quarta-feira, outubro 30, 2013

EMDR em Grávidas Parte 1

Quando fiz a minha formação básica em EMDR, foi-me dito que esta psicoterapia tinha algumas contra indicações no seu uso. Fiquei curioso durante uma fracção de segundo, uma vez que o formador me disse imediatamente quais eram os casos em que não se recomendava a utilização de EMDR. Em grávidas, em pessoas com epilepsia, em pessoas com doença Bipolar, e em pessoas que sofressem de psicoses.

Compreendi o que o formador me disse e segui à risca as directrizes.

Recentemente algo veio colocar em causa os ensinamentos básicos do curso e abrir novas possibilidades de trabalho com mulheres grávidas.

Como todos sabemos, a gravidez é uma altura da vida das mulheres que pode gerar muita ansiedade, como tal, alguns problemas já existentes poderão surgir justamente nesta altura. Lembro-me de uma paciente que tinha interrompido a sua terapia um ano antes, uns meses antes de engravidar, e voltou á terapia porque voltou a ter sintomas de ansiedade extrema. Sem conseguir deixar de pensar em dúvidas acerca do bebé que está em gestação.

Eu na primeira fracção de segundo fiquei tão aflito quanto a paciente… mas depois respirei e delineei um plano de intervenção sem EMDR, afinal antes de existir EMDR também se tratava a ansiedade!
As estratégias de relaxamento muscular voltaram a ser usadas, não me podia esquecer da atitude de Mindfullness nem dos registos de pensamentos automáticos.

Na segunda sessão utilizei uma técnica de EMDR, conhecida como lugar seguro, não tinha ficado satisfeito com os progressos da minha paciente apenas com as técnicas de relaxamento e Mindfullness, era pouco para mim que estou habituado a ver melhorias significativas. Os resultados no final da sessão eram muito bons, a paciente estava bem mais calma e relaxada. Era como se o efeito do treino de relaxamento tivesse sido multiplicado por 10.

Tudo correu bem até ás sensações de desconforto se voltarem a manifestar e consequentemente os pensamentos automáticos de dúvida. Nesta intensifiquei as minhas pesquisas acerca de artigos sobre EMDR e consegui encontrar este artigo: http://www.examiner.com/article/treating-birth-trauma-with-emdr-part-one

Ao ler esta informação obtive a validação para avançar com mais confiança com um protocolo clássico de EMDR. Foi muito interessante o que aconteceu nas sessões seguintes, os pensamentos ansiogénicos desapareceram e as sensações desconfortáveis habituais das mulheres grávidas passaram a ser interpretadas sem ansiedade. Surgiu de imediato a questão “como é que foi tão rápido? Como é que pensamentos obsessivos que até então tinham sido tão resistentes ao tratamento com Terapia Cognitiva e mesmo com terapia EMDR agora tinham simplesmente desaparecido?”


Para responder a esta pergunta farei uma segunda parte deste artigo dentro de dias em conjunto com o meu colega Diogo Gonçalves. 



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