sexta-feira, maio 09, 2014
As 20 leis sexuais mais estranhas
terça-feira, maio 06, 2014
Que fase é esta? - episódio I
No livro "Tenho medo de ir à Escola" num capítulo exclusivamente dedicado a este tema, debruço-me sobre o que os pais dizem e querem e vice-versa:
Na realidade as perspetivas dos pais e dos filhos são distintas e cada uma, à sua maneira, são válidas, mas como lá chegar? Como será possível que estas suas entidades consigam chegar a um acordo e compreenderem-se?
Nalguns casos será mesmo necessária ajuda externa, pois a comunicação já atingiu um nível tão incompreensível, que um "tradutor" terá que decifrar o discurso de cada uma das partes para que voltem a falar a mesma língua.
Se na sua família considera que já chegou a este ponto procure ajuda especializada, se ainda não aconteceu mas percebe que a relação está a mudar, então talvez seja a altura ideal para refletir e compreender o que deve mudar para que consiga manter, ainda que com dias melhores que outros, como é natural, um nível adequado de comunicação.
sexta-feira, maio 02, 2014
O poder da auto-observação e autoconsciencia
segunda-feira, abril 28, 2014
Quando levar o seu filho ao psicólogo?
Se para os adultos é muitas vezes difícil perceber que chegou a hora de pedir ajuda, no caso das crianças e dos adolescentes mais difícil se torna. Deixo aqui alguns aspetos que podem indiciar que a criança ou o adolescente está com dificuldades ou em sofrimento e que necessita da intervenção de um psicólogo infantil:
- · Raiva ou Agressividade excessivas;· Ansiedade ou Medo excessivos;· Episódios frequentes de tristeza evidente e choro fácil;· Isolamento e dificuldades relacionais;· Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e entusiasmantes;· Queixas somáticas (dor de cabeça, dor de barriga, vómitos, indisposição), sem causa médica;· Quebra de rendimento escolar;· Dificuldades escolares;· Dificuldade em estar atento;· Agitação ou apatia;· Alterações repentinas no sono: Insónia ou, pelo contrário, sono excessivo, pesadelos;· Alterações do comportamento alimentar: aumento ou perda de apetite, recusa em comer;· Oscilações bruscas do humor;· Atraso na linguagem;· Problemas de comportamento;· Vítimas ou Agressores de bullying;· Birras excessivas e difíceis de gerir;· Dificuldade no controlo de esfíncteres;· Sinais de consumo de substâncias (álcool, drogas);· Situações de divórcio, adoção e luto;· Situações de doença crónica;· Abuso sexual, físico ou emocional ou outros eventos traumáticos;
domingo, abril 27, 2014
Atividade cerebral em pacientes vegatativos
Veja o artigo completo aqui: http://www.macleans.ca/society/health/one-third-of-vegetative-patients-may-be-conscious-new-study/
quinta-feira, abril 24, 2014
O Urso e a Panela
Ao chegar lá, o urso, reparou que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ainda em brasas, e dela tirou um caldeirão de comida. Ao tirar a panela, o urso abraçou-a com toda a sua força e enfiou a cabeça dentro dela, começando a devorar tudo.
Enquanto abraçava a panela, percebeu que algo o magoava.
Era o calor do caldeirão… que lhe queimava as patas, o peito, e todos os lugares em que o encostava.
O urso nunca tinha experimentado aquela sensação e, interpretou as queimaduras, como algo que queria tirar-lhe a comida. Começou a rugir muito alto.
Quanto mais a panela o queimava, mais ele a apertava contra o seu corpo e mais alto rugia.
Ao chegarem ao acampamento os encontraram o urso caído próximo da fogueira, agarrado à panela de comida. O urso tinha tantas queimaduras que a panela ficou presa no seu corpo e, mesmo morto, mantinha a expressão de estar a rugir.
terça-feira, abril 22, 2014
Vergonha, Medo da Crítica e Julgar os Demais
A vulnerabilidade acentuada à vergonha e o medo persistente da exposição ou da denúncia pública são vivências emocionais sintomáticas. Estes sentimentos são muitas vezes indicadores de falhas ou de insuficiências, na história individual, de relações empáticas, ricas em profundidade emocional, genuínas, nas quais a própria pessoa se tenha sentido com frequência verdadeiramente compreendida na sua natural complexidade e contradição emocional, moral e comportamental. Esta experiência relacional com uma figuras preocupadas, envolvidas e compreensivas, permite, por via da confiança e da identificação, a aquisição interna gradual da capacidade e da propensão para a autocompreensão em profundidade, bem como a capacidade de compreensão em profundidade dos outros. Em acréscimo, estas capacidades internas adquiridas por via das boas relações, são a via privilegiada para a serenidade e maturidade psicológica.
A falta da experiência de uma relação que nos devolve compreensão em profundidade relaciona-se com frequência à internalização de cuidadores severos, críticos, que humilham e/ou instigam sentimentos de medo da rejeição por parte do grupo social (amigos, vizinhos, colegas, etc.). Gradualmente isto pode conduzir a um esvaziamento interno e/ou desorganização psicológica, já que a indisponibilidade de uma relação de compreensão em profundidade no início das nossas vidas potencia a intolerância interna a todo um leque de vivências e partes da personalidade que vão então sendo expulsas da consciência por ação de mecanismos de defesa destinados a "evacuar" a angústia/ansiedade ligadas a essas vivências e partes da personalidade. Forma-se um conflito entre, por um lado, uma parte intolerante (crítica, rejeitante, não aceitante e/ou cruel) da personalidade, e, por outro lado, a experiência emocional interna e outras partes da personalidade, que, sendo então sentidas como indignas do amor ou apreço dos demais, são expulsas da consciência, dissociadas e muitas vezes projetadas sobre os demais, sobre a visão do mundo e das relações.
Estes mecanismos de defesa de "evacuação" dos conteúdos mentais tendem a criar problemas adicionais nas nossas vidas pois a sua natureza é frequentemente projetiva. As nossas partes intoleradas são expulsas para o exterior, expulsão algumas vezes acompanhada por ações e atitudes que visam reforçar a ilusão de que o interior intolerável pertence realmente ao exterior (desprezado). A projeção faz-se acompanhar comummente da necessidade adicional da certeza de que há de facto um exterior repudiável (projetado nos demais, ou no mundo), mas que não é, ou faz parte do próprio sujeito e/ou das suas associações. Não sou eu, mas sim tu, quem tem agora as partes de mim que eu não suporto nem consigo enfrentar.”
O resultado são distorções da perceção dos outros e da realidade, lado a lado com um esvaziamento progressivo do Eu, consoante a frequência e intensidade da expulsão de partes do Eu para o exterior. A atitude crítica ou julgamental, e sobretudo a atitude de desprezo denuncia todo este enredo interno. A crítica ou julgamento surge neste contexto como expressão da tentativa de lidar com um conflito interno ligado a vivências internas dificilmente toleráveis.
Num segundo ponto, não são apenas as partes não compreendidas e intoleradas da personalidade que são projetadas sobre os demais, mas também a própria instância interna crítica, severa, cruel e intolerante o pode ser. Desta forma, quando na história pessoal faltam outros significativos capazes de preocupação e sintonia-empática, envolvimento e interesse genuínos, não só surge aqui o terreno fértil para o desenvolvimento da atitude critica, despreziva e intolerante perante o outro (perante partes da própria pessoa projetadas subsequentemente sobre o outro), como se instala o pavor da critica e do julgamento dos demais – a vergonha patológica, intensa e muitas vezes negada e inconsciente. A vergonha consciente já denota um certo grau de tolerância a aspetos menos aceites (ou percebidos como menos aceitáveis) da personalidade, ou seja, denota um grau menos severo e até mesmo normativo de uma apreciação interna de nós mesmos face à diversidade da nossa experiência emocional e das diferentes partes da nossa personalidade.
Quando nos livrarmos de emoções e partes da personalidade em conflito (com a parte severa e intolerante, tiranizante) tudo isso permanece dissociado e/ou inconsciente. Isto por sua vez faz com que parte da nossa história e quem nós somos permaneça fora da nossa consciência e compreensão. Quanto menor a compreensão em profundidade de nós mesmos e da nossa vida, menos autonomia e liberdade teremos na própria vida, relativamente às escolhas que fazemos.
A projeção de uma instância interna severa, crítica, intolerante e não compreensiva, aliada à pouca tolerância e compreensão de partes importantes da nossa experiência, personalidade e emoções, encontra-se muitas vezes ligada à atitude de mentir, por exemplo nas relações íntimas. Isto porque a outra pessoa é sentida como alguém incapaz de nos poder compreender verdadeiramente, pois sentimos que esses aspetos estão para além da possibilidade de serem aceites e compreendidos (amados).
Ainda que o outro seja sentido como alguém intolerante em relação a algo, que nós sejamos intolerantes com o outro em relação a esse algo, muitas vezes acabamos mesmos por ser indulgentes connosco mesmos na relação com esse algo que fortemente criticamos no outro e que receamos suscitar a crítica do outro. Isto apenas revela a nossa parte intolerante, que nestes momentos é colocada em "standby" face à força desse algo que na maior parte do tempo é repudiável e jamais reconhecido como tendo qualquer associação connosco e com as nossas vidas. Fica claro aqui que "algo" necessita efetivamente poder ser melhor compreendido em nós e sobre nós, para que possa passar a ser tolerado e aceite, em vez de expulso e criticado nos demais.
É uma boa forma de nos conhecermos um pouco melhor, precisamente procurando aqueles aspetos do(s) outro(s) que mais desgostamos e mais facilmente nos metem os cabelos em pé. Fica o desafio.
quinta-feira, abril 17, 2014
O cancro
Os terapeutas que escrevem neste blog não têm por hábito falar da sua vida pessoal. No entanto, vou abrir uma excepção, porque me parece que a experiência que estou a viver poderá ser útil para outras pessoas.
(Foto de células cancerigenas)
Foi diagnosticado ao meu marido um cancro raro, mais comuns em homens do que mulheres, e muito agressivo. É o terceiro cancro que tem em seis anos. Dadas as circunstâncias, decidimos recorrer a um centro especializado nesse tipo de cancro, nos Estados Unidos. Mas o que aqui estamos a passar poderia passar-se em qualquer parte do mundo, não é essa a questão que importa. O que importa é a experiência que se vive e como lidar com ela.
Quem está na posição em que me encontro, de acompanhante e suporte, depara-se com uma enorme impotência. Temos de assistir, acompanhar, ajudar, lembrar os remédios, falar com os médicos, marcar consultas, tratar das questões administrativas e logísticas, verificar horários, ir comprar medicamentos e suplementos alimentares. Tudo isto, estando atentos, com boa disposição e animo para puxar pelo outro. Por outro lado, sentimos que pouco podemos fazer em relação à própria doença. Este sentimento de impotência é muito frustrante.
Estamos aqui quase há dois meses e os dias passam-se entre a radiação (diária), a quimioterapia (semanal) e inúmeras consultas e exames. Mas a quimioterapia é uma coisa muito violenta, que mexe com o corpo todo. A rádio, mais localizada, tem tido efeitos secundários mais restritos, embora muito condicionantes no que respeita à ingestão de alimentos.
Que posso eu dizer-vos do que é o dia a dia passado neste ambiente? Como as coisas aqui são organizadas e não há grande acumulação de pacientes, não encontrei aqui aquilo que muitas vezes ouvi descrito por amigos que tiveram experiências semelhantes. Mas sim, vêem-se mulheres com lenços ou chapéus, muito pálidas. Homens curvados, sem força. Não sei se por uma questão cultural, as pessoas aqui queixam-se pouco e parecem apostadas em se mostrarem bem dispostas. Isso deve ajudar, porque o ambiente não é, surpreendentemente, deprimente. Quando calhamos com outras pessoas na sala de espera, verificamos que quase toda a gente está acompanhada, seja por um cônjuge ou companheiro, um filho, uma amiga. O pessoal técnico é aliás extremamente simpático com os acompanhantes, talvez por estarem convencidos da sua importância para a recuperação do doente.
O cancro é uma doença como outra qualquer, grave, sem dúvida, e que tem de ser tratada com conhecimentos científicos avançados, método e determinação. O estigma que durante tanto tempo lhe esteve associado parece estar, felizmente, a desaparecer. Estima-se que a meio deste século a maioria das pessoas tenha pelo menos um cancro, e muitas delas, vários. Imagino que, nessa altura, os tratamentos não tenham os efeitos secundários que ainda hoje têm. No caso da quimio, sobretudo, tenho constatado que provoca grande fadiga e problemas intestinais. As náuseas, de que tanto tinha ouvido falar, previnem-se com anti-eméticos, muito eficazes. A enorme falta de apetite, mesmo aversão à comida, é mais difícil de vencer. Tudo isto é reversível com os fim dos tratamentos, pelo que me dizem.
No meu caso, o que mais me tem custado foi ver uma pessoa que é por natureza voluntariosa, independente e impaciente, ficar mais para o apático e passar a maior parte dos dias na cama, sem forças para nada. Uma pessoa que adorava comer e agora não aguenta o cheiro da comida. Mas, como digo, julgo que estes sintomas desaparecerão dentro de duas semanas.
O pouco tempo que tenho para arejar um pouco, e sempre que posso deixá-lo sozinho por umas horas, tenho aproveitado para ver a cidade e tirar fotografias. Quando chegámos havia imensa neve, agora as árvores estão a rebentar e surgem flores de todas as cores. A natureza aqui é mais contrastada e como os espaços são imensos, tem-se a impressão de uma enorme força à nossa volta. O vento, por exemplo, pode ser fortíssimo. Os nevões, idem. O sol, estranhamente, é quentíssimo, e no tempo em que havia neve (até há três semanas) faziam um contraste lindo, entre o azul e o branco. E há os braços de mar, uma coisa que não temos em Portugal. Aqui o mar penetra pela terra dentro mas muito calmo, porque há uma infinita sucessão de enseadas e baías. Não foi por acaso que este foi dos primeiros locais a ser colonizado pelos Ingleses. Sei que chegaram aqui em Outubro e aportaram com medo do frio. E com razão.
Será que ajudou a esta acompanhante estar num sítio bonito e com boas condições? É provável. E oxalá toda a gente tivesse a minha sorte. Certo é que dei comigo há dias a procurar na internet o nome de umas árvores que vi numa rua. Eu, que não percebo nada de botânica. E nesse mesmo dia, por coincidência, recebi um email em que uma pessoa que tinha conhecido aqui semanas atrás e me recomendava que estivesse atenta aos "daffodils" and "crocuses"! É verdade, as flores estão a rebentar e são lindas! Parece-me que aí em Portugal muitos de nós damos pouca atenção a estes pormenores que alegram a vida. Mesmo nas alturas mais difíceis, temos de estar de olhos bem abertos.
(Foto de crocus)