A PHDA tem uma base essencialmente
neuropsicológica e os factores genéticos conjugam-se com as experiências do
indivíduo no seu meio ambiente, moldando o seu comportamento e a forma como
enfrenta e se integra na vida em sociedade.
Envolve distúrbios na atenção, na auto-regulação, no nível de atividade e no
controlo do impulso, sendo cada vez mais encarada como uma constelação de
sintomas que interage de forma complexa com o ambiente, dificultando a criação
de testes de diagnóstico. Por outro lado, existem poucos critérios
desenvolvimentais exclusivos e não existem marcadores específicos para o seu
diagnóstico. A PHDA parece distinguir-se de outras condições psiquiátricas e
desenvolvimentais devido à intensidade, persistência e constelação de sintomas.
De certa forma, a PHDA reflete um exagero do comportamento normal, seja por
demasia ou insuficiência do que é esperado em certos contextos, pelo que desde
muito cedo os indivíduos se debatem com a gestão dos impulsos, o controlo do
movimento, a sustentação da atenção, e a auto-disciplina do comportamento.
Apesar da
grande ênfase colocada nos sintomas da desatenção e da excessiva atividade como
défices centrais, a literatura emergente aponta para um défice nas funções
executivas, nomeadamente na auto-regulação. A dificuldade não está em prestar
atenção, mas em prestar atenção eficazmente, sendo portanto um problema de
desempenho e consistência, e não de capacidade. Será, assim, um problema que
resulta do facto de ser capaz de aprender a partir das experiências, mas ser
incapaz de agir eficazmente essa aprendizagem no desempenho.
Importa
acrescentar que existem diferenças significativas entre a ausência de controlo e
a desobediência, a desatenção e a distração, e ainda entre a atividade
excessiva e a agitação.
Continuaremos
a desenvolver o tema ao longo das próximas semanas, nomeadamente no que respeita ao funcionamento neuropsicológico e ao "comando cerebral" da atenção e da atividade.