O que diz sobre nós e sobre as nossas
circunstâncias?
Porque são umas pessoas mais ansiosas que outras?
Quais as "ferramentas" internas que desenvolvemos (ou que ficam a
faltar) ao longo do desenvolvimento da personalidade?
Como a
psicoterapia psicanalítica pode tratar a ansiedade?
Quais as diferentes
expressões e tipos da ansiedade?
São sem dúvida uma perguntas importantes, e primeiro que tudo é importante entender o que é a ansiedade.
Ainda que o diagnóstico de perturbação de personalidade ansiosa, obsessiva, compulsiva, de ansiedade generalizada ou de ataque de pânico remetam para a representação da ansiedade como uma doença, a mesma não é necessariamente uma doença. Pelo menos no sentido em que padecemos de algo que de alguma forma, com alguma forma de meditação ou técnicas de relaxamento, poderá ir embora de vez. Todavia, muitos profissionais de saúde consideram a ansiedade como doença, procurando "trata-la", ou controlá-la, com algum grau de sucesso relativo. Porém, controlar a ansiedade e livrar-nos dela são realidades muitíssimo diferentes,
A ansiedade e a depressão estão sempre presentes em algum grau em todo o espetro das mais variadas perturbações psicológicas e sofrimento emocional. A própria depressão amiúde alberga núcleos ansiosos e a ansiedade também está de várias formas ligada com a depressão e com o deprimir. Como há também ansiedade e depressão em vários níveis de expressão (uns superiores, outros mais desenvolvimentalmente inferiores). Algumas manifestações de ansiedade ou depressão inclusivé pouco se relacionam com o que commumente designamos por ansiedade ou depressão. Também é frequente que um mesmo conteúdo interno coexista enquanto uma vivência mista e/ou alternada de depressão e ansiedade, sendo o desejável que a evolução seja sempre para um "deprimir" - um suportar internamente do conteúdo ou da angústia devidamente nomeada a partir de um sentimento interno de não-ameaça ou aceitação, de um estado interno relativamente livre de ansiedade ainda que por vezes emocionalmente custoso. Ou seja, numa perspetiva desenvolvimental, e/ou daquilo que acontece durante uma psicoterapia, é frequente e desejável que os núcleos internos ansiosos se transformem gradualmente e antes de mais em algo pensável, muitas vezes com o correlato emocional de um estado de abatimento, de um largar do controlo, de uma aceitação, ou de uma certa resignação emocional face por exemplo a circunstâncias penosas, limitadoras ou por vezes incontornáveis da vida da pessoa - uma espécie de "luto" ou "deprimir saudável". Nesta passagem está aberta a porta à elaboração psíquica progressiva, que por sua vez permite o crescimento pessoal e da personalidade, e mesmo, consoante o caso, o reajustamento das circunstâncias de vida.
Poder começar a considerar a ansiedade enquanto uma "informação-alarme" relacionada sobre nós mesmos e a relação connosco mesmos, com os demais e com o mundo, é como que um primeiríssimo passo no sentido do início da jornada da atribuição de sentidos claros e concretos à experiência interna de ansiedade - ligar a ansiedade, sobretudo a ansiedade difusa, a ansiedade ligada ao desconforto corporal, a ansiedade de pânico ou mesmo aquela que conduz às compulsões e obsessões (ao controlo da ansiedade deslocado para algo fora ou dentro de nós), a representações internas (pensamentos, memórias, desejos, angústias, medos, etc.). Estas por sua vez passam então a serem passíveis de serem gradualmente elaboradas e "arrumadas" internamente.
A ansiedade acima de tudo transforma-se, desde as vivências de desconforto no corpo ou comportamentos impulsivos, passando pela experiência interna de "tensões ou mal estar difuso", ou "coisas sem nome", até representações conscientes ("coisas com nome"), que por tal, podem então começar a ser "digeridas" e o pensamento organizado. Cada etapa do percurso implica um nível mais sofisticado de elaboração de conteúdos internos, e logo, menor ansiedade.
Ao contemplar um bebé que chora ansioso porque está com fome, ou com frio, ou desconfortável por causa da fralda, ou com cólicas, ou sobre estimulado pelo ambiente, a medicação ou técnicas de relaxamento não são propriamente as primeiras ideias que surgem no nosso imaginário enquanto a resposta àquele sofrimento. "Onde está a mãe?" tende a ser o primeiro pensamento que nos surge. Ou seja, a resposta aos estados de ansiedade de um bebé são os cuidados maternos. São o complemento natural da ansiedade e que a contém e transforma, conduzindo à tranquilização do bebé, cujas necessidades foram atendidas e suas angústias aplacadas.
Porém... Nem todos os cuidados maternos conseguem aplacar as ansiedades de um bebé. Há de facto uma configuração muito específica para que estes cuidados exerçam uma verdadeira contenção das angústias do bebé. São os cuidados suficientemente bons, que requerem a presença de duas características fundamentais na personalidade da mãe ou do cuidador:
1. Um estado de serenidade e disponibilidade emocional para o bebé
2. Uma capacidade refinada de sintonia-empática de modo a intuir as necessidades do bebé
De alguma forma estas duas condições são a base da função continente, que contém a ansiedade do bebé e a transforma em cuidados. Esta relação de contenção, cujo protótipo é a relação mãe-bebé, continua a ser oferecida à criança ao longo da infância e adolescência, Sentir-nos contidos é o que acontece quando nos sentimos verdadeiramente compreendidos por alguém em algo que é verdadeiramente importante para nós, ou que ninguém parece conseguir compreender em nós ou sobre nós. Trata-se de um sentimento de apaziguamento interno, mais subtil ou menos subtil, de retorno a um estado de calmaria acompanhado muitas vezes por uma (re)organização de ideias.
Quanto mais esta função continente for oferecida a uma criança ao longo da vida, devidamente enquadrada numa relação de confiança e cumplicidade, maior o desenvolvimento das "ferramentas internas" para lidar com a ansiedade como a maior tolerância à frustração, maior capacidade de auto-contenção (aumento do volume do "saco interior" - que ao transbordar resulta frequentemente na formação de sintomas), maior a serenidade de caráter e imunidade contra a experiência da ansiedade, e maior esperança, confiança e prazer nas relações interpessoais enquanto "portos de abrigo" e encontros organizadores das experiências de vida e emoções mais difíceis.
Tomando mais uma vez a relação de contenção mãe-bebé enquanto protótipo e metáfora de um tipo de relação intra psíquica e interpessoal sanígena e importante para a formação da personalidade madura, há que considerar que existem de facto obstáculos a essa mesma relação que podem surgir desde muito cedo. A ansiedade ou irritabilidade persistentes da própria mãe ligadas por exemplo a uma fraca capacidade continente, a incapacidade de relaxar, defesas rígidas contra a própria ansiedade e necessidade de controlo de tudo e todos, a indiferença face às solicitações da criança, as falhas empáticas resultantes... Que fazem com que muitas vezes a criança desista de conseguir que o meio vá de encontro àquilo que ela precisa, podendo desenvolver mesmo uma personalidade de adaptação superficial às expetativas dos demais que pode em maior ou menor medida abafar a personalidade verdadeira e espontânea. Existem famílias nas quais a criança frequentemente não é considerada na sua individualidade, acabando por ter de se resignar às expetativas. Ou então, por exemplo, procurar expor quaisquer necessidades, desejos, angústias ou outros conteúdos é vivido como que um "falar para uma parede". Falha a função continente parental, falha a contenção, proliferam a ansiedade, os sintomas e a psicopatologia (depressão, ansiedade, etc.), muitas vezes soterrada por um "falso eu" adaptado superficialmente ás exigências da realidade exterior e das responsabilidades, com pouca margem para a espontaneidade e prazer de viver relativamente ausente.
Perante uma problema de ansiedade, um psicoterapeuta deverá procurar aferir ao longo das primeiras consultas de avaliação vários aspetos do desenvolvimento psicológico, como a capacidade continente de que aquela pessoa dispõe para si mesma; a qualidade dos cuidados e da contenção recebida pelas principais figuras de vinculação ao longo da vida; bem como procurar ligar-se de forma sintónica, empática e intuitiva à natureza e complexidade dos conteúdos não pensados e/ou não pensáveis que aquela pessoa possa carregar consigo.
De um modo geral, não adaptado às circunstâncias específicas de cada pessoa, o percurso de tratamento da ansiedade pode englobar a cada sessão o foco nos seguintes aspetos:
Construção contínua de uma relação de confiança como via privilegiada que permite progressivamente uma verdadeira entrega e através da mesma, a possibilidade de descansar verdadeiramente;
Contenção;
Ligação dos conteúdos ou tensões internas (ou "coisas") sem nome ou sem pensamento, a representações, linguagem e pensamento;
Elaboração progressíva;
Expansão da capacidade de pensar e desenvolvimento de outras "ferramentas" internas de gestão da ansiedade;
Ponderação sobre a mudança de circunstâncias externas indutoras de ansiedade ou que a mantêm.
Os problemas de ansiedade podem surgir em níveis diferentes de expressão, por exemplo:
- Problemas ou desconforto ao nível do corpo;
- Via do "agir", por exemplo o consumo de alcóol, drogas, condução a alta velocidade, agressões a outras pessoas, etc.
- Ataques de pânico e ansiedade generalizada
- Sentimento de "algo" internamente persecutório, sem representação mental, porém acompanhado de mal estar ou desconforto difuso
Podem surgir em níveis mais representáveis na mente, ainda que de forma ainda primária e/ou menos elaborada, por exemplo;
- Pesadelos
- Percepções de "energias negativas", sentimentos ou percepções invulgares de "sujidade" (interna ou projetada para fora)
Podem surgir em níveis mistos, ou alternados.
As ansiedades são também vulgarmente sinalizadas pelas defesas psíquicas destinadas a "lidar" com aquilo que a própria pessoa não consegue lidar dentro dela, acabando por gerar outros problemas ou sintomas - compulsões, obsessões, fobias, percepções distorcidas e/ou ameaçadoras da realidade exterior e dos outros, etc..
Os conteúdos internos - angústias, desejos, fantasias, ideias, sentimentos, etc. - acabarão por tornar-se claramente representáveis ao longo de uma psicoterapia, sendo possível a elaboração a vários níveis, como por exemplo:
- Identificação clara de sentimentos (em vez de "energias negativas": medo, inveja, raiva, ódio, atração, vergonha, humilhação, por exemplo
- Elaboração dos sentimentos mais difíceis, contextualizando-os e articulando-os sob várias perspetivas
- Identificação de padrões gerais de funcionamento da personalidade mediante elaboração de padrões de sentir e reagir
Há também que considerar a natureza da experiência da ansiedade e relação com o estado ou desenvolvimento do aparelho mental... Ansiedade generalizada e difusa, ansiedade social, ansiedade ligada à culpabilidade, ansiedade persecutória, ansiedade de aniquilamento.., são ansiedades essencialmente diferentes, de gravidades diferentes e que requerem portanto cuidados diferentes.
Ainda que o diagnóstico de perturbação de personalidade ansiosa, obsessiva, compulsiva, de ansiedade generalizada ou de ataque de pânico remetam para a representação da ansiedade como uma doença, a mesma não é necessariamente uma doença. Pelo menos no sentido em que padecemos de algo que de alguma forma, com alguma forma de meditação ou técnicas de relaxamento, poderá ir embora de vez. Todavia, muitos profissionais de saúde consideram a ansiedade como doença, procurando "trata-la", ou controlá-la, com algum grau de sucesso relativo. Porém, controlar a ansiedade e livrar-nos dela são realidades muitíssimo diferentes,
A ansiedade e a depressão estão sempre presentes em algum grau em todo o espetro das mais variadas perturbações psicológicas e sofrimento emocional. A própria depressão amiúde alberga núcleos ansiosos e a ansiedade também está de várias formas ligada com a depressão e com o deprimir. Como há também ansiedade e depressão em vários níveis de expressão (uns superiores, outros mais desenvolvimentalmente inferiores). Algumas manifestações de ansiedade ou depressão inclusivé pouco se relacionam com o que commumente designamos por ansiedade ou depressão. Também é frequente que um mesmo conteúdo interno coexista enquanto uma vivência mista e/ou alternada de depressão e ansiedade, sendo o desejável que a evolução seja sempre para um "deprimir" - um suportar internamente do conteúdo ou da angústia devidamente nomeada a partir de um sentimento interno de não-ameaça ou aceitação, de um estado interno relativamente livre de ansiedade ainda que por vezes emocionalmente custoso. Ou seja, numa perspetiva desenvolvimental, e/ou daquilo que acontece durante uma psicoterapia, é frequente e desejável que os núcleos internos ansiosos se transformem gradualmente e antes de mais em algo pensável, muitas vezes com o correlato emocional de um estado de abatimento, de um largar do controlo, de uma aceitação, ou de uma certa resignação emocional face por exemplo a circunstâncias penosas, limitadoras ou por vezes incontornáveis da vida da pessoa - uma espécie de "luto" ou "deprimir saudável". Nesta passagem está aberta a porta à elaboração psíquica progressiva, que por sua vez permite o crescimento pessoal e da personalidade, e mesmo, consoante o caso, o reajustamento das circunstâncias de vida.
Poder começar a considerar a ansiedade enquanto uma "informação-alarme" relacionada sobre nós mesmos e a relação connosco mesmos, com os demais e com o mundo, é como que um primeiríssimo passo no sentido do início da jornada da atribuição de sentidos claros e concretos à experiência interna de ansiedade - ligar a ansiedade, sobretudo a ansiedade difusa, a ansiedade ligada ao desconforto corporal, a ansiedade de pânico ou mesmo aquela que conduz às compulsões e obsessões (ao controlo da ansiedade deslocado para algo fora ou dentro de nós), a representações internas (pensamentos, memórias, desejos, angústias, medos, etc.). Estas por sua vez passam então a serem passíveis de serem gradualmente elaboradas e "arrumadas" internamente.
A ansiedade acima de tudo transforma-se, desde as vivências de desconforto no corpo ou comportamentos impulsivos, passando pela experiência interna de "tensões ou mal estar difuso", ou "coisas sem nome", até representações conscientes ("coisas com nome"), que por tal, podem então começar a ser "digeridas" e o pensamento organizado. Cada etapa do percurso implica um nível mais sofisticado de elaboração de conteúdos internos, e logo, menor ansiedade.
Ao contemplar um bebé que chora ansioso porque está com fome, ou com frio, ou desconfortável por causa da fralda, ou com cólicas, ou sobre estimulado pelo ambiente, a medicação ou técnicas de relaxamento não são propriamente as primeiras ideias que surgem no nosso imaginário enquanto a resposta àquele sofrimento. "Onde está a mãe?" tende a ser o primeiro pensamento que nos surge. Ou seja, a resposta aos estados de ansiedade de um bebé são os cuidados maternos. São o complemento natural da ansiedade e que a contém e transforma, conduzindo à tranquilização do bebé, cujas necessidades foram atendidas e suas angústias aplacadas.
Porém... Nem todos os cuidados maternos conseguem aplacar as ansiedades de um bebé. Há de facto uma configuração muito específica para que estes cuidados exerçam uma verdadeira contenção das angústias do bebé. São os cuidados suficientemente bons, que requerem a presença de duas características fundamentais na personalidade da mãe ou do cuidador:
1. Um estado de serenidade e disponibilidade emocional para o bebé
2. Uma capacidade refinada de sintonia-empática de modo a intuir as necessidades do bebé
De alguma forma estas duas condições são a base da função continente, que contém a ansiedade do bebé e a transforma em cuidados. Esta relação de contenção, cujo protótipo é a relação mãe-bebé, continua a ser oferecida à criança ao longo da infância e adolescência, Sentir-nos contidos é o que acontece quando nos sentimos verdadeiramente compreendidos por alguém em algo que é verdadeiramente importante para nós, ou que ninguém parece conseguir compreender em nós ou sobre nós. Trata-se de um sentimento de apaziguamento interno, mais subtil ou menos subtil, de retorno a um estado de calmaria acompanhado muitas vezes por uma (re)organização de ideias.
Quanto mais esta função continente for oferecida a uma criança ao longo da vida, devidamente enquadrada numa relação de confiança e cumplicidade, maior o desenvolvimento das "ferramentas internas" para lidar com a ansiedade como a maior tolerância à frustração, maior capacidade de auto-contenção (aumento do volume do "saco interior" - que ao transbordar resulta frequentemente na formação de sintomas), maior a serenidade de caráter e imunidade contra a experiência da ansiedade, e maior esperança, confiança e prazer nas relações interpessoais enquanto "portos de abrigo" e encontros organizadores das experiências de vida e emoções mais difíceis.
Tomando mais uma vez a relação de contenção mãe-bebé enquanto protótipo e metáfora de um tipo de relação intra psíquica e interpessoal sanígena e importante para a formação da personalidade madura, há que considerar que existem de facto obstáculos a essa mesma relação que podem surgir desde muito cedo. A ansiedade ou irritabilidade persistentes da própria mãe ligadas por exemplo a uma fraca capacidade continente, a incapacidade de relaxar, defesas rígidas contra a própria ansiedade e necessidade de controlo de tudo e todos, a indiferença face às solicitações da criança, as falhas empáticas resultantes... Que fazem com que muitas vezes a criança desista de conseguir que o meio vá de encontro àquilo que ela precisa, podendo desenvolver mesmo uma personalidade de adaptação superficial às expetativas dos demais que pode em maior ou menor medida abafar a personalidade verdadeira e espontânea. Existem famílias nas quais a criança frequentemente não é considerada na sua individualidade, acabando por ter de se resignar às expetativas. Ou então, por exemplo, procurar expor quaisquer necessidades, desejos, angústias ou outros conteúdos é vivido como que um "falar para uma parede". Falha a função continente parental, falha a contenção, proliferam a ansiedade, os sintomas e a psicopatologia (depressão, ansiedade, etc.), muitas vezes soterrada por um "falso eu" adaptado superficialmente ás exigências da realidade exterior e das responsabilidades, com pouca margem para a espontaneidade e prazer de viver relativamente ausente.
Perante uma problema de ansiedade, um psicoterapeuta deverá procurar aferir ao longo das primeiras consultas de avaliação vários aspetos do desenvolvimento psicológico, como a capacidade continente de que aquela pessoa dispõe para si mesma; a qualidade dos cuidados e da contenção recebida pelas principais figuras de vinculação ao longo da vida; bem como procurar ligar-se de forma sintónica, empática e intuitiva à natureza e complexidade dos conteúdos não pensados e/ou não pensáveis que aquela pessoa possa carregar consigo.
De um modo geral, não adaptado às circunstâncias específicas de cada pessoa, o percurso de tratamento da ansiedade pode englobar a cada sessão o foco nos seguintes aspetos:
Construção contínua de uma relação de confiança como via privilegiada que permite progressivamente uma verdadeira entrega e através da mesma, a possibilidade de descansar verdadeiramente;
Contenção;
Ligação dos conteúdos ou tensões internas (ou "coisas") sem nome ou sem pensamento, a representações, linguagem e pensamento;
Elaboração progressíva;
Expansão da capacidade de pensar e desenvolvimento de outras "ferramentas" internas de gestão da ansiedade;
Ponderação sobre a mudança de circunstâncias externas indutoras de ansiedade ou que a mantêm.
Os problemas de ansiedade podem surgir em níveis diferentes de expressão, por exemplo:
- Problemas ou desconforto ao nível do corpo;
- Via do "agir", por exemplo o consumo de alcóol, drogas, condução a alta velocidade, agressões a outras pessoas, etc.
- Ataques de pânico e ansiedade generalizada
- Sentimento de "algo" internamente persecutório, sem representação mental, porém acompanhado de mal estar ou desconforto difuso
Podem surgir em níveis mais representáveis na mente, ainda que de forma ainda primária e/ou menos elaborada, por exemplo;
- Pesadelos
- Percepções de "energias negativas", sentimentos ou percepções invulgares de "sujidade" (interna ou projetada para fora)
Podem surgir em níveis mistos, ou alternados.
As ansiedades são também vulgarmente sinalizadas pelas defesas psíquicas destinadas a "lidar" com aquilo que a própria pessoa não consegue lidar dentro dela, acabando por gerar outros problemas ou sintomas - compulsões, obsessões, fobias, percepções distorcidas e/ou ameaçadoras da realidade exterior e dos outros, etc..
Os conteúdos internos - angústias, desejos, fantasias, ideias, sentimentos, etc. - acabarão por tornar-se claramente representáveis ao longo de uma psicoterapia, sendo possível a elaboração a vários níveis, como por exemplo:
- Identificação clara de sentimentos (em vez de "energias negativas": medo, inveja, raiva, ódio, atração, vergonha, humilhação, por exemplo
- Elaboração dos sentimentos mais difíceis, contextualizando-os e articulando-os sob várias perspetivas
- Identificação de padrões gerais de funcionamento da personalidade mediante elaboração de padrões de sentir e reagir
Há também que considerar a natureza da experiência da ansiedade e relação com o estado ou desenvolvimento do aparelho mental... Ansiedade generalizada e difusa, ansiedade social, ansiedade ligada à culpabilidade, ansiedade persecutória, ansiedade de aniquilamento.., são ansiedades essencialmente diferentes, de gravidades diferentes e que requerem portanto cuidados diferentes.