segunda-feira, dezembro 11, 2006

O Lugar da Psicologia

A amostra não é seguramente representativa daquilo que é o entendimento da maioria dos “académicos da filosofia”, mas talvez não se tratasse de uma coincidência... Estou a referir-me à mesma opinião que retive de dois (respeitáveis) catedráticos daquela área num intervalo de tempo relativamente curto. Irados, referiam-se à psicologia como uma disciplina pouco ou nada científica, e ao carácter pernicioso da uniformização de comportamentos pela distrinça entre o “normal” e o “patológico”, só para dar alguns exemplos…

Duas vetustas individualidades da filosofia (que aqui compreensivelmente não identificarei), de duas faculdades de filosofia e uma só opinião. As questões levantadas não são nada em que alguns autores da psicologia não se tenham já detido, mas onde radica esta aversão quase visceral? Enquanto pensava nisto ocorreu-me a parábola do filho pródigo. Porquê? Concorde-se ou não, apesar da sua curta história, a psicologia foi “pródiga” em valer-se de um vasto património herdado do saber filosófico, mas ao contrário do que acontece com a conhecida parábola, esta parece ser uma ciência, heterogénea é certo, mas muito determinada nos objectivos que persegue. Terá a psicologia operacionalizado (melhor ou pior) conceitos milenarmente associados à filosofia ou, como a opinião dos ilustres investigadores nos leva a crer, tê-los-á delapidado? Está aberta a discussão!

3 comentários:

pecado original disse...

E estava eu precisamente entre as psicoterapias de uma exame aparentemente feito amanha e para descontrair deparo-me com um blog deeeeeeee psicologia.... hummm, tenho de ir estudar, mas adorei a ideia ;)

Clara Pracana disse...

A própria filosofia já nasceu assim, a tentar separar-se da ciência daquela época, no tempo dos antigos gregos. Talvez também tenha ficado com o sindroma do filho pródigo e agora não queira admitir que o mesmo lhe sucedeu a ela. É que os filhos crescem, saem de casa, seguem caminhos independentes, nem sempre (ou quase nunca) são o que os pais sonharam…
Esses dois anciãos de que falas, parecem-me mais professores de filosofia e menos amantes da sophia. E mesmo em relação aos filósofos, não por acaso o Dr. Sigmund Freud, homem muito culto e sabedor, desconfiava deles. Porque tinham aquela mania de uma visão total do mundo, a tal Weltanschauung. É que essa visão global às vezes descamba para tentações totalitárias. Mas isso já são outros quinhentos cruzeiros. Olha, eu cá por mim, embora sendo psicoterapeuta, sou descomplexada em relação a isso: adoro filosofia e não hesito em recorrer a ela desavergonhadamente. Podes dizer isso, da minha parte, aos teus veneráveis anciãos.

João Martins Leitão disse...

E o que dirão os Senhores Professores das Neurociências, nomeadamente da Neuropsicologia, que vai inexoravelmente criando e derrubando teorias em todas áreas das Ciências Sociais e Humanas e da Filosofia?