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segunda-feira, novembro 18, 2013

Agressividade normal e patológica

Fui recentemente chamada a falar sobre agressividade numa escola, e de uma forma geral, quando falamos sobre agressividade, é bom termos como ponto de partida que a agressividade existe em todos os seres humanos, é natural e necessária.

Na adolescência a agressividade está muito presente no comportamento e por isso, quando falamos para pais e professores, importa ajudá-los a compreender a agressividade mas também a diferenciar a agressividade saudável da agressividade patológica.

Para pensarmos em agressividade saudável podemos pensar por exemplo na agressividade que está presente numa equipa desportiva. É a agressividade que nos mobiliza para a ação, que está relacionada com a nossa capacidade de nos defendermos, de lutarmos pelos nossos objetivos, de tolerarmos a rivalidade e competitividade. É então possível pensarmos que a agressividade pode estar ao serviço da cooperação, da proteção, da união grupal, etc.

A agressividade pode estar ao serviço de objetivos grupais, interpessoais, mas também é saudável quando contribui para a construção da identidade e diferenciação.
É assim importante a capacidade para criarmos mudanças, ruturas, separações; para afirmarmos a nossa diferença, os nossos limites e as nossas escolhas. Está presente na nossa capacidade de reivindicar, de lutar pelos nossos direitos, pelo nosso bem-estar.

Mas então quando é que falamos de raiva, ódio, sadismo, ciúme, inveja?

Quando falamos destas emoções, estamos também a falar de emoções naturais e existentes em todos os seres humanos. E podem também ser saudáveis, quando estão ao serviço da sobrevivência, da regulação interna e da regulação das relações.
As crianças e os jovens precisam de saber que estas emoções são saudáveis, e que podem ser sentidas e expressas– como o amor, a alegria ou a tristeza – de forma socialmente apropriada. Mesmo a agressividade mais destrutiva deve poder ser sentida, e até certo ponto expressa - não necessariamente agida. 

O que diferencia então a agressividade saudável da agressividade patológica?


A agressividade patológica é destrutiva para o próprio, para o outro e para a relação e é aquela que não contribui para a evolução nem contempla possibilidade de reparação.

A agressividade mais patológica é normalmente caracterizada por uma intensidade desmedida e desajustada à circunstância. A repetição de comportamentos agressivos e a indiferenciação do alvo são também sinais de alerta. Outro aspeto importante é a ausência de culpabilidade e falta de empatia que podem refletir uma frieza relacional. 
A culpabilidade tem um papel fundamental na elaboração da agressividade. A culpabilidade, normalmente associada à empatia e reforçada pelos aspetos morais e sociais exerce um travão nos impulsos mais destrutivos.

Identificar estes aspetos deve essencialmente contribuir para que pais e professores compreendam que a agressividade mais patológica é sempre sinal de sofrimento e este não deve ser negligenciado.

É óbvio que os pais e os professores têm sempre um papel que visa corrigir comportamentos, assim que são fundamentais na necessidade de mostrar os limites morais, sociais e relacionais. Mas não podemos nunca esquecer que um jovem agressivo não precisa só de limites e normalmente não beneficia nada com simples censura ao seu comportamento - precisa de alguém que o ajude a compreender e entrar em contacto com o seu sofrimento e a encontrar mais conforto na sua relação consigo mesmo e com os outros.

Eliana Vilaça
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta 

terça-feira, maio 07, 2013

BULLYING (II): AGRESSIVIDADE Vs VIOLÊNCIA


Para falar de bullying é imperativo abordar os conceitos de agressividade e violência.

A agressividade existe em todos os seres humanos, é natural e necessária. Importa perceber o que é que diferencia a agressividade saudável da agressividade patológica. É saudável e construtiva no sentido em que nos mobiliza para a ação, que está relacionada com a nossa capacidade de nos defendermos, de lutarmos pelos nossos objetivos, de tolerarmos a rivalidade e competitividade. Permite-nos criar roturas, construir separações, afirmar a diferença, dizer “NÃO”, lutar por um objetivo, reivindicar, fazer frente, assumir uma posição, vencer o medo e retaliar quando as circunstâncias nos são prejudiciais.

Podemos, então, pensar na agressividade como estando ao serviço da concretização pessoal e da formação da identidade, bem como da coesão grupal e da cooperação.

O grau de agressividade está dependente de fatores bioquímicos, da predisposição da personalidade, da maturidade emocional e do contexto familiar e ambiental. Com o amadurecimento e a socialização, os impulsos agressivos vão sendo refinados e, saudavelmente, geridos no sentido construtivo. Crianças e adolescentes com menor propensão agressiva, não têm de se esforçar muito para domar os seus impulsos, mas podem ficar mais sujeitos a maus-tratos por não terem a agressividade suficiente para se defender ou impor perante os pares.

De acordo com a OMS, a violência define-se pelo “Uso de força física ou poder, real ou em ameaça, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, deficiência do desenvolvimento ou privação”
Entre várias definições e tipos de violência, encontramos a Violência Instrumental: forma premeditada de alcançar os objetivos e propósitos do agressor, acionada de forma gratuita e cruel, pretendendo causar danos. É aqui que se enquadra o Bullying.

O Bullying é um abuso de poder sistemático, sem resposta a um estímulo, e caracteriza-se por elevada intensidade, persistência, repetição, intencionalidade e destrutividade. Pode assumir diferentes formas: Agressão Física, Agressão Verbal, Agressão Psicológica, Intimidação, Rejeição e, associado às novas tecnologias, o Cyberbullying.

O Bullying não é uma brincadeira, nem uma divergência entre colegas. Consiste num importunar contínuo, numa relação de claro desequilíbrio, em que a vítima é incapaz de se defender. É um sinal de perturbação ou fragilidade emocional, tanto do agressor (Bully) como da vítima.

Para aprofundar este tema, que continuará a ser desenvolvido nas próximas publicações, sugerimos a leitura dos artigos da Dra Ana Almeida e da Dra Tânia Paias no Portal Bullying: