quarta-feira, maio 26, 2010

Histórias Sobre Mim


Histórias sobre mim
A fotografia nunca abandonou a sua relação histórica com a prática do retrato. A condição de se relacionar com o real de um modo científico – óptico, químico, mecanicamente fracturante – eliminou, assim se convencionou, o erro da interpretação humana. O retrato, livre então da subjectividade pela objectiva (da) câmara, cristalizaria rostos, que se tornariam objectos de mnemónica.
A imagem que se cria separa dois lados: o de cá e o de lá. O retratado e o observador que, apesar dessa fronteira entre espaços, se entreolham num ricochete constante. Pressupõem, contudo, algumas regras prévias: que antes, fotógrafo e personagem se encontrem no mesmo espaço e no mesmo tempo.
Em «histórias sobre mim», Carla Cabanas revisita temas que lhe são queridos: a memória e o retrato. Nesse encontro com o retratado a câmara torna-se num gravador que regista toda a resposta ao pedido “conta uma história sobre mim”. A “pin hole” não utiliza lentes, não tem componentes mecânicos, nem pode gerar imagens a partir de curtas fracturas de tempo. No final não restam rostos reconhecíveis. Não é um trabalho para que perdure a memória do retratado, mas para perscrutar o que perdura na sua memória sobre a artista. Então o retrato transforma-se em auto-retrato: uma imagem que dentro de si não tem cá, nem lá.
Valter Ventura.

sexta-feira, maio 21, 2010

VIVER OUTRAS VIDAS


Qual de nós não terá já pensado que gostaria de viver outra vida? Ser uma pessoa diferente, viver noutro país, noutra época, ter outra imagem, outra história, outra vida passada?
Para a maior parte de nós, são apenas fantasias. É verdade que a profissão de psicólogo, psicoterapeuta ou psicanalista faz-nos ter de viver outras vidas, por interposta pessoa. A empatia obriga-nos a pôr-nos na pele da outra pessoa, quase viver por ela algumas coisas. É normal, e talvez mesmo desejável.
Mas há outra forma de viver outras vidas e outras experiências, e essa é até mais antiga: as leituras.
Os livros permitem-nos aceder a inúmeras experiências que o nosso curto (por definição) horizonte temporal nunca permitirá. Muitas e variadas personagens, muitas histórias, muitas aventuras, muitas descobertas. Nem que vivêssemos duzentos anos alguma vez poderíamos ter acesso a essas vivências que os livros que outros escreveram nos permitem.
Com todos esses autores podemos viver tudo aquilo que gostaríamos - ou não, porque também há livros tristes. Mas esses também são importantes, e ajudam-nos a relativizar as nossa experiências.
É tão importante criar hábitos de leitura nas crianças. Experimentem ler-lhes todos dias à noite umas páginas. Verão que eles no dia seguinte querem saber a continuação e com o tempo serão esses próprios a querer ler. E leiam, ou contem-lhes, muitos contos de fadas, muitos. O marvilhoso, que também inclui o assustador, alimenta o imaginário. Não se deixem ir atrás do (estupidamente) politicamente correcto e não tentem proteger os meninos dos sustos e das emoções. É bom que se vão treinando.

quinta-feira, maio 20, 2010

Mitos e Verdades sobre a Memória


MITOS:

1- Lembranças especiais da primeiríssima infância podem ser recuperadas
Sabe-se hoje que memórias de longo prazo sobre episódios específicos só começam a ser formadas por volta dos 3 anos de idade. O hipocampo, que processa essas memórias, ainda é pouco desenvolvido antes dessa idade.

2- Uma bebedeira mata milhares de neurónios
A eventual perda temporária de memória depois de uma noite de excesso de álcool, ocorre porque o álcool prejudica as sinapses e não porque mata neurónios.

3- As células do cérebro não se regeneram
O cérebro de um adulto tem a capacidade de formar novos neurónios, ainda que em pequena quantidade. Este processo é mais comum no hipocampo, responsável pelas memórias de longo prazo.

4- Falhas de memória em idosos são sinal de Alzheimer
É natural que a eficiência da memória diminua com o tempo. A doença de Alzheimer é mais grave porque leva à degeneração do cérebro e torna a pessoa incapaz de realizar tarefas diárias simples.

5- O jogos de computador prejudicam a memória
Os jogos de computador podem ser benéficos para aumentar a capacidade de atenção, fundamental para a memória.

6- Uma vez guardada, uma lembrança nunca muda
Neste aspecto o cérebro é muito plástico, podendo as memórias ser modificadas de várias maneiras por novas experiências.

VERDADES:

1- O estudo intercalado por periodos de descanso ajuda a memorização
Para memorizar uma dada informação, ajuda evocá-la repetidas vezes, a intervalos crescentes (após algumas horas, depois um dia, dias, semanas, meses...).

2- As lembranças são mais facilmente recuperadas por associação
Campeões de memorização associam as informações a palavras-chave ou a imagens conhecidas. Por exemplo, para se lembrar do nome Julieta, pode-se associá-lo á personagem de Shakespeare.

3- Exercício físico é bom para a memória
O volume de massa cinzenta em regiões do cérebro relacionadas à memória aumenta com exercícios aeróbicos.

4- Excesso de informação prejudica a memorização
O bombardeamente de informação a que somos sujeitos diariamente dificulta a atenção e tempo necessários á formação de novas memórias.

5- Dormir tem um papel fundamental na memória
O sono - e os sonhos - tem um papel relevante na consolidação de memórias de longo prazo.

6- A obesidade prejudica a memória
A gordura abdominal eleva os índices de insulina no organismo afectando o funcionamento de determinados receptores no cérebro ligados à memória.

7- Diversão mantém a memória activa
As actividades que exercitam a memória incluem jogos de cartas, xadrez, palavras cruzadas, tocar um instrumento musical, ler e manter uma vida social intensa.


Informação baseada num artigo da revista "Veja".

domingo, maio 16, 2010

"É PROIBIDO PARAR DE PENSAR" ent. com A. Castro Caldas

Recomendo absolutamente a leitura da entrevista que Alexandre Castro Caldas deu ontem ao jornal i e que pode ser lida online em:

http://www.ionline.pt/conteudo/60024-alexandre-castro-caldas-tocar-um-instrumento-e-muito-util

Fala da educação, das crianças, da escola, da aprendizagem, do cérebro, da memória, da música, da socialização, da inteligência, da doença, da morte. Homem de uma imensa sensibilidade e sabedoria, Castro Caldas faz (nos) a ponte entre as neurociências e a vida.

quinta-feira, maio 13, 2010

Vale a pena pensar nisto....

"Não se pode viver de infinitas hipóteses e de escolhas múltiplas, tem que se viver no real com o concreto e as escolhas que fazemos são importantes."

escrito por um conhecido meu