sexta-feira, abril 26, 2013

DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA: O SURGIMENTO

Um estudo europeu apresentou dados importantes sobre a fase de vida em que um ser humano começa a ter "consciência" do mundo. Segundo os investigadores, a "assinatura neuronal" é caracterizada por 2 momentos percetivos: 

"Nos primeiros 200 a 300 milissegundos, a reacção é totalmente inconsciente e é acompanhada de uma actividade neural que aumenta de forma linear, em função dos objectos apresentados. Já numa segunda etapa, após 300 milissegundos, começa a resposta consciente, segundo indica uma assinatura eléctrica específica do cérebro.

As apresentações de imagens com durações longas permitem alcançar este limiar de reacção eléctrica, considerado um marcador neural da consciência. Em todos os grupos etários dos lactentes, os cientistas observaram a mesma resposta tardia como nos adultos, confirmando "a assinatura neural do estado de consciência".

Os resultados revelam que os mecanismos cerebrais que envolvem a consciência perceptiva já se encontram presentes nos bebés a partir dos cinco meses, apesar de ainda lentos e sofrerem um desenvolvimento progressivo ao longo do crescimento."

segunda-feira, abril 22, 2013

BULLYING (I): Problema ou Sintoma?


No passado dia 17 de Abril, decorreu o Seminário “Violência e Maus Tratos nas Crianças e nos Jovens: o Desafio da Proteção”, organizado pela CPCJ da Amadora e inserido numa série de ações desenvolvidas a propósito do Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância.

Participei neste seminário, em representação da nossa colega Tânia Paias e do Portal Bullying, com o tema “Bullying: Violência/Agressividade Vs Cooperação”, a propósito do qual partilho algumas reflexões. Sempre houve bullying, embora se registe um aumento que não parece ser devido apenas a um maior mediatismo da problemática.

Importa refletir se o bullying é um problema ou um sintoma. Um sintoma de uma sociedade mais violenta e marcada pela impulsividade, dirigida mais para o agir e pouco para o pensar e para o sentir. O menor acompanhamento familiar é cada vez mais evidente e os estilos parentais tendem a características muito antagónicas nas nossas crianças: de um lado temos crianças omnipotentes e sem limites, do outro temos crianças sobreprotegidas, com pouca autonomia emocional e reduzida capacidade para se defenderem. Existe ainda uma iliteracia emocional, associada a uma menor comunicação e partilha afetiva, bem como a valores sociais mais frágeis e a um maior individualismo, que tendem a conduzir a uma menor empatia. É talvez por estes motivos que vamos verificando também uma psicopatologia infantil mais grave e mais instalada.

Atrevo-me, portanto, a dizer que o Bullying é um sintoma, traduzido por alterações emocionais tanto no agressor, como na vítima.

Tendo em conta que foi para mim uma surpresa o facto de alguns participantes terem ficado surpreendidos com o facto de se reconhecerem algumas fragilidades emocionais prévias na maior parte das vítimas, que de certa forma as deixa mais vulneráveis ao Bullying, este será um tema a desenvolver nas próximas semanas.

sexta-feira, abril 19, 2013

ATENÇÃO!



Até que ponto estamos atentos ao que se passa connosco e à nossa volta? 

Este vídeo ajuda-nos a perceber melhor e experiencialmente algumas facetas da nossa atenção. Vivemos normalmente num mundo de sobrestimulação de informação, tentando dar atenção a tudo o que podemos, muitas vezes sobrecarregando o nosso sistema para não perdermos algo que possa vir a ser útil ou que seja importante. 

Sem valores sólidos, a nossa atenção dispersa-se ao sabor do que a nossa sociedade dos media e da publicidade nos incita a dar atenção e a dar relevância. Puxam-nos de todos os lados e com isso, descentram-nos: de nós, do importante, dos nossos valores. Sobre valores e uma perspetiva refrescante e extraordinariamente coerente e íntegra (em conexão estreita com a ação-sentimento), aconselho este outro vídeo de uma entrevista a um senhor muito invulgar:


sábado, abril 13, 2013

Escrita expressiva

 

De acordo com James Pennebaker, escrever acerca das nossas emoções, ansiedades ou mesmo sonhos, é extremamente benéfico para a saúde, não só mental como física.

O Prof. James Pennebaker, da Universidade do Texas, há décadas que vem conduzindo a investigação sobre esta matéria, com inúmeras experiências realizadas, e comprovou que escrever durante 15 min durante 4 ou 5 dias, pode ter uma enorme influência não só nas capacidades cognitivas como no estado emocional e mental. Estive a ouvir uma entrevista que ele deu à BBC4 e fiquei impressioada com os resultados obtidos nas experiências com mulheres com cancro da mama.

O procedimento é muito simples. Vou citar do site do Prof. Pennebaker:

Promise yourself that you will write for a minimum of 15 minutes a day for at least 3 or 4 consecutive days.

Once you begin writing, write continuously. Don’t worry about spelling or grammar. If you run out of things to write about, just repeat what you have already written.

You can write longhand or you can type on a computer. If you are unable to write, you can also talk into a tape recorder.

You can write about the same thing on all 3-4 days of writing or you can write about something different each day. It is entirely up to you.

What to Write About

Something that you are thinking or worrying about too much
Something that you are dreaming about
Something that you feel is affecting your life in an unhealthy way
Something that you have been avoiding for days, weeks, or years.



http://homepage.psy.utexas.edu/homepage/faculty/pennebaker/home2000/WritingandHealth.html

 

Participação da Clara Pracana na InPACT2013


A InPACT2013 é uma conferência internacional que se vai realizar em Madrid entre 26 e 28 de Abril. Neste congresso de grande impato internacional estarão presentes investigadores provindos de diferentes Países e diferentes áreas do saber psicológico com o intuito de partilharem os seus pontos de vista.

Contará com oradores de Países tão diversos e distantes como USA, Russia, Australia, Hong-kong e  Índia.Contará ainda com a participação de muitos Países Europeus.

Serão apresentados pontos de vista e abordagens de 5 grandes áreas da psicologia: (1) Psicologia Clinica; (2) Psicologia Educacional; (3) Psicologia Social; (4) Psicologia Legal e (5) Psicologia Cognitiva e Experimental.

É com orgulho que anuncio que a nossa colega, Profª Dra Clara Pracana, estará presente na presidência da InPACT2013 e como oradora. 


Oradora: 
Prof. Dra. Clara Pracana

Comunicação: 
CRISIS OF DEPENDENCE? A PSYCHO-ANALYTICAL PERSPECTIVE OF THE CRISIS IN SOUTHERN EUROPE (CASE IN POINT: PORTUGAL)

Excerto do Abstrat:
Drawing on the theories of S. Freud, W. Bion, E. Eriksson and D. Meltzer, I will analyse specifically the Portuguese case among those Southern European countries and propose a psycho-analytical interpretation of the situation, based on the concept of dependence. I shall argue that the dependence on the state mirrors a deeper psychological dependence on the maternal figure, typical of matriarchal societies. 






Para mais informações sobre este evento veja:




 

quinta-feira, abril 11, 2013

Seja simpático para com uma mulher Grávida!

Um artigo apresentado no British Neuroscience Association Festival of Neuroscience referiu a descoberta de uma enzima que joga um papel importante no "processo de programação fetal"

Portanto, promovam cidadãos saudáveis desde cedo  

 

Fetal Exposure to Excessive Stress Hormones in the Womb Linked to Adult Mood Disorders

http://www.sciencedaily.com/releases/2013/04/130407090835.htm

 

quarta-feira, abril 10, 2013

RESILIÊNCIA: COMO AGUENTAR O BARCO?


A crise e o desemprego têm servido de mote a algumas das nossas publicações nos últimos tempos. Numa altura em que o país atravessa uma tempestade que parece não ter fim e em que os portugueses pouca esperança têm e apenas torcem para que a maré não piore, vale a pena pensar sobre como se aguenta o barco em condições tão adversas.

A resiliência consiste, em termos gerais, na capacidade de enfrentar as adversidades de forma adaptativa, com vista à transformação e à superação das dificuldades. Esta capacidade assenta na interação entre as experiências precoces, as relações que se estabelecem ao longo da vida, o ambiente, a neurobiologia e a genética.

A crise coloca-nos à prova; o risco ou a realidade do desemprego e as dificuldades financeiras colocam-nos numa situação de extrema ansiedade, que afetam não só o bem-estar pessoal, como o relacionamento com os outros (família, amigos, colegas, vizinhos e até desconhecidos). A tendência é a do negativismo, da depressão coletiva, da falta de esperança, que fazem com que o barco se afunde cada vez mais. Mas algumas pessoas têm uma maior capacidade para se manter à tona e nadar com todas as forças para terra firme; são pessoas mais resilientes.

A gestão das emoções e a tolerância à frustração, o controlo dos impulsos e a flexibilidade mental, o otimismo, a análise do contexto, a empatia, auto-eficácia e a competência social são algumas das características das pessoas mais resilientes. Podemos ainda acrescentar a criatividade, a capacidade para assumir riscos e para criar oportunidades. A propósito de alguns destes conceitos, sugerimos a leitura deste artigo: http://expresso.sapo.pt/os-sete-habitos-da-pessoa-resiliente=f667766

Segundo Robert Wick, autor do livro “Bounce: Living the Resilient Life”, para o desenvolvimento da resiliência importa estar alerta a situações potencialmente prejudiciais, criar objetivos para cuidar de si próprio e evitar a exaustão, rodear-se de amigos que contribuam para o equilíbrio, reconhecer competências e pontos fortes e concentrar-se nos mesmos, analisar-se a si próprio e aceitar-se, e meditar.

“Ser capaz de me equilibrar depois de levar uma rasteira. Acordar com esperança depois de uma série de frustrações. Ver além das circunstâncias da vida de modo a disfrutar o momento”, é assim que Robert Wick resume o resultado da resiliência. E para este resultado é importante também dar um sentido à nossa existência, para que tenhamos motivação e força para nadar contra a corrente e para que o objetivo seja viver e não apenas sobreviver.

segunda-feira, abril 08, 2013

Como elabora o seu perfil de competências?



Quando elabora um currículo ou se posiciona perante uma entrevista de emprego, é frequente pensar: 
"Quais são as minhas competências”?

As competências vão muito para além do que se pode conhecer num currículo (que se foca na experiência profissional e na formação) e dizem respeito a aptidões adquiridas em várias áreas da sua vida.
Para elaborar o perfil de competências deve lista-las em 5 áreas:  

-Competências adquiridas pela EXPERIÊNCIA
É tudo aquilo que aprendeu a fazer no decurso da sua experiência pessoal e profissional e vai para além das funções inerentes ao cargo.
Por exemplo, uma técnica administrativa, a trabalhar numa determinada empresa, para além de exercer funções de secretariado e atendimento ao público, pode adquirir competências comerciais e noutra empresa pode adquirir competências de recursos humanos. Estas particularidades devem ser referenciadas no currículo.

-Competências reconhecidas por CERTIFICAÇÃO
Aquilo para o qual está Certificado é menos abrangente do que aquilo que tem experiência para fazer. É uma qualificação atribuída por uma entidade externa. Importa que esta entidade seja credível e que a qualificação seja pertinente para a função a que se candidata.
Existem no entanto certificações que são importantes para candidaturas em quase todas as áreas: ter uma licenciatura, mestrado ou doutoramento; cursos de línguas; cursos de informática; curso de formação de formadores, etc.

-Competências que conferem ESPECIALIDADE  
O que confere especialidade relaciona-se com aquilo o distingue das pessoas que têm a mesma formação/certificação/experiência.
As áreas nas quais aprofundou os seus conhecimentos, quer pela experiência, formação ou interesse. São as competências que o distinguem em relação aos seus “concorrentes” numa candidatura a um emprego.
Por exemplo, Técnico em Gestão de Redes e Sistemas Informáticos pode ser especialista em empresas de telecomunicações e outro pode ser especialista na área industrial.

-Competências reconhecidas pelos OUTROS
Aquilo que os outros lhe reconhecem aptidão para fazer – tem a ver com a forma como os outros o vêm, aquilo que sobressai no seu comportamento e que está a comunicar para o exterior.
São habilidades que são relativamente estáveis no comportamento observável e normalmente são reconhecidas nos diferentes ambientes; pelos colegas, familiares, amigos, etc. 

-Competências reconhecidas pelo PRÓPRIO
As aptidões que reconhece em si mesmo – aquelas em que reconhece valor, são as mais genuínas e estão menos dependentes da aprovação ou ressonância externa. São normalmente as aptidões desempenhadas com prazer e interesse.

Para além de reconhecer as suas competências deve também reconhecer as variáveis que melhoram o DESEMPENHO destas competências, como por exemplo “trabalhar em equipa estimula a minha criatividade”; “sou mais produtivo quando estou a trabalhar num ambiente estável, com regras bem definidas”.

Numa candidatura a um emprego o perfil de competências deve ser adequado às funções e à empresa a que se candidata para que possa apresentar uma proposta única de valorAs minhas competências, como e onde as adquiri, em que ambientes e circunstâncias elas se potenciam/desenvolvem e qual é a mais-valia que eu, com as minhas competências, trago para esta empresa.”


Por Eliana Vilaça 
www.ktree.com.pt


sexta-feira, abril 05, 2013

SONHO E PSICOSSOMÁTICA



Allan Hobson, conjuntamente com McCarley, descobrem, em experiência laboratorial com animais (1975), que os sistemas neuronais do tronco cerebral/sistemas amigérgicos, essenciais para o funcionamento cerebral em vigília e para a memória, estão desligados durante o sono-REM do sonho (Ciência Básica do Sono e do modelo AIM). Nasce a conceção de que o ciclo sonho/vigília é constituído por dois estados de consciência, controlados por diferentes funcionamentos cerebrais, incluindo diferentes zonas cativadas e diferentes neuromoduladores.
O investigador inventou um aparelho que, sem necessidade de laboratório, permitiu registar os ciclos REM e NREM do sono, em casa das pessoas e acordá-las durante o sono, tendo obtido 1800 relatórios de sonhos em 10 dias com 10 voluntários.
Diversas hipóteses se destacam da sua obra:
  • o valor devido à teoria dos sonhos de Freud, como modelo para perceber a mente.
  • o sonho REM oferece pistas para a compreensão da manutenção e reconstrução do funcionamento do cérebro.
  • o sonho como estado subjetivo é informador do que acontece no cérebro durante o sono REM(hipótese ativação-síntese do sonho).
  • a amnésia do sonho não corresponde a um processo de repressão/recalcamento, relacionado com os desejos infantis.
  • os sonhos têm significados claros e diretos, não necessitando de interpretação.
  • o cérebro muda o estatuto da sua informação quando dorme.
  • a experiência emocional do sonho é dominada pela ansiedade, euforia e agressividade, com vista à adaptação.
  • a neuromodulação entre a consciência primária (sonho)e a consciência secundária (vigília) permite concluir que o sonho é um processo auto-criativo de um modelo de realidade virtual, destinado a antecipar a vigília.
  • como execução de programas de treino em realidade virtual, o sonho não necessita de ser rememorado.
  • a protoconsciência , criada pelo sonho, tem a função de manutenção e desenvolvimento da consciência vigil e de outras funções cerebrais dependentes da ativação do cérebro durante o sono REM.
  • desta visão global, não reduzida à ciência neurocognitiva, resulta que a ciência deve incluir a subjetividade e perceber a subjetividade e a consciência.

quarta-feira, abril 03, 2013

Dias para Alertar

Ontem comemorou-se o Dia Internacional do Livro Infantil e o Dia Mundial da Consciencialização sobre o Autismo
 

Aqui fica um vídeo acerca do Autismo

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mv4p-yApL2U


segunda-feira, abril 01, 2013

O seu filho está preparado para começar a escola?

Quando inicia a escolaridade, a criança deve ter um conjunto de aptidões intelectuais e emocionais que constituem pré-requisitos essenciais a uma aprendizagem bem-sucedida.
Iniciar o 1º ano sem ter ainda desenvolvido estas competências pode comprometer de forma significativa o percurso académico da criança. Assim sendo, recomenda-se uma avaliação especializada e aprofundada do desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança quando ainda está no nível pré-escolar.

São frequentes maiores dificuldades ao nível da atenção e mais queixas de agitação psicomotora em crianças que iniciam a escolaridade antes de completarem 6 anos e 6 meses, o que se confunde muitas vezes com uma Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. Na verdade, o que acontece é que a criança ainda não desenvolveu a capacidade para estar sossegada e atenta durante períodos longos. Por outro lado, existe também uma maior incidência de dificuldades na aquisição da leitura e da escrita uma vez que a criança ainda não adquiriu as competências fonológicas necessárias. Estas dificuldades iniciais colocam a criança numa situação de frustração e insegurança que tende a agravar a sua capacidade de aprendizagem e, por vezes, a comprometer continuadamente o sucesso escolar. São situações em que, apesar de haver um desenvolvimento normal, a aprendizagem pode ser comprometida pelo facto de a criança ainda não ter tido tempo para desenvolver as pré-competências académicas. Importa, por isso, esclarecer previamente se a criança dispõe já deste “equipamento mental”. Esta avaliação é particularmente importante nas situações de Entrada Condicional, ou seja, quando a criança completa os 6 anos entre 16 de Setembro e 31 de Dezembro.

Por outro lado existem crianças que apresentam capacidades excecionais (acima da média), em que possa justificar-se a antecipação da entrada no 1º ano. São crianças que só completam 6 anos após 31 de Dezembro, em que é exigida uma avaliação que comprove a existência de capacidades para o início da escolaridade antes da idade prevista. É importante que a criança disponha, para além de um nível de inteligência superior, bons recursos emocionais. Frequentemente observa-se que estas crianças possuem competências cognitivas acima do esperado, mas emocionalmente ainda não têm capacidade para lidar com a frustração ou com o insucesso, o que também pode trazer consequências negativas ao seu percurso escolar.

Há ainda as situações em que a criança está em idade de iniciar a escolaridade, mas revela atraso em algumas áreas do desenvolvimento ou problemáticas emocionais, que podem justificar a permanência no Jardim de Infância durante mais um ano. São os casos em que a criança poderá beneficiar de adiamento escolar, para que possam ser potenciadas as competências que se encontram alteradas e que iriam prejudicar bastante o processo de aprendizagem.

Saiba mais sobre esta avaliação em:

 http://www.ktree.com.pt/avaliacaomaturidadeescolar.shtml