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sexta-feira, dezembro 09, 2016

O Casal, a Crise e os absolutos Preto/Branco


Eis um tema que surge com frequência nas consultas, e uma leve reflexão sobre ele:


Por vezes surgem tempestades e/ou testes a uma união entre duas pessoas que vivem uma historia de amor. Por vezes, a prematuridade com que surgem e respetiva intensidade podem deitar tudo a perder.

Porém, vínculos afetivos bem tecidos oferecem mais probabilidade para atravessar a dita tempestade ou teste. Mas o que dizer sobre estes vínculos?

Bom, estes são vínculos tecidos pela experiência conjunta, amadurecida e consolidada ao longo do tempo, da confiança (sobretudo!), da partilha, da cumplicidade, da intimidade, da sexualidade, da tolerância às diferenças, dos interesses conjuntos e daqueles criados a dois, dos momentos bons e da transformação dos menos bons, e de tudo aquilo mais que fizer sentido no encontro entre duas pessoas com suas respetivas individualidades. E isto… leva tempo, paciência e trabalho! Mas não garante imunidade, infelizmente.

Porém, quando estas experiências conjuntas, que subjazem à qualidade do vínculo, não são bem vividas e consolidadas, e logo logo surge uma crise, uma tempestade, exterior à união ou oriunda dos fantasmas de algum (ou ambos) dos companheiros, adequa-se a metáfora de uma união que tem de correr uma maratona sem realmente ter treinado o suficiente... ou mesmo, com um joelho lesionado… E o resultado não é difícil de prever. Outras vezes, é também verdade que o “fantasma” (vivências internalizadas patológicas ligadas às relações mais significativas de alguém e/ou partes dissociadas da própria personalidade) engendra crises que quase parecem independentes de qualquer força, palavra, atitude ou comportamento que o possam conter, por mais esforço que se faça.

Para um vínculo fortalecido há que viver. Há que fazer experiência a dois, consolida-la, amadurece-la. Há fundamentalmente que entender quais as experiências que para cada um dos parceiros fazem mais sentido e que são mais importantes serem vividas, ainda que essa ordem de importância possa ser mutável ao longo do tempo - porque somos seres humanos e não robôs programados rigidamente, e porque todos nós temos a experiência de deixar de ter sede quando bebemos. Há que estar lá a paciência e o diálogo, que por vezes se eclipsa perante a reatividade e a crítica/intolerância. Mas sem paciência e diálogo, como se constrói o amor?...

No jogo dinâmico da negociação de experiências conjuntas, existem duas realidades  perigosas… Passar por cima daquilo que o outro sente que são as suas experiências mais desejadas e necessárias, e, desconsiderar as próprias ou permitir que o outro parceiro o faça.
Por “experiências” podemos entender aqui os modelos internalizados individuais daquilo que se quer ou deseja viver a dois, que originam o desejo e a esperança de o viver e a possibilidade de se alcançar a felicidade ou a plenitude a dois. Entendam-se também as experiências que geram novos modelos ou transformam os anteriores. Aqui estão fundamentos vitais para o vinculo duradouro e coeso.

Há pelo menos três caminhos (certamente muitos mais!) para quando surge um impasse de dicotomia preto/branco… Cada um para seu lado; hoje preto, amanhã branco; e o cinzento. O branco não pode anular o preto, e vice versa, nem nenhuma das duas cores pode apagar-se perante a outra, pois perderiam a identidade e respetiva existência.

Por vezes, por algum motivo, o preto não se entende mesmo com o branco (e/ou vice-versa). Mais ainda, nem com o cinzento, ou com o rosa, ou com o vermelho, ou com cor alguma. Aí… resta apenas aceitar as diferenças e muitas vezes aceitar também que se fez tudo o possível no sentido da conciliação. Sempre com respeito e ponderação, sem censura do preto por ser preto ou do branco por ser branco.

Por vezes as diferenças psicológicas, de desejos e vivências podem mesmo ser inconciliáveis entre duas pessoas, para além dos esforços ou sacrifícios, mas torna-se falta de respeito e de consideração condenar ou acusar pejorativamente o outro por ser ou (estar em) “preto” ou “branco” em determinado momento. A percepção polarizada de realidades absolutas é particularmente destrutiva pois não permite vislumbrar contextos intermédios realistas, que não são todos pretos ou todos brancos, todos bons ou todos maus, mas que são sim cinzentos (por vezes mais pretos, por vezes mais brancos) e imperfeitos (contém aspetos bons e maus). È antagónica à maturidade e serenidade que se alicerça na compreensão em complexidade de nós mesmos e dos outros (que nós temos coisas confusas, contraditórias e por vezes menos boas em nós, não sendo apenas os outros que as têm, sendo importante nomear essas “partes” pessoais, para não se tornarem pontos cegos com potencial destrutivo para as nossas relações)

Este é um tema sensível, mais ainda pois numa relação as necessidades de cada um dos companheiros são interdependentes. Quando elas não são satisfeitas e bem negociadas à partida, podem gerar experiências de casal que não têm espaço para amadurecer, ou ficam castradas, suprimidas ou abafadas antes até de nascer. Em resultado, a força do vínculo (e do amor) não será tão robusta, e fica em risco de sucumbir se testado antes da devida conciliação e amadurecimento de experiências conjuntas, do que está ainda para nascer e ser vivido.

Quando alguém se esforça para ser atento ao companheiro ou companheira, sendo porém criticado em determinados momentos por não ser alguém atento de forma geral, ou sendo alvo de exigências irritadas ou impacientes devido à desatenção momentânea num determinado momento em que tal pessoa está mais preocupado ou preocupada com algo importante ou difícil, então há que repensar que talvez algo não esteja bem com algum dos membros do casal, ou com o casal em si. Daqui brotam muitas criticas “Ele só pensa nele”, “Ela só quer o meu cartão de crédito”, “Ela só está comigo por interesse”, etc. Por vezes estas premissas são verdadeiras, mas na maior parte das vezes o ser humano é tão mais complexo que isso. Como também o são os fantasmas que se infiltram nas lentes percetivas de cada um. Por vezes, deixa-se de ver tudo de bom que o outro têm e também a responsabilidade pessoal para os problemas em mão.



segunda-feira, janeiro 18, 2016

Como Ser Romântico: Guia Prático (para homens!)


Afinal o que espera uma mulher de um homem a nível de romance?

É o romance assim tão importante para uma relação amorosa e de casal?

Ser romântico será algo assim tão difícil para um homem ?

Para um homem o romantismo da companheira poderá não ser aquilo que mais o “aquece ou arrefece”, mas para a maioria das mulheres o romance é fundamental! Ou pelo menos alguma forma de romantismo.

Na história da nossa espécie o papel de conquistador tende a ser atribuído ao homem, e o papel da entrega, à mulher que ele almeja e deseja. Assim, enquanto um homem procura e se satisfaz mais com a entrega da sua amada a si e aos seus esforços de conquista, é natural por sua vez que uma mulher se sinta atraída ou gradualmente atraída por uma atitude mais arrojada e conquistadora por parte de um homem, desde que se trate de uma atitude respeitosa e adequada. A esta esforço de conquista subjaz toda uma valorização de uma mulher, poder sentir-se desejada, alvo do desejo e do interesse de um ou daquele homem especificamente. E aqui entra o romantismo.

Ser romântico é conquistar e/ou reconquistar sistematicamente a mulher amada, conforme o caso. É reencenar continuamente na relação aquele momento de conquista e entrega, é “manter a chama acesa”, é dar um colorido específico à relação amorosa e de casal, é expandi-la e mesmo dotá-la de uma identidade única e privada, da qual ambos são cúmplices. Assim, o romance aprofunda mesmo a cumplicidade do casal.

O romance é um jogo (alusão a algo divertido!) específico entre alguém que procura conquistar e alguém que se vai deixando conquistar. É a encenação peculiar e própria daquele casal ou díade específicos que alberga duas individualidades bem distintas que encenam papéis complementares, ele enquanto conquistador e a ela enquanto alguém que se deixa (ou não) conquistar, contando ainda com todas as nuances que daqui possam advir! É claro, também, que os papéis se podem inverter, porém o romantismo de mulher para homem é um assunto diferente. Muitos homens ainda que possam ser bastante românticos, poderão não ser particularmente sensíveis a estas iniciativas, e é aqui que o papel da sensualidade e sedução, por exemplo, acaba muitas vezes por contornar o problema. Romantismo, sensualidade e sedução não são incompatíveis entre si, todavia para fins práticos ligados ao intuito deste artigo, é útil neste momento “separar as águas”.

Ser romântico é surpreender e deslumbrar a nossa companheira com atitudes e gestos únicos, invulgares, carregados de desejo de impactar muito positivamente sobre o coração dela. É como que a procura de criar memórias únicas e irrepetíveis na companheira,  que por tal se mantêm gravadas no coração dela para sempre.

Podendo este objetivo ser ou não atingido ou atingível, o importante é que ele se possa manter enquanto ideal orientador. Assim, eventualmente, conseguem-se reproduzir momentos e experiências únicas e deliciosas entre duas pessoas, que detêm todo potencial de perdurar para toda a vida. Isto é muito importante (!), já que no final da vida estas memórias pesam bastante na avaliação da qualidade da vida que levámos. A maioria de nós têm a experiência ou memória de ouvir os nossos avós quando nos contavam as histórias das suas vidas. No final são precisamente estas histórias que perduram no nosso coração.

Então afinal, como ser romântico?

Bem, caberá a cada qual criar e inovar o seu próprio conceito de romantismo, na mesma linha que cada qual deverá ter a sua personalidade e individualidade bem definidas e diferenciadas.

Existem ideias-cliché de romantismo que, na minha ótica, devem ser usadas apenas enquanto pontos de partida e alicerces para “aventuras” mais elaboradas, inovadoras e/ou personalizadas.


Todavia, há sim atitudes, estados “psico-emocionais” e recursos internos que são de alguma forma transversais à atitude ou ao ato romântico. São eles os seguintes:

PLAYFULLNESS OU PRAZER EM BRINCAR”

A maioria de nós tem um hobbie ou atividade que nos dá realmente prazer e alegria, uma alegria próxima daquilo que seria voltarmos a ser crianças. Alguns de nós mais afortunados acabam mesmo por ter o privilégio de sentir esse prazer ligado à própria atividade profissional. Gostar do que fazemos é, regra geral, vital para uma vida de qualidade. Enquanto crianças brincamos às profissões, e trabalhamos também a brincar. Quanto mais esse entusiasmo persistir na vida adulta e nas tarefas da adultícia, melhor.

No amor e no romance, o mesmo se aplica. Ao sermos românticos, estamos fundamentalmente a brincar! È somente com alegria no coração que se pode ser romântico, porque sem alegria, como é que se consegue tocar verdadeiramente no coração da outra pessoa? Como é que se consegue gerar aquele entusiasmo que contagia a outra pessoa e a envolve na “trama” romântica?

Há uma diferença entre, por um lado, podermos cuidar da outra pessoa quando necessário, respeita-la, sermos atenciosos com ela, e, por outro lado, sermos verdadeiramente românticos. No primeiro cenário encontram-se as bases da relação estável. No segundo cenário, o romantismo é um motor de desenvolvimento, aprofundamento, melhoria e/ou manutenção do nível de qualidade dessa relação, que idealmente se quer já estável à priori.

É também a partir dessa alegria, dessa atitude de playfullness, de que se alimentam muitas vezes os grandes esforços românticos, precisamente porque nos movemos a partir da antecipação do prazer que iremos gerar na outra pessoa, no qual iremos também participar (e já estamos a participar, logo desde o momento em que nasce a ideia) e do qual iremos também desfrutar juntamente com essa pessoa.

AUTOESTÍMA

Falamos aqui mais de uma autoestima secundaria, isto é, mais ligada ao autoconceito de um homem enquanto tal, e não tanto enquanto pessoa, ainda que de alguma forma eles se interliguem em alguns pontos.

Ao longo da vida vamos procurando agradar aqueles que amamos, sejam os nossos pais, os nossos irmãos, os nossos amigos, os nossos companheiros e companheiras, etc.. À medida que vamos observando o resultado dos nossos esforços e respetiva validação dos mesmos ao longo da vida, cristaliza-se em nós um sentimento de sermos eficazes em agradar e satisfazer os demais. Na relação amorosa, esta forma de autoestima ou autoconfiança será o sentimento internalizado de se ser eficaz em agradar, surpreender e satisfazer a companheira, enquanto homem.

Esta autoconfiança é também de onde emerge a atitude de playfullness. Trata-se de confiança, e também de um sentido de entusiasmo, ligados ao sentimento de eficácia (prazer narcísico saudável), neste caso ao serviço do enriquecimento da vida amorosa (do prazer na relação com o outro).

Na medida em que a outra pessoa é satisfeita pela atitude e ato romântico, também essa satisfação recai simultaneamente sobre a própria autoestima do homem e sobre o prazer que ele retira naquela íntimidade com a sua companheira.

ESFORÇO CRIATÍVO

Se há “prazer em brincar” e um sentimento edificado e estável de se ser eficaz em agradar, surpreender e satisfazer a outra pessoa, então a criatividade têm portas abertas para poder surgir. O prazer em criar novos cenários e situações, em diversificar, em surpreender, em viver mais e mais, alimenta o próprio esforço criativo.

A atitude romântica também se desenvolver e pode amadurecer. Um homem que conte com uma companheira paciente, não particularmente exigente (crítica) no que respeita ao amor e solicitações de afeto e romantismo, contará com melhores condições para que o seu romantismo se possa ir desenvolvendo prazerosamente e a um ritmo também prazeroso. Exigências, críticas e solicitações excessivas de afeto ou romantismo tendem a gerar resultados opostos, de inibição destas atitudes, pois tanto o amor como o romance apenas se podem dar a partir da vontade livre, e não pelas condicionantes da exigência.

O sentido de humor de ambos os companheiros também ajuda bastante, pois nem sempre atitudes e atos românticos correm como esperado, verdade seja dita. Todavia, muitas vezes o sentido de humor não só salva a situação como algumas vezes torna-a ainda mais memorável. Que o atestem aqueles que sabem do que falo!

Da próxima vez que decidir viajar com a sua companheira, por exemplo, a Paris, leve dissimuladamente consigo um pequeno rádio com a valsa preferida dela. À noite, convide-a para passear junto da Pirâmide Invertida, em frente ao Museu do Louvre. Coloque o rádio no chão a tocar e convide-a para uma dança! Vai ver que valerá a pena. O sorriso e o brilho nos olhos dela dirão tudo. Fica a sugestão, para personalizar a gosto, claro!

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Situações embaraçosas no sexo



 Situações embaraçosas, mas normais, na hora do sexo


Flatulência vaginal, problemas de lubrificação e dores de cabeça 

podem atrapalhar os momentos íntimos


Por vezes, durante o ato sexual, ocorrem algumas situações "embaraçosas" que podem acabar com "o clima", se o casal não souber lidar com elas. Para não ser apanhada desprevenida, enumeramos as mais comuns e o que pode fazer nesses casos. 

Dificuldades com a lubrificação

Se tem dificuldade em lubrificar, saiba que essa situação é mais frequente do que se pensa, mesmo em mulheres com a sexualidade bem resolvida. As causas são variadas, pode ser tanto algo hormonal, passível de ocorrer com mulheres na menopausa, quanto uma questão psicológica, como insegurança ou medo do próprio desempenho. Se esta situação está a afetar a sua intimidade, fale abertamente com o seu ginecologista, mas também não precisa ter medo de usar um gel lubrificante com seu parceiro!

E quando a lubrificação é excessiva? A lubrificação vaginal é uma resposta do corpo à excitação que está a ter no momento e que prepara o canal vaginal para receber o pénis durante o coito. Algumas mulheres, face a este tipo de situações, referem que ficam de tal forma molhadas que chegam a pensar que urinaram. Existem situações em que o pénis não consegue permanecer dentro da vagina, devido à intensidade da lubrificação da mulher. 

A lubrificação vaginal depende do estímulo das glândulas que estão sob controlo do sistema nervoso central e também de algumas hormonas sexuais, tais como o estrogénio e o estradiol. Esta situação é frequente em mulheres com excesso de peso, pois a presença de gordura aumenta a produção de estradiol. Se esta condição for muito incómoda, é importante procurar ajuda de um médico visto que, por vezes, estas situações se devem a alterações hormonais associadas a algum tipo de medicação ou problemas de saúde. Caso contrário poderá optar por colocar uma toalha em cima da cama para não molhar o colchão.

Flatulência vaginal
Dá-se o nome de "garrulitas vulvae" aos sons produzidos, geralmente durante a penetração, pela vibração dos pequenos e grandes lábios, vulgarmente conhecidos como gases vaginais. Pois o seu som assemelha-se aos da flatulência comum. Excepto se a mulher tiver algum corrimento patológico, estes sons não são acompanhados por odor. 

Durante o coito, com os movimentos do pénis, o ar acumula-se no fundo da vagina e, ao atingir determinada pressão, sai para fora entre o pénis e a parede vaginal, o que gera esse som devido ao efeito de vibração. Geralmente, esta situação agrava-se nas posições em que o pénis pode sair totalmente da vagina, como a posição de quatro e as posições em que a mulher fica por cima do homem. 

Uma vez que a vagina não possui esfíncter como o ânus, a mulher não consegue controlar a saída deste ar durante a atividade sexual ou quando faz algum esforço físico, como na ginástica. 

Algumas mulheres apresentam esta condição após um parto, ou se tiverem o tecido conjuntivo mais frouxo, pois a parte interna da vagina pode alargar e permite a entrada de ar nesse canal que, ao ser expelido, provoca estes barulhos. 

Muitos casais sentem-se constrangidos quando isto acontece. Nesses casos devem experimentar variar de posições com maior frequência, durante a relação sexual, e recorrer a um lubrificante de base aquosa. Além disso, podem melhorar esta condição através do fortalecimento da musculatura perineal (fazendo exercícios Kegel ou Pompoarismo *) ou, em casos extremos, com o recurso a uma intervenção cirúrgica como a perineoplastia.

Ejaculação feminina 
Apesar das mulheres não ejacularem, tal como ocorre com o homem, pois não produzem sémen, algumas têm a capacidade de libertar grandes quantidades de lubrificação, em um jato. Infelizmente para as que não gostam deste fato, não há como acabar com isso, pois trata-se apenas da libertação a mais de lubrificante pelas glândulas da vagina, não havendo forma de alterar o seu funcionamento. E ao contrário da ejaculação masculina, ela não significa necessariamente um orgasmo.

Dor de cabeça sexual 

A cefaleia copulogénica, também conhecida como cefaleia orgástica, consiste numa dor de cabeça primária, benigna, que surge durante o ato sexual ou durante a ocorrência do orgasmo. Esta condição, que é mais frequente em indivíduos que sofrem de enxaquecas, afeta ambos os sexos e deve-se a um erro neuronal na interpretação das sensações de prazer como sensações dolorosas. Normalmente estas cefaleias surgem três minutos antes do orgasmo, alcançando o pico de dor durante o orgasmo, e persistindo nas horas seguintes.

Este tipo de dores de cabeça surge mesmo nas situações em que a mulher está sexualmente excitada e com interesse. Durante a atividade sexual, é normal que ocorra uma discreta elevação da pressão arterial, e algumas mulheres podem sentir algum desconforto ou cefaleias. Nesses casos, é importante conversar com o ginecologista. 

Fatores que colaboram para o desenvolvimento desta condição: stress, qualidade de sono, alimentação e equilíbrio hormonal. 

Em 1988, a International Headache Society definiu critérios operacionais para o diagnóstico de todas as cefaleias, incluindo a cefaleia orgástica. Os critérios são os seguintes:
  • É precipitada pela excitação sexual;
  • Inicialmente é bilateral;
  • É prevenida ou minimizada quando findada a excitação sexual antes do orgasmo;
  • Não está ligada a nenhum distúrbio intracraniano, como o aneurisma.
O tratamento é feito com base na mudança de hábitos alimentares, como diminuição do consumo de açúcar, pão e alimentos industrializados, bem como na qualidade do sono. Como consequência destas mudanças, existe um maior equilibrio hormonal. Existem alguns comprimidos que ajudam a diminuir estes sintomas mas devem ser prescritos por médico. Dentre estes fármacos estão a ergotamina e indometacina, que devem ser ingeridos entre uma ou duas horas antes do ato sexual. Quando a condição persiste, propanolol ou diltiazem podem ser opções, devendo ser utilizados por algumas semanas.

Porém, muitas vezes essa dor pode ter origem psicológica, muitas vezes associada a problemas emocionais. Nestes casos importa identificar as dificuldades sexuais e relacionais do casal.
Vontade de urinar
Muitas mulheres referem sentir uma grande vontade de urinar durante a atividade sexual. Uma explicação fisiológica para esse fenómeno é o fato do útero contrair durante a relação sexual, repercutindo-se essas contrações no fundo da bexiga, devido à sua proximidade com o utero, o que provoca a vontade de urinar. Algumas mulheres chegam a confundir essa sensação com o orgasmo. Apesar da sensação de orgasmo variar durante o período menstrual, e ao longo da vida, ela não tem nada a ver com a vontade de urinar.


Para evitar a libertação de urina durante o sexo, o ideal é não ter a bexiga nem muito cheia, nem muito vazia, pois é importante urinar após o sexo, para reduzir riscos de infecções urinárias. Se mesmo assim a incontinência ocorrer, é importante procurar ajuda de uroginecologista. Outra situação semelhante é a incontinência fecal, resultante também de uma musculatura flácida do ânus. Nestes casos, deverá procurar um médico proctologista. 

Distração durante o ato

Apesar de poder afetar os homens, geralmente são as mulheres que se queixam mais desta de perderem o interesse, ou o foco, durante a relação sexual. Apesar de ser normal se ocorrer de vez enquanto, pode ser o indicio de um problema, que requer atenção de um especialista, quando se torna frequente. Aprender a relaxar e esquecer os problemas do dia-a-dia podem ajudar a ultrapassar estas dificuldades e um sexo completo e prazeroso. 

Menstruar na hora H

Quando se faz sexo, pouco antes da fase de menstruação, existe e possibilidade de surgir sangue, durante a penetração, pois o útero já está banhado de sangue, e as contrações uterinas podem ajudar a eliminar o endométrio mais rápido. No entanto, esta situação só é "normal" se ocorrer um dia antes da "data oficial". Se esse sangramento ocorrer noutras datas é importante ser avaliada por um ginecologista.

Algumas pessoas gostam de ter relações sexuais nesta fase, enquanto outras acham desconfortável e pouco higiénico. Se forem tomadas as devidas precauções, não existe qualquer problema em ter relações sexuais durante a menstruação.


Fernando Mesquita
21 314 53 09 | 91 831 02 08
www.psicronos.pt | geral@psicronos.pt
Fontes:  Minha VidaInfoEscola

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Trair sem Culpa (IV) – Outros Contextos de Infidelidade


Continuamos então na nossa reflexão relativamente geral sobre a infidelidade.

A infidelidade encontra-se muito nas relações de dependência. A depêndencia (psicológica e emocional) obriga à permanência nas relações pelo medo de perda da pessoa de quem se depende e significa frequentemente uma angústia ou preocupação intensa/persistente quando se está fora de uma relação amorosa. Pode inclusive manifestar-se em casos em que o cônjuge ou companheiro de quem se depende não está fisicamente disponível, podendo levar à procura um substituto imediato de modo a não se entrar em contacto com uma angústia insuportável (que muitas vezes não consegue chegar sequer à consciência). Por vezes a própria pessoa (pouco consciente do seu problema) sente que a traição se justifica e culpabiliza severamente o companheiro por em determinado(s) momento(s) este não se encontrar disponível – patente aqui uma expetativa de disponibilidade não exatamente incondicional, mas demitida de um enquadramento realista e razoável na realidade das relações maduras, da individualidade dos demais e das responsabilidades que estes detêm nas suas vidas. A culpa (responsabilidade pela agressão e pelos danos cometidos contra o outro) é projetada, atribuída ao outro, porque está comprometida a capacidade de a aguentar internamente. Por exemplo, um homem homossexual que acusa ansiosamente o companheiro de ter relações extraconjugais (o qual por sua vez insiste pacientemente na sua fidelidade) é o mesmo homem que tem encontros sexuais extraconjugais várias vezes por semana enquanto o companheiro se encontra no trabalho. Muitas vezes quando o próprio é confrontado com a responsabilidade então mais intensa fica a projeção, já que na visão do acusado, o acusador é sempre culpado porque procura cruelmente forçar no outro o reconhecimento de sentimentos insuportáveis e não tolerados.

A dependência também obriga algumas vezes a aguentar a infidelidade do cônjuge, por receio da perda e/ou de outras angústias relacionadas. A raiva e o desejo de vingança podem surgir pela infidelidade, que dá também a ilusão de que não se depende “traumaticamente” do cônjuge traidor. Contudo a relação de dependência mantêm-se, pautada pelas infidelidades e discussões de parte a parte.

A dependência implica algumas vezes a transformação do cônjuge num substituto materno (alguém que é incumbido de colmatar múltiplas necessidades emocionais não satisfeitas do passado), o que pode levar a que de existam amantes fora de casa – fica em casa um substituto de mãe (ou de pai), e não tanto um companheiro(a) sentido como adulto, sexuado(a) e diferenciado. Todavia não se pode transformar alguém num substituto materno sem que esse alguém esteja de alguma forma predisposto a esse papel, pelos mais diversos motivos. Seja como for as tentativas de resolução de carências ou conflitualidades sérias do passado tendem a falhar quando esses assuntos não estão internamente elaborados, uma vez que se infiltram automáticamente nas relações.

Outras dinâmicas por detrás da infidelidade implicam também predisposições que advêm das identificações normais que as crianças fazem com os pais e com a relação entre eles, onde se ganham as referências daquilo que é uma relação adulta homem-mulher - para a menina, querer ser como a mãe e ter um homem como o pai; para o menino, querer ser como o pai e ter uma mulher como a mãe. São identificações naturais que acontecem no desenvolvimento e que marcam com muita força. Englobam também as dinâmicas específicas da própria relação entre os pais (ou entre os pais e os/as amantes, caso a criança fique exposta diretamente ou indiretamente a isso). 

Amor, casamento, sexo, traição e culpa são temas centrais da psicologia clínica. São temas inerentemente complexos que se articulam entre si, bem como com a história de vida de cada pessoa. Na escolha do companheiro, no amor e na traição, os conteúdos, necessidades, conflitos, preocupações ou temas centrais da psicologia de cada pessoa são particularmente estimulados e tornam-se evidentes. Os temas, conflitos ou angústias mais marcantes das primeiras relações (as relações de infância com os pais e entre os pais) tendem a ressurgir contínuamente na vida amorosa. Problemas com os primeiros vínculos na relação mãe-bebé, questões de abandono, raiva por elaborar, infidelidade por parte de dos pais, exposição de uma criança ás preocupações ansiosas de um dos progenitores sobre as infidelidades (reais ou receadas) do outro progenitor, são algumas das vivências de infância com potencial para mais tarde na vida condicionar a pessoa a uma vida amorosa tocada pela infidelidade – por exemplo, o ser infiel, ou o escolher inconsciente de parceiros menos confiáveis, propensos à infidelidade).