quinta-feira, agosto 23, 2007

Pais à porta

Partilho convosco uma nova tendência em Londres: o clube de adolescentes – Underage Club (clube para menores de idade), em que maiores de 18 anos não entram, e que funciona durante a tarde. A ideia surgiu de um adolescente de 15 anos – Sam Kilcoyne, cansado de não conseguir entrar em clubes para assistir a concertos, por ser menor de idade. Quem toca no Underage são bandas de adolescentes, não são servidas bebidas alcoólicas, apenas refrigerantes e os pais poderão transportar os instrumentos mas ficarão à porta!
O sucesso do clube e das bandas levou a que se organizasse um festival de música que foi realizado há duas semanas em Londres. Foram mais de 5 mil adolescentes que assistiram e apesar da insistência de alguns pais para acompanharem os filhos, foram obrigados a esperar do lado de fora do espectáculo.
Esta iniciativa vai ao encontro dos discursos dos adolescentes ao referirem a importância do espaço privado, onde adulto não entra!, da música enquanto modelador de afectos e das identificações ao grupo. Mas aumenta também os receios de alguns pais… que referem “sexo, drogas e rock’n’roll”…, temas muito discutidos nas terapias familiares com adolescentes.
O que acham? Está aberta a discussão!




segunda-feira, agosto 20, 2007

COISAS VÁRIAS


#1
À Inês Mega e ao Rui leitores deste blog salpicos e a quem desde já agradeço os comentários sobre o post A VIDA DEPOIS DA VIDA, comunicar que a resposta à vossa solicitação de bibliografia já foi feita e pode ser encontrada na sequência dos vossos comentários.

#2
Destino: Maastricht, Países Baixos
(vulgo Holanda)
País flat, o que em linguagem de surfista significa mar chão, sem ondas, sem irregularidades. Porém este é apenas o conteúdo manifesto de um país que no seu mundo interno é cheio de controvérsias, arrojos e formas diferentes de viver. Paisagem literalmente verde água (ou talvez seja melhor dizer verde com água) que nos abraça o espírito e acalma o corpo dorido de tanto caminhar. É um boculismo que para uns é reforçado por visitas às coffee shop, com os seus cheiros e fumos agridoces e que para outros abre as portas da estranheza e da adrenalina do acesso a substâncias que estão etiquetadas nisso a que se chama super-ego como Proibido. É um país que se ama na sua beleza, na sua diversidade e que se traz para casa no coração.

No extremo sul do país encontra-se Maastricht onde decorreu a 22ª Conferência da EHPS “Health Psychology and Society”. Os abstract das conferências podem ser encontrados em http://www.ehps2007.com/

O programa foi organizado em redor de 16 sub-temas (http://www.ehps2007.com/callforpapers.html ). Uma das conferências apresentadas Understanding Individual Behaviour Change Over Time, por Wayne Velicer da Universidade de Rohde Island, versou sobre aquilo que se designa como Análise Ideográfica. Deixo aqui alguns apontamentos do que é e da sua importância.

É mais frequente ser utilizada nas análises de dados qualitativos particularmente na análise qualitativa de natureza fenomenológica. Na análise Ideográfica (assim chamada porque procura tornar visível a ideia presente no documento qualitativo em análise, podendo para isso lançar mão de ideogramas ou símbolos expressando ideias), o pesquisador procura por unidades de significado, o que faz após várias leituras de cada uma das descrições. As unidades de significado então definidas são recortes julgados significativos pelo pesquisador. Para que as unidades significativas possam ser recortadas, o pesquisador lê os depoimentos à luz de sua interrogação, da sua questão de investigação. Como é impossível analisar um texto inteiro simultaneamente, torna-se necessário dividi-lo em unidades. Estas unidades são representativas do fenómeno pesquisado. Estas unidades de significado são seguidamente agrupadas em categorias que permitem agora o trabalho de generalização, comparação entre sujeitos e a própria análise quantitativa.

A diferença desta conferência é que introduz este método como metodologia de trabalho fundamental em dados quantitativos como por exemplo estudos sobre a adesão às terapêuticas da apneia do sono, da cessação tabágica, entre outros exemplos dados. São dados de raiz quantitativos na sua maioria recolhidas por telemetria (dispositivos electrónicos que registam a evolução ao longo do tempo da variável em estudo). O método ideográfico neste contexto permite acompanhar a mudança do individuo ao longo do tempo. Na maioria das vezes fazemos estudos comparativos entre variáveis independentes e variáveis dependentes. Na análise ideográfica deixa-se pensar no grupo para abordar o individuo. Assim, a cada individuo corresponde um gráfico da evolução da variável ao longo do tempo. Por exemplo, o gráfico do tempo que utilizou a máscara de oxigénio durante a noite no tratamento da apneia do sono ao longo de um determinado período de investigação. Da análise de cada um dos gráficos, é possível fazer uma análise de clusters em que se formam grupos, representado cada um, um padrão de evolução da variável. Seguindo com o mesmo exemplo, forma-se o cluster 1 que representa o grupo de indivíduos que ao longo do tempo diminui a frequência de utilização da máscara. O cluster 2 o grupo de pessoas que mantém a frequência de utilização e o cluster 3 aquelas que a aumentam. A etapa seguinte e fundamental é a investigação de quais as variáveis preditoras da pertença a cada um dos clusters podendo-se assim intervir no sentido da mudança do comportamento. Nestes estudos o mínimo adequado são 40 a 50 momentos de avaliação ao longo do tempo.



segunda-feira, agosto 13, 2007

O tempo do amor

Muito se tem escrito sobre terapia de casal e as diversas técnicas, mas hoje deixo-vos com as palavras de um poeta amigo que traduzem o processo de desilusão, insatisfação e afastamento, e que reforçam a importância do sentimento de se ser único e especial para a outra pessoa. Obrigada Jorge!

“Já não sabe mais o que lhe dizer. Ela foge com o olhar para não o confrontar com a verdade. Talvez apenas o tempo conte. Talvez seja isso que quer, que caminhem lado a lado enquanto houver tempo. Inunda-a de palavras na expectativa de que o escute. Responde-lhe com o silêncio de uma paixão inanimada. É assim que se inicia o fim…

Amanhã, ou depois, num destes dias, nem a sua mão chegará perto dele. Nem o seu cheiro circundará as casas que habitam por enquanto. Nem o seu sorriso será suficiente para o fazer ficar. Não que desista. Não que abdique. Mas porque se cansará de falar sozinho. O que poderá um homem fazer aos sentimentos maiores e puros se os cala no silêncio?

Passeiam os corpos pela casa cada vez mais vazia. Desencontram-se estrategicamente à volta da mesa ou nas pontas do sofá. Já não lêem em conjunto. Já não partilham o interesse de assistir a filmes, aninhados um no outro. A mesa das refeições é usada à vez. A paixão esmorece-se a cada segundo. A porta aberta para que entre uma brisa no final de tarde é um convite para que saia de uma vez por todas.

Já não há tempo. Já não há razão para que se abracem. Os beijos outrora doces são agora amargos sabores da desilusão. Ela caminha noutro sentido. Ele silenciou as palavras.

Ali vivia a esperança do amor. Agora apenas ruínas e cinzas assinalam a passagem de um casal. Até que o vento mude a paisagem fúnebre. Até que o tempo tome conta do lugar. Tal como ela desejara…”


In Jorge Barnabé, Julho 2007

domingo, agosto 12, 2007

Grupos de formação contínua para psicoterapeutas - observação de sessões de psicoterapia em vídeo


O Instituto Português de Psicoterapia Integrativa vai realizar grupos de formação apoiados em gravações de vídeo a partir de Setembro de 2007.

Deixo-vos as informações disponibilizadas na página deles:

"Caros colegas,

Decidi começar definitivamente com os grupos de vídeo formação no IPPI a partir de Setembro de 2007.

Já falei com alguns de vós sobre esta ideia, mas talvez valha a pena só relembrar as razões deste projecto.

Depois de 10 anos de orientação de estágios e supervisões no Instituto Superior Técnico e no privado, cheguei à conclusão de que a formação em psicoterapia e prática de supervisão tem sérias lacunas se for apenas teórico-verbal e deve ser complementada por uma metodologia prático-experiencial, que pode incluir a observação directa através de um espelho, os exercícios de role playing, e mais relevante para este projecto, através da gravação e visionamento de sessões em vídeo. Esta última metodologia tem como vantagem que as interacções terapeuta-cliente podem ser estudadas repetidamente.

As dificuldades sentidas pela maioria dos terapeutas geralmente não são ao nível teórico, mas, de facto, ao nível da implementação prática dos conteúdos teóricos. Acho que só estas metodologias prático-experienciais vão ao encontro destas necessidades.

Junta-se a este dado o problema da subjectividade. Os terapeutas que afirmam (e pensam) que seguem uma determinada orientação teórica, quando observados na sua prática clínica, exibem na verdade muitos comportamentos, que não encaixam nesta orientação. Ou seja, os terapeutas não fazem o que dizem que fazem (veja Wachtel, 1997) O que um terapeuta descreve nos seus livros ou artigos que faz, só capta uma parte do que ele ou ela faz na realidade, e o terapeuta muito facilmente pode até estar muito equivocado sobre o seu próprio funcionamento.

Muitas experiências nas áreas da psicologia social e cognitiva demostraram que em muitos aspectos somos os piores juizes de nós próprios, ao ponto de sermos quase incapazes de transmitir uma parte essencial do nosso funcionamento pelo relato verbal (veja Wilson, 2002). Consequentemente, muito de que um terapeuta aprendeu a fazer, foi através de uma aprendizagem que podemos descrever como implícita e inconsciente, pelo que este não conhece muitas das suas próprias aprendizagens

Mesmo que o terapeuta esteja consciente dos seus procedimentos, muito do seu conhecimento é do tipo processual e não do tipo declarativo, de forma a que é muito difícil de transmiti-lo através do relato verbal. (como seria explicar por palavras como se faz um origami). Podemos designar esta aprendizagem como artesanal, obedecendo ao mesmo tipo de lógica de aprendizagem das profissões tradicionais, em que ao mestre correspondia o seu aprendiz. Este tipo de concepção vai provavelmente ao encontro do que o Prof. António Branco Vasco (FPCE-UL) descreveu como o componente artístico da psicoterapia.

Muito do que o terapeuta faz é intuitivo. No meu entender, como descrevi num artigo recente (Welling, 2001), este funcionamento intuitivo representa o nosso funcionamento mais sofisticado, a nossa mestria. É o conhecimento emergente, que já conseguimos utilizar na prática, mas que ainda escapa ao entendimento explícito-verbal. Seria uma pena deixar perder precisamente o que de melhor que fazemos, a essência da nossa arte!

A observação de gravações em vídeo das sessões de terapeutas, pode permitir precisamente a “descodificação” destes processos, quer para o próprio (que ao visioná-las se “reapropria” delas), quer para terceiros. A ideia é que nestes grupos de 4-6 participantes, se observem, se necessário repetidamente, gravações de vídeos e discutindo-os pormenorizadamente. Neste momento já temos vídeos comerciais de alguns terapeutas de renome, como Bugental, Yalom, Polster, Greenberg, Fosha e Wachtel, e posso também disponibilizar sessões minhas, que têm como vantagem que são em Português e que são com clientes reais. Os restantes elementos do grupo poderão também disponibilizar gravações das suas sessões para serem analisadas. Obviamente, podem surgir desta análise dados úteis para os processos clínicos em curso, mas o objectivo não é a supervisão, mas sim uma aprendizagem e formação continua.

Os cursos são semestrais (Set-Jan, Fev-Jun) com uma frequência quinzenal. O custo do curso é 360 Euros (40 Euros por sessão). As sessões realizar-se-ão na Alameda D. Afonso Henriques, nº 74, 5º Dto., em Lisboa. As sessões serão inicialmente orientadas por mim, mas a minha colega Isabel Gonçalves (IST, APTCC), com quem estive a desenvolver este projecto, integrar-se-á só em cursos posteriores, tendo falta de disponibilidade neste momento.

Preenche então o formulário anexo e reenvia-o sff para wellinghans@yahoo.com até ao fim do mês de Agosto.

Conto convosco!

Hans Welling

Instituto Português de Psicoterapia Integrativa - Alameda Afonso Henriques- 74-5º Dtº
(Metro Alameda)* 1000-125 Lisboa * tm 919 430 443

Uma verdade inconveniente!




Seguindo o espírito da Edite, cá vai mais um post fora do espírito de férias…
Estive a ver à pouco o DVD do Sr. Al Gore e fiquei chocado!
Estamos a matar o nosso planeta e não temos órgãos para substituição, mas temos a possibilidade de com a tecnologia actual reduzir as emissões de gazes de efeito estufa para os níveis de 1970.
Porque não o fazemos?
Será que o nosso ego está acima do bem-estar do planeta?
Mas se não existir planeta onde fica a morar o nosso ego?
Não estou a pedir a ninguém para se tornar altruísta… tornem-se “apenas” egoístas inteligentes… assim se cada um garantir a sua casa, todos teremos um planeta para viver!

Não me alargar mais neste tema, deixo apenas o link para as informações de tudo o resto que é necessário fazer para se tornarem inteligentes. http://www.climatecrisis.net/

Boas férias, para os que estão de férias e bom trabalho para aqueles que estão a trabalhar!

segunda-feira, agosto 06, 2007

A VIDA DEPOIS DA VIDA

É sobre transplantação de órgãos que vos trago alguns salpicos. Não que seja um assunto propriamente sintónico com a sensação de férias que a todos assalta, mesmo aos que de férias não estão. Porém ouso escrever um pouco sobre o assunto nesta altura pois sinto que é sempre hora de pensar a vida e particularmente a vida que se ganha quando quase se perdeu.
Alguém disse na primeira pessoa que "Fazer um transplante é viver de novo sem nunca ter morrido verdadeiramente".
As questões do transplante de órgãos jogam-se na fronteira da identidade do corpo com a identidade do ser. O corpo tem uma identidade, um self biológico que se conhece a si próprio, que representa uma barreira entre o Eu e o Outro – o sistema imunitário. A patologia do self biológico representa a dificuldade de se reconhecer a si mesmo que advém do deficit do sistema imunitário, seja este provocado como no caso do transplante de órgãos ou adquirido como nas doenças auto-imunes. O self poder-se-ia dizer em primeira instância imunológico (Meissner, 1997).
O transplante permite-nos pensar sobre o que acontece quando uma parte estranha é introduzida no corpo, quando algo é acrescentado ao interior do corpo. O novo órgão ao ser introduzido no corpo, alcança imediatamente representação mental e começa a relacionar-se com introjecções já existentes, cujos conteúdos ele activa (Castelnuovo-Tedesco, 1973). O paciente tem então uma experiência que vai para além de receber fisiologicamente um órgão. Não se trata apenas de o corpo aprender a adaptar-se ao novo órgão como se lhe pertencesse. O self experiencia a nova aquisição como algo introjectado, como um objecto ou parte de um objecto que se torna imediatamente bastante activo. Aquilo que anteriormente era não self, começa a ser sentido agora como parte do self (ainda que algumas vezes esta integração ocorra sobre o preço de intensa conflitualidade).
Porém, a aceitação do self biológico acontece sob o preço da indução da sua patologia, a diminuição da capacidade de se reconhecer a si próprio (diminuição da actividade do sistema imunitário), de saber quem é, pois caso contrário ele rejeitaria o não-self proposto, dado ser algo de estranho (o que conduziria à rejeição do órgão transplantado). Considerando o self a totalidade do ser, o seu corpo e a sua mente, a sua carne e as suas emoções, a patologia do self biológico exigirá inevitavelmente uma profunda reformulação do Si. O transplante introduz um corte entre a definição de si próprio relativamente ao passado, ao presente e mesmo na antecipação do futuro. Tornar o transplante uma parte suficientemente integrada da identidade, poderá contribuir para a sobrevivência de um self coeso, para a percepção do transplante como possuidor de significado, propósito e controlabilidade e, paralelamente, para a promoção da saúde. Isto porque "é o sentido do significado de melhoria que se procura pois que a felicidade e a infelicidade são existênciais e o valor da vida não se mede apenas pela capacidade de execução biológica" (Degos, 1993).
Referências
Meissner, W. (1997). The embodied self-self versus nonself. In L.Goldberg (Ed.), Psychoanalysis and contemporary thought. New York: International Universities Press, Inc.
Castelnuovo-Tedesco, P., Torrance, C. (1973). Organ Transplant, Body Image, Psychosis. Psychoanalytic Quarterly, v. 42, p349, 15p. Retrieved September, 13, 2005, from PEP Archive (Psychoanalytic Electronic Publishing) database.
Degos, L. (1994). Os enxertos de órgãos. Lisboa: Instituto Piaget. (Tradução do original em língua francesa Les Greffes d’Organes. (S.I.) : Flammarion, 1993)

sexta-feira, agosto 03, 2007

Fear Not! Um programa interactivo para combater o "bullying"

Saiu hoje no Jornal Público a notícia de um jogo de computador que tem como objectivo ajudar a combater o bullying.

O jogo chama-se "Fear Not" e é um software que vai ajudar a criança, que se encontra em frente ao computador num ambiente 3D, a resolver situações de bullying.

De acordo com os autores, as crianças estabelecem uma relação com as personagens, no contexto de um drama virtual, porque são sintéticas, isto é, apesar de não serem reais, conseguem ser credíveis. As crianças reagem emocionalmente e, por isso, mostram que são capazes de perceber e interpretar os estados emocionais das personagens.

Parece-me interessante esta ideia pois usa um cenário violento (típico dos jogos de computador) mas a favor de uma abordagem lúdico-pedagógica e trata um problema tão importante com o bullying. O princípio parece-me muito bom, agora vamos lá ver como é que funciona na prática!

Podem ler esta notícia na íntegra no Público.pt

Para mim....

Há verdades que destroem a verdade e
mentiras que protegem a verdade.

O desprezo



Nos últimos tempos tenho-me interessado muito por temas relacionados com as dinâmicas das relações de casais. Neste início de férias estive a ler um livro ligeiro, compatível com o meu humor e com o tempo quente: Blink! de Malcolm Gladwell.

A determinada altura do livro o autor descreve uma série de estudos realizados por John Gottman nos quais comprova que basta analisar de forma rigorosa meia dúzia de parâmetros na interacção espontânea (enquanto falam sobre um assunto polémico) entre um casal durante cerca de 1 hora para se poder prever com um nível de exactidão que ronda 95% quais os casais que vão permanecer juntos ou que se vão separar nos 15 anos seguintes. Se o tempo de observação for reduzido para 15 minutos, o grau de exactidão baixa para 90%.

De acordo com Gottman para um casamento durar, a relação entre as emoções positivas e negativas num dado encontro tem de ser pelo menos de 5 para 1. As emoções negativas mais significativas são: postura defensiva, reserva, censura e desprezo. O desprezo é qualitativamente diferente dos outros e muito mais danoso. Diz ele: “Na realidade, Gottman descobriu que o desprezo num casamento pode levar a prever coisas, tais como o número de constipações que o marido ou a mulher podem apanhar; por outras palavras, o facto de alguém que amamos nos desprezar é tão desgastante que começa a afectar o sistema imunológico”.

Para estes autores o desprezo é uma emoção especial. Quando ela domina a relação de casal ou tem uma expressão significativa já não há nada a fazer, a relação atingiu um ponto sem retorno.

Mas o que é verdadeiramente o desprezo? Porque é que se despreza? Em que circunstancias é que o desprezo se torna uma emoção que convive paredes meias com o amor e o carinho? Será que o desprezo e a manifestação dele numa relação amorosa, não é já prova da ausência de um afecto verdadeiro e profundo?

Se o desprezo é tão corrosivo numa relação de casal, o que fará a uma criança, quando ela se sente desprezada pelo pai, mãe ou irmão?