Num
estudo feito em 2009 pela investigadora Maria José Araújo, do Centro de
Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto, em que se
procurou analisar o tempo livre das crianças, com idades compreendidas entre os
6 e os 12 anos de idade, concluiu-se que as mesmas chegam a
"trabalhar" cerca de oito a nove horas por dia (entre a escola e o
ATL) e que muitas vezes ainda levam trabalhos para casa. Fica assim manifesto
que para a criança e o adolescente o trabalho escolar representa o exacto
equivalente à vida profissional do adulto. Esta organização das actividades
escolares e a necessidade de tempo que as mesmas exigem levam a que as crianças
nunca saiam do mesmo tipo de ambiente que é marcado por pressupostos educativos
que tendem a negligenciar ou secundarizar
os aspectos vitais e lúdicos delas. Esquece-se que a criança precisa
de decansar e de se dedicar ao seu ofício natural que é o brincar.
Sabemos
através de numerosos estudos e da prática clínica que o brincar tem um papel
absolutamente fundamental no desenvolvimento e na estruturação mental da
criança. È com o brincar que a criança faz uma conexão entre o seu mundo real e
o imaginário e é fundamental para que a criança aprenda a lidar com as suas
frustações, com a família e os amigos.
Neste
periodo de férias de Natal desejo que as crianças estejam muito ocupadas com o
seu "ofício" natural.
Nuno Mota
Psicólogo e Psicoterapeuta
Departamento da Infância- Coimbra
1 comentário:
Obrigado Nuno por este post tão necessário nos dias de hoje em que o brincar e a criatividade são tão pouco valorizados pela nossa sociedade em geral!
Abraço
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