Para falar de bullying é imperativo abordar os conceitos de
agressividade e violência.
A agressividade existe em todos os seres humanos, é natural e
necessária. Importa perceber o que é que diferencia a agressividade saudável da
agressividade patológica. É saudável e construtiva no sentido em que nos
mobiliza para a ação, que está relacionada com a nossa capacidade de nos
defendermos, de lutarmos pelos nossos objetivos, de tolerarmos a rivalidade e
competitividade. Permite-nos criar roturas, construir separações, afirmar a
diferença, dizer “NÃO”, lutar por um objetivo, reivindicar, fazer frente,
assumir uma posição, vencer o medo e retaliar quando as circunstâncias nos são
prejudiciais.
Podemos, então, pensar na agressividade como estando ao
serviço da concretização pessoal e da formação da identidade, bem como da
coesão grupal e da cooperação.
O grau de agressividade está dependente de fatores
bioquímicos, da predisposição da personalidade, da maturidade emocional e do
contexto familiar e ambiental. Com o amadurecimento e a socialização, os
impulsos agressivos vão sendo refinados e, saudavelmente, geridos no sentido
construtivo. Crianças e adolescentes com menor propensão agressiva, não têm de
se esforçar muito para domar os seus impulsos, mas podem ficar mais sujeitos a
maus-tratos por não terem a agressividade suficiente para se defender ou impor
perante os pares.
De acordo com a OMS, a violência define-se pelo “Uso de
força física ou poder, real ou em ameaça, contra si próprio, outra pessoa ou
contra um grupo ou comunidade, que resulte ou possa resultar em sofrimento,
morte, dano psicológico, deficiência do desenvolvimento ou privação”
Entre várias definições e tipos de violência, encontramos a Violência
Instrumental: forma premeditada de alcançar os objetivos e propósitos do
agressor, acionada de forma gratuita e cruel, pretendendo causar danos. É aqui
que se enquadra o Bullying.
O Bullying é um abuso de poder
sistemático, sem resposta a um estímulo, e caracteriza-se por elevada intensidade,
persistência, repetição, intencionalidade e destrutividade. Pode assumir diferentes
formas: Agressão Física, Agressão Verbal, Agressão Psicológica, Intimidação, Rejeição
e, associado às novas tecnologias, o Cyberbullying.
O Bullying não é uma brincadeira,
nem uma divergência entre colegas. Consiste num importunar contínuo, numa
relação de claro desequilíbrio, em que a vítima é incapaz de se defender. É um
sinal de perturbação ou fragilidade emocional, tanto do agressor (Bully) como
da vítima.
Para aprofundar este tema, que continuará a ser desenvolvido
nas próximas publicações, sugerimos a leitura dos artigos da Dra Ana Almeida e da Dra Tânia Paias no Portal Bullying:
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