Allan Hobson, conjuntamente com McCarley, descobrem, em experiência laboratorial com animais (1975), que os sistemas neuronais do tronco cerebral/sistemas amigérgicos, essenciais para o funcionamento cerebral em vigília e para a memória, estão desligados durante o sono-REM do sonho (Ciência Básica do Sono e do modelo AIM). Nasce a conceção de que o ciclo sonho/vigília é constituído por dois estados de consciência, controlados por diferentes funcionamentos cerebrais, incluindo diferentes zonas cativadas e diferentes neuromoduladores.
O investigador inventou um aparelho que, sem necessidade de laboratório, permitiu registar os ciclos REM e NREM do sono, em casa das pessoas e acordá-las durante o sono, tendo obtido 1800 relatórios de sonhos em 10 dias com 10 voluntários.
Diversas hipóteses se destacam da sua obra:
- o valor devido à teoria dos sonhos de Freud, como modelo para perceber a mente.
- o sonho REM oferece pistas para a compreensão da manutenção e reconstrução do funcionamento do cérebro.
- o sonho como estado subjetivo é informador do que acontece no cérebro durante o sono REM(hipótese ativação-síntese do sonho).
- a amnésia do sonho não corresponde a um processo de repressão/recalcamento, relacionado com os desejos infantis.
- os sonhos têm significados claros e diretos, não necessitando de interpretação.
- o cérebro muda o estatuto da sua informação quando dorme.
- a experiência emocional do sonho é dominada pela ansiedade, euforia e agressividade, com vista à adaptação.
- a neuromodulação entre a consciência primária (sonho)e a consciência secundária (vigília) permite concluir que o sonho é um processo auto-criativo de um modelo de realidade virtual, destinado a antecipar a vigília.
- como execução de programas de treino em realidade virtual, o sonho não necessita de ser rememorado.
- a protoconsciência , criada pelo sonho, tem a função de manutenção e desenvolvimento da consciência vigil e de outras funções cerebrais dependentes da ativação do cérebro durante o sono REM.
- desta visão global, não reduzida à ciência neurocognitiva, resulta que a ciência deve incluir a subjetividade e perceber a subjetividade e a consciência.
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