terça-feira, maio 29, 2007

Higiene Mental!


Numa das minhas viagens ao meu velho dicionário de psicologia encontrei esta definição de Higiene Mental.

Higiene Mental: Investigação e aplicação das medidas que evitam distúrbios mentais e promovem a saúde mental.

Ok! Parece simples, mas será que é tão simples assim promover a saúde mental?
A resposta sim é dada por aqueles que já integraram na sua vida uma série de pensamentos e actos que são adaptativos e que promovem a sua saúde num todo.
Não vou comentar agora o que é adaptativo ou não, isso poderá ser outro post!
A resposta não é dada por aqueles que sofrem de mau estar psicológico e ainda não implementaram os actos e pensamentos em cima referidos.

Até aqui tudo muito geral, mas vamos pensar quanto tempo despendemos na nossa higiene mental?
Quanto tempo do nosso dia é usado para exercício físico?
Quanto tempo do nosso dia é usado para ler um livro?
Quanto tempo dá para simplesmente não fazer nada?
Quanto tempo usa para cultivar pensamentos positivos e úteis para o próprio e para os outros?

Como não tenho muito tempo, quando uso os transportes públicos leio algo, quando não leio, olho à minha volta e vejo a cara das pessoas, na sua expressão tento ler o que estão a sentir. Daí até pensar o que uma pessoa triste ou cansada precisa de ouvir para se sentir melhor, é um pequeno grande passo. Quando estou demasiado alheado de tudo, simplesmente não faço nada…
Isto só para dizer que existem sempre tempos em que podemos escolher como tratar a nossa mente e que fundo este post poderia chamar-se “Faça a sua higiene mental nos transportes públicos!”

Espero que este post tenha servido para dar um pouco de atenção a algo que, não sendo tangível, muitas vezes é tudo… a nossa mente!

segunda-feira, maio 21, 2007

Gosto de ti mas...





Quando me ofereceram este livro gostei logo do título. Muitas vezes há um mas… que parece colocar muitas coisas em questão.
Ao ler o livro descobri, ou reaprendi uma série de estratégias de podem ajudar os casais a melhorar as suas relações.
Segundo a autora, Ellen Wachtel, existem quatro verdades básicas sobre o que faz o amor durar:

1ª Amamos quem nos faz sentir bem connosco próprios.
2ª A maioria de nós sabe o que aquece o coração do nosso parceiro.
3ª As críticas desgastam o amor.
4ª Um amor inabalável, imutável e à prova de casos extraconjugais não existe.

A leitura deste livro entusiasmou-me bastante por ser um livro que fala de situações do dia-a-dia e de pessoas “normais” que sentem dificuldades nas suas relações.
Podemos reflectir um pouco sobre o significado destas quatro verdades.
A primeira parece-me indiscutível porque se estivermos com alguém que nos faz a “vida negra” muito dificilmente gostaremos dessa pessoa. A não ser que tenhamos algum problema de auto-estima e tendencialmente procuramos pessoas que nos fazem sentir inferiores para confirmar essa mesma ideia… mas isso é outro post!
A segunda também parece evidente, apesar de por vezes não tomarmos consciência dos gostos do nosso parceiro, e por vezes o problema é justamente esse, o não prestar atenção ao outro, ou seja, trabalhar no sentido de fazer o outro sentir-se bem.
Vale a pena falar da 3ª? Claro que vale… afinal de contas o último post da Marta fala justamente disto, de como a comunicação se vai alterando e cada situação se torna tendencialmente uma oportunidade de atingir o outro com críticas. Claro que este movimento pode ser mais ou menos consciente… mas desgasta na mesma!
Claro que a 4ª é a mais polémica… afinal existe uma tendência para gostarmos das coisas imutáveis e certas. Mas… tudo muda, as pessoas mudam, o modo de comunicar muda e neste paraíso, ou inferno, em que vivemos existem mais pessoas a interagir com os nossos parceiros e connosco, felizmente por um lado, visto que somos animais sociais, infelizmente por outro porque cria um número infindável de situações em que alguém nos consiga fazer sentir especial e como tal podemos procurar algo mais para a nossa vida!... mas isso de procurar algo mais também dava outro post!

Enfim o livro tem 8 capítulos que tratam as várias áreas problemáticas das relações, recomendo-o a todos que queiram pensar e agir sobre a sua vida relacional!

domingo, maio 20, 2007

Livros


Na semana passada, no congresso da Sociedade Portuguesa de Psicanálise foram lançados dois livros que se debruçam sobre a temática do narcisismo. Ambas as autoras, Maria Fernanda Alexandre e Cristina Fabião, são duas psicanalistas titulares da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

As autoras abordam com especial enfoque o aprofundamento da compreensão das patologias narcísicas ditas mais "graves".
Cristina Fabião sublinha o carácter defensivo que a organização do narcisismo comporta uma vez que esta, passando a citar a autora, " interpenetra-se com acontecimentos que se dão na altura do desenvolvimento da personalidade, ao desenvolvimento da consciência-insight e da capacidade de simbolizar, como suportes da capacidade de estar consciente". Compreender o que se passa nos fenómenos narcísicos é compreender as transformações psíquicas da fase auto-erótica, ligada esta ao corpo e às sensações corporais na relação com o objecto, como nos diz a autora.

Maria Fernanda Alexandre, partindo da sua vasta prática clínica com os "doentes difíceis", e com o conhecimento cada vez mais fundo da prática clínica com crianças e adolescentes, vai investigar as mudanças psíquicas ocorridas no processo psicanalítico. Pretendendo compreender melhor os seus pacientes que se enquadram na esfera do que se entende por narcisista, faz-nos pensar quando nos diz que "o narcisista não é aquele que se ama em excesso mas aquele que tem fome de amor e de compreensão".

Sem dúvida, a leitura destas duas autoras portuguesas do cenário psicanalítico português será um acrescento para a nossa reflexão teórica sobre o processo da psicoterapia psicanalítica e da prática relacional com nossos pacientes.

sexta-feira, maio 18, 2007

XXIII Jornada Psicoterapia Psicanalítica da Criança e do Adolescente


A Associação de Psicoterapia Psicanalítica da Criança e do Adolescente vai realizar a sua XXIII jornadas. A Dr.ª Maria José Gonçalves, uma das mais conceituadas psicanalistas Portuguesas com enorme experiencia clínica com crianças vai apresentar uma conferência de entrada livre intitulada: PSICOTERAPIA MÃE BEBÉ - CONTRIBUIÇÕES CLÍNICAS.

A Dr.ª Maria José Gonçalves é Médica, Pedopsiquiatra e Psicanalista. Membro didacta da Sociedade Portuguesa de Psicanálise e Membro da International Pschonalytical Association, é responsável desde o seu inicio, nos anos 80, pelos Seminários de Formação de Analistas sobre a Observação de bebés. Tem trabalhado e investigado a relação mãe-bebé, tendo já publicado diferentes artigos. Exerceu clínica como pedopsiquiatra no Departamento de Psiquiatria Infantil e Adolescência do Hospital D. Estefânia, de que foi directora.

A Jornadas irão decorrer, como é habitual, na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Lisboa nos dias 25 e 26 de Maio. A conferência no dia 25 de Maio realizar-se-á 19h e tem ENTRADA LIVRE e os Grupos de Trabalho (cuja a frequência exige inscrição) irá realizar-se das 9h às 13h.

Veja mais detalhes sobre este evento no site da Associação: www.appij.com

terça-feira, maio 15, 2007

Ética e avaliação psicológica.

Os Princípios Éticos são determinantes no trabalho de qualquer psicólogo.

A avaliação psicológica acresce a responsabilidade inerente ao cumprimento do código de Ética.


A avaliação e descrição da realidade psicológica de alguém fornece ao psicólogo um conjunto de informações, as quais este deve saber interpretar, seleccionar e sobretudo transmitir e devolver.

Numa avaliação psicológica o examinado fornece ao clínico parte da sua realidade interna (vida mental), confiando neste a capacidade para a analisar, perceber, interpretar.

Uma das questões que cedo se levantam é que o psicólogo está obrigado ao sigilo profissional, no entanto, o objectivo de uma avaliação é quase sempre a elaboração de um relatório, onde vamos inevitavelmente ter de transmitir informação a alguém que a solicitou.

Uma das precauções que devemos ter é de alertar o examinando para esta realidade, que deverá optar por nos fornecer informação que quiser que seja transmitida, ou que nos alerte para o caso de não querer que determinada informação conste do relatório.

No entanto, parte sobretudo do técnico a responsabilidade de reconhecer o que é ou não pertinente escrever num relatório.
Além de que, em determinados contextos (com doentes psiquiátricos por exemplo) o examinando nem sempre possui a capacidade de decidir acerca dos seus actos ou até do seu discurso, com vista a preservar a sua intimidade.

Voltando um pouco á questão que levantei, parece quase um contra-senso pensar que a informação obtida num contexto psicológico é confidencial, mas vamos ter de a transmitir.
É precisamente por isto que devemos restringir-nos ao que nos foi pedido para avaliar, restringir-nos a responder a quem solicitou a avaliação, restringirmo-nos a uma linguagem clara, objectiva e restringirmo-nos a falar do que nos compete.

Defendo ainda que, em todos os casos, devemos devolver à pessoa a informação que obtivemos, as conclusões a que chegamos e as indicações terapêuticas adequadas, nos casos em que identificarmos essa necessidade.

Mesmo quando o relatório de avaliação psicológica não é para o próprio (se foi por exemplo solicitado por outro técnico de saúde) é nossa obrigação transmitir ao examinado estas informações, porque: se a avaliação não é para ele mesmo, então é para o beneficio de quem?

Estas questões nem sempre são fáceis de gerir, e por isso mesmo têm sido motivo de grande consideração por parte dos técnicos da Ktree.

Na Ktree, ao trabalharmos com avaliação psicológica, e para salvaguardar estes princípios temos desenvolvido um método de trabalho que insere procedimentos inovadores neste campo.

A confidencialidade dos dados é da nossa maior preocupação. É oferecida ao examinando a possibilidade de decidir acerca da transmissão dos seus dados para outros técnicos, no caso destes a solicitarem (em documento adequado).

Um dos métodos inovadores na gestão dos dados, é a possibilidade (mediante consentimento informado) do registo através de gravação em formato digital dos dados da entrevista, que ficam arquivados para posterior elaboração de novos relatórios adequados aos diferentes interlocutores.
Estes dados têm obviamente uma validade, e ao fim deste tempo os dado são destruídos.

Penso que quando se tem estas questões em consideração, é possível gerir as situações em benefício do examinando, e trabalhar com rigor e com Ética.

Artigo relacionado: A ética na avaliação psicológica: uma perspectiva psico-filosófica.

segunda-feira, maio 14, 2007

Interaccção mãe/criança pobre em mães com Esquizofrenia



Investigadores observaram que mães com Esquizofrenia frequentemente evidenciam falta de resposta/sensibilidade maternal e que tal facto pode levar a comportamentos de evitamento por parte das crianças. Ming Wai Wan (Universidade de Manchester, Reino Unido) e colegas observaram que o comportamento de interacção entre mães com Esquizofrenia e suas crianças é de pior qualidade do que aquele que é observado nos casos de mães com Perturbações de Humor. “Os comportamentos de interacção pobre nestas díades mãe/criança podem ter efeitos significativos nas relações de vinculação e ajustamento social”, comentam estes investigadores. Observaram 38 mulheres com doença perinatal severa, incluindo 13 com Esquizofrenia e 25 com Perturbação de Humor enquanto estas interagiam com as suas crianças, uma semana antes destas obterem alta duma unidade psiquiátrica mãe/bebé. As mães com Esquizofrenia eram significativamente menos afectuosas e menos aceitantes do que as mães com Perturbação de Humor. Adicionalmente as crianças das mães com Esquizofrenia eram significativamente mais evitantes e menos comunicativas, menos envolvidas com o meio ambiente e menos activas (com “pouca vida”) comparativamente com as mães com Perturbação de Humor. A interacção da díade como um todo entre as mães com Esquizofrenia e suas crianças era notoriamente menos satisfatória mutuamente, mais séria, menos recíproca do que no grupo com Perturbação de Humor. Wan e equipa escreveram na revista Psychological Medicine que não é certo se as crianças se tornam auto-centradas e mais evitantes para se protegerem da falta de resposta, do cuidado débil e intrusivo, ou se por outro lado é o comportamento da criança que afecta adversamente a vinculação ao bebé. Wan e equipa observaram que longa duração de doença ou doses elevadas de medicação não explicavam a pobreza das relações entre mães com Esquizofrenia e seus bebés. Contudo ter um parceiro ou um status socio-económico elevado proporciona alguma protecção. Wan e equipa concluem que as suas descobertas sugerem que tratar os sintomas da Esquizofrenia ou providenciar apoio social podem não ser suficientes para melhorar a interacção mãe/criança no grupo em causa. As intervenções dever-se-iam focar na melhoria/aumento da sensibilidade e resposta maternais, estimulação dos bebés e satisfação mútua na relação.

WAN, MING WAI ; SALMON, MARGARET P. ; RIORDAN, DENISE M. ; APPLEBY, LOUIS ; WEBB, ROGER; ABEL , KATHRYN M. ,(2007), What predicts poor mother-infant interaction in schizophrenia?, Cambridge, Psychological Medicine, 37: 537-546 Cambridge University Press.
Photo by Anne Gueddes

terça-feira, maio 08, 2007

7 Dias, 7 Meses e 7 Anos no Casamento

A comunicação do casal ao longo do seu ciclo de vida, vista com humor (que nos faz muita falta!):

Casado há 7 dias: Ficas linda nesse vestido.
Casado há 7 meses: Outro vestido novo?
Casado há 7 anos: Quanto CUSTA?

Casado há 7 dias: Querida, trouxe o teu filme preferido.
Casado há 7 meses: Tens a certeza que queres ver esse filme?
Casado há 7 anos: Nem penses! Hoje dá futebol!

Casado há 7 dias: Querida, a tua mãe está ao telefone.
Casado há 7 meses: É para ti!
Casado há 7 anos: Telefoooone!

Casado há 7 dias: Amo-te.
Casado há 7 meses: Claro que te amo!
Casado há 7 anos: Se não te amasse achas que casava contigo?


Todos nós reconhecemos com humor estas diferenças, caricaturadas mas não tão longe do real… E faz-nos bem rir, mas como estamos perante um blog de ideias de psicologia “às pinguinhas” depois dos sorrisos, poderemos discutir (sem deixar de rir, pois neste blog somos flexíveis), o que acontece nos casais para que a comunicação se altere ao longo da vida em comum.
Nota para não ferir susceptibilidades: O facto do diálogo estar no género masculino foi puro acaso, o e-mail que me enviaram não continha o género feminino!
Está aberta a discussão…


sábado, maio 05, 2007

Espectáculo sobre Freud e a Sexualidade



O Grupo de Teatro Disfarces tem em cena até dia 13 de Maio no Auditório Carlos Paredes (no edifício da Junta de Freguesia de Benfica em Lisboa) um novo espectáculo, e uma nova incursão na senda dos mistérios da mente humana,e da Sexualidade (Homo/Hetero),com “ESTÁ TUDO NA SUA CABEÇA - A SEXUALIDADE SEGUNDO FREUD” em versão Pop.

Classificação Etária : m/ 16 anos

Todos os Sábados às 22 horas e Domingos às 17 horas.

Informações e Reservas : 91 9584669

Viena de Austria, sob a ocupação nazi.Enquanto a população se diverte num ambiente de excesso e decadência num cabaret no centro da cidade, um médico judeu de apelido Freud tenta descortinar os mistérios da mente através da psicanálise e da interpretação dos sonhos numa tentativa de transformar o sofrimento humano numa infelicidade vulgar.Mas a demência a que a História se transporta com a Guerra e o holocausto leva um grupo de figuras públicas a questionar se o verdadeiro inferno se encontra dentro ou fora de si próprios.

Numa versão pop a saga de uma das figuras mais importantes da modernidade com momentos fortes de humor, música e sonho!

XX Colóquio da Sociedade Portuguesa de Psicanálise


Vai realizar-se, nos dias 11 e 12 de Maio de 2007, o XX Colóquio da Sociedade Portuguesa de Psicanálise, subordinado ao tema: “Psicanálise e Mudança” , que terá lugar na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

A Comissão Organizadora deste Colóquio pretende privilegiar, como objecto de reflexão, a evidência dos movimentos de mudança nas diferentes dimensões do conhecimento e da cultura na era actual, movimentos que a psicanálise não pode deixar de acompanhar.

Tentámos, assim, elaborar um Programa que favoreça um diálogo psicanalítico com algumas das áreas científicas e culturais que nos pareceram mais paradigmáticas dessa mudança. Escolhemos a Física , a Biologia da Reprodução , as Neurociências , a Sociologia e as Artes, na expectativa de se propiciar uma reflexão estimulante, conjunta e interdisciplinar, sobre os processos de mudança/transformações operadas nessas áreas e na psicanálise.

Para além de podermos contar com um elevado número dos nossos mais prestigiados psicanalistas, convidámos como oradores alguns investigadores, cientistas e artistas de reconhecido mérito, que passamos a apresentar:

Prof. Doutor Carlos Fiolhais, professor catedrático de Física, Universidade de Coimbra .
Prof. Doutor Mário de Sousa , médico investigador da Reprodução Medicamente Assistida, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto.
Prof. Doutor José Luís Garcia, Sociologia da Tecnologia, Instituto de Ciências Sociais, U. de Lisboa.
Prof. Doutor Manuel Villaverde Cabral, Sociólogo, Instituto de Ciências Sociais, U. De Lisboa.
Prof.ª Doutora Ana Nunes de Almeida, Socióloga, Instituto de Ciências Sociais, Pró-Reitora da Universidade de Lisboa.
Dra. Maria Saldanha Pinto Ribeiro, Psicóloga, Técnica de Mediação Familiar, Ministério da Justiça.
Leonel Moura, Artista Plástico.
Filipa Francisco, Coreógrafa e performer.
Teresa Villaverde, Cineasta, Realizadora de Cinema.

Contamos com a sua presença e participação activa, para que o nosso Colóquio possa ser um encontro científico, cultural e afectivo.

Veja o Programa.

Afectuosos cumprimentos,

Pel'a Comissão Organizadora

terça-feira, abril 24, 2007

2º Workshop Algarve

Prosseguindo com o nosso ciclo de Workshops em bandas Algarvias (Portimão) , vamos realizar este sábado, dia 28/04/2007 pelas 14h um workshop sobre

"Avaliação Psicológica - Contextos e Aplicações"

dinamizado pela nossa colega Eliana Vilaça.

Mais uma vez contamos com a presença dos nossos amigos e colegas algarvios.

domingo, abril 22, 2007

Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos

2007 é o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos- Para uma Sociedade Justa.

O Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos pretende sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade justa e coesa. Preconiza iniciativas de sensibilização que tenham por objectivo combater atitudes e comportamentos discriminatórios, bem como informar os cidadãos sobre os seus direitos e obrigações. Inscreve-se numa abordagem transversal do combate à discriminação, que deverá permitir assegurar a aplicação correcta e uniforme do enquadramento legislativo comunitário em toda a Europa, pondo em evidência os seus princípios essenciais e angariando o apoio activo do público à legislação em matéria de não-discriminação e de igualdade.

A minha questão é a seguinte: Sem prejuízo da mais valia de uma iniciativa que assenta na procura de diminuição da injustiça social, não será este um postulado falso?

Igualdade de oportunidades significa que somos também todos iguais, e não será esta uma forma ingénua de acentuar a injustiça social?
Se somos todos diferentes, temos todos necessidades diferentes e por isso também necessitamos de oportunidades diferentes.

A única forma, para mim, de se promover uma sociedade justa e coesa será precisamente o contrário, eu sugeria: "Ano europeu da diferença, das oportunidades diferentes para pessoas diferentes e ajustadas às necessidades de cada um."

Tideland - o mundo ao contrário

Este fim-de-semana estive a ver um filme perturbador – Tideland, o mundo ao contrário. O filme tem algumas cenas repugnantes. Começa com a história de uma rapariga de 7 ou 8 anos de idade, Jeliza-rose que vive com os pais, ambos toxicodependentes. A relação que os pais mantêm com a criança retrata, na minha opinião, o drama de muitas crianças que são criadas em famílias toxicodependentes. Há, como o nome do filme indica, uma reversão de papéis, é a criança que tem de cuidar das necessidades elementares da família. É ela que diligentemente prepara as doses de heroína que o pai consome e que o assiste enquanto ele se injecta. A criança nasceu ela própria dependente da heroína, a mãe a certa altura descreve com algum desdém a forma como ela, ainda bebé, recém-nascida, teve que lidar com a síndrome de abstinência.

Os pais, profundamente centrados sobre eles próprios, são ora abandónicos e negligentes ora pseudo-protectores com manifestações de amor que ilustram na perfeição o conceito de vínculo L menos de Wilfred Bion. Jeliza-rose lê para o pai histórias infantis enquanto este está inconsciente, “pedrado”. A mãe morre na sequência de uma overdose e a reacção do pai, atesta a sua incapacidade para lidar com a realidade. Mais tarde, o pai também morre e Jeliza-rose fica ainda mais sozinha.

Sozinha, num mundo de adultos perturbados, Jeliza-rose procura conforto e coragem nas suas fantasias, povoada por 4 bonecas (apenas as cabeças que coloca nos dedos, simulando personagens com as quais interage). Jeliza-rose representa na minha opinião o drama de muitas crianças que não podem contar com os seus pais para as ajudarem e que ficam profundamente sozinhas e à mercê de si próprias e das circunstâncias. Neste filme é possível compreender a força enorme de uma criança muito pequena, que luta pela sua sanidade mental num mundo enlouquecedor.

sábado, abril 21, 2007

Os tempos que correm

Aconteceu-me hoje uma coisa curiosa e que me deu que pensar. Recebi um mail duma leitora deste blog, assinalando que eu no meu último post tinha escrito arrasador com z, e não com s. Tem toda a razão e aqui fica a correcção, acompanhada de um mea culpa. Registo também que ela teve a delicadeza de me dirigir um mail pessoal, e delicadeza é algo que vai escasseando.
E fiquei a reflectir sobre este fenómeno, o dos erros de ortografia. É claro que eu podia arranjar aqui várias explicações, provavelmente todas elas verdadeiras: confusão com arroazado (esse sim, com z), uma redução da obsessividade no meu carácter, fruto de anos de análise didáctica (o que, paradoxalmente, não deixa de ser um bom sinal – noutras áreas da minha vida, claro, não na ortografia; obrigada ao meu analista!), leituras quase sempre, de há uns anos para cá, noutras línguas (por causa do doutoramento), pressa, alguma negligência, quiçá (o que é mau).
E isto da pressa, da correria, fez-me lembrar um livro que tenho andado a ler nos intervalos das leituras académicas e que aconselho vivamente: “A corrosão do carácter”, de Richard Sennett (está traduzido em Português na Terramar). É um ensaio sobre o significado do trabalho hoje em dia, a efemeridade dos empregos, a falta de ética, a superficialidade das relações que se vão criando, a dificuldade de construção de uma identidade, a ansiedade em relação ao tempo, a confusão e a sensação de frustração decorrentes da maior parte das situações profissionais.
O autor, que é sociólogo e é professor universitário em Inglaterra, levanta uma série de questões interessantíssimas sobre as quais vale a pena pensar a sério. Tanto mais que muitas das queixas que ouvimos dos nossos pacientes (pelo menos é o que se passa comigo) estão ligadas a estas questões e só ganhamos em perceber o que é que está a acontecer nesta matéria.
É claro que em relação à escrita, a net também não tem ajudado nada. Escrevem-se mails e posts a correr, fora de horas, tem de se escrever o que se quer dizer em meia dúzia de linhas para que as outras pessoas tenham tempo de ler, os assuntos nascem e morrem em dois ou três dias (a tal efemeridade). É um bocadinho angustiante, não é? Gostava de conhecer a vossa opinião.

Seminário de Psicopatologia

Vai realizar-se no ISPA em Lisboa no dia 26 de Maio, o seminário: "SUBJECTIVIDADES DEPRESSIVAS - Perspectivas Fenomenológicas e Existenciais".

É conhecida a importância crescente da psicopatologia depressiva, quer por associar-se a experiências significativas de sofrimento, quer pelas dificuldades que pode representar para o desenvolvimento de projectos pessoais, familiares e profissionais de quem está deprimido.
Numa época em que dominam modelos biológicos da depressão e na qual há quem pretenda que os fármacos anti-depressivos seriam a única solução, é essencial conhecer abordagens compreensivas sobre o que é estar-deprimido, a partir das perspectivas fenomenológicas e existenciais.

Destinatários: Psicólogos, Médicos, Enfermeiros, Assistentes Sociais, Técnicos de Reabilitação e Inserção Social, Técnicos de Desenvolvimento Comunitário e Saúde Mental, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais. Estudantes das respectivas licenciaturas.

PROGRAMA

9h00 - Conferência de abertura
- Onirismo depressivo como forma de ser-no-mundo, Vítor Amorim Rodrigues
- Espacialidade nas experiências depressivas, Nuno Ferrão
- Fenomenologia da culpa nas experiências depressivas, Cristóvão Nunes

Intervalo

- Presença melancólica segundo L. Binswanger, João Fonseca
- Fenomenologia da tristeza vital / dor depressiva, Joana Teixeira
- A depressão segundo Rollo May, Ana Marques


14h00
- Significado da experiência depressiva em V.Frankl, Branca Sá Pires
- Contextos sociais, solidão e subjectividade depressiva, Cláudia Rosa
- Contextos sociais e subjectividade depressiva, Ana Nogueira

Intervalo

16h00 - Conferência de encerramento
Actualidade das perspectivas fenomenológicas e existenciais das depressões, José A. Carvalho Teixeira

Inscrições: Profissionais - 40€; Estudantes - 20€

Informações: Serviços académicos do ISPA

segunda-feira, abril 16, 2007

A Infelicidade ao Alcance de Todos

Este engraçado título é do blog de uma amigo meu, o José Manuel Fonseca. Ele tem também um outro blog, o Anarca Constipado, ainda mais arrazador. Dono de um humor cáustico, o JMF é doutorado em Gestão (Inglaterra), especialista em sistemas complexos.
Quando conheci o JMF, estávamos ambos a dar aulas no Mestrado em Comportamento Organizacional do ISPA, que aliás tem um interessante currículo. Depois, tive a oportunidade e o prazer de trabalhar com o JMF em projectos ligados à inovação, à mudança e à liderança e descobri que a psicanálise e a complexidade podem fazer um belo casamento. Pensando bem, não é muito de admirar. Freud sublinhou por diversas vezes a sobredeterminação dos fenómenos psíquicos. Não há, de facto, linearidade nos nossos processos mentais.
Se puderem dêem um salto até aos blogs do Zé Manel (kropotkine.blogspot.com) e deliciem-se com aquela prosa cáustica e acutilante. Ele é um homem livre e os seus escritos reflectem isso mesmo. Não há muita gente assim.

quinta-feira, abril 12, 2007

"Síndrome de Burnout nos hospitais do Algarve"

Este é o título de uma notícia de um jornal algarvio.

O síndrome de Burnout já foi falado no nosso blog mais do que uma vez pelo Pedro e penso que o seu último post incidia sobre o Burnout no casamento.

Ora vejamos aplicado aos profissionais da saúde, continuando com a notícia do jornal.

" A apresentação dos estudos promovida pela Administração Regional de Saúde do Algarve, confirma que existe relação entre a instabilidade no local de trabalho, os estilos de vida e o tipo de serviço psicologicamente mais exigente e a síndrome de Burnout. Um dos estudos aponta que um em cada quatro profissionais apresenta altos níveis de exaustão emocional, uma das dimensões da síndrome".

Este estudo foi realizado a profissionais de saúde dos hospitais algarvios, sob as 3 dimensões (exaustão emocional, a despersonalização e o grau de realização profissional)
Os investigadores constataram que os médicos apresentavam valores mais elevados na despersonalização e na exaustão emocional do que os enfermeiros, ao passo que na realização profissional os enfermeiros apresentavam valores superiores.
Existe também uma referencia ao facto de haver uma percentagem (14,6) de profissionais espanhóis, o que pode ter tido influência nos valores, remetendo para questões individuais (suas competências, motivações e nacionalidades)

Outra das conclusões chegada por estes estudos teve que ver com o estilo de vida dos profissionais e a forma como este pode influenciar o síndrome de Burnout, alertando para o facto de os profissionais da saúde registarem um valor superior no que concerne a auto-medicação, se comparados com a população geral.

Poderão encontrar esta notícia em www.jornaldoalgarve.pt

Se pensarmos em termos da profissão de Psicólogo, suas regras, definições, política de empregabilidade, and so one, e relacionarmos com o destaque desta notícia, aflige, não aflige?

AS falas do corpo

Saíu recentemente na Karnac um livro de Brian Broom, um conhecido psicoterapeuta e médico neo-zelandês (“Meaningfull disease”). As questões que ele levanta são da maior actualidade e vieram ao encontro de muitas das minhas prreocupações com os pacientes que, como nós dizemos, somatizam. Isto é, o corpo fala pela mente, quando a mente não consegue pensar e elaborar os conflitos e angústias: falta de ar, dores de barriga, problemas de pele, asmas, enxaquecas, dores de costas, etc, etc. O Dr. Broom acha que os psicólogos e psicoterapeutas se sentem pouco à vontade quando o paciente fala destes sintomas e remetem a pessoa para um médico, sem chegar a ouvi-la e a explorar com ela o que a aflige. Não está aqui em causa, obviamente, que seja errado sugerir uma consulta médica, mas sim o receio e o embaraço que por vezes nós temos de aprofundar com o paciente as questões do corpo. Como se o corpo fosse algo distinto da mente, uma coisa muito física e com a qual nós temos pouco a ver. Serão heranças do platonismo e do dualismo mente/corpo? Será uma defesa nossa contra as questões corporais, consideradas porventura como demasiado “físicas”? São questões que o Dr. Broom levanta e que me parecem muito importantes, especialmente quando cada vez noto mais um aumento de problemas relacionados com a somatização.

segunda-feira, abril 09, 2007

Os medos das Crianças

Este fim-de-semana estive a ler um livro que me pareceu interessante e por isso recomendo-o a todas as pessoas que sentem curiosidade e interesse em saber mais sobre os medos e as fobias na infância e na adolescência.

O livro (Os medos das crianças - medos, angústias, fobias na criança e no adolescente) foi escrito por Béatrice Copper-Royer, psicanalista francesa com um amplo trabalho clínico em psicoterapia psicodinâmica. O livro é de leitura bastante fácil, se bem que nem sempre seja muito esclarecedor (do meu ponto de vista, claro). Apresenta uma compreensão dos medos e das fobias enquadrado numa visão psicanalítica dando um destaque particular às questões relacionadas com o complexo de Édipo, mas autora é suficientemente aberta para, no último capitulo, fazer referência às terapias cognitivo-comportamentais e defender a utilização de ambos os tipos de abordagens em certas situações, como abordagens complementar.

A progressão do livro torna um pouco mais clara a fronteira sempre difusa, nestas situações, entre o normal e o patológico. Destaca a enorme importância de os pais aprenderem a lidar com os seus próprios medos como forma preferencial de prevenir o desenvolvimento de medos, terrores e fobias nas crianças.

domingo, abril 01, 2007

Frida Kahlo


Vi este fim de semana um filme que recomendo.

"Frida" retrata a vida e obra da pintora. Penso que é um bom retrato de como pode ser a arte um veículo de intensas angustias, de uma dor física e de um sofrimento psíquico que parecem não poder ser de outro modo elaboradas. A obra é crua, intensa e controversa, para mim, também é fascinante.

Quem foi Frida Kahlo

Vítima de um terrível acidente que a prendeu sob um colete de gesso por toda a vida, a dor de Frida foi retratada na sua pintura de forma a marcar a sua obra.

Os auto-retratos e as representações de cenas do hospital ou de procedimentos médicos foram retratados de forma a fazer o observador partilhar da sua dor. Retratou a lápis a cena do acidente, sem respeito por regras ou perspectivas.


Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu em 6 de Julho de 1907, em Coyoacan, no México, para uma vida cheia de percalços. Frida era uma revolucionária. Ao contrário da elite da sua época, gostava de tudo o que era verdadeiramente mexicano: jóias e roupas das índias, objectos de devoção a santos populares, mercados de rua e comidas cheias de pimenta. Fiel ao seu país, a pintora gostava de se declarar filha da Revolução Mexicana ao dizer que havia nascido em 1910.
Militante comunista e agitadora cultural, Frida usou tintas fortes para estampar nas suas telas, na maioria auto-retratos, uma vida tumultuada por dores físicas e dramas emocionais.


Aos seis anos contraiu poliomielite (paralisia infantil) e permaneceu um longo tempo de cama. Recuperou-se, mas sua perna direita ficou afectada. Teve de conviver com um pé atrofiado e uma perna mais fina que a outra.
Em 1925, aos 18, a sua vida mudou de forma trágica. Sofreu um acidente de viação. Frida receberia todo o embate do acidente e foi atravessada por um ferro que lhe atravessou o abdomen, a coluna vertebral e a pélvis. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa numa cama.

Foi nessa dolorosa convalescença, que Frida começou a pintar freneticamente, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Frida sempre se pintou a si mesma: 'Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor'.
As suas angustias, suas vivências, seus medos e principalmente o seu amor pelo marido, o pintor mexicano Diogo Rivera, com o qual se casa em 1929.

sexta-feira, março 30, 2007

Workshop no Algarve

Vamos realizar amanhã em Portimão um Workshop sobre "Psicologia e Psicoterapia na Prática Clínica: Intervenções na Actualidade".

Este Workshop será dinamizado por mim e inaugura um ciclo que esperamos que venha a ser interessante para os colegas e amigos de Portimão