quarta-feira, abril 08, 2015

||Perturbações de Personalidade|| - Personalidade Obsessivo-Compulsiva



Obsessões e compulsões são sintomas relativamente comuns em todos nós. O bypass defensivo de emoções difíceis por via do isolamento do afeto e da intelectualização são comuns, em especial nas pessoas mais cerebrais ou perfecionistas. São por vezes mecanismos úteis, como por exemplo no caso do cirurgião que consegue desempenhar adequadamente a sua função quando por via do isolamento do afeto opera o seu paciente meticulosamente e de "cabeça fria", remetendo para fora da consciência a ansiedade ligada à responsabilidade pela vida que tem entre mãos e o medo de feri-lo, bem como a culpa por faze-lo (ainda que se trate de um ferir para curar/reparar).

Como a parentalidade e a educação das crianças se tem tornado ao longo do tempo menos autoritária, menos pessoas se debatem com problemas de auto controlo e de retidão moral, que são os problemas centrais na psicologia obsessiva-compulsiva.

Como os traços obsessivos e compulsivos também existe em outras personalidades (psicologias narcísicas e depressivas-introjetivas), é necessário apurar a natureza da experiência interna da pessoa, e não apenas o comportamento observável, de modo a diagnosticar devidamente esta perturbação de personalidade.

Um aspeto central da psicologia obsessivo-compulsiva é a relutância em sentir emoções, o que é frequentemente associado a "perder o controlo". As origens da psicologia obsessiva-compulsiva remetem para conflitos nas relações precoces entre a criança e os cuidadores, nomeadamente lutas de poder precoces em torno do largar as fraldas, e/ou mais tarde em torno da hora das refeições, da sexualidade e da obediência geral. Outro aspeto característico é a aparente identificação da pessoa obsessivo-compulsiva com cuidadores que na altura esperavam de parte da criança maior maturidade que aquilo que era realisticamente possível. Assim, as pessoas obsessivo-compulsivas consideram as expressões de subjetividade e de afeto como "imaturas", sobrevalorizam a racionalidade e sofrem humilhação quando sentem que agiram de forma infantil. Contudo aceitam sentir algumas emoções (como a zanga aquando da injustiça) quando tal é logicamente ou moralmente "justificado".

Ainda que a psicologia obsessivo-compulsiva esteja centrada em questões do "Eu" mais que em questões da relação com os outros, existe uma dinâmica psicológica obsessivo-compulsiva mais relacional, que é aquela em que a pessoa compulsiva que vive no medo angustiante de poder ofender alguém através de algum comportamento inapropriado.

 A pesquisa e investigação clínica sugere que as pessoas obsessivo-compulsivas têm medo de perder o controlo dos seus impulsos, nomeadamente daqueles de natureza agressiva. A maior parte dos pensamentos e atos compulsivos envolve esforços para desfazer e anular impulsos de destrutividade, de avareza, e aqueles com relação com a desorganização ou com a sujidade.

A consciência da pessoa obsessivo-compulsiva é rígida e punitiva, o que resulta da culpa acentuada sobre desejos inaceitáveis. A autocrítica é dura. Tais pessoas medem-se a elas próprias e aos outros relativamente a padrões perto do perfecionismo. Seguem as regras literalmente, perdem-se nos detalhes, e têm problemas em tomar decisões porque querem tomar a decisão perfeita. São escrupulosos, mas têm problema em relaxar, em se divertirem e em conseguir verdadeira intimidade com os outros devido a tudo o que suprimem dentro de si.

As qualidades obsessivas e compulsivas tendem a surgir juntas pois resultam das mesmas fantasias inconscientes. Contudo algumas pessoas são mais obsessivas e outras mais compulsivas. As pessoas obsessivas estão cronicamente "nas suas cabeças": pensar, chegar à razão, julgar e duvidar. As pessoas compulsivas estão cronicamente " a fazer e a desfazer": limpar, colecionar, aperfeiçoar.

A ansiedade excessiva na pessoa obsessivo-compulsiva pode causar episódios persistentes em que ideias, desejos ou impulsos estranhos ou indesejáveis se impõe à consciência ou a obrigatoriedade de cumprir certas tarefas ou rituais específicos que interferem no funcionamento normal do quotidiano ou de algum modo consomem tempo excessivo ou são de algum modo tarefas estranhas ou pouco adequadas, ainda que a sua execução seja como que mandatória e obrigatória (compulsiva).

São pessoas que em psicoterapia procuram ser cooperativas mas que resistem muito aos esforços do terapeuta em explorar o mundo afetivo. Podem tornar-se subtilmente negativistas, expressando oposição inconsciente através de chegarem atrasados às sessões, esquecerem-se de pagar e prefaciar respostas ao terapeuta com "sim, mas...".

As terapias cognitivo-comportamentais e a medicação podem ajudar com os sintomas nas perturbações obsessivo-compulsivas, contudo melhorar a autoestima e enriquecer a vida emocional destas pessoas requer um trabalho mais prolongado com alguém disposto a ajudar na exploração e expressão daqueles aspetos das suas personalidades que são alvo de enormes dispêndios de energia  no sentido de serem dominados.


Preocupação/tensão central: Submissão a / revolta contra autoridades controladoras
Afetos centrais: Zanga, culpa, vergonha, medo
Crença patogénica característica sobre si próprio(a): A minha agressividade é perigosa e tem de ser controlada
Crença patogénica sobre os outros: Os outros tentam exercer controlo, a que eu devo resistir
Subtípos:

Personalidade Obsessiva
Ruminativa, cerebral; a autoestima depende do pensar, de realizações intelectuais

Personalidade Compulsiva
Ocupada, meticulosa, perfecionista; a autoestima depende do fazer, de realizações práticas

 Fonte: PDM - Psychodynamic Diagnostic Manual 



segunda-feira, abril 06, 2015

As melhores horas para fazer sexo


Se falamos de relações sexuais é claro que as preferências são muitas e de certeza que cada pessoa terá as suas, mas o nosso corpo é uma máquina perfeita que reage de forma diferente aos estímulos dependendo do momento do dia em que nos encontramos e a situação à nossa volta. 

Certamente que já se interrogou sobre quais as melhores horas para ter sexo. Ou, noutras palavras, em que períodos do dia o nosso corpo está mais ativo e disposto a dar e receber prazer?  


Das 8h00 às 10h00: Uma boa hora para elas


Neste período existe um aumento de endorfinas, no corpo feminino, que facilitam o processo de excitação sexual. No caso dos homens esta é uma hora aceitável, mas não a melhor, os seus níveis de testosterona são regulares mas mentalmente podem estar concentrados em assuntos que devem atender durante o dia.

  • Das 10h00 às 12h00: Ponto médio para ambos


    Durante estas horas ambos podem ter alguma disposição para o sexo, no caso delas estarão sempre abertas a experimentar especialmente ao nível do sexo oral, carícias e masturbação e eles podem concentrar-se em dar e receber prazer.

  • Das 12h00 às 14h00: Eles querem fantasiar, elas nem tanto


    Antes do almoço alguns homens ativam a sua mente e se encontram a sua parceira disposta apetece-lhes ter sexo, incluindo algumas fantasias e preliminares. Mas, elas não estão tão abertas e durante estas horas têm a mente concentrada em outras coisas, podem ceder mas de certeza que não será um encontro demasiado notável.

  • Das 16h00 às 18h00: O ponto alto deles


    Durante estas horas o homem regista os melhores níveis para ter sexo, apesar do dia de trabalho costuma apetecer-lhes um encontro longo e cheio de desejo e ação. Para elas também é um momento agradável, mas querem receber uma boa atenção, nada de sexo rápido, preferem um encontro longo para obter o clímax.

  • Das 22h00 às 24h00: Relaxados mas dispostos?


    Para os casais com filhos a partir desta hora os pequenos dormem e eles têm tempo para descansar e compartilhar um pouco. Nelas a hormona da melatonina aumenta gerando sono, no entanto sentem-se românticas e dispostas a ser queridas, eles estão mais relaxados mas também não tão sonolentos, ambos podem encontrar-se se o cansaço não for demasiado e ter uma ronda de sexo delicioso.

  • Durante a madrugada, sexo atípico, mas interessante


    Durante estas horas ambos dormem profundamente, mas se ele acordar para ir ao chuveiro e a vir semi nua pode ficar excitado e tentar um movimento. Entre acordada e a dormir ela poderá recebê-lo e obter um bom orgasmo com essa mistura de sono e sensações. Se a situação for ao contrário, a verdade é que lhe custará mais a ele acordar, a menos que tenha a sorte de contar com uma ereção mesmo nesse momento, assim o sexo interessante pode quebrar a rotina.

  • Cada um no seu próprio momento


    Muitos casais escolhem a hora do sexo segundo distintos factores: disponibilidade, ausência das crianças, etc, no entanto é interessante ter em conta a atividade do nosso corpo pois isto pode influenciar em obter orgasmos de mais prazer. 

  • Juntos experimentem e determinem.

    Qual é a melhor hora para ter sexo na vossa opinião?



    Fonte: umcomo 
    Fernando Mesquita
    Psicólogo - Sexólogo Clínico

    sexta-feira, abril 03, 2015

    ||Perturbações de Personalidade|| - Personalidade Contradependente


    Podemos situar a interdependência saudável (a capacidade de nos ligarmos e nos relacionarmos com os outros) num continuum entre a dependência desadaptativa (submissão) e a independência rígida (desapego desconectado). Algumas pessoas do polo da independência rígida têm na verdade poderosas necessidades de dependência, que mantêm fora da consciência via negação. De igual modo procuram muitas vezes cuidar de outros que necessitem delas ou colocar esses outros e mantê-los dependentes desses cuidados ou apoios.

    Estas pessoas têm na verdade uma perturbação dependente de personalidade mascarada por uma pseudo-independência. Nas suas relações definem-se como aquelas cujos outros dependem delas, e sentem orgulho por ser capazes de tomar conta delas próprias.

    Exemplo: A filha adolescente de 17 anos de uma mãe médica carreirista e solteira vêm à psicoterapia por grandes dificuldades de autonomia e autoconfiança. A mãe que sempre cuidou da filha faz algumas queixas no sentido de se sentir por vezes sobrecarregada com a responsabilidade pela filha. À medida que a psicoterapia avança a adolescente começa a sentir-se mais capaz de cuidar sozinha dela mesma e das suas necessidades, a confiança nela própria aumenta e aproxima-se do nível adequado de autonomia para a sua idade. Em simultâneo a mãe da adolescente vai deixando de conseguir funcionar profissionalmente.

    As pessoas contradependentes tendem a ser pouco tolerantes com expressões de necessidade e podem sentir desprezo pela vulnerabilidade emocional percebida nelas próprias ou nos outros.

    Frequentemente as pessoas contradependentes têm uma dependência secreta, por exemplo, dependência de uma substância química, de um companheiro, de um mentor, de uma ideologia. Algumas pessoas contradependentes têm uma tendência para adoecer ou em sofrer acidentes que lhes dá um motivo "legítimo" para serem cuidados por outros.

    São pessoas que raramente procuram a psicoterapia por eles próprios, sendo algumas vezes empurrados para a psicoterapia por companheiros que se sentem ávidos de uma intimidade emocional genuína.

    Na psicoterapia são pessoas que precisam de ajuda de modo a aceitar as suas necessidades de dependência enquanto uma parte natural delas próprias como seres humanos. Tal é o pré-requisito para que consigam um equilíbrio posterior entre a ligação com os outros e a capacidade de funcionarem autonomamente, sem necessitarem de outros que dependam delas. Durante a psicoterapia tende também a surgir eventualmente um processo de luto de necessidades que nunca foram satisfeitas nas relações precoces com os cuidadores da infância, que posteriormente dá lugar a uma autonomia mais genuína.


    Preocupação/tensão central: Manter/perder a relação
    Afetos centrais: Prazer quando vinculado(a) de forma segura; tristeza e medo quando sozinho(a)
    Crença patogénica característica sobre si próprio(a): Sou inadequado(a), preciso de ajuda alheia, sou impotente
    Crença patogénica sobre os outros: Os outros são poderosos e preciso do cuidado deles.

    Fonte: PDM - Psychodynamic Diagnostic Manual