"Tudo depende da perspetiva"
Quando dizemos esta frase estamos a referir-nos, normalmente, à maneira de ver algo. E apesar de querermos dizer "a maneira de pensar/encarar/interpretar algo", a verdade é que o termo tem as suas origens na experiência sensorial visual e está, por isso, carregado de metáforas visuais (ex: "ponto de vista").
O vídeo que se segue remete-nos para uma experiência onde a perspetiva visual apresentada afeta profundamente a perspetiva fenomenológica/psicológica/cognoscível ao mais profundo nível.
Faz-me pensar na importância da consciência e da sua relação intrínseca com o mundo sensorial/experiencial, como contentor, como espaço mais ou menos inclusivo dos seus objetos; e na forma como o tipo de conteúdo (e o espaço para o mesmo) na consciência, modifica radicalmente os sentimentos, pensamentos, humor, atitudes e até o sentido da vida e de quem somos.
2 comentários:
Entendo que o conteúdo da mensagem é muito forte, por isso gostaria de entender melhor. Pode o João escrever um pouco mais sobre esta parte "do post".
Bem haja. Quero entender melhor a relação intrínseca da consciência e do mundo sensorial...
Faz-me pensar na importância da consciência e da sua relação intrínseca com o mundo sensorial/experiencial, como contentor, como espaço mais ou menos inclusivo dos seus objetos; e na forma como o tipo de conteúdo (e o espaço para o mesmo) na consciência, modifica radicalmente os sentimentos, pensamentos, humor, atitudes e até o sentido da vida e de quem somos.
O que escrevi foi essencialmente inspirado no filme (não sei se o viu...) e não tem propriamente um racional pensado por trás.
Mas posso refletir um pouco sobre a ideia - incentivado pelo seu interesse - que desde já agradeço.
A relação intrínseca entre a experiência sensorial e a consciência tem que ver (no seguimento da minha ordem de ideias) com a relação indissociável entre a mente e o corpo. Somos antes de mais e acima de tudo seres corpóreos em relação direta com o espaço-tempo, quer interno, quer externo. Uma consciência plena de mim, do mundo e da minha relação com o mundo no momento presente (o único que posso habitar com todo o meu ser) exige um grande enraizamento sensorio-corporal da minha experiência fenomenológica.
Penso que vivemos demasiado confusos e bombardeados de informação e de ideias que entopem e tampam os tijolos mais básicos e "reais" da qualidade e intensidade da nossa presença no mundo - os dados interoceptivos, sensoriais, cinestésicos, cenestésicos que nos dão uma informação apurada "do que" e "como" nos estamos a sentir (ritmo e musculos da respiração, tensões, postura, dor, calor, etc..). Esta é uma das bases neurofisiológicas da empatia (através da ativação nomeadamente da ínsula - mais infos: http://www.rickhanson.net/wp-content/files/Empathy.pdf)
Ou seja, quanto mais eu me conseguir incluir, aceitar, conter a mim próprio, melhor conseguirei incluir, aceitar empatizar com o resto do mundo.
A experiência de sentir o mundo através da visão, parece ser uma experiência de inclusão radical, de empatia com o todo, de sentir o todo. Assim como quanto mais eu estiver ciente de mim, mais consciente estarei das minhas necessidades e sentimentos, se estiver "consciente do mundo" (estimulado pela experiência de um espaço-tempo inédito, evidenciado pela visão)parece que se é levado a "sentir as necessidades do mundo". O objeto da consciência, mais do que eu ou o outro, passa a ser principalmente o "todo" do nosso planeta. E a reduzida escala a que ele se apresenta a uma distância considerável imagino que dê uma impressão de maior pequenez, vulnerabilidade e fragilidade, propiciadoras de uma atitude de cuidado, compaixão e altruismo (pela relativização dos interesses pessoais e empatia com o outro/todo).
Enfim, foram algumas divagações e hipóteses rápidas sobre o tema das sensações, consciência e o "overview effect". Gostaria também de saber o que pensa sobre o assunto.
Cumprimentos
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