar do lado de fora do espectáculo.
Esta iniciativa vai ao encontro dos discursos dos adolescentes ao referirem a importância do espaço privado, onde adulto não entra!, da música enquanto modelador de afectos e das identificações ao grupo. Mas aumenta também os receios de alguns pais… que referem “sexo, drogas e rock’n’roll”…, temas muito discutidos nas terapias familiares com adolescentes.
O que acham? Está aberta a discussão!
O sucesso do clube e das bandas levou a que se organizasse um festival de música que foi realizado há duas semanas em Londres. Foram mais de 5 mil adolescentes que assistiram e apesar da insistência de alguns pais para acompanharem os filhos, foram obrigados a esperar do lado de fora do espectáculo.
Esta iniciativa vai ao encontro dos discursos dos adolescentes ao referirem a importância do espaço privado, onde adulto não entra!, da música enquanto modelador de afectos e das identificações ao grupo. Mas aumenta também os receios de alguns pais… que referem “sexo, drogas e rock’n’roll”…, temas muito discutidos nas terapias familiares com adolescentes.
O que acham? Está aberta a discussão!
segunda-feira, agosto 20, 2007
COISAS VÁRIAS
#1
À Inês Mega e ao Rui leitores deste blog salpicos e a quem desde já agradeço os comentários sobre o post A VIDA DEPOIS DA VIDA, comunicar que a resposta à vossa solicitação de bibliografia já foi feita e pode ser encontrada na sequência dos vossos comentários.
#2
Destino: Maastricht, Países Baixos (vulgo Holanda)
País flat, o que em linguagem de surfista significa mar chão, sem ondas, sem irregularidades. Porém este é apenas o conteúdo manifesto de um país que no seu mundo interno é cheio de controvérsias, arrojos e formas diferentes de viver. Paisagem literalmente verde água (ou talvez seja melhor dizer verde com água) que nos abraça o espírito e acalma o corpo dorido de tanto caminhar. É um boculismo que para uns é reforçado por visitas às coffee shop, com os seus cheiros e fumos agridoces e que para outros abre as portas da estranheza e da adrenalina do acesso a substâncias que estão etiquetadas nisso a que se chama super-ego como Proibido. É um país que se ama na sua beleza, na sua diversidade e que se traz para casa no coração.
No extremo sul do país encontra-se Maastricht onde decorreu a 22ª Conferência da EHPS “Health Psychology and Society”. Os abstract das conferências podem ser encontrados em http://www.ehps2007.com/
O programa foi organizado em redor de 16 sub-temas (http://www.ehps2007.com/callforpapers.html ). Uma das conferências apresentadas Understanding Individual Behaviour Change Over Time, por Wayne Velicer da Universidade de Rohde Island, versou sobre aquilo que se designa como Análise Ideográfica. Deixo aqui alguns apontamentos do que é e da sua importância.
É mais frequente ser utilizada nas análises de dados qualitativos particularmente na análise qualitativa de natureza fenomenológica. Na análise Ideográfica (assim chamada porque procura tornar visível a ideia presente no documento qualitativo em análise, podendo para isso lançar mão de ideogramas ou símbolos expressando ideias), o pesquisador procura por unidades de significado, o que faz após várias leituras de cada uma das descrições. As unidades de significado então definidas são recortes julgados significativos pelo pesquisador. Para que as unidades significativas possam ser recortadas, o pesquisador lê os depoimentos à luz de sua interrogação, da sua questão de investigação. Como é impossível analisar um texto inteiro simultaneamente, torna-se necessário dividi-lo em unidades. Estas unidades são representativas do fenómeno pesquisado. Estas unidades de significado são seguidamente agrupadas em categorias que permitem agora o trabalho de generalização, comparação entre sujeitos e a própria análise quantitativa.
A diferença desta conferência é que introduz este método como metodologia de trabalho fundamental em dados quantitativos como por exemplo estudos sobre a adesão às terapêuticas da apneia do sono, da cessação tabágica, entre outros exemplos dados. São dados de raiz quantitativos na sua maioria recolhidas por telemetria (dispositivos electrónicos que registam a evolução ao longo do tempo da variável em estudo). O método ideográfico neste contexto permite acompanhar a mudança do individuo ao longo do tempo. Na maioria das vezes fazemos estudos comparativos entre variáveis independentes e variáveis dependentes. Na análise ideográfica deixa-se pensar no grupo para abordar o individuo. Assim, a cada individuo corresponde um gráfico da evolução da variável ao longo do tempo. Por exemplo, o gráfico do tempo que utilizou a máscara de oxigénio durante a noite no tratamento da apneia do sono ao longo de um determinado período de investigação. Da análise de cada um dos gráficos, é possível fazer uma análise de clusters em que se formam grupos, representado cada um, um padrão de evolução da variável. Seguindo com o mesmo exemplo, forma-se o cluster 1 que representa o grupo de indivíduos que ao longo do tempo diminui a frequência de utilização da máscara. O cluster 2 o grupo de pessoas que mantém a frequência de utilização e o cluster 3 aquelas que a aumentam. A etapa seguinte e fundamental é a investigação de quais as variáveis preditoras da pertença a cada um dos clusters podendo-se assim intervir no sentido da mudança do comportamento. Nestes estudos o mínimo adequado são 40 a 50 momentos de avaliação ao longo do tempo.
À Inês Mega e ao Rui leitores deste blog salpicos e a quem desde já agradeço os comentários sobre o post A VIDA DEPOIS DA VIDA, comunicar que a resposta à vossa solicitação de bibliografia já foi feita e pode ser encontrada na sequência dos vossos comentários.
#2
Destino: Maastricht, Países Baixos (vulgo Holanda)
País flat, o que em linguagem de surfista significa mar chão, sem ondas, sem irregularidades. Porém este é apenas o conteúdo manifesto de um país que no seu mundo interno é cheio de controvérsias, arrojos e formas diferentes de viver. Paisagem literalmente verde água (ou talvez seja melhor dizer verde com água) que nos abraça o espírito e acalma o corpo dorido de tanto caminhar. É um boculismo que para uns é reforçado por visitas às coffee shop, com os seus cheiros e fumos agridoces e que para outros abre as portas da estranheza e da adrenalina do acesso a substâncias que estão etiquetadas nisso a que se chama super-ego como Proibido. É um país que se ama na sua beleza, na sua diversidade e que se traz para casa no coração.
No extremo sul do país encontra-se Maastricht onde decorreu a 22ª Conferência da EHPS “Health Psychology and Society”. Os abstract das conferências podem ser encontrados em http://www.ehps2007.com/
O programa foi organizado em redor de 16 sub-temas (http://www.ehps2007.com/callforpapers.html ). Uma das conferências apresentadas Understanding Individual Behaviour Change Over Time, por Wayne Velicer da Universidade de Rohde Island, versou sobre aquilo que se designa como Análise Ideográfica. Deixo aqui alguns apontamentos do que é e da sua importância.
É mais frequente ser utilizada nas análises de dados qualitativos particularmente na análise qualitativa de natureza fenomenológica. Na análise Ideográfica (assim chamada porque procura tornar visível a ideia presente no documento qualitativo em análise, podendo para isso lançar mão de ideogramas ou símbolos expressando ideias), o pesquisador procura por unidades de significado, o que faz após várias leituras de cada uma das descrições. As unidades de significado então definidas são recortes julgados significativos pelo pesquisador. Para que as unidades significativas possam ser recortadas, o pesquisador lê os depoimentos à luz de sua interrogação, da sua questão de investigação. Como é impossível analisar um texto inteiro simultaneamente, torna-se necessário dividi-lo em unidades. Estas unidades são representativas do fenómeno pesquisado. Estas unidades de significado são seguidamente agrupadas em categorias que permitem agora o trabalho de generalização, comparação entre sujeitos e a própria análise quantitativa.
A diferença desta conferência é que introduz este método como metodologia de trabalho fundamental em dados quantitativos como por exemplo estudos sobre a adesão às terapêuticas da apneia do sono, da cessação tabágica, entre outros exemplos dados. São dados de raiz quantitativos na sua maioria recolhidas por telemetria (dispositivos electrónicos que registam a evolução ao longo do tempo da variável em estudo). O método ideográfico neste contexto permite acompanhar a mudança do individuo ao longo do tempo. Na maioria das vezes fazemos estudos comparativos entre variáveis independentes e variáveis dependentes. Na análise ideográfica deixa-se pensar no grupo para abordar o individuo. Assim, a cada individuo corresponde um gráfico da evolução da variável ao longo do tempo. Por exemplo, o gráfico do tempo que utilizou a máscara de oxigénio durante a noite no tratamento da apneia do sono ao longo de um determinado período de investigação. Da análise de cada um dos gráficos, é possível fazer uma análise de clusters em que se formam grupos, representado cada um, um padrão de evolução da variável. Seguindo com o mesmo exemplo, forma-se o cluster 1 que representa o grupo de indivíduos que ao longo do tempo diminui a frequência de utilização da máscara. O cluster 2 o grupo de pessoas que mantém a frequência de utilização e o cluster 3 aquelas que a aumentam. A etapa seguinte e fundamental é a investigação de quais as variáveis preditoras da pertença a cada um dos clusters podendo-se assim intervir no sentido da mudança do comportamento. Nestes estudos o mínimo adequado são 40 a 50 momentos de avaliação ao longo do tempo.
segunda-feira, agosto 13, 2007
O tempo do amor
Muito se tem escrito sobre terapia de casal e as diversas técnicas, mas hoje deixo-vos com as palavras de um poeta amigo que traduzem o processo de desilusão, insatisfação e afastamento, e que reforçam a importância do sentimento de se ser único e especial para a outra pessoa. Obrigada Jorge!
“Já não sabe mais o que lhe dizer. Ela foge com o olhar para não o confrontar com a verdade. Talvez apenas o tempo conte. Talvez seja isso que quer, que caminhem lado a lado enquanto houver tempo. Inunda-a de palavras na expectativa de que o escute. Responde-lhe com o silêncio de uma paixão inanimada. É assim que se inicia o fim…
Amanhã, ou depois, num destes dias, nem a sua mão chegará perto dele. Nem o seu cheiro circundará as casas que habitam por enquanto. Nem o seu sorriso será suficiente para o fazer ficar. Não que desista. Não que abdique. Mas porque se cansará de falar sozinho. O que poderá um homem fazer aos sentimentos maiores e puros se os cala no silêncio?
Passeiam os corpos pela casa cada vez mais vazia. Desencontram-se estrategicamente à volta da mesa ou nas pontas do sofá. Já não lêem em conjunto. Já não partilham o interesse de assistir a filmes, aninhados um no outro. A mesa das refeições é usada à vez. A paixão esmorece-se a cada segundo. A porta aberta para que entre uma brisa no final de tarde é um convite para que saia de uma vez por todas.
Já não há tempo. Já não há razão para que se abracem. Os beijos outrora doces são agora amargos sabores da desilusão. Ela caminha noutro sentido. Ele silenciou as palavras.
Ali vivia a esperança do amor. Agora apenas ruínas e cinzas assinalam a passagem de um casal. Até que o vento mude a paisagem fúnebre. Até que o tempo tome conta do lugar. Tal como ela desejara…”
In Jorge Barnabé, Julho 2007
“Já não sabe mais o que lhe dizer. Ela foge com o olhar para não o confrontar com a verdade. Talvez apenas o tempo conte. Talvez seja isso que quer, que caminhem lado a lado enquanto houver tempo. Inunda-a de palavras na expectativa de que o escute. Responde-lhe com o silêncio de uma paixão inanimada. É assim que se inicia o fim…
Amanhã, ou depois, num destes dias, nem a sua mão chegará perto dele. Nem o seu cheiro circundará as casas que habitam por enquanto. Nem o seu sorriso será suficiente para o fazer ficar. Não que desista. Não que abdique. Mas porque se cansará de falar sozinho. O que poderá um homem fazer aos sentimentos maiores e puros se os cala no silêncio?
Passeiam os corpos pela casa cada vez mais vazia. Desencontram-se estrategicamente à volta da mesa ou nas pontas do sofá. Já não lêem em conjunto. Já não partilham o interesse de assistir a filmes, aninhados um no outro. A mesa das refeições é usada à vez. A paixão esmorece-se a cada segundo. A porta aberta para que entre uma brisa no final de tarde é um convite para que saia de uma vez por todas.
Já não há tempo. Já não há razão para que se abracem. Os beijos outrora doces são agora amargos sabores da desilusão. Ela caminha noutro sentido. Ele silenciou as palavras.
Ali vivia a esperança do amor. Agora apenas ruínas e cinzas assinalam a passagem de um casal. Até que o vento mude a paisagem fúnebre. Até que o tempo tome conta do lugar. Tal como ela desejara…”
In Jorge Barnabé, Julho 2007
domingo, agosto 12, 2007
Grupos de formação contínua para psicoterapeutas - observação de sessões de psicoterapia em vídeo
O Instituto Português de Psicoterapia Integrativa vai realizar grupos de formação apoiados em gravações de vídeo a partir de Setembro de 2007.
Deixo-vos as informações disponibilizadas na página deles:
"Caros colegas,
Decidi começar definitivamente com os grupos de vídeo formação no IPPI a partir de Setembro de 2007.
Já falei com alguns de vós sobre esta ideia, mas talvez valha a pena só relembrar as razões deste projecto.
Depois de 10 anos de orientação de estágios e supervisões no Instituto Superior Técnico e no privado, cheguei à conclusão de que a formação em psicoterapia e prática de supervisão tem sérias lacunas se for apenas teórico-verbal e deve ser complementada por uma metodologia prático-experiencial, que pode incluir a observação directa através de um espelho, os exercícios de role playing, e mais relevante para este projecto, através da gravação e visionamento de sessões em vídeo. Esta última metodologia tem como vantagem que as interacções terapeuta-cliente podem ser estudadas repetidamente.
As dificuldades sentidas pela maioria dos terapeutas geralmente não são ao nível teórico, mas, de facto, ao nível da implementação prática dos conteúdos teóricos. Acho que só estas metodologias prático-experienciais vão ao encontro destas necessidades.
Junta-se a este dado o problema da subjectividade. Os terapeutas que afirmam (e pensam) que seguem uma determinada orientação teórica, quando observados na sua prática clínica, exibem na verdade muitos comportamentos, que não encaixam nesta orientação. Ou seja, os terapeutas não fazem o que dizem que fazem (veja Wachtel, 1997) O que um terapeuta descreve nos seus livros ou artigos que faz, só capta uma parte do que ele ou ela faz na realidade, e o terapeuta muito facilmente pode até estar muito equivocado sobre o seu próprio funcionamento.
Muitas experiências nas áreas da psicologia social e cognitiva demostraram que em muitos aspectos somos os piores juizes de nós próprios, ao ponto de sermos quase incapazes de transmitir uma parte essencial do nosso funcionamento pelo relato verbal (veja Wilson, 2002). Consequentemente, muito de que um terapeuta aprendeu a fazer, foi através de uma aprendizagem que podemos descrever como implícita e inconsciente, pelo que este não conhece muitas das suas próprias aprendizagens
Mesmo que o terapeuta esteja consciente dos seus procedimentos, muito do seu conhecimento é do tipo processual e não do tipo declarativo, de forma a que é muito difícil de transmiti-lo através do relato verbal. (como seria explicar por palavras como se faz um origami). Podemos designar esta aprendizagem como artesanal, obedecendo ao mesmo tipo de lógica de aprendizagem das profissões tradicionais, em que ao mestre correspondia o seu aprendiz. Este tipo de concepção vai provavelmente ao encontro do que o Prof. António Branco Vasco (FPCE-UL) descreveu como o componente artístico da psicoterapia.
Muito do que o terapeuta faz é intuitivo. No meu entender, como descrevi num artigo recente (Welling, 2001), este funcionamento intuitivo representa o nosso funcionamento mais sofisticado, a nossa mestria. É o conhecimento emergente, que já conseguimos utilizar na prática, mas que ainda escapa ao entendimento explícito-verbal. Seria uma pena deixar perder precisamente o que de melhor que fazemos, a essência da nossa arte!
A observação de gravações em vídeo das sessões de terapeutas, pode permitir precisamente a “descodificação” destes processos, quer para o próprio (que ao visioná-las se “reapropria” delas), quer para terceiros. A ideia é que nestes grupos de 4-6 participantes, se observem, se necessário repetidamente, gravações de vídeos e discutindo-os pormenorizadamente. Neste momento já temos vídeos comerciais de alguns terapeutas de renome, como Bugental, Yalom, Polster, Greenberg, Fosha e Wachtel, e posso também disponibilizar sessões minhas, que têm como vantagem que são em Português e que são com clientes reais. Os restantes elementos do grupo poderão também disponibilizar gravações das suas sessões para serem analisadas. Obviamente, podem surgir desta análise dados úteis para os processos clínicos em curso, mas o objectivo não é a supervisão, mas sim uma aprendizagem e formação continua.
Os cursos são semestrais (Set-Jan, Fev-Jun) com uma frequência quinzenal. O custo do curso é 360 Euros (40 Euros por sessão). As sessões realizar-se-ão na Alameda D. Afonso Henriques, nº 74, 5º Dto., em Lisboa. As sessões serão inicialmente orientadas por mim, mas a minha colega Isabel Gonçalves (IST, APTCC), com quem estive a desenvolver este projecto, integrar-se-á só em cursos posteriores, tendo falta de disponibilidade neste momento.
Preenche então o formulário anexo e reenvia-o sff para wellinghans@yahoo.com até ao fim do mês de Agosto.
Conto convosco!
Hans Welling
Instituto Português de Psicoterapia Integrativa - Alameda Afonso Henriques- 74-5º Dtº
(Metro Alameda)* 1000-125 Lisboa * tm 919 430 443
Uma verdade inconveniente!
Seguindo o espírito da Edite, cá vai mais um post fora do espírito de férias…
Estive a ver à pouco o DVD do Sr. Al Gore e fiquei chocado!
Estamos a matar o nosso planeta e não temos órgãos para substituição, mas temos a possibilidade de com a tecnologia actual reduzir as emissões de gazes de efeito estufa para os níveis de 1970.
Porque não o fazemos?
Será que o nosso ego está acima do bem-estar do planeta?
Mas se não existir planeta onde fica a morar o nosso ego?
Não estou a pedir a ninguém para se tornar altruísta… tornem-se “apenas” egoístas inteligentes… assim se cada um garantir a sua casa, todos teremos um planeta para viver!
Não me alargar mais neste tema, deixo apenas o link para as informações de tudo o resto que é necessário fazer para se tornarem inteligentes. http://www.climatecrisis.net/
Boas férias, para os que estão de férias e bom trabalho para aqueles que estão a trabalhar!
segunda-feira, agosto 06, 2007
A VIDA DEPOIS DA VIDA
É sobre transplantação de órgãos que vos trago alguns salpicos. Não que seja um assunto propriamente sintónico com a sensação de férias que a todos assalta, mesmo aos que de férias não estão. Porém ouso escrever um pouco sobre o assunto nesta altura pois sinto que é sempre hora de pensar a vida e particularmente a vida que se ganha quando quase se perdeu.
Alguém disse na primeira pessoa que "Fazer um transplante é viver de novo sem nunca ter morrido verdadeiramente".
As questões do transplante de órgãos jogam-se na fronteira da identidade do corpo com a identidade do ser. O corpo tem uma identidade, um self biológico que se conhece a si próprio, que representa uma barreira entre o Eu e o Outro – o sistema imunitário. A patologia do self biológico representa a dificuldade de se reconhecer a si mesmo que advém do deficit do sistema imunitário, seja este provocado como no caso do transplante de órgãos ou adquirido como nas doenças auto-imunes. O self poder-se-ia dizer em primeira instância imunológico (Meissner, 1997).
O transplante permite-nos pensar sobre o que acontece quando uma parte estranha é introduzida no corpo, quando algo é acrescentado ao interior do corpo. O novo órgão ao ser introduzido no corpo, alcança imediatamente representação mental e começa a relacionar-se com introjecções já existentes, cujos conteúdos ele activa (Castelnuovo-Tedesco, 1973). O paciente tem então uma experiência que vai para além de receber fisiologicamente um órgão. Não se trata apenas de o corpo aprender a adaptar-se ao novo órgão como se lhe pertencesse. O self experiencia a nova aquisição como algo introjectado, como um objecto ou parte de um objecto que se torna imediatamente bastante activo. Aquilo que anteriormente era não self, começa a ser sentido agora como parte do self (ainda que algumas vezes esta integração ocorra sobre o preço de intensa conflitualidade).
Porém, a aceitação do self biológico acontece sob o preço da indução da sua patologia, a diminuição da capacidade de se reconhecer a si próprio (diminuição da actividade do sistema imunitário), de saber quem é, pois caso contrário ele rejeitaria o não-self proposto, dado ser algo de estranho (o que conduziria à rejeição do órgão transplantado). Considerando o self a totalidade do ser, o seu corpo e a sua mente, a sua carne e as suas emoções, a patologia do self biológico exigirá inevitavelmente uma profunda reformulação do Si. O transplante introduz um corte entre a definição de si próprio relativamente ao passado, ao presente e mesmo na antecipação do futuro. Tornar o transplante uma parte suficientemente integrada da identidade, poderá contribuir para a sobrevivência de um self coeso, para a percepção do transplante como possuidor de significado, propósito e controlabilidade e, paralelamente, para a promoção da saúde. Isto porque "é o sentido do significado de melhoria que se procura pois que a felicidade e a infelicidade são existênciais e o valor da vida não se mede apenas pela capacidade de execução biológica" (Degos, 1993).
Referências
Meissner, W. (1997). The embodied self-self versus nonself. In L.Goldberg (Ed.), Psychoanalysis and contemporary thought. New York: International Universities Press, Inc.
Castelnuovo-Tedesco, P., Torrance, C. (1973). Organ Transplant, Body Image, Psychosis. Psychoanalytic Quarterly, v. 42, p349, 15p. Retrieved September, 13, 2005, from PEP Archive (Psychoanalytic Electronic Publishing) database.
Degos, L. (1994). Os enxertos de órgãos. Lisboa: Instituto Piaget. (Tradução do original em língua francesa Les Greffes d’Organes. (S.I.) : Flammarion, 1993)
Degos, L. (1994). Os enxertos de órgãos. Lisboa: Instituto Piaget. (Tradução do original em língua francesa Les Greffes d’Organes. (S.I.) : Flammarion, 1993)
sexta-feira, agosto 03, 2007
Fear Not! Um programa interactivo para combater o "bullying"
Saiu hoje no Jornal Público a notícia de um jogo de computador que tem como objectivo ajudar a combater o bullying.
O jogo chama-se "Fear Not" e é um software que vai ajudar a criança, que se encontra em frente ao computador num ambiente 3D, a resolver situações de bullying.
De acordo com os autores, as crianças estabelecem uma relação com as personagens, no contexto de um drama virtual, porque são sintéticas, isto é, apesar de não serem reais, conseguem ser credíveis. As crianças reagem emocionalmente e, por isso, mostram que são capazes de perceber e interpretar os estados emocionais das personagens.
Parece-me interessante esta ideia pois usa um cenário violento (típico dos jogos de computador) mas a favor de uma abordagem lúdico-pedagógica e trata um problema tão importante com o bullying. O princípio parece-me muito bom, agora vamos lá ver como é que funciona na prática!
Podem ler esta notícia na íntegra no Público.pt
O jogo chama-se "Fear Not" e é um software que vai ajudar a criança, que se encontra em frente ao computador num ambiente 3D, a resolver situações de bullying.
De acordo com os autores, as crianças estabelecem uma relação com as personagens, no contexto de um drama virtual, porque são sintéticas, isto é, apesar de não serem reais, conseguem ser credíveis. As crianças reagem emocionalmente e, por isso, mostram que são capazes de perceber e interpretar os estados emocionais das personagens.
Parece-me interessante esta ideia pois usa um cenário violento (típico dos jogos de computador) mas a favor de uma abordagem lúdico-pedagógica e trata um problema tão importante com o bullying. O princípio parece-me muito bom, agora vamos lá ver como é que funciona na prática!
Podem ler esta notícia na íntegra no Público.pt
O desprezo
Nos últimos tempos tenho-me interessado muito por temas relacionados com as dinâmicas das relações de casais. Neste início de férias estive a ler um livro ligeiro, compatível com o meu humor e com o tempo quente: Blink! de Malcolm Gladwell.
A determinada altura do livro o autor descreve uma série de estudos realizados por John Gottman nos quais comprova que basta analisar de forma rigorosa meia dúzia de parâmetros na interacção espontânea (enquanto falam sobre um assunto polémico) entre um casal durante cerca de 1 hora para se poder prever com um nível de exactidão que ronda 95% quais os casais que vão permanecer juntos ou que se vão separar nos 15 anos seguintes. Se o tempo de observação for reduzido para 15 minutos, o grau de exactidão baixa para 90%.
De acordo com Gottman para um casamento durar, a relação entre as emoções positivas e negativas num dado encontro tem de ser pelo menos de 5 para 1. As emoções negativas mais significativas são: postura defensiva, reserva, censura e desprezo. O desprezo é qualitativamente diferente dos outros e muito mais danoso. Diz ele: “Na realidade, Gottman descobriu que o desprezo num casamento pode levar a prever coisas, tais como o número de constipações que o marido ou a mulher podem apanhar; por outras palavras, o facto de alguém que amamos nos desprezar é tão desgastante que começa a afectar o sistema imunológico”.
Para estes autores o desprezo é uma emoção especial. Quando ela domina a relação de casal ou tem uma expressão significativa já não há nada a fazer, a relação atingiu um ponto sem retorno.
Mas o que é verdadeiramente o desprezo? Porque é que se despreza? Em que circunstancias é que o desprezo se torna uma emoção que convive paredes meias com o amor e o carinho? Será que o desprezo e a manifestação dele numa relação amorosa, não é já prova da ausência de um afecto verdadeiro e profundo?
Se o desprezo é tão corrosivo numa relação de casal, o que fará a uma criança, quando ela se sente desprezada pelo pai, mãe ou irmão?
terça-feira, julho 31, 2007
Férias à vista - Leituras retomadas
Hoje é o culminar de um mês de trabalho e o início das tão anunciadas férias para a maior parte da população portuguesa, e muito em especial para a população psi.
Em tempo de férias, de relaxe, de dias quentes e longos, de crianças descontraídas e ávidas por ocupar os seus tempos com actividades prazerosas...
muitos pais interrogam-se de que forma poderão ocupar o tempo dos seus filhos, uma vez que facilmente se aborrecem
Para muitos a época de férias é ocupada com viagens, quer cá dentro, como lá fora, outros aproveitam para se dedicar a outro tipo de actividades que normalmente, e com o frenesin diário, vão ficando para trás, relegadas para segundo plano. Entre muitas das actividades que aqui se poderiam delinear, vou apenas dedicar-me à tão afamada leitura.
Mas será que tem tanta fama para os mais pequenos? Muito se tem falado sobre os hábitos de leitura em todas as faixas etárias, mas os olhares voltam-se sempre para os mais novos, pois o seu percurso escolar vai "depender da quantidade de livros que possam ler"!
Mas ao iniciar-mo-nos nas leituras apenas na altura da entrada para o ensino obrigatório é bom? Será que incita em nós o desejo de ler, de fantasiar, de imaginar o rosto das personagens que estão a ser descritas páginas adentro? Será que nos faz vasculhar prateleiras de bibliotecas, ou de livrarias, a descobrir um título sugestivo, uma história desconcertante?
Muito dificilmente, pois não foram incitados à leitura de forma espontânea, porque provavelmente aquele acto foi algo mecânico, um meio que produziu um fim...
A leitura tem que ser algo prazeroso e enquanto experiência pessoal é algo muito importante
Se essa leitura for iniciada muito precocemente produz uma motivação e um diálogo muito grande, e é a porta de entrada para uma aprendizagem saudável, gratificante.
Todos nós temos um ponto de partida emocional para tudo, as emocões primárias estão na base de todos os sistemas de comunicação. Quando as crianças se iniciam na leitura ainda antes da escolaridade estão largamente em vantagem em relação às crianças que se iniciam na leitura apenas na escola, onde aprendem a descodificar, a identificar palavras, ao passo que as primeiras maravilham-se com o enrendo, com as imagens, com as palavras, com os livros que elas próprias escolheram.
Como as emoções primárias estão na base de todos os sistemas de comunicação, aprendemos a falar porque alguém nos fala, decerto aprenderemos a ler porque o nosso pai ou a nossa mãe nos leu, por isso leiam com os vossos filhos pequenos, facilitem-lhes livros alegres, apelativos e que lhes façam encontrar saídas para as suas coisas
Sugiro-vos aqui um livro de que gosto particularmente e que permite que as crianças percebam que todos nós temos coisas boas e más, raiva, alegria, medo, tristeza...
O Livro de que vos falo chama-se O Pássaro da Alma
e começa assim:
No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
Mas todos sabem que ela existe.
E não só sabem que existe,
Como também sabem o que lá tem dentro...
....
BOAS LEITURAS
sábado, julho 28, 2007
A casa!
Recentemente alguém me disse “a casa não é um local para relaxar!”. Ora esta caricata frase pós-me a pensar nas funções que atribuímos a uma casa e que necessidades ela serve.
Em termos básicos uma casa serve para nos abrigar do mau tempo, para dormir, para fazer algumas refeições. Mas será que é apenas isso?
Não!
Para muitas pessoas a casa serve como refúgio da agitação, um espaço de paz onde se pode simplesmente estar, só ou acompanhado.
Por isso dizemos que nos sentimos em casa noutros sítios, porque são locais que satisfazem a necessidade de pertença, de companhia, de acolhimento e onde sentimos que temos um “espaço nosso”.
Alguns de nós têm o privilégio de sentir o local de trabalho como uma segunda casa. Um local de paz onde a nossa presença é valorizada e onde as relações humanas são isso mesmo… humanas!
Mas este ideal de casa raramente é trazido pelos clientes, que muitas vezes trazem uma representação de um campo de batalha das suas casas e apenas querem de lá sair!
Apenas espero que os que passam pelas minhas casas se sintam acolhidos, valorizados e respeitados como se estivessem na sua casa ideal.
Muito se pode escrever sobre a casa, das suas representações, do seu imaginário, e da sua simbologia… mas isso ficará para depois das férias!
sexta-feira, julho 27, 2007
PUXAR O LUSTRO AO EGO PORTUGUÊS...
Época de férias... muitos estrangeiros... muito passeio pelo estrangeiro... e a típica frase que surge: "... lá fora é que é bom!!". E nunca se sabe bem, ao certo, o que é que é afinal isto do: "... lá fora é que é bom!!". Em boa verdade, Portugal não é um país de viajantes, poucos são os que se confrontam com outras realidades e que podem arranjar termos comparativos que permitam dizer onde é ou não melhor ou o que é ou não melhor... falta conhecimento de causa, em especial, auto-conhecimento de causa!
Deixo aqui um texto bastante curioso e de fácil leitura sobre o que por cá se faz/ fez! (podem até levar para ler nas férias). Não se deixem intimidar pelo tamanho!
BOND BRANDS by Carlos Coelho (www.ivity-corp.com)
Na segunda guerra mundial Portugal era um país mítico. Estava em paz, era barato e cercado pelo Atlântico. Constituía a ponte ideal para o novo mundo.
Fausto Figueiredo tinha criado, em 1953, a Riviera portuguesa e tinha conseguido espalhar esse charme por toda a Europa. Pelo que, para além da neutralidade, da paz, da segurança e da tranquilidade, o Estoril tinha as praias, os hóteis de luxo e o casino.
Para fugir à guerra, entre 1939 e 1946, passaram pela costa do Estoril mais de 20.000 estrangeiros.
Refúgio de reis, príncipes, escritores, realizadores de cinema e anónimos à procura de um local de passagem seguro para recomeçar a sua vida em terra prometida.
A acompanhar este êxodo, a habitual escola de jornalistas, espiões, diplomatas e polícias em busca de notícias e informações.
A Linha tornou-se num local cosmopolita, longe da guerra e um berço de famílias reais: o rei Humberto de Itália, os condes de Barcelos e o seu filho Juan Carlos, Carlota do Luxemburgo, Eduardo de Windsor e Wallis Simpson, mulher por quem Eduardo abdicou do trono.
O Casino, a discoteca Palm Beach (que abriu nos anos 40), o restaurante Muxaxo, o pé Leve e a Choupana constituíam então locais de referência.
Jean Renoir, Antoine de Saint-Exupery (autor do "Principezinho"), entre muitos outros nomes famosos, aproveitaram o único porto livre e neutral da Europa, contribuindo para que Portugal fosse, nessa altura, um paraíso de glamour no meio da guerra. Foi nesta atmosfera que Ian Fleming - também de passagem para os E.U.A. na companhia do director da inteligência naval inglesa, o Almirante Godfrey - conheceu o casino do Estoril, tendo aqui nascido o seu famoso personagem James Bond, bem como, a sua primeira peça "O CASINO ROYALE".
James Bond surge, então, de um vasto conjunto de influências: da atmosfera vivida no Hotel Palácio, da companhia de Dusko Popov (agente retirado do KGB), mas também, de um conjunto de características do próprio autor que, segundo consta, era muito mulherengo.
Do CASINO ROYALE - casino do Estoril - fica o seu fascínio e a sua experiência pessoal, onde se conta que o próprio tentou levar um alemão à banca rota (no Bacarat), desafio que o fez perder até a camisa, acabando o Almirante Godfrey por ter de pagar as suas dívidas.
BOND NASCEU EM PORTUGAL, SENDO ESTE UM DOS SEUS SEGREDOS MAIS BEM GUARDADOS. Foi ainda neste "Aqui" que Bond se casou no filme "On her majesty secret service" - o único filme de George Lazenby e onde, curiosamente, contracenou com oito Bond Girls tendo, na mesma noite, dormido com sete, acabando por se casar com a oitava que, tragicamente, morreu virgem nos seus braços.
James Bond é, hoje mais famoso que o Tintin, mais sexy que Matahari, mais poderoso que Batman e o Super-homem juntos. mais do que um filme, é uma poderosíssima marca que, em termos económicos, foi capaz de gerar 3,3 biliões de USD em 20 filmes, tendo já sido visto por cerca de metade da população do planeta.
(...)
Esta Bond brand é, por isso, uma marca colectiva capaz de vender-se a si própria, mas que existe, essencialmente, para vender outras marcas, que se organizam em seu redor por layers de proximidade (...).
O seu código mágico de sucesso vive da trilogia champanhe, relógio e carro, mas a organização da oferta na gestão global da marca leva ao endereçamento de quase todos os públicos.
(...)
There's no business like Bond business.
Se James Bond "nasceu" em Portugal e constitui, hoje, uma das marcas colectivas mais bem sucedidas e rentáveis do mundo, será que 007 significa o código do sucesso que Portugal precisa para acreditar em si próprio?
Este precioso segredo que Ian Fleming nos deixou, reeditado no final de 2006, bem pode lembrar-nos a Riviera de outros tempos e, quem sabe, ajudar a projectar Portugal para o mundo das marcas, sem quaisquer preconceitos de ser um país pequeno porque, afinal, consegui ser o berço de uma marca tão grande.
quinta-feira, julho 26, 2007
Revista Portuguesa de Psicanálise
Já está à venda o último numero da Revista Portuguesa de Psicanálise.
Para os interessados aqui fica o índice:
Editorial - Freud e a Psicanálise
António Coimbra de Matos
Violência e medo
António Coimbra de Matos
Narcisse e OEdipe: place du mythe dans la théorie psychanalytique
Jean Bégoin
Abordagem neuropsicanalítica da psicoterapia dinâmica
Filipe Aranches-Gonçalves e Rui Coelho
Tempo e sentido de identidade - Como ligar descontinuidades?
Fátima Sequeira
Identidade e história de vida. Rupturas identitárias
Eduardo Sá
Alice no País das Maravilhas - a fuga da ameaça da ruptura identitária
Eduarda Carvalho
Da "cura" terapêutica à função analisante no processo de construção da identidade analítica
Ana Marques Lito
L'inconscient non-refoulé dans le processus analytique
Mauro Mancia
Identidade ou identidades? O problema da identidade psicanalítica
Rui Aragão Oliveira
Problems of transference and interpretation in borderline states
Anna Potamianou
Personalidades borderline - algumas considerações
João Balrôa
"Talk to Her" - the "Tlking Cure" from Freud to Almódovar
Andrea Sabbadini
Lá fora ("Out There")
Andrea Sabbadini
É na sombra que matamos quem amamos
Ana Viana (Comentário da Redação - António Coimbra de Matos)
Fernando Pessoa: personalidade múltipla como afirmação do não ser
Celeste Malpique
Figuras de identidade pessoal
José Manuel Heleno
Linguagem e diálogo
Joaquim cerqueira Gonçalves
A revista pode também ser adquirida através do site da Climepsi em www.climepsi.pt
domingo, julho 22, 2007
Hipnoterapia
Este fim-de-semana entretive-me a ler “Hypnotherapy for Dummies”. A hipnoterapia tem sofrido uma enorme evolução nos últimos anos e está a constituir-se como uma alternativa razoável para a resolução de algumas dificuldades relativamente focalizadas e principalmente é utilizada com sucesso como técnica psicoterapêutica complementar às técnicas expressivas.
Nas perturbações de ansiedade generalizadas e nas fobias simples parece ter um efeito verdadeiramente interessante. Enquanto técnica não visa a modificação da personalidade em profundidade (objectivo, por exemplo, da psicanálise e das psicoterapias psicodinâmicas), mas à modificação do sintoma ou mesmo ao seu desaparecimento.
A hipnose começa a ser estuda com um verdadeiro olhar científico e por isso mesmo começa a ganhar credibilidade e respeito da comunidade científica.
terça-feira, julho 17, 2007
Formação e Rompimento dos Laços Afectivos
Apesar de ser um trabalho relativamente recente (1979) é já um clássico esta obra de John Bowlby. Vale sempre a pena lê-la ou relê-la.
Bolwlby trabalha fundamentalmente no cruzamento entre o biológico e o psicológico, profundamente influenciado pela etologia, estudou o comportamento das crianças na formação dos laços afectivos com as suas mães e as consequências do rompimento inesperado desses laços. Os conhecimentos adquiridos através destes estudos foram depois generalizados para a formação e o rompimento dos laços afectivos em qualquer idade.
Deixo-vos dois pequenos excertos para estimular o retorno a este trabalho:
“(...) um bebé de quinze a trinta meses que venha tendo uma relação bastante segura com sua mãe e nunca se tenha separado dela antes, mostrará, via da regra, uma sequência previsível de comportamento. Essa sequência pode ser decomposta em três fases, de acordo com a atitude dominante da mãe. Descrevemo-las como as fases de protesto, desespero e desligamento. Primeiro com lágrimas e raiva, o bebé exige que a sua mãe regresse e parece ter esperanças de conseguir reavê-la. Esta é a fase de protesto, e pode durar vários dias. Depois torna-se mais calmo mas, para um observador perspicaz, é evidente que o bebé continua tão preocupado quanto estava antes com a ausência da mãe e ainda anseia pelo seu regresso; mas as suas esperanças dissiparam-se e ele entra na fase do desespero. Estas duas fases alternam-se frequentemente: a esperança converte-se em desespero e o desespero em renovada esperança. Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebe parece esquecer a sua mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e, inclusive, pode parecer que não a reconhece. Esta é a terceira fase – a do desligamento. Em cada uma destas fases a criança é propensa a birras e episódios de comportamentos destrutivos, muitas vezes de um tipo inquietantemente violento.” pp.72/73
“(...) Muitas das emoções mais intensas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação das relações de ligação. A formação de um vínculo é descrita como “apaixonar-se ”, a manutenção de um vínculo como “amar alguém” e perda de um parceiro como “sofrer por alguém”. Do mesmo modo, a ameaça de perda gera ansiedade e a perda real produz tristeza; enquanto que cada uma dessas situações é passível de suscitar raiva. A manutenção inalterada de um vinculo afectivo é sentida como uma fonte se segurança, e a renovação de um vinculo, como uma fonte de júbilo. Como tais emoções são habitualmente um reflexo do estado dos vínculos afectivos de uma pessoa, conclui-se que a psicologia e a psicopatologia das emoções é, em grande parte, a psicologia e a psicopatologia dos vínculos afectivos”. Pp.172
terça-feira, julho 10, 2007
O Caminho!
Uma das coisas que mais me intriga no ser humano é a sua vontade de caminhar até um determinado destino como promessa ou desafio pessoal.
Actualmente, os caminhos de Santiago de Compostela, e os Caminhos de Fátima têm cada vez mais adeptos. Creio que o fenómeno não se deva ao aumento de praticantes católicos, mas sim à satisfação de várias necessidades que o conforto da vida actual não preenche.
A necessidade de liberdade, espaço de reflexão, convívio, crescimento pessoal e actividade física é satisfeita num só acto! O caminhar!
As horas que se passam a caminhar com uma mochila ás costas, transformam as bolhas nos pés, as dores nos ombros e as queimaduras solares numa descoberta de coisas simples e belas que o mundo tem. Levado ao limite, o simples facto de conseguir andar é motivo de uma enorme alegria!
Mas será que não deveria ser sempre assim?... enquanto podemos caminhar!
Actualmente, os caminhos de Santiago de Compostela, e os Caminhos de Fátima têm cada vez mais adeptos. Creio que o fenómeno não se deva ao aumento de praticantes católicos, mas sim à satisfação de várias necessidades que o conforto da vida actual não preenche.
A necessidade de liberdade, espaço de reflexão, convívio, crescimento pessoal e actividade física é satisfeita num só acto! O caminhar!
As horas que se passam a caminhar com uma mochila ás costas, transformam as bolhas nos pés, as dores nos ombros e as queimaduras solares numa descoberta de coisas simples e belas que o mundo tem. Levado ao limite, o simples facto de conseguir andar é motivo de uma enorme alegria!
Mas será que não deveria ser sempre assim?... enquanto podemos caminhar!
segunda-feira, julho 09, 2007
No próximo dia 15 de Julho, domingo, será inaugurada, no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária, uma exposição de Pintura promovida pela MAPA, com obras de Emília Gomes da Costa e Tiago Serpa. A inauguração terá lugar às 16h30 e decorrerá até às 22h, ao som da guitarra clássica de João Paulo Oliveira.
A MAPA é uma associação sem fins lucrativos que foi criada em Janeiro de 2006 por um grupo de amigos empenhados em quebrar os circuitos culturais institucionalizados e estabelecer uma ponte entre expressões e públicos. http://www.mapacultural.com/
Assim, para além do voto para quem for de voto e da praia para quem for de praia, propõem-se uma saltada à Cidade Universitária para ver a exposição.
Assim, para além do voto para quem for de voto e da praia para quem for de praia, propõem-se uma saltada à Cidade Universitária para ver a exposição.
sexta-feira, julho 06, 2007
“Darkness Visible”, a memoir of madness
No verão de 1985 William Styron foi tomado por uma persistente insónia e uma perturbante sensação de doença – os primeiros sinais duma profunda depressão que engoliria a sua vida e deixá-lo-ia à beira do suicídio.
O livro “Darkness Visible”, editado pela Picador em 1991, descreve a devastadora queda na depressão, levando-nos através duma viagem sem precedentes até à esfera da loucura.
Trata-se dum retrato íntimo da agonia do ordálio de Styron, como também um testemunho duma doença que afecta milhões de indivíduos e que ainda é largamente incompreendida. Através da sua notável franqueza e poder de descrição chega-nos uma verdadeira compreensão da angústia duma mente desesperada à beira da morte.
Escrito com a prosa clara e envolvente de Styron, “Darkness Visible” é uma corajosa e edificante exploração da realidade negra da depressão.
“For the thing
I greatly feared is come upon me,
And that which I was afraid of
Is come unto me.
I was not in safety, neither was I quiet;
Yet trouble came.
Job
O livro “Darkness Visible”, editado pela Picador em 1991, descreve a devastadora queda na depressão, levando-nos através duma viagem sem precedentes até à esfera da loucura.
Trata-se dum retrato íntimo da agonia do ordálio de Styron, como também um testemunho duma doença que afecta milhões de indivíduos e que ainda é largamente incompreendida. Através da sua notável franqueza e poder de descrição chega-nos uma verdadeira compreensão da angústia duma mente desesperada à beira da morte.
Escrito com a prosa clara e envolvente de Styron, “Darkness Visible” é uma corajosa e edificante exploração da realidade negra da depressão.
“For the thing
I greatly feared is come upon me,
And that which I was afraid of
Is come unto me.
I was not in safety, neither was I quiet;
Yet trouble came.
Job
in "Darkness Visible", William Styron
Leitura recomendada!
domingo, julho 01, 2007
Autor obrigatório
Foi lançado no passado dia 26 de Junho o livro de João dos Santos intitulado "Ensinaram-me a ler o mundo á minha volta" com o qual se inicia a publicação das suas obras pela editora Assírio e Alvim. Será uma colecção com 7 títulos contendo textos inéditos recolhidos pela sua filha. Autor e Pensador sobejamente conhecido e reconhecido por todos os que se interessam pelas temáticas da psicologia, da educação e da psicanálise, habituou-nos à reflexão através da sua visão psicanalítica do mundo e da vida. Temos pois agora à disposição mais uma colectânea de textos que considero de leitura obrigatória.
sexta-feira, junho 29, 2007
Os consumidores habituais de cannabis vêem reduzida a actividade no córtex frontal inferior
Cada vez mais psiquiatras alertam para o impacto que pode ter na saúde mental o consumo de altas quantidades de marijuana ou haxixe, sobretudo entre a população jovem.
Até ao aparecimento das modernas técnicas de scanner, o mecanismo de actuação da cannabis no cérebro era um mistério. Através destas os especialistas podem detectar o impacto sobre a actividade deste órgão.
Philip McGuire e Zerrin Atakan do Instituto Psiquiátrico de Londres realizaram um estudo recorrendo a ressonância magnética. As imagens, segundo explicaram, mostram que os pacientes que consumiram tetrahidrocanabinol (THC) (presente na cannabis) vêem reduzida a actividade no córtex frontal inferior, uma área do cérebro relacionada com o controlo das emoções inapropriadas e com o comportamento.
O THC parece que “apaga” esta parte do cérebro e está associado com o aparecimento de paranóias, assinalou McGuire. As suas investigações serão apresentadas na Conferência Internacional de Cannabis e Saúde Mental.
Estudos similares de outras equipas também ressaltam a relação entre a dose de THC e o risco de sintomas de esquizofrenia segundo explicou o psiquiatra do King´s College de Londres, Robin Murray.
Até ao aparecimento das modernas técnicas de scanner, o mecanismo de actuação da cannabis no cérebro era um mistério. Através destas os especialistas podem detectar o impacto sobre a actividade deste órgão.
Philip McGuire e Zerrin Atakan do Instituto Psiquiátrico de Londres realizaram um estudo recorrendo a ressonância magnética. As imagens, segundo explicaram, mostram que os pacientes que consumiram tetrahidrocanabinol (THC) (presente na cannabis) vêem reduzida a actividade no córtex frontal inferior, uma área do cérebro relacionada com o controlo das emoções inapropriadas e com o comportamento.
O THC parece que “apaga” esta parte do cérebro e está associado com o aparecimento de paranóias, assinalou McGuire. As suas investigações serão apresentadas na Conferência Internacional de Cannabis e Saúde Mental.
Estudos similares de outras equipas também ressaltam a relação entre a dose de THC e o risco de sintomas de esquizofrenia segundo explicou o psiquiatra do King´s College de Londres, Robin Murray.
Fonte: El Mundo, Maio 2007
Hiperactividade - Desordem Neurológica?
No último número da revista Psicologia Actual é dado um destaque particular à entrevista com Russell Barkley (Psicólogo clínico Americano). Este colega defende de forma muito clara e peremptória a organicidade da Hiperactividade.
Diz ele: "Não existe absolutamente nenhuma controvérsia entre os cientistas acerca do papel dos genes no PDAH, uma vez que a evidência é esmagadora (...) Os genes que contribuem para o PDAH estão a agora a ser identificados. Então o assunto da contribuição genética não é controverso. Uma revisão recente indica que 65-75% de PDAH é devido à genética e o remanescente 25-35% resulta de complicações de parto, problemas mentais, ou lesões neurológicas sofridas após o parto. (...) Não possuímos qualquer evidência que um factor social, tal como parentalidade, televisão, ou videojogos ou escolas pobres possam criar PDAH numa criança previamente normal".
Para mim existe uma interacção entre o biológico (neurológico) e o psíquico que é muito complexa e que dificilmente se reduz a uma posição tão simplista.
Gostava de saber a vossa opinião sobre este assunto.
quarta-feira, junho 27, 2007
Saúde Mental e Envelhecimento
No dia 4 de Julho vai realizar-se um encontro sobre Saúde Mental e Envelhecimento organizado pelo Departamento de Acção Social da Câmara de Lisboa.
O encontro irá decorrer das 10 às 13h e terá o seguinte programa:
10.00 - Saúde Mental e Aspectos Psicogerontológicos
Dr.ª Ana Almeida
Mestre em Psicopatologia e Psicologia Clínica; Directora
da “Psicronos”; Membro da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.
10.30 – Reabilitação Cognitiva na Demência
Dr.ª Gabriela Álvares Pereira
Unidade de Neuropsicologia de Intervenção do Hospital
Miguel Bombarda; Secretária Geral da Associação Portuguesa de Psicogerontologia.
11.00 – Intervalo
11.30 – Cuidadores Formais e Informais
Dr.ª Ana Margarida Cavaleiro
Psicóloga Clínica; Coordenadora do Núcleo de Formação da
Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de
Doentes de Alzheimer - APFADA
12.00 – Debate
13.00 Encerramento
Eventuais interessados em participar deverão contactar o Departamento de Acção Social pelo telefone 21 394 44 10/11 (a entrada é livre, mas sujeita a inscrição prévia e tem um número limitado de inscrições)
quarta-feira, junho 20, 2007
O bem e o mal simplificado!
Muitas vezes a humanidade deve-se ter perguntado como distinguir as boas acções das más acções. Grandes filósofos escreveram tratados a esse respeito!
Mas mesmo assim o mundo está ir por um caminho que não parece muito certo. As alterações climáticas, as guerras e a fome continuam a assolar o mundo de um modo estranho, quando já há recursos financeiros para alimentar os famintos, reduzir as emissões de Co2 e acabar com as guerras... mas isto ainda não aconteceu porquê?
Será que os nossos governantes não sabem distinguir o bem do mal?
Eu acho que não!
Eles ainda não fazem uma coisa muito simples que é pensar no extremo. Eu explico, se pensarmos em mentir, mas é só uma pequena mentira... nada de grave! Se levar-mos o acto da mentira ao extremo seremos mentirosos, manipuladores e até poderemos ostentar o título de perturbação de personalidade (seguindo a lógica do José Luís Pio Abreu, no livro “como se tornar um doente mental”)
Ora se alguém apanhar um papel do chão, podemos dizer que foi uma boa acção, se o levar-mos a um extremo o que acontece é que o local fica limpo, se levar-mos ainda mais ao extremo o mundo ficará limpo.
Portanto, senhores governantes já não tem desculpa... uma “guerrinha” levada ao extremo leva a muitas mortes, uma pequena fraude leva á corrupção, uma ida ao café de carro leva ao aquecimento global...
Agora é só aplicar este pensamento nas nossas vidas e começar a construir um mundo melhor... mas alguns vão pensar... “ mas porquê eu? Porque é que tenho que ser logo eu a abdicar dos meus confortos quando há tantos que poluem, mentem e roubam mais que eu, vão falar com esses” porque se todos pensarem assim então é que vamos todos arruinar o mundo em que vivemos!
Simples não é?
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