O EMPREENDEDORISMO EXIGE TRAÇOS DE PERSONALIDADE ESPECIAIS?
9 em cada 10 startups falham, dizem os estudos feitos nos USA.
O que é que este número nos diz? Diz-nos que para se se ser empreendedor, arrancar e conduzir um negócio próprio é preciso:
A. Elevada (e direccionada) motivação. Trata-se não só de auto-motivação mas também da capacidade de persuadir e motivar os outros.
B. Forte tolerância à frustação
C. Ser capaz de desmontar um problema e transformá-lo numa oportunidade.
D. Resiliência (capacidade de enfrentar condições adversas com coragem e determinação).
Mas não chega.
A montante destas competências estão outras capacidades prévias:
A. Iniciativa
B. Criatividade e gosto pela inovação
C. Networking
D. Sentido de oportunidade (para reconhcer uma necessidade existente ou latente de um produto ou serviço).
E. Capacidade de arriscar
Um empreendedor tem de ser, além de um gestor, alguém que consegue detectar as oportunidades no labirinto da informação que vai colhendo na rede e que decide arriscar num objectivo bem determinado, com determinação, persistência e teimosia. É alguém que não se deixa desmotivar com um "não". Provavelmente, é até alguém que ao ouvir um "não" regista um "talvez". É um visionário, mas com os pés na terra (em alguns casos ajuda ter um sócio que complemente alguns destes traços, que não são fáceis de reunir numa só pessoa).
Muitas pessoas interrogam-se se estas competências são inatas ou podem ser adquiridas. Eu responderia que podem ser aprendidas ao longo da vida, e quanto mais cedo, melhor. A tolerância à frustração, por exemplo, começa a ser aprendida no berço, quando o bébé percebe que a mãe não está cem por cento ao serviço dele (isto é tão duro que existe quem, com a cumplicidade das mães, não o admita uma vida inteira).
A criatividade também se pode, e deve, ser cultivada.
E é preciso trabalho, muito trabalho - algo que muitos pais têm tendência a esquecer, (des)educando adolescentes e futuros adultos que pensam que as coisas lhe irão cair do céu.
Uma outra questão se põe, no entanto, para além dos traços de personalidade inatos ou adquiridos: as condições da realidade externa. Dependendo da actividade e do sector, o empreendedor necessitará de maior ou menor financiamento e, idealmente, de um contexto onde haja não só recursos disponíveis ( de capital e de conhecimento) como acesso aos mercados.