Dores de barriga, suores, mãos
trémulas, “brancas”… são os sintomas mais frequentemente descritos no que
respeita à ansiedade associada aos momentos de avaliação. Se bem que talvez
todos nós já possamos ter experienciado estas sensações, para algumas pessoas
este é um pesadelo recorrente e incapacitante.
A ansiedade dos testes
caracteriza-se por pensamentos ruminativos assentes na apreensão e na
auto-desvalorização, com ideias de catástrofe iminente (não vou ser capaz, vou
chumbar…), que levam a uma forte ativação fisiológica e emocional. Esta rápida
erupção de pensamentos negativos perturba a atenção do aluno e prejudica a
execução das tarefas. O pavor de não ser capaz transforma-se muitas vezes numa profecia
auto-realizável, ou seja, tanto se convence que não é capaz, que acaba mesmo
por não o ser. Esta ansiedade dos testes pode assumir uma tal proporção que se
alarga ao período de preparação e estudo, sendo o aluno dominado pela apreensão
e pela expetativa de fracasso. Os pensamentos de inadequação e incompetência
dominam a mente, enviando mensagens permanentes de um desempenho pobre e de
consequências catastróficas do fracasso. Deste modo, o aluno pode começar a ter
um comportamento evitante relativamente a tudo o que antecede a avaliação.
Esta ansiedade de desempenho ou
de avaliação muitas vezes não se restringe aos resultados nem à idade escolar,
podendo também verificar-se no teste para tirar a carta e condução, em exames
médicos, em atuações em atividades extra-curriculares, falar em público, ou
seja, sempre que as competências vão ser apreciadas (examinadas por outro e, de
certa forma, pelo próprio).
A maior parte dos alunos
reconhece estar preparado e saber a matéria, mas depois têm “uma branca” ou um “ataque
de ansiedade” que os impede de realizar a avaliação. Este problema é muitas
vezes desvalorizado ou encarado como uma “frescura”, mas pode de facto
condicionar significativamente o desempenho da criança, do adolescente ou do
adulto, prejudicando o seu futuro. As crianças são confrontadas, cada vez mais
cedo, com a pressão das avaliações, do desempenho, das médias, numa fase em que
a aprendizagem devia ser divertida. A falta de recursos emocionais para lidar
com estas exigências pode aumentar a probabilidade de sofrerem desta ansiedade
de desempenho de forma prolongada se não receberem ajuda.
O EMDR parece ser uma ferramenta
terapêutica bastante eficaz na diminuição dos sintomas de ansiedade associada
aos testes. Estudos indicam que em apenas uma ou duas sessões, existe uma
diminuição sintomática de cerca de 50% no que respeita à componente emocional e
fisiológica. No entanto, as crenças irracionais (sou incapaz, não sei nada, não
valho nada, sou burro…) parecem ser um pouco mais resistentes, necessitando de mais
sessões, embora a intervenção seja frequentemente mais curta do que em outro
tipo de modalidades terapêuticas.
Tendo em conta que se trata de
uma problemática que requer uma resolução rápida de modo a aumentar a
funcionalidade do aluno, o EMDR parece ser de facto a modalidade mais indicada.
Não deve, no entanto, ficar-se pela diminuição sintomática, sendo necessário
dar continuidade à intervenção de modo a que as crenças negativas que
permanecem não deem lugar a outro tipo de sintomatologia em situações análogas. De recordar, que o EMDR é uma abordagem terapêutica que assenta em vários
canais: imagético, emocional, cognitivo, sensorial, não devendo nenhum ser
descurado.
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta EMDR/Psicanalítica
Departamento da Infância (Lisboa)
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