Diz-me se és amada(o) dir-te-ei
como te sentes
O suporte social e o ajustamento
psicológico
E
assim, no teu olhar admirado
Vi-me
vir a existir.
Arno Gruen, 1995
O suporte social que sentimos depende da disponibilidade
de pessoas em quem podemos confiar, que mostram que se preocupam connosco, que
nos valorizam e que gostam de nós. São as pessoas que nos fazem sentir que
somos amados, estimados e que temos valor. Mas não basta que essas pessoas
existam, para o que o suporte social “funcione” é preciso que o reconheçamos
enquanto tal e que nos sintamos satisfeitos com o apoio que nos prestam.
Esta pode ser uma questão particularmente
importante: será que olhamos com atenção para o que os outros nos oferecem?
Mais importante é questionarmo-nos sobre isto sabendo nós que quando estamos
mais tristes ou frágeis e necessitados desse apoio podemos olhar através de
lentes que distorcem a realidade e que nos dizem o que não precisamos de ouvir
dentro de nós nesse momento: que não nos dão valor ou que não somos
suficientemente importantes.
Os estudos
dizem-nos que quando percebemos ou acreditamos que temos este suporte, a
possibilidade de nos tornarmos resilientes, de nos adaptarmos em situações
difíceis e/ou sentirmo-nos mais satisfeitos é maior.
Cabe-nos a nós reavaliar o nosso
olhar do que temos e de quem temos.
4 comentários:
Se toda a gente estiver focada no quanto se sente ou não amada pelos outros dificilmente vai ser capaz de amar.
Egocentrismo gera egocentrismo...
É preciso não confundir alhos com bugalhos. Alguém ter necessidade de se sentir amado não tem nada que ver com egocentrismo. É a mais básica das necessidades, sendo que a maior parte das pessoas nem tem a real noção do quanto a falta disso as afecta, nem como as afecta. Porque se insiste em perpetuar o mito de que ninguém precisa de ninguém, e que devemos ser todos muito auto-suficientes. Ora essa auto-suficiência não existe porque todos necessitamos dos nossos pilares afectivos, queiramos ou não dar-nos conta disso. Se existiu abandono ou falta de atenção/afecto na infância/adolescência, então, não há como alguém conseguir desligar-se disso, mesmo que apenas inconscientemente. O melhor é que a pessoa comece a dar-se conta disso o quanto antes, para melhor aprender a lidar com a situação. Falta de afecto gera fragilidade, tristeza, falta de amor-próprio. Porque para mal ou para bem nós aprendemos o nosso valor na relação com o outro - ninguém vive num mundo estanque. E mais, essa relação não é unilateral, o que significa que, por muito que sejamos altruístas e capazes de amar, se não recebermos nada em retorno, ou se a troca não nos satisfizer emocionalmente, pioramos em vez de melhorar.
Concordo com ambas as opiniões.
Penso que o texto da minha colega irá no sentido de reconhecer as relações emocionais próximas de maneira a que se possa sentir gratidão por elas e que se possa continuar a alimenta-las.
Obrigado pelos comentários.
Como usei poucas palavras creio não ter sido clara.
Ninguém é auto-suficiente, temos necessidade uns dos outros, merecemos ser amados!
Os afectos são uma parte mínima do amor na minha opinião(e é aqui que é discutível), talvez a mais óbvia, mas não a fundamental.
E depois há a questão de que o sentir-se ou não amado, não tem que ver com uma falha no amor que se recebe, mas com uma falha em capptá-lo ou aceitá-lo...porque eu quero acreditar que a maior parte das pessoas é amada/foi amada por alguém... e chega à vida adulta sem saber como deixar de ser quem recebe mais e passar a ser quem dá mais.
Até que ponto é benéfico para todos escarafunchar na ferida do «sinto-me ou não me sinto amado/a»? De qualquer das maneiras, o que passou, passou, podemos nc vir a ser capazes de aceitar o amor que foi ou não foi dado...ficamos aí dentro, nesse buraco de busca em si e auto-comiseração? Ou saímos e vamos dar-nos às coisas, às pessoas, ainda que o nosso muito seja pouco?
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