Uma das variáveis predisponentes ao já falado efeito de desinibição aquando do acompanhamento psicológico à distância, é a variável do contexto físico.
Numa consulta convencional clássica, o cliente desloca-se do seu lar, da sua zona de conforto (onde se sente "à vontade"), para o consultório do clínico. Implica um caminho, uma distância, não só física, mas também entre um domínio considerado familiar, conhecido, para um domínio desconhecido e não familiar. Basicamente, o cliente não está em casa!
No atendimento à distância, o cliente tem a possibilidade de ser atendido a partir do seu lar. Ou seja, do lugar onde sente mais à vontade e confortável. Funciona quase como uma consulta ao domicílio uma vez que, em vez de ser o cliente a deslocar-se ao consultório, é o clínico que "entra" no espaço privado do cliente, por exemplo, quando faz com ele uma consulta em video-conferência.
Este fato contextual do setting psicoterapeutico, tem tendência para atenuar a assimetria de papeis entre o clínico e o cliente. Este último pode ser levado a sentir um maior controlo, sentindo-se mais seguro e mais "dono da situação". Como temos visto nos posts anteriores sobre o efeito de desinibição, este fenómeno contextual do espaço físico tende a influenciar o sentido de espaço psicológico pessoal, levando a que possa ser mais fácil e confortável partilhar aspetos íntimos da vida emocional do cliente.
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