Quando fiz a minha formação básica em EMDR, foi-me dito que
esta psicoterapia tinha algumas contra indicações no seu uso. Fiquei curioso
durante uma fracção de segundo, uma vez que o formador me disse imediatamente
quais eram os casos em que não se recomendava a utilização de EMDR. Em
grávidas, em pessoas com epilepsia, em pessoas com doença Bipolar, e em pessoas
que sofressem de psicoses.
Compreendi o que o formador me disse e segui à risca as
directrizes.
Recentemente algo veio colocar em causa os ensinamentos
básicos do curso e abrir novas possibilidades de trabalho com mulheres
grávidas.
Como todos sabemos, a gravidez é uma altura da vida das
mulheres que pode gerar muita ansiedade, como tal, alguns problemas já
existentes poderão surgir justamente nesta altura. Lembro-me de uma paciente
que tinha interrompido a sua terapia um ano antes, uns meses antes de
engravidar, e voltou á terapia porque voltou a ter sintomas de ansiedade
extrema. Sem conseguir deixar de pensar em dúvidas acerca do bebé que está em
gestação.
Eu na primeira fracção de segundo fiquei tão aflito quanto a
paciente… mas depois respirei e delineei um plano de intervenção sem EMDR,
afinal antes de existir EMDR também se tratava a ansiedade!
As estratégias de relaxamento muscular voltaram a ser
usadas, não me podia esquecer da atitude de Mindfullness nem dos registos de
pensamentos automáticos.
Na segunda sessão utilizei uma técnica de EMDR, conhecida
como lugar seguro, não tinha ficado satisfeito com os progressos da minha
paciente apenas com as técnicas de relaxamento e Mindfullness, era pouco para
mim que estou habituado a ver melhorias significativas. Os resultados no final
da sessão eram muito bons, a paciente estava bem mais calma e relaxada. Era
como se o efeito do treino de relaxamento tivesse sido multiplicado por 10.
Tudo correu bem até ás sensações de desconforto se voltarem
a manifestar e consequentemente os pensamentos automáticos de dúvida. Nesta
intensifiquei as minhas pesquisas acerca de artigos sobre EMDR e consegui
encontrar este artigo: http://www.examiner.com/article/treating-birth-trauma-with-emdr-part-one
Ao ler esta informação obtive a validação para avançar com
mais confiança com um protocolo clássico de EMDR. Foi muito interessante o que
aconteceu nas sessões seguintes, os pensamentos ansiogénicos desapareceram e as
sensações desconfortáveis habituais das mulheres grávidas passaram a ser
interpretadas sem ansiedade. Surgiu de imediato a questão “como é que foi tão
rápido? Como é que pensamentos obsessivos que até então tinham sido tão
resistentes ao tratamento com Terapia Cognitiva e mesmo com terapia EMDR agora
tinham simplesmente desaparecido?”
Para responder a esta pergunta farei uma segunda parte deste
artigo dentro de dias em conjunto com o meu colega Diogo Gonçalves.