quarta-feira, janeiro 01, 2014

A criatividade pode salvar vidas!


Criança combina com alegria. Esperança. Criatividade. Espontaneidade. Não combina com depressão…de todo. Mas a verdade é que a depressão atinge as crianças. E não é assim tão pouco frequente.

Uma criança deprimida pode não chorar e ficar prostrada como um adulto. Mas pode parar de desejar. De achar que é capaz…pode parar de crescer ou crescer rápido demais. Pode afligir-se com pequenas nadas, pode não experimentar prazer de brincar e de estar com os outros. Pode parecer “aérea” ou desinteressada…

Quando me deparo com uma criança deprimida questiono-me acerca de onde foi parar a sua criatividade. A criatividade não é apenas quando se desenha ou se pinta ou se brinca. A criatividade ajuda a adaptarmo-nos ao meio, ao outro, à mudança. Ajuda-nos a ver qualquer coisa de positivo num acontecimento menos bom.
E não é raro assistir a situações em que os pais dão o seu melhor: o melhor brinquedo, o melhor colégio, a melhor ama, a melhor roupa, o melhor tablet…e as crianças continuam insatisfeitas e desinteressadas. Porque na realidade não têm o poder da criatividade. Porque o mais fundamental não lhes é dado: espaço e tempo para criar!

Às vezes, os pais querem mantê-las pequenitas, como uma extensão de si. Para sempre dependentes. Outras vezes, querem que o crescimento se apresse, e aí não há lugar à brincadeira. Tem que se estudar, tem que ser “gente”. Em ambos os extremos, o vazio da criatividade.

Uma criança a quem lhe fazem tudo não experimenta. E se não experimenta, não vive sensorialmente e não apreende. E se não apreende, não cria. A criança que corre para ser adulta, não brinca. Não fantasia, não experimenta. Copia sem perceber. Quer ser adulto, cheio de afazeres, de responsabilidades e tecnologia. E assim, ser pequenito é “uma seca”.

Por mais difícil que seja para os pais, deve permitir-se à criança ter um espaço e um tempo que são só dela. Ter o seu “mundo” de fantasia, ter o seu quarto (onde lhe é permitido decorar da forma que prefere, desarrumar, mudar…), ter o seu dia, ter o seu momento. Tudo isto permite que a criança vá construindo a sua identidade, porque cria. Cria algo que é seu, experimenta, troca, investe e desiste, apenas porque experimenta. Ensaia soluções, conflitos, romances, profissões…ensaia desejos e zangas. É assim quando brincam, quando “fazem de conta”, quando falam com o amigo imaginário, quando escrevem no diário…

Por isso, não esqueçam que a criança para ser tem que experimentar. A criatividade pode mesmo salvar vidas. E à medida que a criança vai-se tornando jovem, ter um espaço e um tempo só seus, é de importância vital. 

Claro, é difícil o balanço. Passamos o tempo a exigir ás nossas crianças que sejam e estejam noutro tempo qualquer que não delas. Então…

…e se parássemos? E se por um momento, nós, adultos, fossemos CRIANÇAS?

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