domingo, março 31, 2013

Fotografia de Jean-François Rauzier


Espantoso trabalho fotográfico e digital deste artista francês. Que imaginário!

Ver mais em:

http://www.yatzer.com/jean-francois-rauzier

 

O drama do desemprego. Parte V


Num país onde a taxa de desemprego está quase em 20% (há pior, como a Espanha e a Grécia), a questão da idade para quem está à procura de emprego põe-se de forma particularmente aguda. Mesmo a nível dos empregos em part-time, estes são raros em Portugal e as pessoas com mais de quarenta e muitos, cinquenta anos, têm dificuldade em encontrá-los.

Há cerca de dez anos, a Alemanha viu-se a braços com um défice muito superior ao desejado. Já ninguém se lembra, mas foi assim. A absorção da Alemanha Oriental, na sequência da queda do Muro de Berlim em 1989, foi complicada. Os alemães ocidentais tiveram de acomodar uma redução de salários, concertada com os sindicatos. É provável que o esforço que fizeram na altura contribua para serem agora tão intolerantes para com os países do Sul.

Uma das saídas para o problema do emprego foi, além da redução dos salários, a criação de empregos em part-time. Mal pagos, mas que vieram reduzir os números do desemprego.

Na situação em que Portugal se encontra, esta poderia ser uma saída. É doloroso aceitar isto, mas seja qual for a saída, o empobrecimento geral espera-nos. Já está a acontecer. É nisso que se traduz a queda no PIB. Cada vez teremos menos dinheiro. Cada vez teremos de ser mais selectivos nos gastos. Cada vez será mais importante saber gastar no que realmente é importante para a nossa qualidade de vida.

O nosso país sofre de distorções bizarras. Sabiam que a percentagem de casa própria é superior à da Alemanha? Parece uma coisa boa, mas não sei se é, no fundo. Reduz a mobilidade das pessoas, porque as amarra a uma hipoteca e a uma localização.

Voltando à questão da idade, não há idade para se exercer uma profissão (excepto, claro, as que exijam uma forma física própria de um jovem). Numa época em que a esperança de vida ultrapassa os 80 anos, podem ter-se várias profissões ao longo da vida. O que nos deveria preocupar ainda mais, talvez, é o que iremos fazer a partir do momento em que já não possamos trabalhar e tenhamos despesas crescentes de saúde. Mas voltarei a esse assunto.

terça-feira, março 26, 2013

27 de Março: Dia Mundial do Teatro

Amanhã é Dia Mundial do Teatro.

Fica a sugestão do Teatro S. Luiz, com visitas guiadas aos bastidores, entrega de prémios da Associação Portuguesa Críticos de Teatro, e ainda a encenação de "A Visita da Velha Senhora", com entrada livre.

Horários e mais informações em : http://www.teatrosaoluiz.pt/noticias/detalhes.php?id=113

(Intro to the Yiddish Theatre- Chagall)

"Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Atores somos todos nós" (Augusto Boal)

sexta-feira, março 22, 2013

A Patologia Social...



(Imagem: Calvin Armitage)


"Insanidade: um ajustamento perfeitamente racional a um mundo insano". 
(R. D. Laing)


quarta-feira, março 20, 2013

"AMOUR": UMA HISTÓRIA DE AMOR OU DE HORROR?


George e Anne são um casal que se vê confrontado com a invasão do inesperado. Anne sofre um AVC que a leva a um rápido declínio físico e à demência. George mantém-se junto da mulher e mãe dos seus filhos, assumindo o seu cuidado e contrariando o desejo de morrer, manifestado através de palavras e atos nos momentos de maior lucidez.

“Amour” confronta-nos com uma série de situações reais: o envelhecimento, a doença, o declínio, a dependência, a solidão, o isolamento, a depressão, a perda de dignidade, a morte. Ao abordar estes temas, aborda, provavelmente, os maiores fantasmas do ser humano. Por este motivo, a par com a admiração pela persistência e amor de George, provoca-nos um nó no estômago por nos obrigar a pensar no que procuramos manter distante de nós.

Os seniores irão provavelmente terminar o filme em silêncio, pela angústia de um quadro que pode aproximar-se a uma velocidade imprevisível. Os adultos mais jovens antecipam a morte dos seus pais ou dos seus avós e, até mesmo, a sua própria morte. “Amour” confronta-nos com a finitude, sem a paz com que a maior parte de nós gostaria de a encarar.

“Amour” é uma história de amor que nos horroriza pela crueza com que nos apresenta a realidade e nos leva, pouco subtilmente, à polémica da eutanásia. O final é entendido por uns como um ato de amor e, por outros, como um ato de raiva. 

terça-feira, março 19, 2013

DIA DO PAI

" Um pai é mesmo uma pessoa muito especial. Capaz de se dobrar, desdobrar, encolher e esticar...um pai transforma-se, num passe de mágica, nos objetos mais incríveis. ou será que nunca repararam nos pais transformados que andam por aí?" Jorge Letria

Cada elemento do casal possui a dinâmica com o filho, e o pai, nestes últimos anos, tem vindo a afirmar-se nesta dinâmica; reclama os cuidados do filho, a atenção, a proximidade e alimenta uma relação de casal segura e constante. Através de laços fortes e seguros pais e filhos podem experimentar diferentes papéis e personagens na vida, ensaiar estratégias, capacitar para a frustração e também ensinar a ver a realidade sob uma outra perspetiva.



Centenário de João dos Santos

No âmbito da comemoração do centenário de João dos Santos,  o Jardim Infantil Pestalozzi / Fundação Lucinda Atalaya vai realizar uma sessão no dia 20 de Março às 14,15 h no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal, Campo Grande nº 83 em Lisboa.

“Centenário do Nascimento de João dos Santos - Vocação para Amar - Reflexão, (Re)Encontros e Afectos em Saúde Mental Infantil - Ontem e Hoje"

será o título da exposição que Cláudia Martins Cabido, Rebeca Monte Alto e Rita Grácio Rodrigues apresentarão. Este trabalho insere-se  na sua especialização em pedopsiquiatria no Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia.

É com todo o prazer que vimos convidar todos aqueles que quiserem juntar-se a nós nesta sessão de partilha e debate sobre a obra de João dos Santos, médico psiquiatra, psicanalista  e pedagogo que foi também, personalidade influente no Jardim Infantil Pestalozzi no qual colaborou a convite de Lucinda Atalaya.

Contamos com a vossa presença.

Lisboa, 7 de Março de 2013


A Direção do Jardim Infantil Pestalozzi

Manuela Silva
Manuela Neves
Manuela Cruz
Maria Emília Sim Sim
Paula Santos Lobo

sexta-feira, março 15, 2013

Reflexão em tempo de férias escolares

No último dia de aulas do 2º período vale refletir sobre a convivência escolar e preparar o 3º período

"Bullying não é brincadeira"
Escrito por  Carla Mateus, com entrevista a Tânia Paias, psicóloga, e Helena Fonseca, Pediatra, especialista em Adolescência 

Deixo-vos aqui um link com o artigo em apreço


http://saude.pt.msn.com/mentesa/saudeemocional/item/1536-bullyingn%C3%A3o%C3%A9brincadeira/1536-bullyingn%C3%A3o%C3%A9brincadeira?start=2

HELP!



Pois é, não podemos salvar o mundo e muitas vezes somos deparados com um sentimento angustiante de impotência face ao sofrimento dos outros.

Outras vezes... para ajudar os outros o melhor é mesmo tratar de nós primeiro! (desde que isso não exija 5 anos de psicanálise enquanto o outro está a morrer...)

segunda-feira, março 11, 2013

DO BEBÉ IMAGINÁRIO AO BEBÉ REAL


Desde o início da gravidez (até antes), a representação que os pais fazem do seu bebé não é a de um feto em desenvolvimento, mas a de um bebé completo e saudável; é o bebé imaginário, de sonho.

A personificação vai sendo feita através da escolha do nome, da compra de roupas, da preparação do quarto e da atribuição de significado aos movimentos fetais. Há uma grande ambivalência de sentimentos: alegria e medo. Os medos atingem o seu exponencial por volta dos 7 meses de gestação, altura em que as características fantasiadas do bebé imaginário se começam a aproximar mais do bebé real. São frequentes pesadelos e receios de deficiência ou malformações. Ao longo de toda a gravidez, vai-se criando o vínculo ao bebé, havendo nova adaptação aquando do nascimento do bebé real.

Depois do parto, a mãe ressente-se muitas vezes com o facto de já não ser o centro das atenções e pela vivência de que o bebé já não é só dela. O pai, que muitas vezes se sente posto de parte nas tarefas parentais, pode tornar-se competitivo agora que tem acesso ao bebé que antes podia sentir apenas através da mãe.

Pai e mãe devem funcionar como equipa, cada um com a sua individualidade, especificidade e competência. A licença de paternidade é um sinal de mudança, associada a um maior reconhecimento da sua importância no desenvolvimento do bebé, bem como a uma maior disponibilidade para se envolver na dinâmica familiar.

sábado, março 09, 2013

O drama do desemprego Parte IV


Uma boa notícia, que poderá constituir uma oportunidade de formação e aprendizagem para jovens licenciados:

Bolsas e estágios na União Europeia.

Pelo interesse da notícia, fica aqui o link:

http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Jovens-Mais-vagas-para-estágios-nos-órgãos-da-UE_14865.html

terça-feira, março 05, 2013

FILICÍDIO (III): É POSSÍVEL EVITAR?


Apesar do filicídio estar fortemente relacionado com uma perda momentânea de contacto com a realidade, o que dificulta uma intervenção atempada, existem alguns sinais de alerta que podem ajudar a prevenir esta tragédia.

Sinais de depressão grave e prolongada não devem ser desvalorizados, pelo que, sobretudo quando existem crianças, quem rodeia os pais deve ter um papel ativo no incentivo à procura de ajuda psicológica e psiquiátrica, bem como de alertar a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco. Este alerta pode ser feito de forma anónima.

É frequente estas mães terem desabafos do tipo “só queria que ele desaparecesse” ou “só me apetece atirá-lo pela janela”, quando se referem aos filhos em situação de grande exaustão e incapacidade emocional nos primeiros meses de vida da criança. Estes sinais são muitas vezes desvalorizados. Será importante que familiares e amigos se mantenham por perto, evitando o isolamento e incentivando a ajuda psicológica. Se bem que alguns pais possam manifestar esta questão apenas “da boca para fora”, é relativamente fácil perceber quando há um risco real. Este risco é particularmente evidente quando o grau de desadequação e emotividade negativa é de tal forma perturbador, que leva ao afastamento e crítica destes familiares e amigos. É importante que aconteça exatamente o oposto. Por outro lado, a crítica e o afastamento tendem a levar a um sentimento de ostracização que faz com que o pai ou a mãe deixem de manifestar a sua angústia, vivendo-a em silêncio e com menor apoio, o que dificulta a perceção do agravamento da situação.

Os profissionais de saúde têm também um papel importante na prevenção destas situações. Apesar de cada vez mais sensíveis aos fatores psicológicos, os médicos continuam muito centrados no desenvolvimento físico da criança, averiguando pouco e prestando pouca atenção às manifestações emocionais da família. Explorar a dinâmica emocional e familiar dos pais durante uma consulta de rotina é essencial para detetar sinais de risco e para mobilizar as intervenções necessárias.

sábado, março 02, 2013

O drama do desemprego Parte III

O médico Rui Nogueira da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, traça um quadro triste da população: "somos um povo envelhecido, pobre, deprimido e ansioso "(Expresso, 2/3/13).

Nem todos os que o consultam estarão certamente desempregados, mas a percentagem não deve ser pequena.

Esta semana soubemos os números (oficiais) mais recentes do desemprego: 17,6%. Infelizmente, acredito que no final do ano já teremos ultrapassado os 20%.

Muitos estudos mostram que a situação de desemprego tem efeitos tão devastadores na psiquismo como a morte de uma pessoa próxima. É uma perda grave: não só de dinheiro como de estatuto, sentimento de utilidade, realização, confiança, auto-estima.

A depressão é a consequência mais provável de uma situação prolongada de desemprego. Os efeitos a nível da coesão familiar podem ser irreversíveis, o que acarreta por sua vez maior solidão.

As pessoas em situação de desemprego involuntário não são párias. Infelizmente, a sociedade revela uma tendência cruel para as tratar como tal.

Recomendo sempre aos meus clientes nessa situação, que pratiquem voluntariado. É uma forma de se sentirem úteis, reforçarem os laços sociais, criar contactos. A experiência de voluntariado é cada vez mais importante num curriculum e os empregadores procuram-na cada vez mais. Longe vai o tempo em que um curriculum assentava sobretudo nas "habilitações literárias" (era assim que se dizia). Agora, é preciso ser criativo. Um curriculum deve poder permitir a quem o lê fazer uma ideia do candidato nas suas várias facetas: como estudante, como profissional, como desportista, como criativo, como cidadão interessado e activo.

Por outro lado, as candidaturas espontâneas são cada vez mais usadas. Tenho verificado, no entanto, que a maior parte das pessoas não sabe como proceder. É inútil mandar e-mails todos iguais a várias empresas. Tem de se conhecer a empresa para onde se quer concorrer, perceber a sua visão do negócio e a forma como se posiciona. Compete ao candidato demonstrar que poderá ser um valor acrescentado para aquela empresa. Pela sua personalidade, pela sua postura, pelos seus conhecimentos, pela sua experiência de vida.

 

sexta-feira, março 01, 2013

"Ondas magnéticas combatem depressão e tabagismo"


Um capacete que emite ondas magnéticas para o cérebro pode ajudar no combate a doenças como a depressão, dependência do tabaco, Parkinson e autismo. O capacete foi desenvolvido por dois cientistas israelitas, o neurocientista Abraham Zangen e pelo físico Yiftach Roth.
O capacete emite ondas magnéticas para o cérebro, estimulando o sistema nervoso enquanto os pacientes estão conscientes. O presidente da Sociedade Portuguesa de Neurociências, Nuno Sousa, explicou ao Ciência Hoje que “a estimulação magnética transcraniana usa campos magnéticos rapidamente alternantes para induzir uma corrente eléctrica do tecido neuronal subjacente, tipicamente córtex, que despolariza esses neurónios”.

O neurocientista português adiantou ainda que “a estimulação cerebral profunda, nomeadamente através de ondas magnéticas, é uma técnica que tem vindo a ser desenvolvida há vários anos e com resultados relevantes, nomeadamente em situações clínicas complexas como quadros depressivos resistentes”.

A neuromodulação em circuitos neuronais específicos, conseguida por exemplo com as ondas magnéticas, “pode promover alterações no funcionamento de quadros depressivos resistentes”, adianta Nuno Sousa.

Segundo, o mesmo responsável é ainda necessário apurar detalhadamente um uso “preciso e controlado no espaço e no tempo” destes processos.

A investigação israelita procedeu a um estudo no qual envolveu mais de três mil pessoas de todo o mundo. Para cada problema, foi criado um capacete diferente, “adaptado para transmitir as ondas magnéticas às áreas relevantes do cérebro", explica o cientista Abraham Zanger, chefe do laboratório de Neurociência da Universidade Ben Gurion..

Os capacetes foram também testados em 115 fumadores, que fumavam pelo menos 20 cigarros por dia, e que já tinham tentado deixar o tabaco com outros métodos. Fizeram sessões de 15 minutos por um período de três semanas.

Os resultados obtidos parecem promissores. Segundo Limor Dinur Klein, da Universidade de Telavive, Israel, “44% das pessoas pararam de fumar após o tratamento”. Inicialmente os pacientes tiveram algumas dores de cabeça, mas foram passageiras, “não sendo registado qualquer dano na capacidade cognitiva dos participantes”.

Do número de participantes que não deixou de fumar (66%), metade diminuiu o número de cigarros que fumava por dia.

A autoridade americana reguladora do medicamento e alimentação, Food and Drug Administration (FDA), já emitiu um certificado para utilização deste sistema de ondas magnéticas no tratamento da depressão.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=57083&op=all